"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
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“QUANDO O CÉU E A TERRA MUDARAM DE LUGAR …”
Nunca me preocupo com as revistas que apresentam os programas de TV, para a semana.
Por esse motivo, cheguei uns minutos atrasada ao programa da TVC2, de ontem à noite, que era a projecção do filme de OLIVER STONE, o último da sua TRILOGIA sobre a guerra do Vietname, “ QUANDO O CÉU E A TERRA MUDARAM DE LUGAR…”. Já o vi várias vezes e sempre o voltarei a ver, com o mesmo prazer e a mesma dor. Este filme, talvez pelo intimismo das situações e das personagens, pelo que provoca no espiritual de cada um de nós, prende-me ao “ecrã”, como se da primeira vez se tratasse.
Nos filmes habituais sobre esta terrível e vergonhosa guerra, é normal confrontarmo-nos com o aspecto brutal da mesma, com a ferocidade animalesca de quem usa todo o tipo de armas, como se estivesse numa “feira” de mostra de armas de guerra, as mais sofisticadas possível, para comprador ver… Assemelham-se a um “desfile” onde, sem os vermos, até adivinhamos a cara e os contornos de alma de quem compra…
Neste filme, não, não sinto isso! Centro a minha atenção no drama verdadeiramente vivido e sentido, nas ilusões desfeitas, na brutalidade dos assassínios em massa, na destruição de pessoas, casas, animais, plantas; centro os meus sentidos na cobarde arma que é a violação de mulheres e crianças e no desespero dos seres humanos perante um qualquer deus que não sente, não vê, não intervém e parece de nada saber…E cada vez me sinto mais só, porque penso, amigos, que de todas as “revoluções”que se têm feito, está ainda por fazer a mais importante para o Homem, a do PENSAMENTO, que adeqúe formas de vida e de esperança, que “lave feridas” e distribua Emoções.
Do que conheço de OLIVER STONE, quase podia jurar que o que mais trabalho lhe deu, foi encontrar este título, para este filme, em particular. É um título de grande impacto, que podemos atribuir a toda a história da vida do Homem na Terra: quantos milhões de vezes o céu e a terra já mudaram de lugar! E quando isso aconteceu foi sempre “A BESTA” quem venceu, sempre mais forte que a vontade do tal deus que dizem ser omnipresente e omnisciente. Reparem como ela, “A BESTA”, continua à solta no Irão, no Iraque, no Afeganistão, no Tibete, no Cambodja, no Zimbabué, na Coreia do norte…
Como artistas principais do filme, vimos um TOMMY LEE JONES ,soldado americano em catarse e uma JOAN CHEN que encarnou os sofrimentos de qualquer mulher que se encontre num cenário de guerra brutal. É fácil chegarmos às lágrimas, porque é fácil vivermos, cada um de nós, aquelas tristes situações. São lágrimas de “purga”, são aquelas que toda a HUMANIDADE deveria deixar sair dos olhos… Mas não esqueço que desta“MINHA FLOR DE PESSEGUEIRO”, LE LY, como a tratou o pai quando lhe pediu para fugir daquela hecatombe, esse pai é igualmente uma personagem de referência, marcante por “SER PAI” e estar presente num momento dramático da vida da filha, por quem exprimia AMOR, pelo simples toque das mãos…
Na despedida, deu-lhe a sua alma, que ela voltou a encontrar, no templo budista, no momento em que o velho monge a tratou por “MINHA FLOR DE PESSEGUEIRO”, pedindo-lhe novamente que não desistisse da VIDA, que por ela lutasse, também por amor dos filhos.
Dizia o velho monge que precisamos de ter em conta que o Passado e o Futuro estão sempre juntos, nunca se separam… Quanta verdade! Isso acontece em cada um de nós, no nosso PRESENTE! O que somos hoje, agora, neste milionésimo de segundo…é este Presente passageiro, é este momento em que vivo.
Deitei-me.Não adormeci, logo. “Caía-me, em cima, a chuva de toda a brutalidade da guerra do Vietname; e falo desta porque foi a que mais marcou a minha vida de um tempo como o da idade de LE LY… E muitos serão tentados a dizer:”ó pá, mas aquilo é só um filme!”Pois é, meus amigos… Mas há tantos outros filmes que não podemos ver, sobre situações destas, porque só há um “OLIVER STONE”…E todos os dias nos cruzamos com gente que trava batalhas de que nem suspeitamos.
Chorei, sim. É bom chorar, quando a ALMA se identifica com dores que a moem…
LUSIBERO
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É um bom chorar quando a alma se identifica com as dores que a moem! É bem verdade, minha amiga!
ResponderEliminarOfereço-lhe com toda a minha admiração o meu selo comemorativo das 25.000 visitas, afinal, de todos vós! Um beijo amigo graça
GRAÇA PEREIRA:obrigada, mulher e amiga!
ResponderEliminarBeijo de lusibero
Maria
ResponderEliminarAdorei este texto. Assino por baixo, completamente de acordo consigo.
Beijo
António Rosa: fico tão feliz quando o António gosta do que lê!
ResponderEliminarBEIJO de lusibero
Vou ser sincero, Maria (não quer dizer que não seja sempre), os meus filmes preferidos sobre o Vietname são o Full Metal Jacket (Born to Kill) e o Apocalypse Now. Em ambos, a guerra é tratada de diferentes pontos de vista. No primeiro, uma visão humana e crítica do conflito, ao jeito de Kubrik. No segundo, a análise do horror causado e usado na guerra.
ResponderEliminarPortanto, concordo consigo que a guerra não deve ser analisada a frio. Porque a tragédia não é vivida a frio.
Cirrus:vi-os todos egostei de todos, por todos os motivos que refere. Este toca-me mais profundamente, como mulher e como filha que nunca teve dos pais o carinho que aquela filha, uma actriz desconhecida até então ,teve, desde amais tenra idade.Outras coisas, Cirrus, por onde me não quis meter...
ResponderEliminarUM abraço de lusibero
Revi o filme. Revi a esperança, a dor, a perda da inocência, a dor, o horror,o ostracismo e o mal que a guerra faz a mentes já de si pouco felizes e frágeis, alheias ao sentimento do Outro, base da empatia e da capacidade humana de dádiva. Revi a esperança espelhada no toque suave de umas mãos, que parecem encerrar o mundo de promessas. E a dedicação e sacrifício, que levam a que se desenraíze alguém na expectativa de algo maior. E pensei no quanto " a besta " continua aí, à solta, nos grandes e nos pequenos conflitos, e no interior daqueles que se prestam aos actos mais vis e desumanos...
ResponderEliminarAdoro os comentários , sensíveis e inteligentes, que teces aos meus textos, Terra de Encanto!
ResponderEliminarObrigada e beijinhos de lusibero
Vou dizer mais qualquer coisa, Terra de Encanto, para não pensares, tu ou outro comentador, que só gosto deste tipo de comentários... Fico feliz sempre que um amigo entre, mesmo que seja contra! Digo"...sensíveis e inteligentes...", porque sei, melhor que ninguém, como tu sentes o blog Lusibero, que me incentivaste a criar, quando eu ainda mal tocava num computador!
ResponderEliminarBeijinhos da lusibero
Para quando um filme português sobre a nossa guerra colonial com a corgem de não tratar superficialmente o tema?
ResponderEliminarAmiga Lusibero
ResponderEliminarOs filmes têm este condão de nos lembrar o que já sabemos, de nos pôr a reflectir, e também nos provocam sobressaltos de alma. Oliver Stone fez um filme sobre um cantor rock (Jim Morrison) em que mais do que ratractar o cantor, retracta-lhe a alma, o que nao é fácil. Mas é como digo: os filmes lembram-nos que falta, não só o pensamento e a emoção, como refere, mas também a dádiva do abraço universal.
Aquele beijinho amigo
Daniel Lobinho
Olá Amiga !!!
ResponderEliminarPassei para deixar um beijinho e desejar um bom Domingo...Uma boa noite, Maria .
Norberto
Olá, NORBERTO! BEIJITO, PARA TI, TAMBÈM, evotos de uma semana feliz. A tua manita ainda cá está? Dá-lhe um beijo meu, de pura amizade e cumplicidade.
ResponderEliminarBEIJITOS DE LUSIBERO
MANUEL GOUVEIA: que grata surpresa!
ResponderEliminarQuanto às suas palavras e à sua questão, vejo que é um sobrevivente da Guerra Colonial... Tive lá muitos familiares e também o meu ex-marido. Penso que os regimes não estão interessados em que se saiba a "verdade- verdadinha" do que por lá sepassou e do que os nossos homens sofreram(e continuam a sofrer!)
Além da vontade, qual é o realizador português com dinheiro, para fazer um filme, no mínimo, decente e histórico?
É triste, não é?
Beijo amigo de lusibero
Daniel Lobinho: espero sempre pelas tuas palavras, com uma ansiedade natural. Meu amigo, tira daí as ideias, porque eu acho que as pessoas se estão "borrifando" para o abraço universal...Corremos o risco de nos tornarmos uns "líricos" se estivermos à espera que a Humanidade mude...
ResponderEliminarBEIJITO de lusibero
Maria, tenho um recado para si no Cirrus!
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