domingo, 28 de fevereiro de 2010

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“DOR…”


O sofrimento do poeta
passa-o ele a quem o lê…
A sua meta, a mensagem,
sente-a quem a vê…
As palavras são doridas…
são mais que isso, sentidas!
com raiz funda no mal da alma,
que aspira ao ideal…
…o grande mistério
de quem forma o seu império!

O poeta também ri!
sobretudo de si próprio…
Tanto o riso como o choro
mostra-os ele, com decoro,
no seu testamento puro,
fruto de um viver duro,
que é o Poema, em si!


C5E-C1A-9/12-SET/07

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

POEMA"PRIMAVERA EM SUSPENSO"...


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“Primavera em suspenso…”


Afoita,
Desassombrada
Nas manifestações de alegria,
Aí está a Primavera
Colorindo a luz do dia!

Lânguida se espreguiça,
Com aroma sensual,
Por sob os raios de Sol…

Conhece-os, a Natureza…
Sabe que a Primavera
Anseia pelo abraço quente
Que lhe germina a semente…

Doces dias, em clima de festivo,colorido,
Começam a despontar…

Árvores, flores e aves
Recomeçam a viver
Oscilando, donairosas, entre o torpor do Nascer!

Desprendem-se da Terra os cheiros…
Rebentam, em silêncio, os ventres
Das inchadas sementes do nosso pão…
Estalam ovos nos ninhos,
Alentados pelos suspiros das noites estreladas!
Aquecem as águas dos rios, a correr,
Sob os quentes vapores solares.

Pudesse eu transpor esta Natureza
Firme no seu rejuvenescer
Para a minha POESIA…
Só para a ver viver!

Cheiro as rosas, aliadas das papoilas
Nas nossas vivas searas!

Cheiro o luar subtil
Do qual brota o orvalho, febril,
Alimentando a raiz…

Toco o mundo, num segundo,
Sem tempo para dormir…

Fecho os olhos, por momentos.
Passa um vento delicado
Que me afaga os cabelos.
Saudades dos tempos belos!
Memórias das minhas “ilhas”!


“AMANHÔ,
O VOO DA ÁGUIA ANUNCIARÁ
UMA NOVA PRIMAVERA…


C7G-33/40- (mod) -FEV/10

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

ZECA AFONSO:memórias...

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Faz hoje, precisamente, 23 anos , que faleceu JOSÉ AFONSO, o ZECA!

Ainda teve a felicidade de assistir aos alvores da madrugada de "25 de ABRIL" ,de 1974, que pôs fim à DITADURA DE 48 anos, contra a qual lutou, durante a sua vida!
Felizmente, não assiste ao estado calamitoso dessa democracia...
Lutou por essa LiBERDADE com a qual sonhava e sonhavam todos os que tinham consciência da essência livre do HOMEM.
A polícia política do tempo antes de 1974, a odiosa PIDE, perseguiu-o de todos os modos!
-"MAS OLHA, ZECA,ESTAMOS ,OUTRA VEZ NO TEMPO DE "OS VAMPIROS"!E FICA A SABER QUE , DA "TROVA DO VENTO QUE PASSA",já só resta um MANUEL ALEGRE ...irreconhecível, meu caro poeta!As tuas BALADAS de COIMBRA continuam, no nosso ÂMAGO, a ser o estímulo para a Liberdade!"-

Zeca Afonso foi, além de poeta e cantor de intervenção, Professor do ensino secundário;mas o regime expulsou-o dessas funções, por ser considerado "subversivo"...

Autor, junto com José Mário Branco da canção "GRÂNDOLA VILA MORENA", recusou o prémio com que ,o então PRESIDENTE da REPÚBLICA , RAMALHO EANES, acabara de o agraciar.
Viveu rodeado de Homens como FAUSTO, VITORINO, FERNANDO ROLIM,ADRIANO CORREA DE OLIVEIRA, JOSÉ NIZA, LUÍS CÍLIA e tantos outros antifascistas e intelectuais que seria difícil encontrar agora...

Haveria tanto a dizer sobre este HOMEM, a sua vida e personalidade, o seu papel na História recente de PORTUGAL...

Retenho ,no cérebro e nas recordações, a sua imagem, que eu via, pouco antes da sua morte, a passear pela FACULDADE de LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA ou sentado no bar de LETRAS a um canto, observando os novos universitários...

ATÉ SEMPRE, ZECA!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

POEMA "DAR-SE..."


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“DAR-SE…”


Enrodilhada nos braços
Que a cúmplice Noite tece,
Dou meu corpo, nesta Alma
Com que o Amor me aquece…

A teu lado
Aconchegada,
Cubro-me com teu calor
Esperando a alvorada
Que,
Queixosa e amargurada
Inveja o nosso ardor…

Não há mentiras no DAR-SE!

Sem purismos farisaicos
Há Amor a escorrer
Nesta força do Amar-se,
Na ternura do Viver…

E as paredes , tão nossas,
Ouvem os suspiros doces
Da vontade da entrega,
Da alma que, enfim, sossega…

Fora,
O vento uiva apagando nossos ais!

A LUA em QUARTO-CRESCENTE, ajeita-se…
Espera por mais!

Semente do teu Querer
Alia-se ao meu VIVER…

Sem alma ,nada tem força
Na criação!
É como o dia sem tarde,
Ora calma, ora não!

EU e tu
Corpo nu…
Sol e Lua
Se sou tua…

Volta a Primavera!


A Terra espera
A semente
P’ra germinar
A florir…
TAL COMO EU…A SORRIR!



C7G-30/43- DEZ/09(MDS)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Poema "NÁCAR..."

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“NÁCAR…”


Pérolas
De água salgada
Poisam
Na pele seca, enrugada.

O horizonte
Em fogo
Cheira a incenso

Olhos de navegante
Molhados
De areia de Belém
Perdem-se
Na aura
Da Saudade
Da mulher e da mãe

Horizontes
Sonhos prometidos
Esforços dobrados
Com temor

Adamastor de todos os dias,
Acende a coragem das maresias

Mar intenso
Moldura
De meu país
Em suspenso

Mar
Do tempo lento
Que
A vida prometeu…

Bengala
Do comprimento
Na largura de EXISTIR!
Perde-se a vista
Na montanha
Lá atrás
A chorar…

Singela tremura…
O SONHO?
PERDURA…



C7G- (OI)-45/48- JAN/010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A tragédia da MADEIRA: sentidos pêsames.

Conheço a MADEIRA. Connheço os nossos irmãos madeirenses e, políticas àparte, sinto-os perto de mim, como familiares, com sangue igual ao meu, coração igual ao meu, alegrias e tristezas como as minhas.
Ainda há dias se falava da tragédia no Haiti, que perdurará no tempo.
MAS a MADEIRA toca-nos de mais perto e é impossível passar ,hoje, sem me dirigir a estes nossos irmãos, manifestando o meu pesar pela calamidade que os atingiu.Às famílias que perderam ,mais que os bens materiais! os seus familiares, envio um sentido beijo de tristeza, pelo que aconteceu ,de maneira abrupta.
Sei que os nossos governantes estão já a caminho ,para prestarem homenagem a estes amigos especiais. Sei que, em qualquer situação de calamidade o povo portuguÊs é de uma generosidade cúmplice; sei que todos os que puderem irão contribuir, de qualquer modo, para minorar as faltas materiais e o sofrimento.
O MEU CORAÇÃO CONVOSCO!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

"INSÓNIAS..."

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INSÓNIAS…


Chove.Sinto-me bem na intimidade do lar. Janelas fechadas, lareira acesa. Fixo a lenha que arde, fulgurantemente, dando-me a segurança de um pijama quentinho, de tons vermelho-amarelados…Ali, ao canto, está o meu aquário, onde os peixinhos, ainda acordados, absorvem, amiúde, a minha atenção. Ali estão todos juntos, mas cada um no seu “agregado familiar”:”zebras” com zebras,”néons com néons, um “beta” de um azul fortíssimo, mais escuro que as águas do mar ou que o azul do céu; o “limpa vidros”, permanentemente agarrado às paredes de vidro, limpa tudo o que seja comestível e o “come-caracóis”mantém as plantas livres desses simpáticos bicharocos, que podem tornar-se uma praga…

Oiço música. Sinead O’CONNOR… “Nothing compares to you”…
Pego num cigarro, maquinalmente e aproximo-me da janela; levanto os estores e dou de caras com a chuva, a “bategar”…
Não posso deixar de dizer que gosto do Inverno, estação do ano que, para mim tem mais magia que os sufocantes dias de Verão, que me não deixam respirar. Amo o Sol, astro-rei, quando não queima e me deixa numa lassidão de impotência.
Continuo com a música da RFM e sinto, para já, o cérebro voluntariamente vazio de ideias…Mas esta sensação é momentânea! A música da chuva a cair, batendo, furiosamente na janela, faz-me lembrar o gozo de FERNANDO PESSOA no poema Interseccionista “Chuva Oblíqua” (parte II) quando diz:”Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia, /E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça… (…) / Alegra-me ouvir a chuva…E sente-se chiar a água no facto de haver coro… Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar… (…) “.
A música que oiço abraça o mundo e penso que precisa de irradiar num espaço mais vasto que o do meu próprio cérebro… talvez neste mundo complexo, vário, ruidoso, corrupto, “dividido” (como diz SOPHIA…), mecâ nico, acelerado, diverso, difícil, em que vivemos e onde a música não consegue soltar-se para abraçar os ideais de Paz e Amor.
Impossível, por conseguinte, tal como eu previa, fumar o meu cigarro e ouvir música, sem pôr o cérebro a funcionar! Bem queria repousar das atitudes meditativas… mas, não sendo acéfala, costumo meditar, pensando e assim, sou mais activa do que reactiva! Melhor dizendo: sem pensamento, não há acção nem reacção! Sonho acordada…

Não há vivalma na rua… nem passam carros, nem se ouvem cães a ladrar nem miam gatos…Não há pássaros pelo ar… E quem é que se importa com as alheias meditações?
A noite de tormenta- estranhamente alegra o meu coração, nesta intimidade de quatro paredes. Incongruência? Incoerência?
Não! Questão de carácter que se reflecte no próprio dia a dia quando, a passear ou a caminhar mais naturalmente, viro os olhos mais para o chão que para o ar. Se pensar bem, sei que o mundo exterior está descoberto e que, por isso, a minha arte está em procurar o meu mistério interior.
Mas, em mim, tudo está ligado à infância e à juventude, que não foram momentos de realização interior e sim tormentos massacrantes na constante insatisfação de viver, ao sentir e constatar que não tinha um ombro de pai ou de mãe, para me apoiar.
Atiro impropérios contra essa infância que não o foi, mas que ainda encontro no cheiro da viela, onde continuo a ouvir as vozes do leiteiro e da padeira, que, como se sabe, iam, antigamente, levar-nos esses bens a casa. Fragmentos de mim , unidos na Pessoa que hoje sou…há outros fragmentos, mais duros, de que não quero falar.
O ruído da chuva e esta música acolhedora deveriam ter o dom de abafar tudo o que hoje me veio à memória…Mas é precisamente porque se trata de MEMÓRIA, que eu lembro…É claro que ninguém se importa com esses meus desvarios rememorativos; são problemas meus…
E eu quero ter a consciência do que procuro, do que não encontro, do sossego interior que abarca os respiros do meu viver!
Felizmente , há noites de chuva com música a condizer.Ajudam-me, naturalmente, a procurar o meu próprio “D. Sebastião”… o meu outro EU.
Para me espevitar, desprezo-me ao ir-me abaixo, deste modo tão confessional mas reparo que essa atitude me obriga a reagir…Oiço “Wish you were here”, cantado por alguém que não os “PINK FLOYD”…Decididamente, hoje não virá a lua…E amanhã é outro dia, será outro lado da lua…a vida será novamente maravilhosa, as ruas estarão lavadas, o “Muro de Berlim” já caiu…Georges Bush desapareceu do mapa… POL POT arde nos Infernos…os vampiros de Stephenie Meyer “andam “ à solta no “CREPÚSCULO dos deuses e da lua nova e eu vou ver se durmo, pois daqui a pouco o mundo vai despertar, novamente, para novas tristes realidades…
Até sempre!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

LITERATURA PORTUGUESA: JOSÉ RÉGIO

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LITERATURA PORTUGUESA
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HOJE: passagem pela obra de JOSÉ RÉGIO (1901-1969)

Notável pensador, crítico literário, ensaísta, escritor e tantas outras coisas importantes para as nossas Letras. Eduardo Lourenço refere-se a JOSÉ RÉGIO (JR), nos seguintes termos, in “Tempo de Poesia”, a páginas 120/121: “Mas alguns, irremediavelmente poetas, ao perder a fé da infância, jamais puderam, porque poetas, perder a infância dessa fé. (…)”
Poeta maior, poeta controverso, principalmente pela coragem assumida em revelar as suas dúvidas religiosas e de fé, JR deve ser lido, com amor e cuidado.
Como os amigos compreenderão, não posso "alargar-me" num artigo deste teor, pelo que me limitarei a dar-vos possíveis “achegas”, a fim de tornar mais fácil a tarefa, a quem tiver naturais dificuldades com esta matéria.
JR foi um artista multifacetado das nossas Letras, tendo passeado a sua genialidade pela Poesia, pelo Drama, pelo Ensaio, pelo Romance, pela Crítica, etc.
Os temas dominantes mais evidentes na Poesia são os de índole metafísica, Deus e as dúvidas do Homem perante a transcendência, o pensamento triste da Morte, fatal e inevitável; trata, ainda, as dicotomias com que cada um de nós se confronta, no dia a dia, como a verdade e a ilusão, a justiça e a injustiça, o bem e o mal, enfim, a frustração da existência:...”Sei que não tenho medo da Verdade” (…)
Advoga, ainda, a temática pessoana do Fingimento poético, verdade essa que se nota no poema “Lúcifer”: “Mas, para que ninguém saiba o que sei, / Mentirei! fingirei! /renunciarei!”
Esta e outras poesias atingem atitudes confessionais, através das quais o poeta põe a nu as suas dúvidas, os seus pensamentos mais íntimos, as críticas, a raiva perante situações de desigualdade, a sordidez de actos que denigrem o homem, como, por exemplo, a prostituição. Esta sua época literária, princípios do séc. XX, foi propícia ao aparecimento de imensas correntes de pensamento, ligadas a outros valores do homem no mundo. Lógico é, portanto, que JR sofresse influências de autores de fora de Portugal, como eram Bergson, Ibsen, Flaubert, Tolstoy, Camilo, João de Deus, António Nobre, etc.
Apesar de todas as dúvidas metafísicas, notam-se marcas dos seus contactos com os Evangelhos, nas suas obras; não ficam de fora impressões sobre a cultura tradicional portuguesa e temáticas do Saudosismo e do Modernismo. Em vários poemas, é notável a temática pessoana do “SER-NÃO-SER”,” o ser outro que já foi ou outro que ainda não é…”( in Introdução a uma obra, posfácio1969, em PDD, PORTUGÁLIA EDITORA, 1970, pág.99 e seg.).
A vida interior e o subjectivismo subjacentes ao ser humano, levam-no a “ver”, em cada um, os sinais contraditórios da nossa personalidade. Isso nota-se, claramente, em “Poemas de DEUS e do DIABO”, de1925. E é a luta entre o poeta e Deus que o persegue por toda a vida:”DESISTO DE TE ACHAR NO QUE QUER QUE SEJA,/de te dar nome, rosto, culto ou igreja…/-TU é que não desistirás de mim!” (IGNOTO DEO, em B.)
Egotista, Régio ignorava os outros e não aceitava os seus testemunhos. Admitiria Deus, como uma certeza, se deus lhe falasse directamente, a ele; aderiria ao cristianismo, se pudesse ver Cristo ressuscitado, com os seus próprios olhos. Mas Deus não lhe responde e fica mudo perante o seu cepticismo. Em “ Poema do silêncio”, diz Régio, a certa altura: “ Senhor meu Deus em que não creio! / Nu a teus pés abro o meu seio:/ Procurei fugir de mim, / Mas eu bem sei que sou meu único fim.”
Em “ O jogo da cabra-cega”, depois de tanto se confrontar com os seus dramas, JR chega a esta conclusão:”Assim, através do conhecimento de mim, se me revelava a humanidade. E assim se me revelou DEUS!”.
Esse seu humanismo iria provocar nele um modo peculiar de ver os outros, revelando uma vertiginosa simpatia para com os humilhados e sofredores, os ofendidos e os indignados, de quem o poeta se sente irmão, nas adversidades. As monstruosidades vulgares que lhe permitem compreender e aceitar que, afinal, sempre tem que caminhar com os outros, advém do reconhecimento da desgraça, da miséria, da opressão, das injustiças e dos vícios, em geral. É então que deparamos com o maravilhoso “Cântico Negro”: “Vem por aqui”- dizem-me alguns com olhos doces… (…) E nunca vão por ali…/ (…) Não, não vou por aí! Só vou por onde/ Me levam meus próprios passos (…) Ide! tendes estradas,/ tendes jardins, tendes canteiros,/ Eu tenho a minha Loucura! Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém. Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu que nunca principio nem acabo, nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.(…) Não sei por onde vou, /Não sei para onde vou, / -Sei que não vou por aí!”
O cristianismo da sua infância, folclórico e simplista, no modo como ele o entendia, sem bases teológico-científicas, se, por um lado, quase não resistiu à sua intelectualidade, também não o abandonou completamente. Palpitou-lhe na mente e no coração e fez com que a sua luta fosse, do princípio ao fim, uma busca bem como uma rejeição, constantes, de Deus.
Viveu, Régio, por várias décadas, em Portalegre, onde foi Professor também. Essa extraordinária vivência, na duplicidade Homem-Professor, retrata-a ele, em pujança, no poema “Toada de Portalegre”: (…) Em Portalegre, dizia, / Cidade onde então sofria/ Coisas que terei pudor/ De contar seja a quem for…/ E era, então, que sucedia/ Que em Portalegre…- A minha acácia crescia…”
O poema é belíssimo, mas muito grande; é, como disse, o retrato de parte da vida de Régio, como homem, como ser que se interroga…É, como ele se auto caracteriza, “o retrato de um ser só, nulo, atónito, que vivia como um AUTOCADÁVER”.

Mª Elisa Rodrigues Ribeiro

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

POEMA:"SEARA HUMANA..."


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Longínquos sussurros de searas ondulantes
atenuam raivas, contidas no “Presente”;
Cabelos de trigo esparsos aos ventos
lembram algas de velhos “campos”…

Searas sereias da terra doirada
mergulham em tons de mar azulado,
dispersas nos braços do suave encanto
dos queixumes da minha beleza “ESPANCA”…

Dores magoadas de amores perdidos
nos longos antros da melancolia,
despiam-te a alma, que ainda espanta
quem te lê e te crê, no dia a dia.

Trigo loiro de ÉVORA! riqueza
de oiro vestido, sem qualquer surpresa!

Teus cabelos ondulantes de POESIA gritante
contrastam com o outro loiro, brilhante.

Vem, amiga, senta-te à mesa!
Bebe teu cálice, longe da tristeza!

“Presente- ausente” no meu dia a dia
aqui estou, distante,
em tons de vento ululante
cantando searas doutras caravelas
que, em poesia, se tornam mais belas!

Meço teus passos, no labirinto
de tua alma sentida POESIA…
O vento desperta…
O ar aquece e o tempo alerta.
Teu Alentejo de nobres rumorejantes ondas
canta de tons ora azuis…ora loiros…ora moiros…

E eu, no meio deste trigo loiro,
cheiro-me seara humana,
pronta a encontrar a alma
que dimana, de um campo de oiro…



C6F -147-18 –SET/09

sábado, 13 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

LITERATURA PORTUGUESA: SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN


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LITERATURA PORTUGUESA: SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN (PORTO, 1919-2004)
Palavras da poetisa: ” Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito da verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem.”
Mais ainda: em 11 de Julho de1964, quando a SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES A HOMENAGEOU, ATRIBUINDO-LHE O GRANDE PRÉMIO DE POESIA, pela obra “LIVRO SEXTO”, disse SOPHIA, num texto do qual a minha sensibilidade destaca algumas frases: “e o tempo em que vivemos é o tempo de uma profunda tomada de consciência (…) Não aceitamos a fatalidade do mal. (….). Como ANTÍGONA, a poesia do nosso tempo não aprendeu a ceder aos desastres. (…). A obra do artista vem sempre dizer-nos “que não somos apenas animais acossados na luta pela sobrevivência, mas que somos, por direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser.” In “DIMENSÃO LITERÁRIA”- PORTO EDITORA-ISBN 972-0-40055-2- (página 335).
Por vezes, o que aparentemente é fácil, torna-se, de repente, difícil. Isso acontece-me, frequentemente, quando começo a medir as palavras para falar de temáticas que se relacionam com a obra de certos vultos literários, como é o caso da poetisa que hoje vos trago e que é, nem mais nem menos que SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN (S.M.B.A.).
A sua poesia é uma das mais lindas dos últimos tempos da Literatura Portuguesa. Sei que nem todos apreciam; mas sei também que, na minha qualidade de Professora de Português, aprendi a amar as suas palavras e a sua visão do mundo, em função dos meus alunos e do programa desta disciplina. Quanto maior é o amor de um Professor pelo que transmite aos seus alunos, maior é a possibilidade de êxito dos mesmos. A poesia de S.M.B.A. é linda, colorida, cheira a mar e à Grécia antiga…brilha no Sol dos sentidos, atirando-nos à face a água do mar e da infância, o cheiro das paredes da casa da meninice, a maciez das areias da praia, a espuma das ondas quebradas aos seus pés…
Poema “CASA BRANCA”: “Casa branca em frente ao mar enorme, / Com o teu jardim de areia e flores marinhas/…A ti eu voltarei após o calor incerto…/(…) Passados os tumultos e o deserto/Beijados os fantasmas… da terra indefinida./”
Dado que a leitura nos enriquece e a poesia nos transmite sensibilidade para melhor entendermos o mundo que nos rodeia e em que estamos inseridos e dado que somos seres dotados de capacidades que escapam a outros seres da criação, aconselho os amigos leitores a aprofundar esta matéria a vosso bel-prazer, na certeza de que saireis enriquecidos…
A obra poética de S.M.B.A. é contaminante e, se nos esforçarmos, permanece em nós o desejo de continuar a “ser contaminado”. Esfusiante na afirmação dos valores que devem reger a vida do Homem, enquanto ser superior da criação, encontramo-la, em vários poemas, a lutar contra o farisaísmo e a hipocrisia, a discriminação, as injustiças sociais, a falta de liberdade das gentes no período salazarista, a miséria, etc.
Vejamos extractos dos poemas “OS FARISEUS” e “ AS PESSOAS SENSÍVEIS”. O primeiro compara o sofrimento humano ao de Cristo, traído pelos fariseus, vítima maior da hipocrisia humana, segundo a vontade do PAI. O tema é abrangente, na medida em que “toca” os que vivem atirando a pedra, ao mesmo tempo que escondem a mão; daí que a poetisa termine, dizendo:”NEM UMA NÓDOA SE VIA/ NA VESTE DOS FARISEUS.”
No poema “AS PESSOAS SENSÍVEIS”, impera, igualmente, a temática da mentira, do farisaísmo e das injustiças sociais, das quais a exploração dos pobres pelos ricos, sobressai, quando ela diz: ”As pessoas sensíveis não são capazes/De matar galinhas/ Porém são capazes/ De comer galinhas/, (…) Ganharás o pão com o suor do teu rosto/” e não:”Com o suor dos outros ganharás o pão.” Este poema termina com uma frase lapidar: “PERDOAI-LHES SENHOR/ PORQUE ELES SABEM O QUE FAZEM. ”
Amante do MUNDO CLÁSSICO Grego, sobretudo, S.M.B.A transporta esse mundo e esse amor para o século XX, em poemas onde refere a grandiosidade dos muros de Knossos, a dura luz de CRETA, DELFOS do Oráculo, onde “ressurgiremos” de um mundo mau, isento de harmonia, cheio de desigualdades sociais e de tiranias opressoras (alusão ao período salazarista) ideias que imortaliza no poema “PÁTRIA”: “ (…) Por um país de luz perfeita e clara( ideia de liberdade), (…)Pedra rio vento casa/Pranto dia canto alento/Espaço raiz e água/ Ó minha Pátria e meu centro / Me dói a luz me soluça o mar/ E o exílio se inscreve em pleno tempo (LIVRO SEXTO ,1962). Ao fazer tais afirmações, Sophia recorda-nos a grandiosidade d’outrora que já não o é mais, porque o povo sofre a “miséria que o tempo desenhou”, no tempo da ditadura salazarista. Esta mulher, uma das mais notáveis poetisas portuguesas do séc., passado, condição que perdura pois o poeta é intemporal, foi também uma lutadora anti-fascista ao lado de seu marido, Francisco de Sousa Tavares, atitude social que se pode ver, nomeadamente, no poema “Este é o tempo”: “Este é o tempo/ da selva mais obscura/Até o ar azul se tornou grades/ E a luz do sol se tornou impura/ Esta é a noite/Densa de chacais (…) Este é o tempo em que os homens renunciam. ”
Fala Sophia, em vários poemas, do tema “exílio”, o que não é senão um modo de avivar o espectáculo degradante da emigração, na década de sessenta, em que se viam os portugueses a fugir do regime e da miséria atávica. Como sabemos todos, hoje, século XXI, continua este nosso ir pelo mundo fora, à procura de empregos que cá não temos, buscando “outras canelas e pimentas”, sofrendo novas despedidas, novos lenços a acenar, novos trajos negros a derramar lágrimas de dor…
É impossível não detectar na sua obra influências de Fernando Pessoa. Amando, como demonstra amar, os clássicos, mereceu-lhe especial carinho o heterónimo RICARDO REIS, a quem dedicou um poema, onde, seguindo as suas pegadas, reafirma que só o Presente conta, já que o Futuro é uma incógnita e o Passado de nada já pode valer. Nesse poema lembra a lição dos deuses ausentes, porque: ”O seu olhar ensina o nosso olhar:/Nossa atenção ao mundo/ É o culto que pedem. ” In “DUAL” (1972)
Esta é uma perfeita atitude epicurista, clássica-pois claro!- de quem usufrui plenamente do momento presente, pois KRONOS( deus do tempo) passa, inexoravelmente, sem nos conceder mais tempo que aquele que os deuses nos destinaram…Mas SOPHIA identifica-se também com ALBERTO CAEIRO, outro heterónimo de PESSOA, no amar a Natureza com a simplicidade dos sentidos; por isso fala tanto da maravilha que é apanhar búzios, conchas, ter as mãos e os pés
enterrados na doçura da areia , sentir a água do mar a fugir-lhe ,por entre os dedos …
MALLARMÉ, poeta francês do século XIX (1842-1898) afirmava, sobre a tarefa dos poetas: “dar um sentido mais puro às palavras da TRIBU, é uma missão do poeta.”
E como SOPHIA cumpriu essa missão! Linda de se ler, bela de se ouvir, rica de aprender!
Podemos, para concluir, afirmar que é belo tudo quanto nos possa vir à ideia, depois de a lermos: o Parthenon, a estátua de Apolo, o templo de SÃO PEDRO, EM ROMA, a incomensurável MURALHA DA CHINA, o TAJ MAHAL… pois tudo, à semelhança da poesia de S.M.B.A., foi feito pela mão e pela mente do Homem, com alegria e dor, na tentativa de “cantar” e elevar a “obra” para DEUS, esse Ser que para uns é DEUS, para outros ALÁ, para outros Jeová…Buda…Confúcio… KRISHNA… todos objecto de admiração do ser humano, o mais imperfeito dos seres perfeitos do PLANETA …
SOPHIA não foi poetisa, somente, pois talvez pelo facto de ter sido mãe de cinco filhos, cedo se dedicou à escrita de contos, que AINDA hoje fazem parte do universo literário dos programas de PORTUGUÊS. RECORDEMOS: “A FADA ORIANA”, “ O CAVALEIRO DA DINAMARCA”, “ A FLORESTA”, “ A MENINA DO MAR”, por exemplo. Não se esgota o tema “ SOPHIA”…Devem os leitores interessados aprofundá-lo, se assim o entenderem. Diz o povo que “o saber não ocupa lugar”… SOPHIA afirma: “Um verdadeiro livro propõe sempre uma maneira de ser”
Mª Elisa Rodrigues Ribeiro

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

POEMA: "Aplauso da vida..."

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Sinto-me, por vezes, uma estrela a cintilar…
Conjunto de estrelas lampejantes
é o que sinto ser, no meu despertar.


Acontece, quando a vida se torna
uma bola colorida, no brilho do amanhecer.

Como aplauso contínuo
chamo-me ao palco da VIDA,
eufórica e destemida…

Acendem-se as luzes da ribalta…
Ilumina-se, então, o palco.
A magia toma conta da sala da VIDA:
olhos arregalados estremecem
com o barulho das estrelas,
iluminadas pelo som do Infinito.

E o ALÉM da PROCURA
levanta-se,
para a união de uma ovação estrondosa
à atitude corajosa,
do EU da minha ternura…

Estrelas inchadas de luz
prorrompente,
qual ventre de MÃE em parto iminente,
mostram-me o caminho… de mansinho…

Transpiro expectativas nas lufadas de vento…
atrevidas!
Saio do palco…
entro na vida com farrapos de tempo,
frágeis emoções,
únicas sensações
esvaídas, por entre espaços feridos.

Meus pés sentem, no chão,
o estremecer constante da poeira ofuscante…
Telurismo delirante!
Sigo adiante, na noite bela
e tenho cama feita, entre as estrelas!

De lá, vejo a NATUREZA
exuberante,
no seu germinar puro,
duro,
seguro do INSTANTE…

Uma estrada iluminada
conduz-me `a segura morada
do EU que sou…
É aqui que regresso a MIM!
Viagem paradoxal da felicidade na magia,
que se dilui num fio de luz…

Como um colo que se quer morno
num embalo de paz,
minha serenidade aqui jaz!
Borboleta buliçosa,
quedo-me ao pé de MIM…


CAD 7G- 43/43-(MST)-Fev./010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Notas literárias: Manuela Azevedo


FOTOS GOOGLE



MANUELA AZEVEDO (MA), jornalista, poetisa, ensaísta, escritora de 98 anos de idade, vai publicar as suas memórias num livro cujo título é, “MEMÓRIAS de UMA MULHER de LETRAS”. O livro será editado pelo MUSEU NACIONAL da IMPRENSA, na FUNDAÇÂO MÁRIO SOARES.
Primeira jornalista profissional da imprensa portuguesa, escritora multi facetada, quer quanto à forma quer quanto à temática, mulher lutadora anti-fascista com uma atitude de frontal oposição ao regime salazarista, pressupomos que as histórias que esta grande mulher do mundo literário português vai editar, nesta obra, abranjam, a nível social e familiar, tudo o que a caneta lhe ditou e que o regime obscurantista não permitiu que fosse publicado, em tempo oportuno.

Como escritora- jornalista e vice-versa, recorda os tempos que passou no “DIÁRIO DE NOTÍCIAS” e nos já desaparecidos jornais “REPÚBLICA” e “DIÁRIO de LISBOA”.
Escreveu dezenas de livros de contos, poesias, ensaios, novelas, biografias, romances… e sei lá que mais!
Nunca foi autora que fizesse parte dos programas de PORTUGUÊS, facto que se pode dever, em parte, à sua posição política de opositora a Salazar…
Não tenho, por esse motivo, um conhecimento profundo da sua obra, a não ser como um factor de cultura geral que fui complementar com recurso a “Histórias da Literatura” e “Dicionários da Literatura”, que por aí tenho guardados.
Mulher de causas, sempre à frente do seu tempo e até, por conseguinte, da sua idade cronológica, viveu apaixonada pela obra de Camões e pela vila de Constância, no Ribatejo.
De tal maneira, que é lá que pretende ver realizado o seu sonho de construção de “UMA CASA DA MEMÓRIA”, onde se possa perpetuar o amor pelo poeta maior do século XVI e a sua grande obra.
Do seu livro de memórias sairão notas preciosas sobre figuras históricas com as quais conviveu, das quais destaco HUMBERTO DELGADO, HENRIQUE GALVÃO, CALOUSTE GULBENKIAN, O EX-REI HUMBERTO, DE ITÁLIA, o escritor AQUILINO RIBEIRO e ainda entrevistas com nomes como EVITA PÉRON, RUDOLF NUREYEV, ERNEST HEMINGWAY, etc
Sei que muita gente desconhece o nome desta grande mulher da nossa vida social e literária. Mas não custa nada relembrá-la como tal, já que na devida altura, como sempre acontece aos nomes incómodos, Portugal tem uma tendência, quase genética, para os esquecer!
Já não tem emenda, neste capítulo, este meu /nosso país!
Retirei de um cantinho, na Internet, o poema de MA que passo a escrever, com todo o amor pelas nossas letras.
“SUBINDO A SERRA”

Subir a serra
É sentir lá no cimo
A presença divina,
Ter asas e ser pequenino.
Ver as minúsculas casas
Ponteadas na paisagem,
Sentir o vento a fustigar o corpo
E só querer chegar sempre mais alto,
O coração a soltar-se na aragem
Qual papagaio a que se solta o fio.

In”O CANTO DAS FRAGAS”

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

RELACIONADO COM AS LETRAS...


fotos google


Notícia, na página 44 do "Jornal de Notícias" de hoje, 9 de Fevereiro de 2010, sob a epígrafe "CULTURA", faz saber que o grupo editorial "LEYA", do senhor miguel pais do amaral, mandou destruir milhares de obras literárias( que talvez estivessem a atrapalhar o espaço, quem sabe?),numa inqualificável atitude de falta de humanismo e amor às LETRAS, LETRAS PORTUGUESAS, neste caso...SEM PALAVRAS!!!

Entre os autores "destruídos"estão nomes como JORGE de SENA, EUGÉNIO de ANDRADE,EDUARDO LOURENÇO e VASCO GRAÇA MOURA, para não falar de outros...

Dói saber desta atitude inquisitorial, digamos assim,num país onde tanta gente não tem acesso à cultura ou à leitura,por falta de meios económicos...Para dar de comer aos filhos, apesar de muitos pais serem cultos, o dinheiro é tão parco, que não se pode gastar em livros...O alimento do espírito vem depois do alimento do estômago!
Comprar livros é um luxo ao qual a grande maioria dos portugueses não pode aceder.

O que o grupo "LEYA" fez, foi uma mutilação de valores, pura e simples , tão detestável e tão condenável como a mutilação genital das mulheres ,em certas "culturas"...DESPREZÍVEL E CONDENÁVEL!

O que o grupo "LEYA" fez, ditatorialmente,foi uma matança da CULTURA!
A alma dos poetas ,escritores e ensaístas que mastigaram palavras que o cérebro põs à sua disposição para transmitir Mensagens de PAZ, AMOR, ANGÚSTIA, SOLIDÃO, ALEGRIA,não tem/teve valor para o grupo leya...

Qualquer ditadorzeco de "meia-tigela",de terras como a Birmânia, o Cambódjia, a China dos tempos de MAO, a Alemanha de Hitler, a Itália de Mussolini, fizeram ,eles também, "autos de fé" deste teor, com fogueiras de milharse de obras escritas!

Agora, se perguntar não ofende, e se o tal grupo tivesse posto à venda ,mesmo que por um valor simbólico, esses milhares de obras , em mercados próprios?
Não teria contribuído para o enriquecimento espiritual de tanta gente, numa atitude humanista?É claro que não teria dado milhões para os yates, mansões e carros topo de gama dos ditos senhores... mas ,teria, isso sim!contribuído para o tal alimento espiritual de que falei atrás, das classes mais desprotegidas que, não podendo dar-se ao luxo de comprar livros ,ao preço que eles estão a ser vendidos, os teriam adquirido mais baratos...

Isto passou-se cá, amigos...cá ,em Portugal, no país onde há tantos "casos" de ataque à liberdade de Imprensa, que muita gente já nem reage...
Ah! lida a notícia até ao fim, vejo que o editor JOSÉ da CRUZ SANTOS ,que colaborou com a editora "ASA", processou o grupo "leya" por este crime de lesa cultura!

HAJA DEUS!

NOTA: estou convencida de que, num país como o nosso, onde "nada dá em nada", como vamos vendo pelos tantos casos que por aí há, fica ,pelo menos, a alegria ,de ver que alguém reagiu...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Poema :"cruzados do mar..."

FOTOS GOOGLE




Corre-me nas veias, sangue com odor a maresia…

Não há vida que sorria
Ao povo que do mar nasceu,
Se não puder ver surgir
As águas do viver seu…

Engolem-se lágrimas,
Sorve-se a Esperança trazida
Em garrafas de Vida…

MAS…SEM MAR, NÃO HÁ VIDA!

Personagem presente, na ausência…
Nostalgia à deriva nas ondas da evidência,
És tu, MAR-OCEANO,o lado lúdico
Da impaciência
Do viver do exilado, do outro lado da Terra!

Está em guerra, o português,
Sempre que, longe da PÁTRIA
Não pode molhar os pés
Nas lágrimas do marulhar
Do seu bocado de Mar…

TERRA MOLHADA DE PEIXE A ESCORRER
ÁGUA SALGADA…

Desterro de quem viu a vida naufragada
Nos óleos orientais
Das palmeiras perfiladas…

Cruzados do ACHAR um outro mundo
Com MAR…
Soluços de impaciência!
MAR- MÚSICA a marulhar, no ir e no vir,
No sangue a fluir,
No partir e no chegar…
Azul-vermelho da Vida do povo do NAVEGAR…
Andrajoso, corajoso,
Ansioso por se DAR,
O povo do meu país come as lágrimas do suar…

MAR- SOFRIMENTO-POESIA!
Verdade do dia-a-dia!
Sinto-te a vida a pulsar
No beijo da ardente Despedida…
LÁBIOS- VIDA… ressonância bíblica…
Bebida do sofrer na água inesgotável, arável…
Fonte da IMAGEM- PÁTRIA- FLORIDA!



C7G-44/29 (mds) -FEV/010

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Poema "Gaivota..."


FOTOS GOOGLE



Pairam nuvens escuras sobre o horizonte.
O mar encapelado tenta fugir-lhes…
São nuvens feias, escuras, de morte,
como se tivessem perdido o norte.

No areal e nos campos, à volta,
repousam, amedrontadas, as gaivotas.
Sentem que o mar, em revolta,
as espanta e não se importa.

Dentro de mim, estou assim…
Sou gaivota temerosa
procurando a cor da rosa,
que me ajuda a crer em mim.

É esta, uma tempestade eterna…
Por dentro, soluço, sem fim!

Ó deuses dos elementos em fúria!
Dai-nos um pouco de paz…que possamos
descansar, longe de toda a tormenta!




CAD4D -74 – NOV/08-OND/INQ

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

POEMA: "Viagens entre o sol e a Lua..."




FOTOS GOOGLE


Chega a noite.
A Terra concilia-se com o céu;
Cobre-se com um suave véu
e descansa.
Voltará a dealbar,
assim que a noite passar…

O SOL É IRREQUIETO… ORA FOGE, ORA APARECE…

Chega, enfim, a manhã
do dia do meu viajar
nas asas do pensamento,
lesto, como todo o vento
que não pára de soprar!

Não me despego da terra,
das ruas da minha infância,
do sino da aldeia velha,
que toca já na distância…

Gotas de chuva bendita
caem, de mansinho,
sobre a terra aflita…

Os telhados das montanhas
vistos do meu viajar,
são escuros, esverdeados,
até que chegue o luar!
Segue-me a luz das estrelas,
cansada de cintilar!
E eu movo meu pensamento
por entre elas , a pairar…

Sou, por momentos, senhora de toda a terra!
Vejo a paz e vejo a guerra,
fujo da dor e da fome…

Debruço-me da janela
que me leva aos oceanos…
Peregrino, lentamente,
por entre sulcos da mente.

Pelos vales e desertos, que ainda não conheci,
pela luz que irradia e ainda não encontrei,
está minha vida segura por um fio de luar
que me empenho a reforçar!

A aurora
húmida e fria,
entrega-me a um pedaço de céu
que eu sei que não é só meu…
Espreguiço-me do torpor em que estive mergulhada!
Recebo os raios de Sol
que despertaram meu ser.
E juro!
Vou continuar a VIVER!



C7G- (vds)-36/101- Jan/010

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

POEMA: "TEJO DE ABRIL"


Fotos do google


---“TEJO de ABRIL…”

Deslizam barcos ao longo do Tejo…
Ondulam com as correntes,
sustidos pelas marés dolentes…
Aqui,
de onde os vejo,
lembro tantas caminhadas
noutras paragens sulcadas.

Do cais de Belém
foram sempre mais Além!


Rio, que viveste ABRIL, que viste batalhas mil
de sangue suadas
no tempo de todas as Cruzadas…
Que ofereceste alento
e dás ,também, o sustento;
tu ,que cheiraste o vermelho dos cravos
e que cantaste”GRÂNDOLA, VILA MORENA…”

Como e por que paraste no TEMPO?
Quem prende teus braços mil,
com que abraçaste ABRIL?
Responde à força do vento
que respira LIBERDADE!
Não pares de navegar
no mar da nossa Idade!

PORTUGAL! Meu país amargurado,
sem ter o dever cumprido!
Ouve o brado que vem do fundo das marés,
dos ventos alados
do Passado adiado!

E o rio ouve o lamento
que carrego, cá por dentro…
Sereno…mas não impávido,
fulgura nas livres águas…
Exemplo transcendental,
Derrama coragem
Nas gentes de PORTUGAL!

TEJO, meu país a ansiar!
Testemunho vivo dum ressurgir, a cantar!

Pensamento livre!
Andamento suave!
Prosperidade….?
Vontade de erguer-me, de novo,
à superfície da tua segura fraternidade!

Chave mítica do nosso abrir
a porta,
sobre uma treva infinita…

E meu olhar de LIBERDADE
ampara-se nas tuas margens
que abarcam PORTUGAL,
no ressurgir da SERENIDADE!

C7G-(MST)-16/DEZ/09

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

"CENSURA DE VOLTA: MÁRIO CRESPO, desta vez!

É com extrema preocupação que escrevo este pequeno post.
Já hoje ,de manhã, comecei a suspeitar que alguma coisa não estava bem, no JN ,naquela página onde, ao lado de HONÓRIO NOVO, costumava aparecer o MÁRIO CRESPO, com a sua indispensável crónica, para quem gosta de ler jornais e certos comentadores, que vão dizendo umas verdades e "chamando os bois pelos nomes!

Confirmei ,ao longo do dia, que o "JOÃO COITO" dos tempos depois de ABRIL, conseguiu eliminar do JN a crónica que tanto lhe apertava os tomates...
MANUELA MOURA GUEDES e o seu jornal das 6as, o DIRECTOR DO Público, o jornal "SOL", que veria as suas dívidas pagas mas que em troca não poderia falar mais do caso FREEPORT...

De que é que os "Goebells" deste desgoverno socialista têm medo? Por que motivo querem calar a imprensa, à boa maneira salazarista?ou estalinista?...

Consegui confirmar o afastamento do consagrado jornalista, indo ao PPTAO, a fazer a minha habitual visita!

Como passo as tardes na fisioterapia a tratar do meu problema de saúde, ainda não tive tempo de ouvir os jornais das televisões; por esse motivo, ainda não ouvi nenhuma referência ao facto. Ou será que também elas estão proibidas de darem notícias deste teor, à boa imagem do que fazem os ditadores como Chavez ,que encerra tudo o que lhe não seja favorável?

Será hora de pedir ao sr PR que deixe de "andar preocupado" com tudo para se preocupar com alguma coisa de significativo?

PORTUGAL, É HORA, CADA VEZ MAIS PREMENTE, DE ABRIRMOS OS OLHOS! OLHEM QUE O HOMEM QUER PERPETUAR-SE NO PODER !

À ATENÇÂO do BLOG "SIOUX", "SENTIDOS DE MIM"

MINHA AMIGA: Há qualquer problema com os teus comentários, pois não consigo comentar-te!
Voltei a tentar, hoje, e mais uma vez , não consegui fazê-lo!
BEIJO de LUSIBERO