terça-feira, 31 de julho de 2018

Do nosso Guerra Junqueiro...

De Guerra Junqueiro, in NET:
Morreu-me a luz da crença — alva cecém,
Pálida virgem de luzentas tranças
Dorme agora na campa das crianças, 
Onde eu quisera repousar também.
A graça, as ilusões, o amor, a unção,
Doiradas catedrais do meu passado,
Tudo caiu desfeito, escalavrado
Nos tremendos combates da razão.
Perdida a fé, esse imortal abrigo,
Fiquei sozinho como herói antigo
Batalhando sem elmo e sem escudo.
A implacável, a rígida ciência
Deixou-me unicamente a Providência,
Mas, deixando-me Deus, deixou-me tudo.
Guerra Junqueiro, in 'A Musa em Férias'

De "Charlot...

Charlie Chaplin (1889-1977), in O Citador, Net:
Pensamos de Mais e Sentimos de Menos
Queremos todos ajudar-nos uns aos outros. Os seres humanos são assim. Queremos viver a felicidade dos outros e não a sua infelicidade. Não queremos odiar nem desprezar ninguém. Neste mundo há lugar para toda a gente. E a boa terra é rica e pode prover às necessidades de todos.
O caminho da vida pode ser livre e belo, mas desviámo-nos do caminho. A cupidez envenenou a alma humana, ergueu no mundo barreiras de ódio, fez-nos marchar a passo de ganso para a desgraça e a carnificina. Descobrimos a velocidade, mas prendemo-nos demasiado a ela. A máquina que produz a abundância empobreceu-nos. A nossa ciência tornou-nos cínicos; a nossa inteligência, cruéis e impiedosos. Pensamos de mais e sentimos de menos. Precisamos mais de humanidade que de máquinas. Se temos necessidade de inteligência, temos ainda mais necessidade de bondade e doçura. Sem estas qualidades, a vida será violenta e tudo estará perdido.
O avião e a rádio aproximaram-nos. A própria natureza destes inventos é um apelo à fraternidade universal, à união de todos. Neste momento, a minha voz alcança milhões de pessoas através do mundo, milhões de homens sem esperança, de mulheres, de crianças, vítimas dum sistema que leva os homens a torturar e a prender pessoas inocentes. Àqueles que podem ouvir-me, digo: Não desesperem. A desgraça que nos oprime não provém senão da cupidez, do azedume dos homens que têm receio de ver a humanidade progredir. O ódio dos homens há-de passar, e os ditadores morrem, e o poder que tiraram ao povo, o povo retomá-lo-à. Enquanto os homens morrerem, a liberdade não perecerá.
Charles Chaplin, in 'Discurso final de «O Grande Ditador»'

Bom dia, amigos! (Foto de Pinterest-Ao longo do rio Douro)


domingo, 29 de julho de 2018

O Pensamento de...

De Eugénio de Andrade, in O Citador:
Fragmento do Homem
Que tempo é o nosso? Há quem diga que é um tempo a que falta amor. Convenhamos que é, pelo menos, um tempo em que tudo o que era nobre foi degradado, convertido em mercadoria. A obsessão do lucro foi transformando o homem num objecto com preço marcado. Estrangeiro a si próprio, surdo ao apelo do sangue, asfixiando a alma por todos os meios ao seu alcance, o que vem à tona é o mais abominável dos simulacros. Toda a arte moderna nos dá conta dessa catástrofe: o desencontro do homem com o homem. A sua grandeza reside nessa denúncia; a sua dignidade, em não pactuar com a mentira; a sua coragem, em arrancar máscaras e máscaras.
E poderia ser de outro modo? Num tempo em que todo o pensamento dogmático é mais do que suspeito, em que todas as morais se esbarrondam por alheias à «sabedoria» do corpo, em que o privilégio de uns poucos é utilizado implacavelmente para transformar o indivíduo em «cadáver adiado que procria», como poderia a arte deixar de reflectir uma tal situação, se cada palavra, cada ritmo, cada cor, onde espírito e sangue ardem no mesmo fogo, estão arraigados no próprio cerne da vida?
Desamparado até à medula, afogado nas águas difíceis da sua contradição, morrendo à míngua de autenticidade - eis o homem! Eis a triste, mutilada face humana, mais nostálgica de qualquer doutrina teológica que preocupada com uma problemática moral, que não sabe como fundar e instituir, pois nenhuma fará autoridade se não tiver em conta a totalidade do ser; nenhuma, em que espírito e vida sejam concebidos como irreconciliáveis; nenhuma, enquanto reduzir o homem a um fragmento do homem. Nós aprendemos com Pascal que o erro vem da exclusão.
Eugénio de Andrade, in 'Os Afluentes do Silêncio'-Foto Google

Do nosso Eugénio de Andrade



Procuro-te

Procuro a ternura súbita, 
os olhos ou o sol por nascer 
do tamanho do mundo, 
o sangue que nenhuma espada viu, 
o ar onde a respiração é doce, 
um pássaro no bosque 
com a forma de um grito de alegria. 

Oh, a carícia da terra, 
a juventude suspensa, 
a fugidia voz da água entre o azul 
do prado e de um corpo estendido. 

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música. 
Chamo por ti, e o teu nome ilumina 
as coisas mais simples: 
o pão e a água, 
a cama e a mesa, 
os pequenos e dóceis animais, 
onde também quero que chegue 
o meu canto e a manhã de maio. 

Um pássaro e um navio são a mesma coisa 
quando te procuro de rosto cravado na luz. 
Eu sei que há diferenças, 
mas não quando se ama, 
não quando apertamos contra o peito 
uma flor ávida de orvalho. 

Ter só dedos e dentes é muito triste: 
dedos para amortalhar crianças, 
dentes para roer a solidão, 
enquanto o verão pinta de azul o céu 
e o mar é devassado pelas estrelas. 

Porém eu procuro-te. 
Antes que a morte se aproxime, procuro-te. 
Nas ruas, nos barcos, na cama, 
com amor, com ódio, ao sol, à chuva, 
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te. 

Eugénio de Andrade, in "As Palavras Interditas" 

BOM DOMINGO A TODOS OS AMIGOS!


sexta-feira, 27 de julho de 2018

POEMA REGºººººººººººº!








TECER A POESIA...


Se ao menos o Tempo encontrasse o que o meu imo anseia…
Se ao menos eu pudesse ler o aroma dos pinheiros
quando, vergados à neve, choram lamentos
que não cabem nos alfabetos dos ventos dispersos…



Se nevasse nos meus sonhos
e se apagasse a dor da luz que ainda te recorda,
sentirias o ímpeto da seiva telúrica
que, livremente, circula pelas minhas tantas ruas-
-vida imediata de poesia tecida…




Amo essas cores de tela impressionista
que imprimem força ao correr de um rio, para a cascata;
amo  a força das ondas do mar que se desfazem
em espuma, num areal de prata;
amo a dor da luz que dos olhos se te solta!




Se ao menos pudesse pintar o mistério
da poesia que tu respiras,
frente às ondas de um  mar de sensações…
Se conseguisse ser lúcida
na espontaneidade com que o pensamento te retrata…



                                                                    Mas a noite e o vento são hostis

                                                                    e o tempo passa tão rápido

                                                                    que,ao amanhecer,

                                                     da tela que pintei
                                                                    só uma flauta


toca o som da rosa rubra
                                                                    a desmaiar,


                                                                    cansada e sem forças para desabrochar.




Oh! Se ao menos a alucinada poesia não tivesse
palavras para te descrever… 

Bom dia, amigos! (Foto google)


quinta-feira, 26 de julho de 2018

Dulce Pontes "Meu Amor sem Aranjuez"

Antigos Orfeonistas U.Coimbra-Cantar de Emigraçao- J. Afonso

Water of Life

POEMA: Todos os Direitos de autor reservados!!!!!!!!!!!

Poema:
Poema:
Poeta louco
um céu aberto aos raios de luz ciciou verdades escondidas nas dobras dos livros, guardados no pó das bibliotecas.
soltaram-se letras dos versos de um poema.
um poeta transpunha a entrada da catedral. estendeu a mão e guardou, na ponta dos dedos, com a concha da mão, esse tesouro-a-voar -para -cair-no-chão.
chamaram-lhe louco!
a loucura riu-se …ajudou o poeta a compor um poema…deu-lhe as notas para a sinfonia imortal , que faria vibrar as colunas da catedral…
o poema refez-se e uma música universal exultou numa pauta de luz e sons, num anoitecer em que o mundo foi mensagem primordial.
a loucura inconsciente fugiu pelas pedras da calçada enevoada, habitualmente pisada pela ignorância consciente.
um velho sino tocou ao ouvir o poema ,que a Loucura ornou de lexemas…
flores de tessituras de ansiados temas vivem ,alojados ,na ideia-tema.
doeu…esta pedrada no charco!
o vento viu, ouviu, parou -ao-passar por uma cicatriz de luz…
Maria Elisa Ribeiro
SET/014
Foto Google

A Magistrada Mª José Morgado, SEM PAPAS NA LÍNGUA!

2 455 730 visualizações
CORRUPÇÃO À VISTA DE TODOS. ACORDEM adicionou um novo vídeo: M. José Morgado denuncia irresponsabilidade dos politicos de 28 de Janeiro de 2015 à sua Cronologia.
28 de Janeiro de 2015
A CLASSE POLÍTICA OPORTUNISTA, APROVEITOU A SUA OPORTUNIDADE, QUE NÃO É A OPORTUNIDADE DO BEM COMUM . CHOVERAM FUNDOS EUROPEUS SOBRE PORTUGAL esses Fundos foram DESVIADOS INDIVIDUALMENTE PARA ENRIQUECIMENTO PRIVADO E PARA MISÉRIA DA POPULAÇÃO. NUNCA PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO DO PAÍS.
...O MEDO VOLTOU...
A CORRUPÇÃO INSTALOU-SE
O MEDO VOLTOU... AS PESSOAS TÊM MEDO DE FICAR SEM REFORMA,
AS PESSOAS TÊM MEDO DE NÃO ENCONTRAR EMPREGO
AS PESSOAS TÊM MEDO DE NÃO CONSEGUIR SOBREVIVER
A TODAS AS PRIVAÇÕES QUE TÊM...
AS PESSOAS TÊM MEDO DE SER DESPEDIDAS
A SOCIEDADE PORTUGUESA ESTÁ DOMINADA PELO MEDO
NÃO HÁ NENHUMA ESPÉCIE DE LIBERDADE
MAIS, NÃO HÁ LIBERDADE ATÉ NAQUELES QUE TÊM O DEVER DE JULGAR
Não sei que liberdade é que possa existir num magistrado que ganhe 2.000 Euros por mês e que tenha que julgar uma causa de Milhões esse magistrado pode pensar, e se eu me engano
fico a descontar para o resto da vida.
Democracia Portuguesa NÃO FOI UMA DEMOCRACIA DE RESPONSABILIDADE E DE PRESTAÇÃO DE CONTAS
A classe política HABITUOU-SE A PRIVILÉGIOS
E CONFUNDIU SER ELITE COM SER IRRESPONSÁVEL E NÃO PRESTAR CONTAS quando o ELITISMO, em qualquer parte do Mundo É A RESPONSABILIDADE
QUANTO MAIS PODER SE TEM MAIS RESPONSÁVEL SE É,
EM PORTUGAL NÃO, A ÉTICA NÃO EXISTE
SUBSTITUIU-SE A ÉTICA PELAS REGRAS DE PRODUÇÃO DE PROVA então quer dizer NÃO SE PODE DISCUTIR A IMORALIDADE DE UM POLÍTICO NÃO SE PODE DISCUTIR
A IMORALIDADE DE ALGUÉM QUE ENTROU NA POLITICA COM UMA MÃO ATRÁS E OUTRA À FRENTE E PASSADO 10 ANOS TEM UM IMPÉRIO, EM PROPRIEDADES E EM EMPRESAS SEM SE SABER COMO E NÃO SE PODE SABER COMO
É ESTA HISTÓRIA DOS FUNDOS SOCIAIS EUROPEUS
E DOS DINHEIROS PÚBLICOS FOI UM GRANDE ESBANJADOURO EM QUE SE TRANSFORMOU A NOSSA DEMOCRACIA
ESBANJADOURO RELATIVAMENTE AO QUAL ESTAMOS A PAGAR A CONTA NÓS PORTUGUESES TODOS
Na segunda parte do video veja um deputado a tentar silenciar MJM quando ela começa a denunciar a incompetência dos políticos
Agora expliquem-me como é que este personagem, Ricardo Rodrigues, pode ser deputado? Como pode ser eleito?
O jornalista da SIC Estevão Gago da Câmara escreveu no "Açoriano Oriental", quando o agora conhecido deputado integrou as listas do PS para o parlamento nacional, que este se envolvera "com um gang internacional".
A verdade é que o deputado a quem os socialistas deram a pasta do combate à corrupção nos debates parlamentares recorreu aos tribunais para que o jornalista desse o dito por não dito.
ricardo rodrigues pedofilia ps deputado
clique na imagem para ampliar
A justiça deu duas vezes razão a Gago da Câmara.
ARTIGO COMPLETO: http://goo.gl/eEplrR
ARTIGOS DE MARIA JOSÉ MORGADO:: http://goo.gl/HdOdcl

Sobre Joaquim Paço D'Arcos

Escritores, ensaístas, filósofos,tão esquecidos nas Letras Portuguesas.
Em termos de Letras, ninguém se nos compara! Então, por que se deixa, assim, cruamente, de falar deles e de se dar a conhecer a sua obra?O mesmo posso dizer do grande António Ramos Rosa, desaparecido há bem menos tempo. Encontrei o texto seguinte, na net:
JOAQUIM PAÇO D'ARCOS, "HERÓI DERRADEIRO"
"Numa tarde de Julho de 1926 atravessava as florestas de Cheringona, no território da Companhia de Moçambique, um expresso de uma só carruagem da Trans-Zambézia Railway.
Regressava da Zambézia à Beira o governador do Território. Acompanhavam-no, além dos seus ajudantes, o autor destas linhas e uma pessoa estranha à comitiva: Carlos Sobral.
Carlos Sobral era ao tempo director em África da «Mozambique Industrial & Commercial Coy. Ltd.», um desdobramento, para fins comerciais, da Companhia de Moçambique.
Naquele pequeno salão da carruagem de caminho-de-ferro conversaram durante longas horas da monótona viagem, esses dois homens, tão profunda e apaixonadamente portugueses, que o destino por ironia, mas por útil ironia, colocara a dirgir interesses que meses mais tarde se haviam de patentear tão opostos aos nacionais.
Eram homens de diferentes idades: o governador aproximava-se dos cinquenta, Carlos Sobral andaria pelos trinta. (...)
Mourejando por terras onde frequentemente o português se avilta, adoptando os hábitos de indolência a que o clima convida, os usos mesquinhos próprios dos meios pequenos, esses dois homens, ao contrário, mantinham íntegras em si as melhores qualidades da raça. Eram dois verdadeiros portugueses.
Carlos Sobral estava em conflito aberto com os dirigentes londrinos da companhia que superintendia em África. Admitia como muito provável a hipótese de repudiar a situação em que trabalhava. Era um lugar magnífico, e muitos outros homens, em circunstâncias idênticas, transigiriam em tudo para não perder a situação que usufruíam. Ele não transigia em nada e ao perguntarem-lhe o que iria fazer no caso de se encontrar desempregado, respondia tranquilo, cheio de confiança e de optimismo: trabalhar. E já se expandia por todo um projecto de se dedicar à cultura do solo, à criação de gado, na vida rude e fatigante do mato, que ele tanto amava.
É preciso conhecer certos territótios de África e a eterna dependência em que o português ali vive do Estado ou das grandes companhias, alheado por completo das qualidades de iniciativa que fazem dele um elemento tão útil no Brasil, é preciso conhecer aqueles meios de parasitagem e de covardia, para admirar em todo o seu valor a serena confiança com que Carlos Sobral, por ser português de «antes quebrar que torcer», trocava uma cómoda e rendosa situação pela tão mais humilde e ingrata profissão de pequeno agricultor.
Nessa tarde - curiosa coincidência do acaso! - esses mesmos homens perante cuja arrogância Sobral não cedia, assinavam em Londres o terceiro e último contrato sobre o porto da Beira. Meses decorridos, por uma triste e dolorosa fatalidade, Carlos Sobral morria na Zambézia, vítima de si próprio, da sua coragem magnífica.
Alguns dias depois do seu falecimento chegavam à Beira, para conhecimento do governador, e para serem executados, os contratos do porto.
O Governador não os executou. Era a vez dele, agora, num assunto de muito maior gravidade, assumir a atitude para a qual, meses atrás, serenamente, dignamente, Carlos Sobral se encaminhava.
A minha observação fora exacta. Aqueles dois homens haviam-se estimado porque ambos possuíam, entre a degradação e a vileza quase gerais, essa rija fibra moral dos portugueses de outro tempo.
Ao retratar a figura primacial deste pequeno romance eu não quis biografar Carlos sobral, pois que a sua vida foi muito diferente da do protagonista. Este é solteiro e Carlos Sobral era casado com uma nobilíssima senhora que foi a mais dedicada e a mais inteligente auxiliar da sua vida aventureira e trabalhosa.
Eu não quis fazer História, pretendi escrever umas páginas poucas em que focasse a miséria duns e a grandeza de outros.
E dar-me-ei por feliz se no decorrer destas linhas transparecer, em homenagem a Carlos Sobral, alguma coisa do seu espírito audacioso e cavalheiresco e da sua alma tão grande e tão justa."
in INTRODUÇÃO, "Herói Derradeiro" de Joaquim Paço d'Arcos
Publicada por Nuno Lebreiro à(s) 3:19 da tarde

De Florbela Espanca

De Florbela Espanca, in O Citador:
Uma Mulher sem Areia Nenhuma
Tenho o santo horror da frieza calculada, da boa educação, do prudente juízo duma mulher. Aos homens pertence tudo isso, e a mulher deve ser muito feminina, muito espontânea, muito cheia de pequeninos nadas que encantem e que embalem. Meu amigo, se esperas ter uma mulher sem areia nenhuma, morres de aborrecimento e de frio ao pé dela e não será com certeza ao pé de mim... Comigo hás-de ter sempre que pensar e que fazer. Hás-de rir das minhas tolices, hás-de ralhar quando elas passarem a disparates (hão-de ser pequeninos...) e hás-de gostar mais de mim assim, do que se eu fosse a própria deusa Minerva com todo o juízo que todos os deuses lhe deram.
Florbela Espanca, in "Correspondência (1920)"

Da Poetisa brasileira Rachel de Queiroz

Geometria dos Ventos

Rachel de Queiroz


Eis que temos aqui a Poesia, 
a grande Poesia. 
Que não oferece signos 
nem linguagem específica, não respeita 
sequer os limites do idioma. Ela flui, como um rio. 
como o sangue nas artérias, 
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita. 
E ao mesmo tempo tão elaborada - 
feito uma flor na sua perfeição minuciosa, 
um cristal que se arranca da terra 
já dentro da geometria impecável 
da sua lapidação. 
Onde se conta uma história, 
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba, 
até à fronteira da loucura, 
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo, 
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério ao 
mesmo tempo 
fácil e insolúvel da sua tragédia. 
Sim, é o encontro com a Poesia.

Bom dia, meus amigos!


quarta-feira, 25 de julho de 2018

Boa noite, meus amigos!


Incêndios na Grécia. Comentário de deputado do PSD gera indignação

Deputados do PS e do Bloco de Esquerda reagiram à publicação de Carlos Abreu Amorim no Facebook e lançaram duras críticas ao social-democrata
O deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim, fez uma publicação no Facebook sobre os incêndios que estão a assolar a Grécia que está a gerar polémica. Alguns deputados do PS e do Bloco de Esquerda já reagiram e lançaram duras críticas ao social-democrata. Recorde-se que a tragédia já causou mais de 70 vítimas mortais.
O comentário de Carlos Abreu Amorim – que o deputado decidiu apagar momentos mais tarde – lembrava a crise financeira grega e os incêndios vividos em território português no ano passado, tecendo uma comparação entre Portugal e Grécia.
“Em 2011, imitámos a bancarrota grega de 2010. Agora são os gregos que nos seguem na tragédia assassina dos incêndios descontrolados – muitas dezenas de mortos, autoridades a agirem sem tom nem som, populações abandonadas, enfim”, escreveu o social-democrata.
“Portugal não é a Grécia, dizia-se, e foi verdade durante alguns anos. Agora é mais difícil não reconhecer semelhanças indesejáveis”, acrescentou.
Filipe Neto Brandão, vice-presidente da bancada parlamentar do PS, não se mostrou indiferente à publicação de Carlos Abreu Amorim e deixou um comentário também no Facebook. “Ainda as chamas se não extinguiram, deixando atrás de si dezenas de mortos, e já deputados do PSD sentenciam a incompetência das autoridades gregas”, escreveu.
Ainda do lado dos socialistas, a deputada Isabel Moreira referiu que “é impossível descer mais baixo do que isto”. E o deputado André Pinotes Batista classificou o comentário do depu0tado social-democrata como “vergonhoso e indigno”.
João Galamba, do PS, partilhou uma publicação da página de Facebook humorística “Jovem Conservador de Direita”, onde é dito que Carlos Abreu Amorim está “a aproveitar a tragédia que aconteceu na Grécia para atacar o governo grego e a geringonça”. “Na falta de incêndios em Portugal para atacar a incompetência da geringonça, não podíamos desperdiçar esta catástrofe na Grécia”, ironiza a página da rede social.
Também Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, reagiu às palavras de Carlos Abreu Amorim, dizendo tratar-se de "gente que apoiou a chantagem e destruição do Estado grego às mãos das instituições europeias a fazer demagogia barata com a tragédia de um povo". 
Carlos Abreu Amorim voltou a usar o Facebook para responder às críticas proferidas por aqueles que chama de “polícias dos costumes politicamente corretos” que "querem ditar o que se pode escrever e lançam anátemas se não forem obedecidos". "Determinam o sentido dos textos de que não gostam independentemente daquilo que lá está", acrescentou.
O deputado do PSD defendeu-se dizendo que "fazer um paralelismo entre a tragédia de hoje na Grécia e aquela que se abateu sobre nós em 2017 é um raciocínio óbvio. Não é aproveitamento. Não é empolamento. É assim".