quinta-feira, 30 de abril de 2009
















Borbulha-me um poema…
Atenta a este rumorejar do cérebro,
Espero uma mensagem serena.

Fixo-me nas margens do rio
Pulsantes de verde e de vida;
O poema, desalinhado, ainda,
Virá das flores
rejuvenescidas pelos pingos de água
que saltam do rio, em constante ebulição…

Fervilham, excitadas, as palavras em fila, à minha disposição!
Fervilha-me esse poema…

Indecisa na escolha do húmus para a minha obra,
Esforço-me, na margem da minha longa viagem,
Procurando o fruto certo da Hora exacta…
Na luz compacta!

Que constante saltitar, para trás e para diante,
Se opera no confuso pensamento de mim poeta!

Vou esperando, confiante…
Cada palavra tem seu uso… por vezes, confuso, difuso…
Serenamente, o fruto virá da semente…




C6F-76- ABL/09

As minhas CANTIGAS TRADICIONAIS




Pela serra, monte acima,
Caminh’a linda pastora,
Levando, com paciência,
As cabrinhas a pastar,
Lá, bem longe do lugar,
Onde o prado é mais amigo.

Com o seu ar de menina,
(pois não é uma senhora!)
Confia que,estando ausente
A mãe não se apoquente
nem levante obstáculos
ao tempo que lá estiver...

Uma voz, entretanto, sobressalta
Sem querer, a ingénua pastora:
“Não te afastes nas distâncias,
Pastora linda da serra!
Há por aí lobos maus, que te querem desatenta…
Querem oferecer-te flores, que transpiram só tormenta!”

(A pastora, agora, assusta-se…)
-“Quem assim fala comigo,
Me força a encontrar abrigo
E afastar-me do rebanho?”
-“Sou eu, o pinheiro bravo,
Que te ajuda com o gado.
Do alto da minha copa, vejo as serras , em redor…
Por isso, afasta-te destes montes…
Vai para outros horizontes…
O perigo espreita a teu lado!”








CAD. 2B -9 – FEV. /07

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Comentário para Daniel de" SAIR DAS PALAVRAS"

Daniel: o teu texto "Falar-te-ei de amor..."suscitou ,em mim, carradas de ideias, que sou forçada a resumir, senão nunca mais acaba este dilúvio de pensamentos.
O teu texto é amor e sofrimento.
Sofremos, sobretudo, não com os nossos vícios e as nossas imperfeições transformadas em fraquezas,mas com as nossas Ilusões.
Não é a realidade que nos persegue, mas sim as Imagens com que procuramos substituir as coisas reais.O Amor, neste teu texto,está no próprio acto de Escrever, através do qual te dás a quem tiver a sorte de chegar ao teu blog. Damo-nos,quando não vivemos ,egoisticamente, só para nós...E tu és desses ,Lobinho,tu vives mais em função dos outros que de ti próprio!Basta ver a cordialidade com que admites o erro alheio e a prontidão com que aconselhas as tristezas alheias, também. Defeito de profissão?
Por tal, consegues ser amigo mesmo de quem possa discordar de ti, não pensando seguir o teu caminho.
Mas tens razão:viver sendo egoístas, conduz-nos,forçosamente, à desmoralização!
E, como "não há democracia nos sentimentos",o SER SUPERIOR" continuará a " falar-nos de amor, até estarmos mal..."
Imperfeitos como somos, ficamos inseguros, na expectativa,incapazes de reconhecer actos de Amor...E, aí, perdemo-nos...E, quando voltamos a encontrar-nos, por "entre a fresta da porta", sofremos... dói...é tão difícil!
Num outro blog que sigo,o sujeito actuante está numa incessante procura da fé no Amor
e uma desilusão que enfurece e afasta, quando se encontra com alguém que não responde ao Ideal!
Em ti, há uma dádiva contínua que se projecta para mais longe... até mim, por exemplo, que ando sempre à procura de MIM!Obrigada, amigo!
E não posso deixar de estar de acordo com o "FILIPE" quando afirma "estamos sempre a julgar e a ser julgados...É incrível, Daniel... É inevitável! Somos humanos, imperfeitos nas nossas pequenas perfeições, desatentos ao "cheiro das flores", à beleza das nuvens, ao sorriso das crianças...Esquecemo-nos de viver sem preocupações!
MEU DEUS! COMO SOMOS COMPLICADOS ,DANIEL!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

"AOS PÉS DO MONTE BRANCO..."



Cheguei a Chamonix quase ao anoitecer.Cumpridas as formalidades de inscrição no hotel, fui para o meu quarto, que, com uma varanda enfeitada de plantas resistentes ao frio, me convidava a uma primeira visita à cidade.Ao longe, vislumbrei o majestoso cenário,esmagador na beleza das obras naturais.A linda cidade de Chamonix parece um forte de beleza, circundado por um exército de "guardas vestidos de branco"...
A aragem fria, anormalmente fria para quem vive em Portugal,levou-me a agasalhar-me até ao pescoço,dado que eu queria continuar a usufruir da esmagadora sensação de grandiosidade, que provém da calma neve , branquíssima, misteriosa, mística, que advém do estar naquele paraíso. Com as mãos geladas e o nariz a pingar, sinto-me viva, na imponência da paisagem!
HEGGEL, afinal,não tinha razão, quando defendia que o saber absoluto pode existir!
Aqui, em Chamonix, eu vejo que o saber absoluto não existe! Aqui, repito,sinto que o saber nunca pode ser absoluto, porque os homens não são deuses e, por conseguinte só vão "sabendo", à medida que vão "sendo", vivendo experiências engrandecedoras, ou não.
Devo dizer que aproveito todos os momentos que a vida me oferece,para reflectir sobre mim e sobre o que me rodeia...Reflicto, agora, com a provocação que este local me suscita sobre a condição humana, sobre o nosso caminho a percorrer feito de tantos outros caminhos, já percorridos...E, no meu caso particular,deste ao qual ainda não tinha acedido. Cigarro na mão, (falso companheiro!)desço a rua, no meio de uma temperatura infernal, para ir tomar um chocolate quentinho.
Sinto-me "Ulisses"...ou "Aquiles" à procura de um outro mundo...talvez este em que mergulho os pés, em seco,num bocado de paraíso, bafejado pelos "humores" da neve que cai,permitindo que eu deixe as minhas impressões digitais marcadas no chão.
É então que recordo as palavras de Newton quando afirmava, mais ou menos isto: "É preciso que sejamos muito cegos para não ficarmos extasiados com o espectáculo das estrelas, das flores, desta Natureza celeste...Somos tão tolos e ingénuos, que não queremos reconhecer o AUTOR destas belezas! E mais, somos suficientemente loucos para não O adorarmos."
Humana como sou, até à mais ínfima fibra do meu ser,esqueço ,por momentos, as dúvidas existenciais eivadas de intelectualidade e prostro-me, em suave interior oração...
Por vezes,em atitude de humildade,consciente e serena,peço perdão pela descrença.
O povo,sabiamente, diz que Deus escreve direito por linhas tortas. Foram, de certeza, essas linhas tortas que me trouxeram a Chamonix, pois eu deveria ter entrado em Itália pela nua fronteira de Ventimiglia...
Por conseguinte, aqui, sinto, perante o espantoso cenário que se me deparou, que não quero ser "um poeta fingidor",como F. Pessoa; tenho a obrigação de fingir,não fingindo,que as dores das interrogações pessoais desaparecem, ante a grandeza da criação de UM SER SUPERIOR!

domingo, 26 de abril de 2009


Alentejo do meu fascínio!
Ouro contido num pedaço de terra
tornado vivo com a força do vento,
oscilando lento, lento…

Esforço-me por viver o gosto da seara loura
que grita, pujante, exaltante no seu ouro.
Mar ondulante ao sabor do vento!
Exaltas, tu, trigo louro, sem um lamento,
sabendo que serás do Homem, o sustento.
De barco (quem sabe?) irás até ao moinho
onde o homem, lesto, te transformará
em pão, mui fininho.

O teu calor de seara ardente
perde-se nas águas do litoral,
no oeste, veemente!

Seara anelante, ofegante, sedenta!
A foice levezinha cumpre o seu dever,
Nas mãos da calosa ceifeira, potente!

Sofro, também eu, de outros penares,
Lembrando seareiros de velhos mares!

E o Tejo, serpenteante, já foi tão distante…




CAD4D -95 (1) – JNR/08

sábado, 25 de abril de 2009

"25 de Abril/2009...Impressões

Não sou admiradora de Pacheco Pereira. Isso não retira, de modo nenhum, o valor que o senhor tenha, junto de quem aprecia o seu modo de ver as coisas.Irrita-me de sobremaneira, aquela pose de intelectual superior(que o é!)mas inatingível;mas, sou sincera, leio todos os seus artigos no "PÚBLICO"e,por vezes, no"Abrupto".
Tudo isto para vos dizer que o seu artigo de opinião de hoje , no referido jornal, me agradou, por ele focar um assunto que aflige os portugueses,neste momento, e que é a vigilância a que estamos a ser sujeitos numa sociedade quase orwelliana, Tenho falado desse arrepiador facto,nos artigos dos jornais para onde escrevo e, também, em comentários nos blogues que admiro ,desde que ando neste mundo virtual.
Obrigada, DR.Pacheco Pereira!






Já ontem,à noite, tinha lido no blog "PPTAO" aquela notícia de uma possível(futura)
demissão de José Sócrates...
Esperei, hoje, pelos jornais, para complementar essa informação.
Agora, que vi o teor das palavras de vital moreira, não posso deixar de pensar que está a chegar a chantagem, própria das épocas eleitorais... Se não tiver a maioria absoluta o senhor é capaz de se dirigir a Belém e pedir a demissão, porque não poderá fazer reformas, com a oposição contra...Velha suja jogada...






FELIZ 25 DE ABRIL A TODOS OS QUE QUEIRAM RECEBER ESTE CUMPRIMENTO,INDEPENDENTEMENTE
DO MODO COMO CADA UM ENTENDA VIVÊ-LO!

sexta-feira, 24 de abril de 2009


Madrugada lesta de carros blindados
lavados com cheiro a flor de cravo!

Soldados armados de cravos vermelhos
presos na mais ansiada girândola
de quem cantava a canção de Grândola!

Ruas apinhadas de alegria imensa
suada, densa,
na esperança da nova caminhada.

Armada de doçura da maga Liberdade
saiu à rua gente sem idade!

Anos passados foi-se a magia
das promessas desse alvor…
Não há nas ruas felicidade a abarrotar…
O povo perdeu o cheiro de ABRIL…

ONDE SE ESCONDE A ESPERANÇA
QUE FOI EMBORA?


C4D-86/74-ABL/09

Prince - Purple Rain [Wide Screen Video] - Prince

"24 de Abril"...


Hoje, 24 de Abril, eu, que sou uma mulher de esquerda, na medida em que acredito numa sociedade justa e sem "ROLHAS",vejo decorrer, lenta e serenamente, a véspera do "25 de ABRIL".
Estão mais excitadas as TVs e outros meios de comunicação,com notícias sobre os eventos de amanhã ,em todo o país. Eu espero ,apenas, pelo concerto do Paulo Gonzo, lá na barragem,onde espero que não se afunde, porque até gosto dele...
E estou a festejar ,hoje, porque eu tinha vinte e pocos anos e uma alma cheia de esperanças...esperanças que os sucessores dos "capitães de Abril" (leia-se, os sucessivos governos),em "SÃO BENTO", não foram capazes de concretizar...
Todos os sonhos deste povo, constantemente adiado, foram pelas águas abaixo, tal como as naus e caravelas de outrora,que não conseguiram desviar-se dos "Mostrengos" e dos "Adamastores", que se opunham às ideias de grandeza, fama e glória, que forçaram o povo a abandonar as "fazendas", preterindo-as às pérolas do rio MEKONG".
Já Gil Vicente,secs XV/XVI,no seu "Auto da Índia", pela voz da personagem "marido", falava dessas famas e glórias dos portugueses, nestes termos, quando o "marido" responde à "AMA":..."Fomos ao rio da Meca,(rio Mekong")pelejámos e roubámos/ e muito risco passámos.../"
As minhas esperanças defraudadas, atiro-as à cara de todos os que me enganaram , a mim e ao povo crédulo, que sempre procurou sair da miséria, evitando sair da PÁTRIA...
Hoje, enquanto os espertos que não viveram o 25 de ABRIL, enriquecem ,de um dia para o outro, num oportunismo sacana, os portugueses voltam a fazer as malas da miséria e voltam a engrossar as filas da emigração!
COMO DIZIA PESSOA...È A HORA!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Andorinhas...por onde andais?


Há anos já ,que não dou pela chegada triunfante das nossas andorinhas.O tempo e o mundo modificaram-se, de tal modo,que tudo se tem tornado adverso para esses seres maravilhosos que,pontualmente, batiam às nossas janelas,numa atitude de saudação, quando vinham de terras e tempos distantes. Maquinalmente, misteriosamente, dirigiam-se à casinha, nos beirais,onde logo começavam a preparar o ninho, para que a família nascesse e se desenvolvesse a tempo de, na hora exacta,estar pronta para um novo "adeus".Até cá chegarem, percorriam milhares de quilómetros; muitas, ficavam pelo caminho,incapazes de resistirem à fome e ao cansaço.
Mulherzinha já,pensava nelas como pensava nos navegagores d'outras eras, que iam ficando pelo caminho pelas mesmas razões, morrendo,muitas vezes, nos largos oceanos,quando demandavam "as canelas e as pimentas" que haveriam de transformar as vidas dos séculos passados.E então, comecei a vê-las com outros olhos...Era já mais conhecedora das coisas do mundo...e, tive a ousadia de comparar o sacrifício humano ao das valentes avezinhas, também elas em atitude épica, sem bases de apoio para tão longas viagens, dispondo, apenas, de um misterioso sentido de orientação e resistência física ,com ajuda de um outro "astrolábio" que lhes dava a vontade indómita, própria dos seres "tocados" pelo bafo do Senhor.
Não sou romântica no tratamento deste tema!- ou melhor- não quero ser vista como tal, (embora saiba que todos continuamos a sê-lo!).É impossível ver romantismo nas situações que as pobres aves observam, lá do alto, quando passam sobre o Sudão, o Darfur,o Médio Oriente, Israel, a faixa de Gaza,o Ruanda e o Uganda, o Iraque, o Afganistão,etc Sinto que elas "viveram"os horrores dos genocídios, da fome das populações mais desprotegidas do mundo,dormindo ao ar livre, sem tecto, sem comida nem água,à mercê de "serpentes" armadas de metralhadoras...
E oiço-as falar de como foi difícil atravessar desertos, encorajando-se, umas às outras,no sentido de chegarem, o mais depressa possível, aos beirais de Portugal e às casas que cá deixaram,(se não as tivermos destruído,entretanto!).
Em termos de auto-análise,entendo que, como ser humano, levo cada "tombo" de vez em quando,que só a fé e a força de vontade no compromisso sagrado comigo própria,me ajudam a resistir aos terrores da vida e às "metralhadoras" do ódio, do autoritarismo, das injustiças, da inveja, da prepotência medíocre, de quem me pode "atacar".
Somos, decididamente, como as andorinhas: às vezes, vestidas de preto e branco, no nosso interior...Outras vezes, mais cinzentos, mas lutando sempre com denodo, porque a vida está mais "ali", à frente dos nossos olhos e nos nossos olhos!,sendo que a esperança é a última a morrer!
Cada um de nós, na resistência e na luta,faz a sua Primavera!Chegamos a nós, quando o sonho está quase, quase, a avançar...
Quando "chego"a mim...reconstruo logo o meu ninho...vejo o meu bom e o meu mau, tento fugir das minhas guerras, acalmo e...escrevo!
Passo, então, de andorinha a GARÇA-REAL...

terça-feira, 21 de abril de 2009



PARA: "SAIR DAS PALAVRAS"

Talvez minta,
quando rejeito
o querer encontrar-Te.

Talvez ame
sem saber,
e rejeite amar-Te.

Talvez fuja de mim,
escondendo-me em qualquer parte,
quando, o que anseio, é abraçar-Te.

Talvez…
talvez…
talvez…

…a única certeza
seja essa louca defesa…
no esperar-Te!

Continuo a procurar-Te,
com medo de Te encontrar…


CAD. 4D -106 – JUN/08

segunda-feira, 20 de abril de 2009


Seguro-me, tenazmente, às tábuas
Do meu navio naufragado,
Ciente do perigo que espreita,
Se não fugir já das águas,
De modo desembaraçado.

Naufraguei dentro de mim,
Quando quis questionar-me.
Foi um sofrimento, ímpar!
Hoje, o que quero do mundo
É, apenas, encontrar-me
E ser “eu”, sem vacilar…

Há tempestades terríveis:
As que se travam cá dentro!
Podem tornar-se temíveis,
Se não estivermos atentos!
As tábuas a que me agarro,
São fiáveis…
Por enquanto…

Com elas me prendo e nado
Para não sofrer o espanto
De ver chegar a resposta…
Que sei estar cá por dentro!







C2B» C5E -45» 36-OTB/07

Reencontro...no holocausto




Senti-me,hoje, emocionada, como há muito não sentia.Tocaram-me, profundamente, as imagens passadas pelos canais de TV,dos três idosos que estiveram, ao mesmo tempo, presos nos campos de concentração nazis. Quis Alguém maior do que nós, que eles sobrevivessem à sanha dos fogos crematórios para se encontrarem,agora, séc.XXI, com o apoio da Internet.
Com lágrimas de felicidade, reparei nos seus olhos brilhantes... apesar dos horrores pessoais e íntimos, vividos no meio da hecatombe hitleriana, riem com vivacidade, com uma luz feita de amor e perdão-quem sabe?-mas, acima de tudo, com olhos de amor à VIDA! E, então, falo comigo:quantas vezes, no meio do sono
sobressaltado, não se terão questionado-"Como é que eu escapei?"
Nenhum de nós tem respostas... mas senti-me sorrir quando eles sorriam, naquele caminhar, abraçados, numa íntima comunhão de alegrias, tristezas, memórias e naquele mostrar os braços, às câmaras, para que se visse bem o número de prisioneiros, que funciona como amarga recordação de tempos que nenhum de nós, seres humanos, quer voltar a ver,na nossa racionalidade emotiva, se assim posso falar.
Aquela tatuagem é a marca da VERGONHA, acontecida debaixo dos olhos de quem a conhecia e a ignorou. Por isso mesmo, não podemos,HOJE, dar tréguas à loucura nuclear, a outros campos de concentração, a outros requintados tipos de tortura.
As memórias do horror presentificaram-se em mim, que não era nascida.E provocaram em mim um cansaço que senti alastrar à mais ínfima fibra do meu ser, provocando um choro com e sem lágrimas, que me recordou o labiríntico mundo em que vivo.
Outros viram estas imagens e sinto que a comoção que nos invade, ainda agora,ao recordar o brilho do sorriso daqueles três seres, toca o fundo da alma de todos nós,com um efeito catártico, apaziguador.
Vem-me à memória o que ensinei aos meus alunos do 12ºano, ao estudarmos "Aparição", de VERGÍLIO FERREIRA, quando lhes referia a temática da existência, do ponto de vista de HEIDEGGER,no momento em que afirma que "existir é ser no mundo"...
Os comoventes olhos dos três nonagenários situam-se, no meu ver, nos ares da transcendência, porque existem, porque a morte queria-os e eles estão cá! Eles são a prova da grande Verdade Humana de que cada indivíduo é o que tem que ser! E eles SÃO! ESTÃO! PRESENTE DELES, NO NOSSO FUTURO!!!
Estou a ler e a reler e a voltar a ler "AUSCHWITZ", de LAURENCE REES,edição DOM QUIXOTE. Na página 364, leio o seguinte: "NO dia 15 de Abril de 1945, alguém ,em Auschwitz, gritou:"Libertados! Fomos libertados!"E ALICE LOK CAHANA pôs-se em pé, gritando para a irmã:"O que é a libertação? Tenho que encontrar a libertação ,antes que ela se dissipe ,por completo!"
Poderiam ter sido estes três velhinhos a lançar o mesmo grito...

domingo, 19 de abril de 2009

Recordar Júlio Dinis (J.D) para aludir a Darwin…


“Nas origens remotas do Romantismo está o progresso económico, político e social da burguesia; no seu fecho estão as consequências da Grande Revolução Industrial que, depois de 1850, transforma completamente a vida na Europa, em menos de meio século”-in História da Literatura Portuguesa, António José Saraiva/Óscar Lopes, página 707-“Porto Editora”, 11ª edição.

Escritor- médico do séc. XIX (1839/1871), Júlio Dinis foi um dos mais lídimos representantes do Romantismo, em Portugal. É justo, no entanto, dizer-se que, a par de Camilo, esteve na transição do movimento romântico para o Realismo. Por força da tuberculose que cedo o afectou, foi viver para Ovar durante um tempo, para apanhar os saudáveis ares do campo e do mar e, assim procurar viver mais do que a mãe e os irmãos, que já “tinham partido” com as garras de tal doença.
Foi no campo que tomou contacto com o povo simples, com as virtudes e defeitos que, diga-se em abono da verdade, motivaram o desenvolvimento dos temas constantes das suas obras mais conhecidas: “As pupilas do senhor Reitor”, “A morgadinha dos Canaviais”,”Uma Família Inglesa”…
Como fará Cesário Verde, mais tarde, J.D deliciou-se com as virtudes do campo, da vida calma, quase sem sobressaltos dos lavradores, dos campos cheirando a húmus, da singeleza de carácter desta gente sã, tão diferente dos citadinos, vergados à hipocrisia dos ditames da sua sociedade; associa, por conseguinte, a vida citadina à doença, ao inferno, à poluição doentia, ao mau carácter e ao mal-estar social e moral. A mulher é, na sua obra, uma personalidade dicotómica: às ilustres damas opõem-se as mulheres rurais, de bom e de mau-carácter, mas que, mesmo assim, levam sempre a melhor às fidalguitas.
No seu romantismo, é rico o modo como tratou a sociedade do seu tempo e como interligou as acções correspondentes, quer à vida campesina quer à vida rural, a vida do campo e a vida familiar, simples, com princípios naturalmente aceites e a vida das famílias fidalgas, com todos os seus estranhos rituais classistas.
Não é costume ver J:D enveredar por grandes divagações sobre questões políticas e/ou sociais; mas é fácil detectar a sua tomada de posição, por exemplo no que diz respeito a um ingénuo tipo de corrupção, em épocas eleitorais, nomeadamente na obra “A Morgadinha dos Canaviais”. Lembram-se do Comendador Manuel Berardo a prometer empregos a toda a gente, às vezes, o mesmo emprego a indi víduos diferentes?
É claro que, sendo médico, tratou temas científicos, ao relacionar as doenças dos seus clientes com os progressos que a medicina ia fazendo, não se coibindo, como é natural, de aconselhar tratamentos mais modernos.
Ora acontece que, no séc. XIX, começavam a sentir-se os ecos do trabalho dum cientista arrojado, mesmo peculiar, que das Ilhas Galápagos ao estudar a evolução das espécies, confundiu o mundo científico, religioso teológico, filosófico, social e sei lá que mais…
Estamos, agora, a comemorar os 200 anos do nascimento deste cientista; amado por uns, odiado por outros, na altura da publicação da sua “Teoria da Evolução das Espécies” muitos o tomaram por louco. Como dizia, embora por outras palavras, o nosso Almeida Garrett, “os cães ladram, mas a caravana passa” …
Portugal, como de costume, “chega lá” mesmo que um pouco mais tarde…País periférico, afastado durante séculos no isolamento das civilizações, sofremos sempre esse isolamento atávico.J.D, na obra “As Pupilas do Senhor Reitor” ofereceu-nos, de bandeja, uma imagem de como por cá era visto o trabalho darwinista…
Recordam-se, os leitores, daquele diálogo hilariante na tasca do João da Esquina, entre José das Dornas e esta personagem, a respeito das ideias modernas do DR.DANIEL sobre a teoria do homem poder descender do macaco? A coisa esteve mesmo feia…o que é certo é que a discussão é de uma comicidade rara e foi com episódios como este que J.D nos foi dando nota das transformações, sobretudo científicas e sociais, que se iam estendendo pelo mundo
No capítulo XI da edição da Livraria Figueirinhas, de 1978,a págs. 62 e seguintes, o trabalho de Darwin é visto, do seguinte modo: e então se eu lhe disser que ele (Daniel) provou também que um homem é a mesma coisa que um macaco? Macaco? Então vossemecê é macaco? (…) Todos sabem o que é um homem e o que é um macaco! Macaco? Irra!”E é um nunca mais acabar de rir!
Recomendo aos leitores, menos habituados a ler, uma passagem de olhos por esta singela obra do nosso ilustre romântico.
É na crítica aos caracteres que o rodeiam, que J.D nos prova estar a caminho do Realismo, usando a técnica da descrição de paisagens, interiores e exteriores, terras, casas e, sobretudo, análise de comportamento das personagens.Tê-las-ia aperfeiçoado e teria mudado de escola literária, não fosse a tuberculose que o levou tão cedo!
A sua linguagem, simples a harmoniosa, dispensando o dicionário, é um convite, mais que formal a uma viagem pelas suas obras.
O estilo recorda Garrett, principalmente no coloquialismo, no “tu cá/tu lá” com o leitor que, sendo uma entidade abstracta, é para ele, um amigo. Procura, por conseguinte, conversar com todos e com cada um de nós, prender-nos à acção e viver com ele os pequenos grandes dramas da vida: “Enquanto ele sobe as escadas, direi EU AO LEITOR o motivo do seu desassossego (Pág.277) …”
E, logo na última página desta edição:”O LEITOR concordará que fechemos por aqui a história…”
Vários espíritos, entendidos na matéria das Letras, consideram Júlio Dinis o primeiro romancista moderno da Literatura Portuguesa. Vai longe o tempo em que este autor fazia parte do programa de Português, exigindo, dos alunos do décimo primeiro ano, a leitura de “Uma família inglesa”. Para ele , o romance fazia-se para o povo; este liberalismo, do qual Almeida Garrett também nos dá provas em “Viagens na minha terra”, prega uma moral familiar, reforçada pela moralização da vida rural. Mas o mundo evolui…o melhor passa, quase sem se dar por isso, a pior…e os ideais já não são o que eram. E chegamos à conclusão de que a estrutura familiar do escritor, dado que não era casado, não tinha fundamentos “vividos”.
Eça de Queirós, numa singela frase, sintetizou um pouco da sua ingenuidade:” Júlio Dinis viveu de leve, escreveu de leve, morreu de leve.”

(Artigo publicado no "Jornal da Mealhada"-1 de ABRIL de 2009)

quinta-feira, 16 de abril de 2009



(foto do google)


Nuvens negras cinzentas pardentas
de horrores carregadas
nas noites de insónias de mil tormentos…

Noites escuras dos medos que duram
o exacto percurso daqueles que adoram
chorar lamentar o vibrar no escuro…

Almas tormentosas ominosas ansiosas
por caminhos tortuosos cobertas de bruma
das nuvens cinzentas pardentas odientas…

Sofrimentos negros dos medos do mundo
imundo sujo nuclear
que nos há-de matar num segundo…

Dragões do vómito de fogo
Inundam o pobre mundo louco
Estarrecido transido dorido
Que questiona existências sem exigências…
AH! Mas é pouco!...



CAD 3C-59 –JAN-08

A CONTAGEM FINAL...




A CONTAGEM FINAL

ESTAMOS A MILIONÉSIMOS DE SEGUNDOS DESSA "FINAL COUNTDOWN"...É PRECISO QUE O HOMEM NÃO ESQUEÇA TRAGÉDIAS COMO AS DE HIROSHIMA E NAGASAQUI...É PRECISO QUE NÃO ESQUEÇA-E, SOBRETUDO QUE RECORDE- TCHERNOBYL...A COREIA DO NORTE... O IRÃO... "THREE MILLE HighlANDS... OS TESTES NUCLEARES AMERICANOS NO DESERTO DO NEVADA, QUANDO AINDA NÃO SE PENSAVA NA POSSÍVEL HECATOMBE NUCLEAR...
É PRECISO DAR A DEUS A OPORTUNIDADE DE FAZER PENSAR A HUMANIDADE...
PARAFRASEANDO EUGÉNIO DE ANDRADE,(...)" CONTRA O NUCLEAR, NATURALMENTE!"

quarta-feira, 15 de abril de 2009

XUTOS E PONTAPÉS...

É com alegria que vejo os "XUTOS..."entrarem ,a matar, na campanha eleitoral, já em curso,até agora só pela voz de sócrates . Os "XUTOS..." entram pela porta grande, pelas páginas do meu jornal, o "PÚBLICO".Na página 7,deste diário, vem a transcrição completa da nova música deste grupo de referência do panorama musical português. UMA delícia! Dedicado ao "SENHOR ENGº, o texto diz todas as verdades da nossa relação com as ,alegadas , trapalhadas do dito. E vem-me à cabeça,consequentemente, o antigo texto de PEDRO ABRUNHOSA, aqui há anos ,quando, num vocabulário vernáculo até não mais, cantava, no tempo em que CAVACO SILVA era 1º ministro, "Não posso mais"! Aos "XUTOS..."um obrigada sincero ,por terem pegado o touro pelos cornos, sem medo das mordaças que se vão sentindo no nosso viver, alegadamente LIVRE, de um Abril murcho... VAMOS, então, todos cantar, com força e ânimo redobrado; "Senhor engenheiro/
Dê-me um pouco de atenção...(...) E, viva as próximas eleições!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Pensamentos enviesados...



FOTO DO GOOGLE



Considero extremamente difícil estudarmo-nos.O acto de introspecção implica uma descida ao inferno de cada um de nós, tal como dizia o saudoso-sempre presente!-Miguel Torga, na medida em que esse acto significa ver o que de bom e de mau há em nós (o mau, principalmente, digo eu).Como somos seres imperfeitos, é natural que ,nessa visita às nossas profundezas, encontremos poucas virtudes... Espero, apesar de tudo, que sejam as suficientes para nos darem o alento imprescindível ,para continuarmos esta peregrinação, pelo espaço.
Todo o acto introspectivo nasce, como é lógico, de uma decisão voluntária: a de nos "visitarmos", com o intuito de seguir um caminho possível, para um ,também possível, aperfeiçoamento.
Vejo esse possível aperfeiçoamento como contínuo e sistemático, que, nunca parando, nos "espicaça" contra a modorra em que, por vezes, nos podemos situar.
O conhecido enciclopedista Rousseau afirmava que o Homem é "um bom selvagem" e que, o que
o pode estragar, sendo ele naturalmente bom, é a sociedade em que se integra.Ora como nada obriga a que eu seja uma delinquente "como é o meu vizinho", esforço-me por encontrar uma empatia sistemática comigo própria;e procuro ser um pouco melhor,apesar de eu não saber o caminho...Por isso, talvez, estes meus pensamentos "enviesados"fazem-me ver em mim uma avenida, larga e indefinida, por onde me movo até que a caminhada começa a sufocar-me.
A relativa inteligência de que sou dotada provoca, em mim, uma curiosidade infindável sobre tudo e todos os que se cruzam comigo ,nesta caminhada.
E "cruzo-me"com cada um, que provoca calafrios...Com Nero,imperador romano da loucura e do horror, que eu tenho a consciente pretensão de considerar abominável; "cruzo-me" com Hitler, o monstro que se considerava talhado para a "superior" missão de limpar a terra, do povo judaico . "Cruzo-me "com Joseph Fritzl, essa coisa sem nome adjectivado, por não haver adjectivos para seres como ele..."Cruzo-me"com Mugabe, Ahmadinejad, Saddam, com a Junta Militar de Mianmar, com o monstro POL-POT...Todos eles, exemplos da triste realidade que é a da auto convicção prepotente!E eu, tenho que continuar a percorrer a mesma estrada que eles...e sofro quando a realidade do caminho se começa a afunilar, mostrando-se...e sofro ,porque me pergunto quem sou, o que sou, de onde venho e para onde vou...e ando ,perpetuamente à procura da Verdade, de "uma"Verdade! Encontro, depois, uma espécie de resposta, na existência dos Indios da Floresta Amazónica, que conseguem sobreviver à ganância dos madeireiros e de todos os que promoveram a construção da estrada transamazónica. Encontro-a na maneira ,engenhosa, como os habitantes do Zimbawué vão conseguindo comer raízes de árvores para sobreviverem e no modo sacrificado como vão resistindo às violações e à morte as mulheres do Darfur...
E então, peço ajuda a não sei quem...E agradeço respostas...E procuro, no meu nocturno, ser apolínea, também...
Deus! Senhor do Universo! Eu sei que sou AR, sou Água, sou Terra e sou Fogo, como convém...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Hino a Miguel Torga1907/1995


(FOTO DO GOOGLE)

Homenagem a Miguel Torga

São Martinho de Anta acorda!
Chega o poeta e tudo se move: a terra, o ar, a água e o fogo.
A alegria do seu retorno provoca a desorientação discreta
da “mãe -natureza".
Riem torgas, urzes, rosmaninhos, pelos montes!
Ruge o vento ao bater nas pontes!
Inclinam-se as fragas, em sentida emoção!
Cantam as fontes no perene correr
das suas águas,em sinal de saudação.
A Natureza revive pela força da presença do homem
com ela sempre em união!
A Terra-mãe, ventre profícuo da semente escondida,
promete searas vivas, plenas, pujantes,
na serena convicção de que é assim, sem medida,
que agrada ao poeta, que ali arriba!
Vergam-se as árvores, prenhes de fruto,
à passagem desta personagem de vulto,
Que faz despontar a “vida - terra”…
Que poder tens tu, homem de São Martinho,
que tal caos provocas,
na “ terra - pó”, onde tens teu ninho ?
Os teus pés pisam vinhedos do Douro,
desencantando velhos segredos do “ ar -mosto”,
que respiras, suspirando…
As tuas mãos,
misterioso elemento da criação do teu mundo,
legam-nos, no ar do teu pensamento profundo,
todos os “nadas” que são, afinal, “tudos”…
Parece fugir-te o Mar,
que deu vida à vida do teu rectângulo sofrido!
Mas é nas claras águas do Mondego
que revive a tua memória sem medo;
tempos de saber…de poesia e de segredo!
Abrasam-te ares do Norte ,
com a força da lareira que arde,
no teu viver forte…
Vive, poeta! Vive ainda e sempre, em nós,
pela “ obra -terra”que nos legaste,
em momentos de vivo confronto, a sós,
com Aquele que nunca encontraste!
Que presença tão constante advém da tua aura!
Se fujo, tu vens comigo(dura ilusão...)
dando-me a força telúrica, de quem não abandona-nunca!-
a terra-mãe, que se ama, até à loucura,
por ser o berço da constante Procura.

Com essa tua aura, chega também,
o doce cheiro do orvalho das manhãs.
Contigo, na neblina, comungo das sensações
da pureza dos elementos!
Quando me estendes a mão, encontro, por fim, então,
todos os meus alimentos: terra, ar, fogo e água!
E, sem surpresa, as torgas rejuvenescem,
os ares purificam,
o fogo vivifica,
as águas deslizam, cantantes, saltitantes...

SET./08-Cad.5C

domingo, 12 de abril de 2009

Arouca, ao lado do Mosteiro, Páscoa 2009


Ao lado do Mosteiro, num sábado santo, cheio de visitantes a esta linda vila.

Arouca, antiga Igreja principal






















Esta igrejinha ,que, habitualmente está fechada,permitiu-me ver um verdadeiro tesouro da nossa arte sacra! Os ladrões deste tipo de arte forçam a que a mesma não esteja aberta. Só o é por um guarda especial,numa ocasião especial,também. Tive a sorte de não ter tipo de delinquente...Do espólio consta uma fantástica imagem de Jesus a ser recebido nas mãos de DEUS-PAI, coisa que eu nunca vira antes,pois o que sempre vemos é JESUS nos braços de NOSSA SENHORA. Consta que esta imagem é única ,no mundo!Outra belíssima imagem, retrata MARIA, a ser ensinada a ler, por seus pais, SANT'ANA e SÃO JOAQUIM.
Lindo de ver!

Arouca, Jardim junto ao Convento, Páscoa 2009

Arouca, Capela do Calvário, Páscoa 2009

PARA O INFINITO PESSOAL...(HUMUS)

Quando, por um qualquer motivo, a mente nos suscita a série de problemas a que aludes,neste teu novo texto, lindissimo e artístico, como sempre,ficamos com a impressão angustiosa de que o destino humano, entre o berço e o túmulo, é trágico.É então que eu considero a nossa, de nós, seres humanos! posição, a respeito da Eternidade Transcendente, perfeitamente duvidosa."Humus", o quase diário de RAUL BRANDÂO sobre a condição humana, vivida ,também quase ,em primeira pessoa, representa, a par de outras obras como "OS POBRES" e " O POBRE DE PEDIR", um desfilar daquilo a que costuma chamar-se "a miséria encarnada"; encarnada, é claro, em cada tipo social, em cada um de nós.Isto porque dá a sensação de que o escritor se "delicia" a recordar tudo quanto o torturou, como homem-humano!
Como tu sabes ,Luís, nos princípios do século passado(tão perto ainda!)tomávamos contacto com clamores de outras misérias humanas, outros dramas da nossa miséria,por intermédio das leituras de obras de TOLSTOY, DOSTOIEWSKY E GORKI,cujas influências se fizeram sentir nos nossos escritores, principalmente nos neo-realistas, os quais se deixaram arrastar para a contemplação pacífica, (pachorrenta, até!) das dores do mundo, subjugado, por um motivo ou outro, pelo mundo circundante, tantas vezes "afogado" em sangue de mártires de revoluções sociais.
Mas os retratos de existências sofredoras, dominadas e mesmo automatizadas no sofrimento, encontramo-los, ao dobrar da esquina, nesta própria época em que nos encontramos;e damos por nós a murmurar e/ou a ciciar : "Mas isto ainda hoje é assim?"
E é verdade, Luís...Ambos sabemos isso, com a nossa experiência de dor espiritual...É só ver as nossas aldeias, na contemplativa procura de respostas para os "PORQUÊ"?
Vemos ,então, com desânimo, que esse desfolhar de realidades em todos os períodos históricos no que concerne ao sofrimento humano, não redime!É em momentos desses que a nossa cabeça começa a latejar e saimos, disparados, porta fora, para o meio da rua, na noite fria, à procura de um sopro divinal que nos traga paz.
Gosto especialmente, na obra de RAUL BRANDÃO, de "OS PESCADORES", pelo impressionismo pictórico que me permite um visualismo típico de quem interroga a existência; concordo,no entanto,que "HUMUS",pelas suas características de análise diarística do sofrimento humano, particular tanto quanto universal,permite que nos debatamos com as realidades tristes da nossa existência.E, se não fecharmos a porta, com raiva, para ir dar um passeio, enlouquecemos sãmente,podendo , até, fazê-lo, ao som de um trecho musical que nos eleve e nos ajude a atenuar as memórias...
Prosaicamente, o mesmo RAUL BRANDAO de que estamos a falar, diz, na pág.23 de "A FARSA":...ainda Deus é o menos; o pior é o diabo"...Isto a propósito das angústias com que nos debatemos ,ao assistirmos a tudo o que nos rodeia! Esse teu sofrimento, Luís, por exemplo...e pela simples razão de que não podes ,nem tu nem eu, endireitar a vida, para evitar lágrimas de outrém!
Sempre cá, contigo nestes pequenos- grandes dramas...LUSIBERO

BENFICA-ACADÉMICA


NÃO sou, de modo nenhum, comentadora desportiva. O que digo, neste espaço, advém do meu ser benfiquista. O Benfica não fica nada bem,nas actuais fotografias; tenho pena
de já não confiar, nem nas palavras de RUI COSTA, QUIQUE FLORES e outros...
A tristeza já não é só decorrente do estado da política...

Dia de PÁSCOA

É DIA DE PÁSCOA! DESEJO A TODA A NOSSA COMUNIDADE DO MUNDO VIRTUAL,DE PORTUGAL E DOUTROS PAÍSES QUE CONNOSCO SE CRUZAM, UM FELIZ DIA DE RENASCIMENTO ESPIRITUAL.


FUI,ONTEM, A AROUCA,UM DOS "CORAÇÕES"DAS GRANDES TRADIÇÕES CULTURAIS DESTA SEMANA DE LITURGIA, NO PORTUGAL NORTENHO.
EM TERMOS FOTOGRÁFICOS, DAR-VOS-EI,MAIS TARDE, UMA MOSTRA,SÓ COMO HUMILDE PARTILHA.
ENTÃO,ATé MAIS LOGO!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

FLORBELA ESPANCA1894/1930


(foto retirada do Google)

Nasceu Florbela Espanca em Vila Viçosa, em 1894.
O poeta José Régio, referindo-se à grande poetisa, afirma: ”…Florbela viveu a fundo estados, quer de exaltação a si mesma quer de dispersão em tudo; na sua poesia, estes atingem vibrante expressão.”
( In “Aula Viva”-12º ano-Português B- Porto Editora, J.A da Fonseca Guerra e José A. da S.Vieira, pág.422 (1999)
Deixem-me ser imodesta…Não me é muito difícil escrever algumas palavras sobre esta grande, estranha, um pouco”misteriosa” poetisa, da Língua Portuguesa. Não é, portanto, vaidade que me faz falar assim. É amor pela sua obra, que adoro ao encontrá-la cheia, quer de vida quer de morte, tanto no aspecto linear, literal, como no aspecto subjectivo.
Ser humano, ao mesmo tempo emocional e deífico, Florbela não pode ser tratada, como merece, num artigo resumido como este… Farei os possíveis por vos dar algumas ideias, as necessárias para despertar em vós, leitores, a curiosidade indispensável para a lerem…
Era poeta seu pai também, pelo que, desde cedo encarreirou a vida dos filhos, Florbela e Apeles, no sentido do amor pelas artes Alma sensível, Florbela desde cedo lhe seguiu as pisadas, embora “quase” sem querer… Mulher de temperamento triste e angustiado, acabou por cair numa espécie de narcisismo próprio dos românticos, ao considerar que ninguém era tão infeliz nem tão incompreendido como ela. Não foi feliz no amor; por conseguinte, nem menos o foi no casamento; não teve filhos, mas consagrou a sua capacidade maternal de amar, -de corpo e alma! -ao irmão Apeles, no qual via o filho que não teve. No nosso meio pequeno-burguês houve quem quisesse atribuir a este amor pelo irmão outras feias conotações. Li muito a este respeito, até porque adoro a sua obra. NÃO ENCONTREI NADA DE MENOS PRÓPRIO, NO AMOR DE UMA IRMÃ PELO SEU IRMÃO.
A grande verdade está em que Florbela nunca se sujeitou a ninguém…foi um espírito livre e angustiado, que fracassou em três casamentos. Mulher demasiado moderna para os tempos em que viveu, o seu sentido de visão da vida com liberdade, não era bem aceite pelas mentalidades tacanhas e farisaicas dos princípios do séc.XX: ela sobressaía da mediocridade “empalada” entre as paredes de Évora pois, espírito livre, fumava, vestia calças, tinha carta de condução…Horror dos horrores, no meio do farisaísmo próprio daquela época! Os leitores sabem, como eu, que ainda hoje, em certos locais do nosso país, as pessoas diferentes são olhadas, também, de modo diferente…
A morte do irmão fê-la entrar em depressão e” precipitou” a sua dor de viver e ela que nasceu no dia de Nossa Senhora da Conceição, que ensinou no Colégio de Évora com o mesmo nome, veio a falecer no mesmo dia, com 36 anos de idade! Não sendo vasta, a sua obra é sentida e significativa. Cantou o Amor: amor pela vida, pela Natureza, pelas coisas simples da vida…Ao Amor liga-se a ideia da dor dos desejos nunca alcançados e, aí está a mistura explosiva da obra da poetisa:”Eu quero amar, amar perdidamente! / Amar só por amar: aqui…além…/Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…/Amar! Amar! E não amar ninguém!”
Discípula de Antero de Quental, na medida em que, pelo estilo,”atirava ao vento” o drama íntimo da falta de Amor, diz ela sem ligar às convenções morais burguesas, tantas vezes falsas, vitorianas e hipócritas: “O amor de um homem? Terra tão pisada, / Gota de chuva ao vento baloiçada…Um homem? - Quando eu sonho o amor dum Deus!” (pág.423, do livro já citado). E, para além deste tipo de Amor, outro dominava a vida de F.E: perdia-se, ela, pelo Alentejo, região “entidade mítica” a sofrer o desprezo dos deuses da chuva, que dela se esqueciam, no momento da sua distribuição equitativa. Vai daí: “Horas mortas…Curvada aos pés do Monte/A planície é um brasido…e, torturadas, / As árvores…gritam a Deus a bênção duma fonte! /…Árvores! Não choreis! Olhai e vede: -Também ando a gritar, morta de sede, / Pedindo a Deus a minha gota de água!”
Mas, para dizer tudo isto, a poetisa sabe que são precisas Palavras…Não há poeta que o não saiba…Palavras que falem, sentidas, cheias de “mistério” na mensagem que o leitor deve descodificar! Não é poeta quem quer…E então, diz Florbela: “Ser poeta é ser mais alto…é ser maior…/É ser mendigo e dar…É ter fome e sede de Infinito!”
Não há na obra de F.E. muitas palavras de optimismo e /ou alegria de viver; ficamos sempre com a sensação de que, narcisicamente, ela se “decide” a não ser feliz…Encontramos, nessa obra, um lote significativo de palavras de conotação triste, como:”ciprestes”, “poentes de agonia”,”brasido”, “mar de mágoa”, “só”, “ crepúsculo”, “noite”…Pode dizer-se que ela procurou a felicidade no desespero insaciável da vivência e que isso a conduziu ao pessimismo do existencialismo absurdo de depois da IIª Grande Guerra.
Não é seguro afirmar que ela se suicidou, segundo vários estudiosos. Isso é um mistério entre ela e Deus, que tanto procurou: ”Meu Deus, dai-me esta calma, esta pobreza…/Queria encontrar Deus! Tanto O procuro!”
Chegamos a esta conclusão: em Florbela Espanca, quando acaba o sonho da vivência que não teve, começa a dor do que tem…E tem solidão, amargura, angústia! NARCISISMO? Ah! Mas com certeza!

(publicado no JORNAL DA MEALHADA, a 8 de Abril)

A dor como amputação...

Infinito Pessoal: no preciso momento em que cliquei "publish..." foi-se abaixo a internet e perdeu-se o texto que te mandei, Luís.Por esse motivo, e para ir "salvando", respondo-te aqui.
Tudo o que nos vence, nos amputa, amigo.
Amputa-nos a ditadura, que nos rouba projectos pessoais de Liberdade;amputam-nos a dor e a doença ,que Deus permite que nos corte ,aos bocados, quando sofremos sem saber que mal fizémos...Amputam-nos aquelas imagens de terror e fome , de sofrimento e mágoa, das pobres crianças indefesas, no meio dos circos político-militares...Amputa-nos a morte dos amigos, dos filhos ,dos seres queridos, enfim.
Não sei se C.s.Lewis tem razão...terá a sua razão!Mas ,essa imagem de Deus a ver o sofrimento deste ser que Ele próprio criou ,à sua imagem e semelhança(como dizem!), com altifalantes, parece-me apocalíptica,desarmoniosa, angustiante.
É no sofrimento humano que eu questiono a Sua existência; mas é também no sofrimento humano que, se calhar, eu tenho forças para gritar:"OH, meu DEUS, ajuda-me!"
Vejo, com este teu texto, quanto te feriu a morte do CATATAU. Sofremos ,nós, também, com essa tua dor. Mas a vida continua, LUÍS.
Às vezes, penso que Deus todos os dias "sopra"...Nesse "sopro", acontecem vidas e mortes, nascimentos e desaparecimentos.Quem se cruzar com esse "sopro", sofre, inevitavelmente,as consequências do seu estar "ali", "naquele preciso momento".
Insondáveis mistérios!
"Fomos feitos para a vida e para a alegria"-Palavras tuas ou de qualquer um de nós, transformado em narrador omnisciente?
A verdade é que rimos, choramos, emudecemos, mudamos a aparência...e todo o jogo histriónico, no final de contas, nos revela e nos desvenda, aos olhos de quem nos rodeia, meu amigo!
O misterioso apelo da Natureza agreste
é de uma tão grande beleza,
que lembra uma voz celeste
a afastar-me da incerteza.

É um apelo pujante,
que me projecta adiante!

Se eu não lhe responder,
Como poderei ter a resposta
que emana da Natureza ,exposta,
em cada pinheiro agreste?

A noite limpa, silenciosa,
de lua cheia alagada,
ajuda-me, misteriosa…
Parto, então, para a eterna demanda
de quem não sabe por onde anda…
…-ou por onde deve andar! -
só para Te encontrar!

Estás por aqui… eu sinto-TE!
És difícil de encontrar…

Mas não vou desanimar!
CAD 1A – A-OUT /08

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Saio de mim...



Há dias em que estamos mais predispostos à meditação. Mas esta nem sempre assume os costumeiros usos. Em cada um de nós ,a vida fala por si. A Vida, como a entendo, sou EU, este SER do AQUI e AGORA, que fala, que ri e que chora, que procura qualquer Verdade nas partes da humanidade, a que posso aceder.
Amo o sol do alvorecer, que transporta no seu correr, das nuvens até à rua,o chilrear trepidante dos passarinhos, que vêm à Terra comer.
Amo, até, o que represento, para quem me saúda:um sorriso que possa fazer a diferença nesta urbe cinzenta, pardacenta e violenta.
Sem me mexer, estendo as mãos para o sol que me inunda e vejo que, o que abunda é vida a acontecer, nos olhos de quem comigo se cruza...Daí, acho que vem uma mensagem difusa, de gosto e amor pelo ESTAR! Difusa, mas confusa ,igualmente...Vejo-me, claramente, diversa, diferente, do gatito que "sente" o meu acordar e me "chama" num miado quase inaudível...Mas..."sente"...o meu gatinho?Naõ é um drama existencial, mas concluo que podemos ser todos seres espirituais,dado que estamos AQUI e AGORA!
Então ,pergunto-me:e DEPOIS?
A este ponto, a minha razão sobrepõe-se à emoção e manda-me, muito pura e simplesmente, viver o PRESENTE de cada momento em que SOU...
Para a "frente", quem sabe se SERÁ?
Neste momento...EU SOU...AGORA!
O que se pode tirar de toda esta "saída" de mim? Penso que o chegar à conclusão de que estamos sempre fora do lugar, dentro de nós!Importante é não me desorientar na minha verdade e ser natural, espontânea no meu eixo de frontalidade. O resto vai fluindo como as águas do rio que, naturalmente, vão dar ao mar...

Mireille Mathieu

Coimbra...na ponte pedonal ( ponte Pedro e Inês) sobre o Mondego

A sombra de três gerações: eu, a minha filha, a minha neta...Coimbra, 7 de Abril

Coimbra....a Torre da Universidade, vista do parque da Cidade

terça-feira, 7 de abril de 2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009


Menina dos olhos dgua - Pedro Barroso

"Muros DA VERGONHA

Somos uns líricos, ao desejarmos um mundo melhor para o Mundo?
Não tenho dúvidas disso.Entristece-me ver que os valores universais de Justiça, Liberdade, Igualdade,Fraternidade, Solidariedade, Humanismo, enfim,são,hoje, séc XXI, letra morta ,ferida de egoísmo.Vem este meu lamento a propósito dos muros que se vão construindo ,por esse mundo fora, como se um bocado de terra pertencesse a um só de nós e não a toda a gente.O último de que temos conhecimento, vem do Brasil e está a ser construído com o intuito de dividir as "favelas" do Rio de Janeiro, dos bairros ricos da capital carioca.
Em Ceuta e Melilhe, o Muro ,ora de pedra, ora de arame,é para defender o território castelhano dos pobres desgraçados de Marrocos, que arriscam a vida em barcos de papel, à procura de um posto de trabalho "no mundo dos ricos"; nos Estados Unidos, é um muro de fronteira com o México, com a mesma intenção.
Mas o verdadeiro muro da vergonha situa-se, quanto a mim, entre o território palestiniano e os israelitas! A vergonha é um sentimento que os israelitas desconhecem,por terem "o rei na barriga", desde que os americanos decidiram cobri-los com a asa, talvez com remorsos do que se passou durante a IIª Grande Guerra.
Isso,no entanto, não justifica a dor que sentimos ao ver os pobres habitantes da faixa de Gaza limitados ao mínimo dos mínimos,sem nenhum tipo de humanismo, numa verdadeira votação ao ostracismo, no meio de uma certa Humanidade.
Em que tipo ou espécie se está o Homem a transformar?Ajudem-me a dompreender!

Discordâncias...

Vital Moreira, o candidato do ps ao parlamento Europeu,começa a mostrar a "face", agora que já tem o "tacho" seguro...Parece que o nosso primeiro , ultimamente, não acerta uma... Valha-lhe a licenciatura assinada ao domingo...

Sismo em Itália

O dia tem sido marcado, igualmente, pelas notícias e imagens do sismo que abalou este país.Sentidos são os pêsames que eu lhes mandaria, se pudesse...Há gente a sofrer, a morrer, a chorar...
Perguntam-se os líricos de Portugal, se nós estamos preparados para uma situação desta emergência...Não acredito! Digam os grandes o que quiserem, mas com tanta gente preocupada "na safra do apanhar", como dizia Gil Vicente nos sécs 15/16, de certeza que nada está preparado para ajudar o povo.

OS CASOS DA (IN)JUSTIÇA À PORTUGUESA...

É com espanto escandalizado que começo a olhar os títulos dos jornais, como estou habituada a fazer ,diariamente.
Começo, habitualmente, pelas notícias que oiço na TSF,logo que me levanto.Depois das minhas coisas encarreiradas e da visita ,obrigatória ,aos jornais da minha região com os quais colaboro, vou ao meu Café, desdobro os jornais, pego num marcador e num caderno de apontamentos e vou avante, remoendo, em surdina,o meu desprezo por tudo quanto é (des)governante,nesta pobre terra e nesta terra de pobres!
Ao ler o título de "caixa" do "Público" fiquei sem palavras!Então, nesta terra de pobres, desempregados aos milhares, reformados que pagam impostos, o FISCO deixou -repito, deixou!prescrever carradas de milhões, que os bancos deviam ao erário público? àqueles que sofrem fome, em Portugal? O estado, sempre tão solícito nas coimas com os pobres?
A seguir, continua a história das famosas "pressões" e "compressões" no caso FREEPORT, a mando, desta vez dessa coisa estranha que alguém transformou em min. da justiça...justiça?
Estranho, então, cada vez mais, o papel de SUA EXª, o Presidente da República.
Revolto-me com toda a "rebaldaria" em que nada este pobre país de "súcias",de amigos dos amigalhaços ,que estão a afundar isto a que eles teimam em chamar democracia.
Até admito que as pessoas possam ser inocentes, até prova em contrário... Mas, nesse caso, por que é que há pressões para esconder factos? Por que é que os suspeitos, se não têm "rabos presos", não se apresentam, no Parlamento, por exemplo, para esclarecer as dúvidas? Por que motivo o PS está a impedir a ida de Alberto Costa à sede do regime democrático, para que ele se explique, perante o país, que lhe paga mais do que merece, pois já foi capaz de provar que só faz e só diz disparates?
Não sei que vos diga mais...

sábado, 4 de abril de 2009

PARA O "INFINITO PESSOAL"




Perdoar-me-ão os amigos habituais do meu blog,mas hoje vou falar especialmente para o Dr.Luís Galego do blog- riquíssimo, aliás!-que é, em termos literários, o "INFINITO PESSOAL".Sou ,por gosto e por exigência da profissão que abracei,uma amante da leitura e da escrita. Não serão todos assim...mas eu quero continuar a sê-lo! Não é uma qualquer ministra da educação que o impedirá, mesmo que eu lhe tenha voltado as costas, há dois anos! Como o Dr., adoro exprimir através da escrita o que me vai na alma. Nunca pensei ser tão lindo o que estudei com amor e o que leio,vcom fervor.
Ao encontrar alguém que escreve como o Luís faz, tenho inveja de quem o pôde ter como aluno!E só espero que esse colega tenha a sorte de o encontrar, neste mundo virtual, como você diz!que pode ser também um mundo de descoberta de valores de que as nossas Letras estão tão carecidas.
Continuo a ser capaz de ler nas entrelinhas dum texto, pois é a mensagem sub-liminar,que me dá a mão de um novo autor. Estou, por conseguinte,feliz por em tão boa hora me ter cruzado com o "Infinito pessoal" pois, em termos de sensibilidade para a escrita, tenho-o em grande conta e respeito. Não estou, é claro, ligada ao mundo editorial, excepto com a minha poesia que, a par de artigos de opinião e de crítica social e/ou política,são publicados, quase todas as semanas, em dois jornais da região centro. Pergunto-me:onde andam os editores deste país, que não vêem os seus textos? E, dado que o seu texto é o exemplo mais acabado do que se designa por "Prosa Poética", fiz, agora mesmo, este poema que dedico "a quem sente ,nas paredes nuas de uma casa cheiros de suor vibrante de uma qualquer "Margarida, Gabriela ou Sofia"...a
si,Luís, é claro!



Abraço-te, sem te ter...
Tenho-te,sem te abraçar...
Continuo, neste ter-te,
seguro de não te HAVER!
Choro de raiva ao lembrar
o que deveria ser
o suave amanhecer
do lindo sonho de Ti...

Recordas aqueles dias
à beira-mar, correndo,
quando,cheio de energias,
eu te olhava, prometendo...?

Ânsia de tantos tormentos!
esqueci esses momentos...
por breves segundos, só!

Vejo no restolhar da maré...
o que ainda está de pé:
o teu cheiro nacarado!
E de lágrimas impregnado,
és tudo aquilo que É...

sexta-feira, 3 de abril de 2009


De Eugénio de Andrade diz ANTÓNIO LOBO ANTUNES:
“Este poeta é o amigo mais íntimo do sol…mas é, igualmente, o conhecedor melancólico da sombra.”

A poesia de Eugénio de Andrade (E.A) foi sempre, apesar da transparência (aparente…) e da simplicidade, um campo onde o sol alterna com a sombra, a terra com o céu, a justiça com a injustiça, e assim por diante, no campo de todos os opostos que caracterizam as vivências humanas.
Desse modo, do que sei sobre este poeta, posso dizer que ele trabalhou, com lágrimas nas mãos, os temas mais naturais da Vida do HOMEM-SER: a casa, a terra, o ar, o fogo do amor e da vida, da paixão pelo que somos e fazemos…guardando, nessa poesia, um lugar muito especial para a figura da MÃE: …”No mais fundo de ti/ eu sei que traí, mãe. /Tudo porque já não sou/ o menino adormecido/ no fundo dos teus olhos. /…Ainda oiço a tua voz: “Era uma vez uma princesa/ no meio dum laranjal…”
Não me esqueci de nada, mãe. /Guardo a tua voz dentro de mim.”
A poesia de E.A sentiu-se envelhecer, à medida que envelhecia o poeta: foi uma vida a dois, com a qual ambos lucraram; nos ardores da juventude e, mais tarde, naquela idade em que, apesar dos “enta”, ainda nos sentimos capazes de ser jovens…foi isso mesmo que o poeta fez com o leitor, oferecendo-lhe uma mensagem poética clara, diurna, solarenga, em que ele quase nos pede que peguemos a vida nas mãos, tão maravilhosa ela é!
Mas o poeta tem consciência do fatal envelhecimento e das fracturas que provoca, em todos nós, pois começamos a ver diminuir os dias que faltam para a fatal Verdade do homem. A noite cerca-nos e a solidão, mesmo que acompanhados, dói:” Hoje deitei-me ao lado da minha solidão…” E então, a velhice torna-se para o poeta “uma doença da alma”.
Para nos ajudar na interpretação da sua poesia o poeta busca, afincadamente, a PALAVRA certa, aquela de que qualquer um precisa, “naquele exacto” momento para lançar aos ventos a Mensagem. Por isso, sofre, pois, tendo tantas à sua disposição…há sempre outra que talvez “ali” ficasse melhor…
Sobre as palavras diz, então, E.A:”São como um cristal…/…Algumas, um punhal, um incêndio…orvalho…secretas…inseguras…pálidas…desamparadas…cruéis…desfeitas…”
A sua linguagem sentida tem por função despertar no leitor as emoções indispensáveis à “leitura”, à compreensão da mensagem poética.
E sabe-me a música qualquer poema deste homem superior, tocado pela Musa!
O escritor Vergílio Ferreira chamou-lhe “Poeta da intensidade”; e essa intensidade espalha-se de tal modo a toda a sua temática que é forçoso ver na sua obra a preocupação humanista, nomeadamente quando se refere ao corpo humano, à mãe, à terra, à casa- lar, à saudade, ao corpo, à luz e às sombras.
ERNST CURTIUS diz:”…tema é tudo o que tem a ver com as relações primitivas da pessoa com o mundo.”
Ora, há por aí gente que, como as plantas mirradas, nunca chega a desabrochar. Ou, por razões que a própria razão desconhece, ou porque não conseguem abrir-se ao mundo devido a um número elevado de motivos, que se prendem até com condições educacionais, sociais e/ou político-filosóficas, impeditivas do conhecimento, que as pode engrandecer. Isso não aconteceu com o nosso poeta de hoje, o qual, apesar das adversidades, se impôs, “libertando-se da lei da morte”, como dizia Camões, dos outros heróis, de antigamente.
O amor, sobretudo, e particularmente, atravessa a sua obra; reparem na beleza que se expande do poema “Urgentemente”: “É urgente o amor…/É urgente destruir certas palavras, / ódio, solidão e crueldade;/ alguns lamentos, / muitas espadas/…É urgente inventar a alegria!”
Eu diria, “ reinventar”…pois, entendo o poema também como um apelo à PAZ, a tudo o que possa unir o Homem à terra em que habita e com a qual forma um corpo místico, uno.
A terra, o nosso mundo, tal como nós próprios, é imperfeita, dado que nós para isso contribuímos e, por esse motivo, alterna sol com sombras…Ora o poeta anseia por luz e claridade, pelo discernimento que encaminha a personalidade para o aperfeiçoamento.
Assim, sofrendo com as dores do mundo que o rodeia, declara-se, abertamente contra o “ nuclear”, por exemplo, dando um testemunho importante para essa questão, no poema: “Ao Miguel, no seu 4-0 aniversário e contra o nuclear, NATURALMENTE!”
Mesmo que pensem que não gostam de “versos”…façam de conta que gostam! Andem lá…leiam um bocadinho de qualquer um, dos tantos melodiosos poemas da nossa história literária e, se quiserem, tirem dúvidas comigo!
Deixo-vos, hoje, com um pensamento de Montaigne; nem importa quem ele é…Basta que reparem na sua mensagem: “O fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade.”

quinta-feira, 2 de abril de 2009

MEN----!ti---ro----so

Temos mais um a merecer o apodo!A manifestação dos polícias,ontem, foi linda de se ver, apesar deles lá não terem podido estar em "massa"... É que os nossos agentes da autoridade tiveram a coragem de chamar "mentiroso" a Rui Pereira!Já são dois... pelo menos aberta e declaradamente!Mas eles são mais...Então e que chamar a quem andou a enganar os portugueses, escondendo-lhes a realidade das contas públicas?
Que chamar a quem anda a enganar os pais dos alunos de Portugal, dizendo-lhes que os filhos já ´não dão faltas? que têm um ensino cada vez mais evoluído? que sabem cada vez mais? que vão passar a receber diploma de curso ao nascer, sem ser preciso ir para a escola?
Que chamar a quem diz que a agricultura portuguesa "até nem está assim tão mal"?
Deixem-me parar por aqui ,senão ainda vou parar a uma qualquer guantanamo, por aí disfarçada de hotel de zero estrelas...

justiça à portuguesa

Perguntar não ofende, pois não?
Afinal, quem manda cá nestas coisas dos magistrados:A drªCândida... a drª Morgado...ou o Sr.Procurador Geral da República?

Jorge Cravinho...

Entendo ser hora de, em Portugal, se chamarem as coisas pelo seu nome.Já, há tempos, tive a oportunidade de comentar num blog de um amigo, a opinião de um cidadão italiano sobre a nossa sociedade ,que, há cerca de 20 anos me deixou arrasada, por ter quebrado um mito ,dentro de mim.Vivi em Itália e, por conseguinte, sempre estive familiarizada com expressões conotadas com corrupção, "colarinhos brancos", máfia...
Ingenuamente, assegurava eu ao Francesco que, felizmente, nós portugueses estávamos afastados desses terríveis problemas sociais. O meu amigo sorriu...Disse-me ,então uma coisa que não tem largado o meu espírito de cidadã, desde então. Disse-me que ,em Portugal, não conseguia tratar de nenhuma formalidade que envolvesse documentação, se não "untasse" as mãos a todos os que se interpunham entre ele e a realização dos seus projectos de investimento, no nosso país. Juro-vos que fiquei "banzada"!é que, aquilo de que este amigo falava ,era, nem mais nem menos, que de ...máfia!
Ao pegar, hoje, no "Público" dei, de caras , com a opinião de Jorge Cravinho, um socialista, que foi atirado para um canto qualquer da Europa, quando pretendeu avançar com sugestões de leis contra a corrupção, em Portugal, falando do medo que tem da "italianização" da sociedade portuguesa!
Meus amigos: estamos a falar de máfia, de "sucialismo",tal qual o de Bettino Craxi, quando era vivo, nos anos 80...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Declaração do PGR...

Todos expectantes..."Vamos lá ver o que há de novo!"
E a montanha pariu um rato...
Nada de novo, a ocidente da Europa...
"As averiguações continuam-haja Deus!-sem nenhumas pressões sobre os magistrados...
MAS... SUA EXª vai procurar saber quem fez, se fez, como fez as tais pressões!
Com campanhas negras, panelas de pressão quase a rebentar e outras mantas cinzentas, Portugal, este país onde nasci,parece-me mais um cenário de filme de terror...

POEMA À NATUREZA/PRIMAVERA

Dedico este poema ao meu caríssimo colega,DR. Paulo Guinote,em resposta à sua linda foto, publicada em "A educação do meu umbigo".Sem pretensões, pois não sou uma poetisa publicada...


Vida alada perpassa pelos quentes ares,
sob o brilhante sol da Primavera,
que chegou, sem avisar.
Alegra-se o nosso olhar,
com as cores do astro-rei!
A terra, feliz,
recebe gotas de orvalho
preparando-se, com orgulho,
para o acto de germinar!

Botões em flor, levantam-se para o ar
odorando o derredor!

Estendo as mãos com amor
e apanho a alegria da Natureza-em-cor!
Ao espalhar cheiro,esperando o sabor...
o germinar da semente lembra o parir do Amor!


P/c6F-60-MRÇ/09