quarta-feira, 28 de março de 2012

POEMA: TEIAS-de-VIDA...


TEIAS-DE-VIDA


Há rubras rosas, a chorar, num canto do meu jardim
onde não posso chegar…
Pingos de orvalho do alvorecer escorregam, sensuais,
pelas pétalas macias, ao abrir o novo dia.
São diamantes vivos, essas gotas de água, em ti,
a brilharem no novo dia –que-vai-ser…

Em mim, num espaço entre a sombra do anoitecer e a realidade do amanhecer
há um corpo que estremece, em flores-a-oferecer.
Tuas mãos percorreram minhas veias…teias de arabescos rubro-azulados
escondidos pelo alvorecer.
Mas, quando te abraço, desfaz-se um feitiço…
…o sol sorri e passeia, displicente, por praias de um outro oriente
embriagado nas ondas do meu peito, teu mirante e teu poente!

Num canto do meu jardim, as rubras rosas tardaram a desabrochar…
…estávamos nós -a-viver-o- nascer-de-um-novo-sol- a-despontar…

Sonhei lagos de amor e afectos na vida da coerência…
esse conceito abstracto da existência.
Em teus braços abertos estive em orientes bem despertos
numa catedral de sons e aromas...
…e , quando o vento uivava, trazia consigo, alvoroçado,
a música de Mozart (num violino no telhado), vibrando na brisa-que-FUI.

E amo o Amor!
E quero ser Poeta para o confessar!

Não tenho pena do vento que chora nas agonias das neves
brancas e frias!
Só lamento o brilho do sol radioso que te diz, amor, com voz apressada
a aurora-a-amanhecer,quando eu espero para te ter…
De mansinho, roço meus medos pelo ar da tua pele…
E despontam margaridas, lírios vivos, jasmins de encantar…
sem saberem que as estrelas miudinhas
começaram a brilhar!

O piano exala uma queixa de BACH…triste e divina, envergonhada…
…lá em baixo, perto da lareira da sala.
Cerro-lhe as pálpebras e deixo que as paredes cantem hinos ao amor,
entranhados no seu suor!

De repente, reparo que a LUA está maior , no Quarto-Crescente do seu fulgor.
( Empertigou-se contigo, que tomaste o seu abrigo…)
A noite tornou-se triste, mesmo ao som da música de LISZT…
O luar entrou…vadio…andou por aí, iluminando o espaço onde tu Existes…

A noite tornou-se uma quimera das esperanças da minha alma
desfeita em nuvem de ouro
que desaparece na alba,
levada por essa Lua que flutua
ao som das minhas Sensações!



C 13N-ERT-FEV/ 012-60

Marilisa Ribeiro

sábado, 24 de março de 2012

POEMA: ALGAS INQUIETAS


ALGAS INQUIETAS


Cheguei, determinada a sentir a maresia
das algas inquietas.
No meu Café habitual, lia o jornal e bebia um café de assombroso aroma
mergulhado no fumo de um cigarro, que se diluía no ar…
Claramente, o cheiro das águas revoltas, chamou-me…
Era o mar a balouçar, em ondas alterosas, no meu interior,
pronto a comungar comigo as suas raivas ansiosas…

APELO MISTERIOSO!

Tu, MAR, a sofrer? Engano mais incoerente! Falta de metafísica!

Respondendo a um apelo, olho-te e assombro-me!
Não há barcos a navegar…tu não os deixas entrar!
Despejo mágoas nesse horizonte sombrio em que te estás a espraiar.
Molho os pés e apanho o frio búzio
perdido da sua concha de abrigo.

Caminho pela areia cheia de restos da tua fúria.
Fica minh’alma impressa no areal
nas impressões digitais que me vão acompanhando.
Levanta-se um nevoeiro denso, numa bruma espessa.

Ao longe, um vulto ondeia na força das ondas da imaginação…
É um barquito, perdido, a chamar a salvação!

Tenho frio! É noite no meu misticismo…

E o mar continua a enovelar-se, desfazendo ondas de espuma na bruma do seu viver…

Irei fazer um castelo na areia, onde descansarei do cansaço
de não estar nos teus braços…

O meu mistério está no sangue que ME levo comigo,
para o fundo desse abrigo…

Lá fora, no prado, as cerejeiras rebentam em flor
depois de um acto de amor,
numa explosão de magia e cor…
O apelo vinha do meu mistério comigo…
As algas adormeciam, umas nos braços das outras,
sempre inquietas…sempre loucas…
desejosas como os braços
onde vive o meu vigor…

R-C12M-53 (mqc)-SET/011(IGAC-USR 12038)
Marilisa Ribeiro

sexta-feira, 23 de março de 2012

REFLEXÃO: O BAÚ..

FOTO MINHA

REFLEXÃO: O BAÚ

O sótão da nossa casa é, para quem o tem, um lugar quase sagrado. Existe um sótão em todas as casas velhas dos familiares que temos nas aldeias mais recônditas do nosso país. Há um na casa da minha avó, onde eu ia, em pequenina, com o intuito de ver as maravilhas, dignas da “Feira da Ladra”: era um local quase proibido, quase sagrado, quase misterioso, onde, ao longo de anos se iam acumulando velharias, mesmo que cheias da vida que lhes transmitimos, ao longo da vida, manuseando-as.
Um dia destes, sem que o tivesse premeditado, decidi subir a escada, deixando para trás aquele sentimento de medo que me invadia, em pequena: medo da avó que não era para brincadeiras, medo dos “fantasmas” que por lá dormiam, medo de me confrontar com forças misteriosas, abafadas pelo ar dos tempos…
Tanto pó à minha volta! Tantas teias de aranha! Encontrei um sítio em cacos e uma névoa que parecia querer cobrir espaços da minha infância, bocados esquecidos de mim, num tempo em que não fui feliz. Desse tempo, de que não quero falar, não tenho boas recordações e este “nevoeiro” denso, que apercebo pela luz das duas telhas de vidro, adverte-me, instintivamente, para o aparecimento de um qualquer SER, reflexo da minha idade primeira, eu própria…quem sabe? transformada na mulher que sou e que quero continuar a ser, com os ajustamentos que os tempos e a idade permitiram que me fosse fazendo…
Olhem aqui os tapetes velhos da avó! Comidos pelo tempo, antiquíssimos e sujos…eis que me deixam perceber a forma de um baú! Estranho…não é de metal nem de madeira…não recorda os dos filmes de piratas…é etéreo, fantástico, existe sem existir…mas convida-me a mergulhar as mãos num fundo que não existe, à procura de qualquer coisa de que, possivelmente nem lembro”. Já conheço esta sensação do “tem que ser”…E do fundo do “baú”, começo a retirar bocados de velhos papéis desfeitos enterrados em pó, bocados de pensamentos onde guardei memórias de mim, do bom e do mau que em mim houve, até à “minha tomada da Bastilha”, que se deu quando entrei na Escola Superior De Educação, enquanto meus pais lá continuavam, juntinhos, em São Tomé e Príncipe, donde eu vim para a”metrópole”, aos sete anos da minha inocência.
Não deixo de pensar que este “baú” cheira a musgo dos anos molhados de lágrimas minhas, ao vencer etapas de merecidas fugidas da mediocridade. Nele está grande parte do meu rolar da pedra, montanha acima, qual rei “SISIFO”! Folhas amarelecidas de cartas de meus pais para a minha avó… velhas fotos a preto e branco da minha comunhão… o meu primeiro “Livro de Curso, com uma caricatura dos meus traços físicos…Sim, porque os morais, espirituais, guardei-os e fui-os aperfeiçoando até hoje!
Ao longo dessa vida que deixou resquícios gravados pela força das lágrimas, ganhei outro Curso, a Licenciatura em Estudos DE Português e Inglês, tive dois filhos, perdi um casamento sufocante, viajei por países de outros continentes, ao longo de uma etapa que acreditei ser de salvação…
Que foi feito de mim, “baú”, que me encontro, aos pedaços, dentro de ti? És, apesar de tudo, o meu momento especial dos últimos tempos…E não termino sem citar duas frases de Fernando Pessoa, do “Livro do desassossego”, que penso irem de encontro a todo este viver:”
O valor das coisas não está no tempo que elas duram mas na intensidade com que acontecem. Por esse motivo, existem coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.
Tu, “baú”, és o meu momento inexplicável…As folhas amarelecidas são factos inesquecíveis…
Eu só sou comparável a mim própria!


Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
Maria.elisa.ribeiro@iol.pt
http://lusibero.blogspot.com

quinta-feira, 22 de março de 2012

POEMA: PAUTAS ORIENTAIS


PAUTAS ORIENTAIS…


Chegam-me mundos que roçam o corpo na flutuação
dos ares de vento.
Em transe, entro no meu poema e guardo nele o sol, a lua, as ribeiras
mansas, as árvores floridas
(deusas da primavera!)
filhas de GAIA-NATUREZA-MÃE.
Meu espaço-felicidade nascido da cumplicidade dos lexemas,
preenche tessituras de poemas, fabricados por peças de âmbar.

Saltarei de pedra em pedra na noite consagrada ao amor,
se nuvens inesperadas não estiverem prontas
a cobrir a luz do luar…
Nébulas nefelibatas, em passeio pelo ar, impedem a passagem
da luz das estrelas para o meu âmago de mata atlântica a sufocar-
-no- receio- da- escuridão –mar…

De um sopro, um fulgor de halo lunar cobriu meu- ser- a- desvendar…
…galgou distâncias para se instalar véu diáfano-disfarçado-de-arame-farpado,
entre mim e o teu olhar.
Se eu demorar um pouco, amor, não te esqueças de fixar as estrelas
e se luzirem, mais belas, vai conversando com elas de olhos abertos, lábios fechados
e sentidos despertos
pois estarei a percorrer uma rota que a ti me vai levar…
Como eu, elas vão entender o que não podes dizer…
Se não puderem ouvir-te, apoia-te ao meu horizonte etéreo
escondido no teu mistério plasmado em minha fronte de silfo…

Depois, guiarei tuas mãos pelas rotas da minha corpórea solidão…
…levarei teus dedos em viagem por meus cabelos
(-que os percorras com desvelos-)…
…viverei tuas horas nas cores das auroras boreais
que queimam asas de borboletas obsoletas
transformando-as em alvores matinais…

Violinos tocarão harpas de pautas orientais!-
-melodias ancestrais de-amar-a-VIVER-
-num alucinado labirinto de ideias-amor!
Um piano nacarado segue a nosso lado,num colorido orquestral-
-de- partitura-magma…a arder.

Pétalas de rubras rosam desfolhadas
vão adormecendo –no-leito-nupcial-do-SONHO…

Marilisa Ribeiro
53- Mrç/012-ERT

terça-feira, 20 de março de 2012

POEMA: ANEL DE FOGO


ANEL DE FOGO…

Num místico anel de fogo está a noite do meu corpo-ser-a-irradiar.
Raios de luar fecundam a terra, a cantar luz de encantar.
Enrodilhada no halo de fogo frio da noite vazia,
escondo-me num canto de silêncio a ouvir a melodia
do vento a sibilar,
tentando desfazer o mágico alfabeto do meu tecto de deslumbrar!

Estou presa numa fronteira,
da qual não quero fugir
sem sentir que o teu ser
se me desvenda, a fulgir…

A noite, intacta, passeia por entre nós
com passos de orquestra melódica…
Sabe a nossa sinfonia de suores e de odores…
Conhece, como ninguém,
as teclas exóticas do nosso mundo a soar.
E os segredos do teu ser, lavados pelo luar,
são como um anel de fogo de que não quero abdicar.

Conheço o teu perfume-círculo- de- lume- brando, onde dorme
a madrugada, deixando-nos a alvorecer…
E nossa alma não dorme…
Está ali, fogosa e viva, a morrer por nova vida!

Mantemos, bem funda em nós,
a tortura do beijo que falta dar
de todos os que já demos, até nos faltar o ar…

Há dunas amareladas no passeio do vento, que silva
mares de calor abstracto
diferente do que nos promete o círculo de fogo compacto,
que assola o espaço-do-deslumbramento.

No labirinto do amor
desponta um poema lindo, tecido de fios de ouro que desfiz,
ao armar uma teia de ternura, com aroma de flores-de-lis.
Não sei se há estrelas no céu de agora…
Não sei se o luar resiste, ainda…
Não sei se o mar já está a brilhar…
Mas sei
que fixei teus olhos de ouro…
…que respirei o aroma do teu viver…
…que enredei as veias do teu corpo…
…e que-tudo-foi-fogo-de-arder…

( Na serra, a neve cai,
branca como flores de marfim…)


R-(ert)-C13N-41/MRÇ-012

Marilisa Ribeiro

É PRIMAVERA!


Os tempos vão passando...

Sem chuvas, em Portugal, até nem damos o devido valor a esta linda estação do ano; o tempo aquece, a vida da Natureza apresenta-se gloriosa, as árvores estão carregadas de flores, o ar cheira de modo diferente!

Nos jardins , a vida renova-se, dando-nos a fogosidade das cores rejuvenescidas, num autêntico hino à vida.
Mas , Portugal tem o seu território em situação de catástrofe com a falta de chuva! Os solos, ressequidos, choram aquela gota de água que o Inverno teimou em não nos trazer e as culturas perderam-se, inevitavelmente. No tempo próprio, para além da crise económico /social em que o país vive, as coisas vão agravar-se, reflectindo-se nos preços dos produtos agrícolas.

no entanto , a vida é nova...o tempo reveste-se de beleza...De resto,já estamos tão habituados a sofrer que nem daremos por nada...como vai sendo habitual...
BOA PRIMAVERA, AMIGOS!

sábado, 17 de março de 2012

POEMA: SEREIAS...


POEMA: SEREIAS…


Numa nesga de mundo distante de mim,
acomodo-me na tranquila intranquilidade de SER.

O puro ar da hora do alvorecer carrega-se de lembranças…
coisas que o passado se decidiu a esquecer.

O piar das aves encostado à Vida-a-deslizar
voa , apressado, no caminho da Primavera.
As sombras enevoadas da aurora a espairecer
abrem-se à passagem da hora do amanhecer.
Tudo acentua a alegria da vontade de responder
ao brilho dos olhos do sol, a romper.
O calmo riacho continua o seu viver, com o passado no presente
do futuro sempre a vir.

Talvez eu venha a ter asas para reviver
as múltiplas primaveras que estão para vir…
Quero voar sobre o mar para saber das sereias do teu viver.

No meu tempo dos mistérios- de -outro -viver
desconhecia que o sol, como a esperança, não devem morrer
e que o rio sempre corre a rejuvenescer a semente que floresce…
Era o meu-tempo-do-viver-a-ansiar…
Desconhecia a tua imagem na miragem das ruas intranquilas
na- mística- tranquilidade-de-existir.
Hoje, sei…
Sei das vielas empedradas das esquinas enviesadas…
Sei de ti…dos ciúmes que me negam sonhos de humano complemento…
…sei a não-verdade dos teus olhos…
…sei que até os rios vencem escolhos…
…sei o fogo e a cinza da grande árvore queimada
que devia morrer de pé…

Sinto uma Verdade do que podia Ser e não é…
Sinto o fogo que queima, sem te deixar perceber…
Escondo-me na espuma do mar
à espera das sereias de encantar…
As ondas chamam-me, para as acompanhar.

Não consigo avançar…preciso da lista de sons que dá vida
às pautas do mar –catedral…

No meio das flores que esvoaçam nas brisas do vento
que as sugou, permanecem as abelhas-sereias-da-floresta
que as enamorou…
Revisto-me das cores que o vento não levou…
A lua canta o seu brilho. Eu sigo no mesmo trilho, mas não
encontro jardins de sereias-dos-sentidos
para roubar a luz do luar-vida-no-cio-música-de-encantar…

Como é triste ser jardim-pântano-enganado!
Meu Tempo – sem-música-nem-flores…
Andorinha ferida nas outras asas…as dos amores…
Odores de sonho -do-viver perderam-se nas pratas-das-sereias-a-enegrecer…

R-13N-50-ert-jan/012
Marilisa Ribeiro

terça-feira, 13 de março de 2012

DE TUDO UM POUCO...(Análise político/social)


DE TUDO UM POUCO…


“O melhor modo de vingar-se de um inimigo, é não se assemelhar a ele.”
MARCO AURÉLIO

UM “ESTADO DE RAIVA”QUE VAI PERDENDO O ESTADO DE GRAÇA…

…ou de como tem razão o célebre dito popular que diz: “Quem não te conhecer, que te compre…”!
Quem, como nós, tem idade para se lembrar do que tem sido o percurso de Cavaco Silva nas lides político/partidárias, sabe que Sua Exa nunca dá “ponto sem nó”…
Muitas vezes, caladinho e com o habitual angelical sorriso, sei que, no momento que mais lhe convém, ele dirá “de sua justiça”, mesmo que inapropriadamente, tendo em linha de conta que se tornou “ Presidente de todos os portugueses”. Aquando do governo de Sócrates, primeiro-ministro anterior, estranhava o silêncio de Sua Exa a factos que teriam merecido resposta imediata,- não digo em termos verbais- mas em acções concernentes à gravidade das situações, das quais o nosso povo se queixava, continuamente, que suscitavam dúvidas, e que. hoje, se verifica terem tido razão de existir.
Mas o SR. Presidente, a cumprir o seu “calmo” primeiro mandato pensando já na reeleição, lá foi vivendo, com o sorriso de aparente calma, o calmo mandato, preparando-se para novos angelicais sorrisos que lhe puseram na mão, como previa!o segundo mandato!
São perigosos os sorrisinhos de Sua Exa…
Ei-lo reeleito!
Avesso aos socialistas, à Esquerda em geral e a Sócrates, em particular, que teve, para além do mais, a coragem de não querer abandonar o Poder que tanto jeito dava ao seu narcisismo pretensioso, descarado, autoritário, tratou logo, de lhe fazer a cama com discursos arrasadores, que iriam culminar com a desejada demissão do desgoverno socrático!
Dizia, então, o Sr. Presidente, num discurso “ de fogo”( mais ou menos por estas palavras!): “ Há mais vida para além da austeridade e dos sacrifícios exigidos aos portugueses”. Foi um discurso de arrasar as, já frágeis, ” paredes da catedral “ socialista.
Ora acontece que , de há alguns dias a esta parte, o Secretário Geral do PS (Partido Socialista)tem vindo a afirmar que não é possível nenhum tipo de consenso com os partidos do governo, por não haver, no mesmo , nada que aproxime o PS do estado em que a governação “laranja” tem posto o país. Isto deve ter mexido com as expectativas de Sua Exa, que se vê, pela primeira vez na vida, dono e quase senhor das “terras de el-rei”…O homem que dizia que o povo estava primeiro que todos os sacrifícios, esqueceu-se dessas palavras e tem assinado, sem hesitações, tudo quanto a maioria de Passos Coelho lhe tem mandado para promulgação. De nada valem os queixumes e a miséria a que este nosso país tem sido condenado. Agora, Sua Exa só sabe que o acordo da TROIKA tem de ser cumprido, doa a quem doer, e nem o desemprego no número de 14% o incomoda! Fecham empresas como “tordos” que caem em tempos de caça…fecham negócios porque o povo não pode comprar…fecham restaurantes, cafés, lojas, de Norte a Sul e arredores… Os desempregados aumentam, assustadoramente…e já nenhum de nós tem nada seguro, pois a insegurança provocada pela miséria mete medo. Mas Sua Exa, que “está muuuuito preocupado” com esse estado de coisas, vem queixar-se dos seus rendimentos que “nem dão para as despesas”, recusa-se, mesmo na hora, a visitar uma escola onde os alunos queriam confrontá-lo com as faltas de condições para estudarem, fica furioso com as “vaias” porque se acha um deus, diz aos portugueses que é preciso unirem-se para pôr em movimento a economia e o progresso do país…

Se perguntar não ofende, então por que está Va Exa preocupado com um possível consenso dos Psds com a ala mais liberal do PS?
Chego à conclusão, infelizmente, que, se calhar, Sua Exa se vai esquecendo do que diz e, por vezes, dá o dito por não dito e “que caia o pára-quedas onde cair”, logo se verá…

Deu-lhe a vontade de publicar “AGORA”! o livro do seu primeiro ano do segundo mandato.
Pode publicar aquilo que quiser e quando quiser…Mas fazê-lo, AGORA, com um prefácio contra José Sócrates, chamando-lhe tudo e mais alguma coisa, sem o homem estar cá …não fica bem a um Presidente da República que não se queixou da dita falta de solidariedade institucional do ex-primeiro-ministro, quando o devia fazer e quando o povo cansado de Sócrates lhe pedia a demissão do seu governo!
Atitude feia, Exa…! Embora nós saibamos quem era Sócrates e como se ia “arranjando” com a governação que nos deixou de “tanga” na proporção, quase, dos ricos que se foram criando como “cogumelos”, no seu tempo…era então que Va Exa se devia ter queixado! Os seus desígnios e o está por detrás desta sua atitude, ainda vão dar que falar, pois estou convencida de que por aí há mais qualquer coisa que não está bem…

Num momento em que todos estamos a ajudar o governo que tudo nos rouba sem nos dar satisfações, num momento em que a calma do povo para suportar a “canga” ainda não deu mostras de que pode e sabe movimentar-se como os gregos, os espanhóis e os italianos, tinha Va Exa a obrigação de gostar de o ver assim, numa atitude de Presidente de todos os portugueses! Que gosto tirou Va Exa deste tal PREFÁCIO do tal livro, que como disse ontem, todos devíamos ler MUITO BEM? Já pensou que os portugueses não são gestores da EDP ou da REN…que não têm dinheiro para comer, quanto mais comprar o seu livro?!Decididamente, não vai, VA Exa, por bom caminho, ao atirar pedras às costas de quem (apesar de não ter defesa possível!) se não pode (nem quer!) responder-lhe!

A política, todos sabe, pode ser perversa; estou convencida de que não ajuda a engrandecer o espírito humano, se não for exercida em prol do bem-estar das comunidades sociais. Deixou de ser uma Ciência relacionada com o bem governar, por amor ao próximo, para se tornar numa espécie de arte para a conquista e conservação do Poder.
Va Exa foi inoportuno, obedecendo ao instinto primário de se vingar, sem ter de quê, pois se o ex-primeiro-ministro cometeu actos tão gravosos no confronto das suas dignidade pessoal e presidencial, deveria tê-lo demitido!

Termino, citando HENRY DAVID THOREAU (1817-1862, poeta, filósofo e escritor americano):
“Os homens aprenderam que a política não é Moral e se ocupa, apenas, do que é Oportuno.”


Mealhada, 11 de Março de 2012
Maria Elisa Ribeiro

segunda-feira, 12 de março de 2012

POEMA


POEMA: Tão-longe-de-mim-tão-perto



TÃO- LONGE- DE- MIM –TÃO- PERTO


Em busca de mim, escorro pela vida, como água do rio
que desliza para o seu além.
Migro com a minh’alma por percursos desconhecidos,
ansiosa por respostas que afluam à flor da pele.
Aventuramo-nos por dentro do vento, no calor do fogo
que penetra as algas no profundo mar e germinamos das flores
numa tela de mil cores…
A luz das estrelas bate-me nos olhos, fixando-se na ponta dos dedos
que agarram esta pena ,que dói da humidade do nevoeiro do sonho.
Minhas veias transportam a vontade do abrir e fechar de cada flor
que abre e que fecha,
enquanto o colibri que a deseja ,engole o sumo do amor…o néctar da flor!

Tão –longe-estou –de- mim -tão -perto!

Do mar passo ao deserto…não chego nem cedo nem tarde…
Não vou nem venho…
ESTOU-em viagem-vida-da –Palavra-em –processo-
-idade- que- confesso.
Do tecto da alma pende-me um candeeiro de cristal-verdade
querendo acender-se na claridade mística da –sombra-de-mim…
Incide sobre as teclas de um piano desafinado
ansioso por acordes à altura da sua beleza e perfeição…
PERFEIÇÃO?
Pura pretensão! Consciência da ilusão…
Alma minha, emerge do –meu-dentro
e voa nas asas brilhantes das estrelas silenciosas,
mais luminosas que a noite cristal-puro do sono –ao-luar!

As nuvens rolam, lentamente,
afastando-se do meu céu.
O espelho devolve o humano brilho castanho de meus olhos.

RECONHEÇO-ME.
O SOL BRILHA.
ABRO AS CORTINAS DA ALMA.

O claro sol entra. Cheira-me a brilho-vida. As rosas rubras florescem.
Odor mágico de mundo-universo-no-meu-verso/poema…
Perfeita realidade…
Os anéis estouvados do meu cabelo repousam nos braços da noite.
Perto de mim, não estou,
afinal,
tão longe…
Sinto-me e desabrocho num pedaço de poema…

R- C13N-29 (DEZ/011) - (vds)
Marilisa Ribeiro

quinta-feira, 8 de março de 2012

DIA INTERNACIONAL DA MULHER!


Minhas amigas: saúdo-vos, com carinho e cumplicidade feminina, neste nosso dia. Certo é, que todos os dias são dias da mulher, pois a vida não se cumpre sem o nosso ventre e sem o amor com que fazemos "rodar" a mó do MUNDO.
Pena é que não tenhamos direitos inerentes a essa nossa condição, em todas as partes do MUNDO.
Os ditadores não permitem uma vida digna a tantas das nossas irmãs, pelo mundo fora. Máquinas de trabalho e de gerar filhos, as mulheres, fora do mundo ocidental são maltratadas, injuriadas, torturadas e mortas.
Façamos deste dia um dia de luta por todas essas nossas irmãs!

BEIJO PARA TODAS AS MULHERES OPRIMIDAS!

terça-feira, 6 de março de 2012

REFLEXÃO: BELEZA ENCLAUSURADA


BELEZA ENCLAUSURADA…(REFLEXÃO)

Como a saudade que sinto pela Natureza jamais acaba, dou comigo, nos soalheiros dias fora do período do Verão, a passear pela nossa terra, por sítios que ainda não conheço, sempre perseguindo matas, bosques, pinhais…Natureza, enfim! É imprescindível que haja Água…muita água temperando os ambientes…Descubro-a sempre! Encontro sempre um fio de rio, um braço de rio maior, umas minúsculas cascatas rumorosas a contornar as belezas que me perdem!
Nesse fluxo constante do estado de Vida, depois de visitar e de me deliciar, passeando, chega o momento do encontro comigo própria, o momento em que me dedico à meditação sobre… Gosto de me perder em reflexões que me forçam a tremendas viagens pelo mundo onírico e pelo mundo real. De repente, parecendo ter o dom da ubiquidade, estou em mundos tão diferentes como a China, a França, a Tailândia… ou … a Serra da Lousã! Então, como uma neblina sem contornos definidos, peregrino pelas minhas questões interiores e passo-as ao papel.
… Amo o mundo e a MÃE-NATUREZA…dádiva de um SER SUPERIOR…criada com sabedoria e amor, para gáudio do nosso viver. Ao passear por entre áleas de árvores, aparentemente desorganizadas, procuro motivos de beleza, a céu aberto, para acalmar o meu coração.
Não me refiro, de modo nenhum, a “belezas enclausuradas” no aspecto espiritual…Isso é uma opção de vida, nada há a dizer. Refiro-me a belezas naturais, a árvores, montanhas, flores escondidas ou bem enclausuradas, para poderem resistir à maldade alheia… atalhos inexplorados cobertos de vegetação, águas, o sol a bater nelas e em mim, afagando-me com uma ternura com que mais ninguém pode ou sabe, fazer.
No meu passeio de há dois dias, vi “uma carrada” de florinhas, lindas, singelas e tratadas, mas…para sua própria defesa…”enclausuradas”, acessíveis a olhos, somente. O homem não é humano, muito simplesmente, e sendo o mais perigoso dos predadores, há que impedir que actue de acordo com os seus piores instintos.
Mas há tantas mais belezas “enclausuradas”, tantas outras flores dignas da nossa atenção e que nos tiram o sono, quando nos vêm à mente! São belezas condenadas a murcharem sob regimes de escravatura sexual ou política; são belezas destroçadas pelas forças dos ditadores da vida, em terras onde DEUS não existe, porque tem medo de lá pôr os pés… São mulheres do SUDÃO, do AFEGANISTÃO, do IRÃO, do IRAQUE…Essas flores que murcham no apogeu da vida, fazem frente, com o seu mero existir, aos machos dominantes, ferozes, sem SOL…
Volto a mim, grata aos céus ou a não sei mais quem, por poder estar neste pedacito da Humanidade, onde tive a sorte de nascer, onde posso pensar, onde posso sorrir com a luz do sol benfazejo e brilhante, que me estende os braços, sem que eu tenha que o temer!
Por isso, numa atitude genésica, cresço para a TERRA, enlameio as mãos e os pés no regato de água que me abraça o SER…sinto a plenitude do cheiro dos ares e do vento que me traz o aroma da NATUREZA, na” pessoa “dos odores das plantas, selvagens ou não.
Terra, vida e homem…agentes distintos, originais e originários da cosmogénese, que geram, na sua cúmplice reciprocidade, a fertilidade e os ritos cósmicos da vida e da morte. Sem dúvida que o elemento primordial é a terra, essa beleza enclausurada no pior que o homem pode ter, o ventre telúrico de cujo útero, na origem dos tempos, vieram os primeiros seres humanos, os primeiros arbustos e os primeiros caniços. É então que vejo que as crianças vieram do fundo da terra…das cavernas…das grutas…mas igualmente dos mares, das fontes e das ribeiras, onde, “enclausuradas “, para nosso BEM, estão as belezas necessárias ao desenvolvimento das espécies. Como fui criança também, vejo-me pintada numa caverna primitiva, com toscas tintas e sujos dedos, numa parede escura, beleza enclausurada para preservação…Sou uma pintura rupestre, sou a pedra com que fui riscada, sou o sangue que o desenho larga para os confins dos tempos…os mesmos que permitiram que eu tivesse forças para fugir de clausuras patéticas de impotência, de falta de visão e de saber!
Vejo-me (e não é NARCISISMO!) um ponto da eternidade, entre as notas que as estrelas vão tocando, na cintilante música com que alumiam o mundo de todas as belezas, enclausuradas ou não! Sinto-me uma possibilidade de qualquer coisa, na pulsão incontrolável do fazer parte de um COSMOS onde crescem belezas…flores, montanhas de cheiro saboroso que transpiram gotas de orvalho, de entre neblinas e brumas…que formam ribeiros, rios e poças de água aos triliões de milhões…que deslizam, fluentemente para o MAR…
Sou navio e caravela na hora das distantes descobertas, sou Gama…Gago Coutinho…Ganges e Apolo…sou tudo…mas não “beleza enclausurada!” Sou contra a FOME …a CORRUPÇÃO, o ROUBO descarado de todas as belezas do MUNDO…
Coração de POETA da modéstia, quero ver, a céu aberto! a PAZ…a LIBERDADE…a JUSTIÇA…o HUMANISMO, A VERDADE…
PROCLAMO, COM TODAS AS FORÇAS, TODAS AS BELEZAS A CÉU ABERTO!
ABAIXO OS “ENOLAGAY”!
Maria Elisa Ribeiro

domingo, 4 de março de 2012

POEMA: POLIFONIA


POLIFONIA


Homem-quadro-na-paisagem-vislumbre-do-Universo.

Uma pedra de gigantesco granito, ansiosa por sons da terra,
fornece a estranha força magnética que permite revisitar,
sem falar, cantando o silêncio da solidão,
fragmentos de um viver, onde encontro a paz na minha guerra interior.

Há volúpia no ar de Pensar!
E o mar brando, do lado de lá da rocha,
envia ondas de calma energia
na qual pernoita o sussurrar da minha alegria.

Meus dias de sinfonia!
Prólogos de uma verdade que se anuncia…
Terão consistência os problemas da existência
para lá da completude do-momento-agir-no-devir?
O que apoquenta os meus momentos, nada mais é, afinal,
que a ejaculação do precoce Cosmos…este…o meu individual…

E o homem-torna-se o tudo na hora precisa-do –prazer-de-Ser-a-acontecer…

Homem e Natureza…detalhes de uma partitura de sensibilidade
e subtileza dos acordes de HAYDN-universo-polifonia-do-controverso!

Meu secreto jardim de sonhos…deus que não aparece no poema
da pena que sinto de ser …assim…só…irreverente na mensagem…
Melomania do querer-Ser-a-Viver…só…a ouvir jardins, que falam
sem dizer…

Homem…enigmático acorde em desacordo com a Sinfonia Universal…
…devaneio longo das células da Criação…
…princípio do fim de qualquer Saber…
…ente-efabulação…

À luz frágil das auroras, quase em sons e tons de cristal
a montanha acontece ,no momento boreal…a tarde perde-se…
…as urzes adormecem…as águias não voam…os seres mágicos reaparecem,
sorrateiros, nas ervas que se oferecem…
E as chuvas de orvalho têm um perfume de transcendência…de consciência
tranquila…

E o Homem-Aparição continua um teatro de Solidão…

Marilisa Ribeiro
R-C13N-FEV/012-(ERT)-2

sábado, 3 de março de 2012

quinta-feira, 1 de março de 2012

FAROL...


FAROL…

Torre de menagem das margens escuras do mar, o farol é uma casa muito só.
Erguida como sentinela de luz no meio de rochas negras, duras e resistentes aos bramidos do mar tempestuoso, ela é o ponto luminoso que serve de guia aos pescadores e navegantes, nos momentos de tormenta.
A força da sua verdade reside na luz potente e no ronco forte, que rompem a noite dos escuros nevoeiros, ominosos e traiçoeiros, prontos a ceifar a vida dos pescadores-marinheiros , nas horas de lida. Essa luz forte, qual mão de deus, dá abrigo à ansiedade e ao pânico interiores do Homem ,que se debate com montanhas de água do oceano furioso. Possante e altaneiro no seu posto-sentinela, o farol é vida que protege, na falta de rota, barcas ou viajantes perdidos num Norte que se perdeu , em noites de breu; símbolo de vida, luz e esperança, não há, no nosso país, terra à beira mar que não tenha um farol, por pequeno que seja, para oferecer aos mais comuns dos mortais , que o vêem rodeado de albatrozes, gaivotas e mergulhões, guardiões da pedra –luz que reluz ,nas noites de solidão de quem apanha o pão ,nas redes.

O farol é o porto de abrigo de quem está no mar, em perigo.
Há noites em que a lua não ajuda o homem do leme, que geme, que geme. Em cima das rochas banhadas pelas ondas traiçoeiras, ele, farol, é a salvação do pescador-marinheiro que “fareja” a sua aura salvadora. Ele, farol, é um bem que do seu posto não se move, até que um ser aflito deixe as ondas da maresia furiosa, brumosa do orvalho-nevoeiro das noites de tempestade. O mar é um grande aquário…o seu fundo é negro, ominoso, cheio de fantasmas gulosos e insaciáveis de almas-pescadoras.O farol, na sua brancura de cal, é a vida a renascer aos olhos do aflito e angustiado viajante, quando, nas ondas a subir e a descer, lá ao longe, o consegue ver. Ao mesmo tempo que embeleza a paisagem circundante, dá vida às rochas musgosas, escurecidas pelas águas teimosas do mar,que as não deixam em paz.
E é o faroleiro, pastor dum rebanho de frágeis barcas, de grandes navios, de traineiras –pescadoras ou aves madrugadoras, que o vive, em dias e noites de profunda solidão-no-amor.
Pastor atento, forte como velhos lobos-do-mar, enfrenta o mar, que zurra como animal violento.
Faroleiro é homem do mar, como quem anda a pescar…
É guia a labutar a solidão de salvar almas doridas na dura vida das ondas.
AMO OS FARÓIS DO MEU PAÍS DE NAVEGANTES! AMO OS FAROLEIROS DOS FARÓIS DO MEU PAÍS!

Maria Elisa Ribeiro
FEV/012