domingo, 31 de maio de 2009

TEIXEIRA DE PASCOAES


Afirma o próprio Teixeira de Pascoaes:” O génio da Língua é o dom especial que ela tem de traduzir o sentimento saudoso da Natureza animada e inanimada.” (in Arte de ser português”)


Este é um dos mais difíceis poetas portugueses; não vos escondo essa apreciação, mas como os amo a todos no espírito da Mensagem que me legaram, quero dar-vos um pouco dele, de modo simples e sem pretensões de intelectualidade…
A sua obra toca o SAUDOSISMO, o humanismo, a sensibilidade, o desdobramento da personalidade, uma certa atitude filosófica perante a existência, a Criação e o Panteísmo (crença em vários deuses ou divinização de certas entidades); mas Teixeira de Pascoaes demonstra, ainda, uma especial predilecção pela noite e pelo sonho, pela Saudade, sentimento tão português, provocado pelo afastamento, na distância…
Um exemplo de panteísmo podemos vê-lo no poema “Canção alegre”: “Eu te abençoo, alegria! / Alma e corpo da esperança!”onde a Alegria é endeusada pelo poeta que a abençoa, como sendo a raiz da vida.
No poema “A sombra do homem”, nota-se o humanismo, revelado pelas preocupações mais normais de qualquer ser humano: o sono, as trevas, o silêncio, o remorso, a exaltação, as interrogações do Ser …A certa altura, de tão preocupado, o poeta já se confunde com DEUS, com a NATUREZA, e afirma: Ó DEUS, tu és em mim, fragilidade;/ sombra que, por encanto, surge e passa…/ E nele, sou profunda Eternidade,/ Êxtase, Beatitude, Enlevo e Graça!/ Orar é a gente ver a DEUS em si/ E ver-se a gente em DEUS…”(…).
Mentor da revista literária “Renascença Portuguesa” a par de Jaime Cortesão e do filósofo Leonardo Coimbra, revista essa que, mais tarde, se aliou nos ideais, à segunda série da revista “Águia”, a ideia destes autores, eivados de Saudosismo, era a de dar sentido às energias intelectuais do povo português, no seu determinante e determinado caminho para a renovação do nosso país. No passado de Portugal, segundo o pensamento do poeta, estavam as fontes da nacionalidade que era preciso recuperar; por isso, a Saudade podia ser vista como “sangue espiritual” da raça portuguesa. E assim o afirma na revista “Águia”: “A Saudade é o próprio sangue espiritual da raça, o seu estigma divino, o seu perfil eterno. Claro que é a saudade no seu sentido profundo, verdadeiro, essencial (…) onde tudo o que existe, corpo e alma, dor e alegria, terra e céu, engrandecem um povo…”(in Dimensão Literária- Português A-Porto Editora, pág. 150/162, ISBN 972-0-40055-2).
No poema “ Aos Lusíadas” encontra-se uma prova desse portuguesismo, desse amor extremo por Portugal, em:”Ó Deus da minha Pátria, olhai por ela”/ Dai à sua bandeira nova glória/ Pregai, nas suas dobras, uma estrela! / Ó templo dos Jerónimos…/Ó Deus de Ourique! /…regresse o Dom Sebastião do nosso ser!”
Nota-se já, em TEIXEIRA de PASCOAES, uma amostra do que foi a fragmentação do “EU” em Fernando Pessoa e que o conduziu à criação dos célebres heterónimos, nos princípios do século XX.Veja-se essa verdade, no poema “O HOMEM”, 2ª estrofe: “ Sinto na minha vida várias vidas! / Sinto bem minha alma dividir-se/ Em muitas almas íntimas…” (…)
Teixeira de Pascoaes amava, como temos vindo a ver, a sua terra, a sua região e descreve, em tons de mestre, esse amor, num conhecido poema que foca, particularmente, a região do MARÃO e a que o poeta deu o nome “MARÁNOS”; muitas editoras escrevem “MARÂNUS”; mas, porque a grafia correcta é a do autor, é essa que usarei, neste trabalho. Ao longo deste poema, que é enorme, Pascoaes retrata o carácter de genuinidade das gentes da serra, a sua riqueza cultural multifacetada, a sua antiguidade na modernidade. Sugestivo nas Imagens, como por exemplo ao tratar a Saudade como “VIRGEM MÃE“, este poema é mais uma prova de que o SAUDOSISMO, movimento poético, é uma espécie de “religião da Saudade”, vivida pelo poeta e seus seguidores, num verdadeiro clima de Idealismo. Saudade era para PASCOAES o modo como Duarte Nunes de Leão a definia em “Origens da Língua Portuguesa”, tal qual é dito no livro “PORTUGUÊS A-12º ANO, da TEXTO EDITORA, da autoria de Mª Leonor Carvalhão Buescu e Carlos Ceia:”SAUDADE É LEMBRANÇA DE ALGUMA COISA COM DESEJO DELA…”
Algumas passagens desse poema revelam um tom profético, mostrando a serra como verdadeiro coração de Portugal, onde se mantêm várias origens da nossa Língua bem como usos, costumes e tradições que marcaram a portugalidade: ”Marános, esse amante da montanha/ Ouvira aquela voz e interpretava…o nosso” mundo-criatura”…mundo criador e ser humano/ Um céu verde, de flores esmaltado/ …No infinito silêncio e na infinita Soledade…/ E tinha, assim/ consciência… de outra existência trágica e sem fim/ (…) E, entre ele e aquela mística paisagem, /A névoa da distância dissipou-se. / Ela estava integrada em seu espírito, / Seu espírito esparso através dela// (… )”.
A SAUDADE, sentimento nosso, genuíno, sem tradução em Língua alguma, é um tema recorrente na nossa Literatura. Basta pensarmos nas Cantigas trovadorescas… Mas o próprio rei D. Duarte, filho de D. João I, falava da “SUIDADE”, no seu livro “LEAL CONSELHEIRO”…E que dizer de António Nobre que escreveu “ SÓ”, o livro mais saudoso de PORTUGAL?
Deixo-vos, leitores, com um pensamento simples de JOHN Le CARRÉ, escritor britânico:”Uma secretária é um sítio perigoso para observar o mundo…
VAMOS ,UM DIA DESTES, À SERRA DO MARÃO?

SÓ AGORA REPAREI QUE NÂO DISSE QUE ESTE TEXTO FOI, HÁ CERCA DE 15 DIAS,publicado no "Jornal de Mealhada",do qual sou uma "graciosa"colaboradora.

Impressões da semana político/social

-Foi chocante a despedida da menina russa, a Alexandra, que não se queria despegar dos que foram a sua família, durante seis anos, em Portugal. Não comento o caso, em termos jurídicos, porque não percebo nada das leis dos homens. Mas, chorei…
-Esclarecedor, no que diz respeito ao “OUTRO”, foi o show de Oliveira e Costa, no Parlamento, perante uma tal “de” Comissão de Inquérito…É para aquela brincadeira que todos estamos a pagar a “preventiva” de ouro do tal senhor…Vamos ver no que tudo isto dá…mas o mais certo é dar na vergonha do caso CASA PIA! E então, valham-nos DEUS, ALÁ, JEOVÁ, BUDA, CONFÚCIO…

-E que me dizem àquela do embaixador, no SENEGAL, de ter criado uma rede de prostitutas? Se calhar, foi para não pensar na política de sarjeta cá do “rectângulo”.
E este, quanto terá metido ao bolso? Mais do que os dos BPNs e dos BPPs? Ao menos que tenha valido a pena…

---Falando de coisas sérias: notável como a de SANTANA CASTILHO, é a posição do filósofo JOSÉ GIL, exposta no jornal PÚBLICO, numa entrevista que todos os PROFESSORES DEVEM EMOLDURAR, dado que é uma defesa desassombrada dos docentes, que aquela coisa chamada ministra tem pretendido pôr de joelhos! É natural que se lembre àquela “trupe da 5 de Outubro”, gente pequenita que puseram na cadeira da EDUCAÇÃO, que foi à custa dos SENHORES PROFESSORES que eles aprenderam o pouco que sabem (ou não foi?...) para terem a honra de levar com uns ovitos na tola, de vez em quando… Vê-se que não andaram na escola o tempo suficiente…Talvez os vejamos ,por aí, nas “novas oportunidades”…

--Lindo de ver e ouvir falar, tudo o que de válido têm estado a fazer, em prol da Ciência, as Universidades portuguesas de Aveiro e Coimbra, nomeadamente,política! Esperemos que, aos poucos, sejamos capazes de nos colocarmos ao lado dos grandes da Europa…HARVARD, OXFORD, YALE…É desejar muito, não é?

--Vital Moreira não é simpático! Não é afável e cheira a hipocrisia; as virtudes que ,talvez tivesse como professor ,perdeu-as , pelo caminho enviesado da política ,que lhe irá dar um “CADEIRÃO”, em Bruxelas.” Quem te viu e quem te vê…

----Alarmante a COREIA DO NORTE DO LOUCO KIM JONG-IL! Quem o pára, quando o miserável povo norte coreano está a morrer de fome?

sábado, 30 de maio de 2009

PRÉMIO ""BLOG D'OURO"

O BLOG ""BILROSEBERLOQUES" CONCEDEU_ME A SUBIDA HONRA DESTE MEU PRIMEIRO PRÉMIO, NO NOSSO MUNDO VIRTUAL.
É UMA HONRA QUE ME COLOCA DESAFIOS E ME OBRICA A OUTRAS RESPONSABILIDADES. AGRADEÇO ESTE PRÉMIO QUE VEM DUMA COLEGA E AMIGA ,UMA DAS MINHAS PRIMEIRAS "SEGUIDORAS".SE ME PERMITES, MINHA AMIGA, DEDICO ESTE PRÉMIO A TODOS OS AMIGOS BLOGGERS,POIS COM OS SEUS COMENTÁRIOS TAMBÉM ME AJUDARAM A IR DANDO PASSOS,NO CAMINHO PARA O APERFEIÇOAMENTO QUE,COMO SER HUMANO,CONTINUO A PROCURAR.
A TODOS,BEIJO DE LUSIBERO.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

”APELOS DA NATUREZA…”




Pensamentos como que “enviesados” levam-me a penetrar naquele pinhal a que nunca dei grande importância…
É verdade que julgo haver um momento próprio para darmos às coisas o valor que elas têm. Foi, provavelmente, um apelo da Natureza agreste, no seu cheiro peculiar a urzes, giestas, resina, folhas secas de pinheiro e pinhas a cair…
O chão, pejado de restos da natureza, cheira ao meu apetite de desvendar outros segredos…
Talvez seja outro daqueles momentos pensativos…
O sol brilha. Corre um arzinho fresco nesta linda tarde de Maio…ainda não muito quente, parecendo feliz com o bem estar de quem o goza, em plenitude.
Vejo os raios de sol a brilharem por entre as árvores das quais pendem pinhas, grávidas de frutos. Aqui e ali, os pinheiros que arderam cederam o lugar a restolho roxo com ar de urzes e giestas brancas e amarelas, formando, sem o saberem, um tapete “persa”, quase só meu… que me convida a um repouso de sons e cores extasiantes.Confesso-me apaixonada pela beleza daquela serra, lá no Caramulo! E sinto que não há aqui lugar para nenhum tipo de solidão, porque até a solidão está acompanhada por esta beleza, difícil de se ver noutro lugar, que não este mesmo!
Os anjos e santos doutros paraísos abrem uma janela furtiva, por entre as disfarçadas nuvens, para contemplarem, com inveja e ciúmes, a paz do espaço que não podem compartilhar comigo!
Nos campos, aqui ao pé, continuam os trabalhos rurais da época, feitos hoje com tractor. Ao longe, o casario parece adormecido… já não há fumo a sair das chaminés…Lembro outros tempos, os da minha infância, da minha pequenez no meio disto tudo, quando o fumo se confundia com o nevoeiro e enganava os incautos que se atrasavam no apalpar da terra, com o peso das enxadas…

A minha caneta, cheia da vida que eu lhe transmito, põe-se a caminho e começa a escrever todos estes pensamentos. Prodigiosa paisagem colorida é, igualmente, a do meu próprio pensamento, livre, relaxado e voluntarioso, nesta hora de “comunhão”… O ar, em música, afaga-me os cabelos. E eu seria desonesta se hoje, aqui e agora, permitisse à minha caneta que expusesse, despudoradamente, algum sentimento de amargura! “Hoje não, minha velha amiga! Afasta-te de tormentos existenciais e vive comigo a alegria destas horas de tojos, urzes, pássaros no ar, bichos-de-conta apressados, papoilas rubras inchadas de amor…”

Andam por aí, à solta, cheiros de flores que atraem abelhas aos cortiços…
Feliz, sem sombra de melancolias, repousada no meu interior saudável, pego nas minhas “riquezas” pessoais e meto-me a caminho. Pararei no café de sempre para beber a “bica” de sempre…

Senti que a vida me deu o braço, me ajudou a levantar e quer acompanhar-me a casa. Vou com ela, segura de que, hoje, dobrei um dos meus “cabos das tormentas…

Mensagem aos amigos...

Houve quem me tivesse perguntado por que tenho estado menos activa, estes últimos dias.´´E bom sinal! Tenho uma explicação simples,que sinto seja a mesma de quem não tem "falado"muito comigo:o trabalho com alunos ,que só se lembram de pedir ajuda no momento dos exames...
Prometo que, no fim-de-semana,porei em ordem as minhas habituais "entradas, no espaço bloguista!
Abraço de lusibero

terça-feira, 26 de maio de 2009

Íngremes, fantásticas lascas de rochas...

Íngremes, fantásticas lascas de rochas,
Cobrem os recantos ondulantes, feitos colinas;
Montanhas de pedra e matos queimados
Mais urzes rasteiras e cinzas abandonadas
Pelo” homem-fogo”, que acendeu a tocha,
Inundam estas terras, mesmo assim, divinas.
Falcões, águias, melros e cotovias,
Perdem-se, plenamente, pelos ares densos,
Procurando, avidamente, nos matos frios,
a doce substância para os seus sustentos.

Escuto a água escorrendo pelas encostas,
Cantando, contente, vibrando de alegria!

Atraída pelo abismo das rochas escarpadas,
Sinto mesmo o cheiro das árvores, que já o não são…
Procuro nelas, repouso para a alma, angustiada
Pela visão dantesca das rochas escurecidas.
Concentro-me nas minhas próprias energias
E abraço a montanha, com forças redobradas.

Quero ver árvores a florir, pássaros a cantar
E todos os elementos criando novos musgos,
Urzes, torgas, abetos e demais arbustos…

Deste modo, o Paraíso acontecerá novamente!
O sol, então, brincará com as nuvens, eternamente…
A Vida voltará a Ser, lentamente…

Deuses da vida! Dai vida aos deuses
Para que a revitalização seja, serenamente
O presente de um deus à Natureza descrente.


Cad.2B 24 SET/07

Caramulo-24/05/09

Termas de S.Pedro do SUL 24/05/09

Ainda o Caramulo-24/05/09

Caramulo e a nuvem-Passeio de 24Maio/2009



Vouzela, 24 de maio 2009




Desmaia-se de amor ante a visão do Douro!
Graças por existires, serpente ondeada!
Colinas em socalcos, vista deslumbrada,
Olhos na verdura das margens serpenteadas,
Eis-me que m’empolgo com as uvas doiradas!

O sol queima, onde os vindimeiros,
Corpo alquebrado,
Conduzem os cestos quase corados,
Ao centro de todo o mistério:
O cemitério das uvas!
Espremidas até à medula
De seus corpos coloridos,
Dão-se ao cálice doirado,
Que bebem as almas feridas!

Natureza agreste, que tudo deste, em troca do trabalho
Com que foste servida, pelo homem que cavou, sensível,
Os socalcos, por onde, hoje, passa a modernidade.
E em cada barrica de vinho do Douro há vida, saudade,
Tradições, histórias, dores e alegrias, cheias de humanidade.

Nas encostas, nas margens do Douro serpenteante,
Dominam os verdes mais variados,
Mas também a harmonia das rochas empedernidas,
Que falam Filosofia!
Fazem parte das “mortes” de Ontem;
Fazem parte da vida de Hoje…
E nenhuma delas foge
Pois estão no seu elemento natural:
Alto-Douro, região de Portugal!

FOTOS DO GOOGLE


2007 CAD1--1-07A

domingo, 24 de maio de 2009

AS MINHAS IMPRESSÕES DA SEMANA POLÍTICO/SOCIAL

-Estou a ver o jornal da noite da TVI, de hoje, dia 22/05/09.Condu-lo, como é sabido, a-pelo menos! -estranha, Manuela Moura Guedes.
Não aprecio o seu estilo de “imperatriz” intelectual da informação televisiva. Agressiva, convencida, narcisista do “falar”até às orelhas, irritante de sobremaneira, por vezes pouco cortês para com os convidados que devem dar as suas opiniões sobre as questões prementes da vida nacional (quando ela deixa!) penso que o dia de hoje será, para sua majestade, no mínimo, memorável…Já uma vez tinha visto Miguel Sousa Tavares pôr-lhe o dedo no nariz…
Mas calhou a vez de Marinho Pinto pôr a “capoeira” em ordem! Não sendo ele, como temos vindo a ver, “uma pêra doce”, sensato teria sido, por parte da senhora, não presumir que entende de coisas que só eles, advogados, podem falar. Gostei de ver o Bastonário da Ordem a pô-la na ordem. AH! E vou continuar a ver o jornal de 6ª,na TVI, para ir sabendo algumas daquelas novidades …de que mais ninguém fala!

_Continuam a surgir os nomes do primo de Sócrates e do tal tio Júlio (que está em todas, caramba!) no caso …e no caso… e no caso….
O homem, por este andar ainda se vem a descobrir que é dono de Portugal…Com aquele arzinho sensaborão…temos ali coisa “importante”!
Esperemos, pacientemente, que “os coelhos” do malabarismo político/invejoso saiam todos da “cartola”…É possível que não tenha sido só a ugt a estar, alegadamente, implicada em certas anomalias dos fundos europeus… Os da agricultura, esses, foram de volta para Bruxelas ,pois o pobre do ministro da agricultura não sabia que lhes fazer…
É claro que já todos sabemos que a ugt foi ilibada de toda e qualquer suspeita. Valha-nos isso, por agora…
--Ouvi na TV e li ontem e hoje nos jornais diários, que Oliveira e Costa, o Patrão das alegadas fraudes no BPN mudou de opinião e…quer dizer de sua justiça, o que quer dizer que quer “abrir o bico”! Faz bem, Dr…Amigos, amigos, fraudes aparte…Tem toda a razão! Que pague quem “alegadamente”, roubou! Homessa!
Já agora: tem o sr.dr. algum tipo de resposta para o facto de dias loureiro não querer perder a tal imunidade de que nós, portugueses não gozamos quando e se roubarmos um creme num qualquer super mercado deste “graaaaande Portugal? Como aconteceu à tal velhinha, um dia do passado ano…?
--Não sou pela pena de morte! Mas…face ao que vou dizer, não sei que dizer de mim própria!
É que fiquei triste por não ter havido justiça, para além da prisão perpétua, para o monstro Steve Green, o tal soldado americano que violou e assassinou, com requintes de malvadez, a menina iraquiana Abeer Qassim Al – janabi, em Março de 2006,ao mesmo tempo que lhe matava os pais e toda a família, pondo, de seguida, fogo à casa! É esse caso que eu refiro, aqui no meu blogue, há uns dias, com um humilde hino de homenagem. Apesar de tudo penso que, em julgamento, TAMBÉM! e ao lado do homem, deveriam estar outros réus como dick cheney, George w. Bush, rumsfeld, blair, aznar, barroso…
--Sócrates, a ministra da (des) educação e o ministro das finanças, vaiados em grande, numa outra escola! Saíram pela porta das traseiras com medo dos manifestantes! É bem verdade, como diz o nosso povo, que, “quem semeia ventos, colhe tempestades!”
Triste figura a da personagem principal que hoje até “FALA” espanhol, ao lado de zapatero!

--Não quero falar de polícias em manifestação, nem de rui pereira, nem de alberto costa…
Não quero falar de desemprego galopante, assustador, nem do vocabulário usado por uma minha colega numa das suas aulas… Também não quero referir- me à corrupção no seio dos membros do Governo britânico…Mas também não quero escrever com letra maiúscula o nome de certas coisas e/ou pessoas que têm a importância que têm e não a que querem ou pensam ter!
Volto, na próxima semana, com o meu “saco de Pérolas” da vida nacional, como eu a vejo, enquanto não me roubarem o pensamento…

sábado, 23 de maio de 2009

HOJE: passagem pela obra de JOSÉ RÉGIO (1901-1969)





Notável pensador, crítico literário, ensaísta, escritor e tantas outras coisas importantes para as nossas Letras. Eduardo Lourenço refere-se a JOSÉ RÉGIO (JR), nos seguintes termos, in “Tempo de Poesia”, a páginas 120/121: “Mas alguns, irremediavelmente poetas, ao perder a fé da infância, jamais puderam, porque poetas, perder a infância dessa fé. (…)”
Poeta maior, poeta controverso, principalmente pela coragem assumida em revelar as suas dúvidas religiosas e de fé, JR deve ser lido, com amor e cuidado.
Como os leitores já sabem e mesmo correndo o risco de ser repetitiva, não posso alargar-me, num artigo deste teor, pelo que me limitarei a dar-vos possíveis “achegas”, a fim de tornar mais fácil a tarefa, a quem tiver naturais dificuldades com estas matérias.
JR foi um artista multifacetado das nossas Letras, tendo passeado a sua genialidade pela Poesia, pelo Drama, pelo Ensaio, pelo Romance, pela Crítica, etc.
Os temas dominantes mais evidentes na Poesia são os de índole metafísica, Deus e as dúvidas do Homem perante a transcendência, o pensamento triste da Morte, fatal e inevitável; trata, ainda, as dicotomias com que cada um de nós se confronta, no dia a dia, como a verdade e a ilusão, a justiça e a injustiça, o bem e o mal, enfim, a frustração da existência:...”Sei que não tenho medo da Verdade” (…)
Advoga, ainda, a temática pessoana do Fingimento poético, verdade essa que se nota no poema “Lúcifer”: “Mas, para que ninguém saiba o que sei, / Mentirei! fingirei! /renunciarei!”
Esta e outras poesias atingem atitudes confessionais, através das quais o poeta põe a nu as suas dúvidas, os seus pensamentos mais íntimos, as críticas, a raiva perante situações de desigualdade, a sordidez de actos que denigrem o homem, como, por exemplo, a prostituição. Esta sua época literária, princípios do séc. XX, foi propícia ao aparecimento de imensas correntes de pensamento, ligadas a outros valores do homem no mundo. Lógico é, portanto, que JR sofresse influências de autores de fora de Portugal, como eram Bergson, Ibsen, Flaubert, Tolstoy, Camilo, João de Deus, António Nobre, etc.
Apesar de todas as dúvidas metafísicas, notam-se marcas dos seus contactos com os Evangelhos, nas suas obras; não ficam de fora impressões sobre a cultura tradicional portuguesa e temáticas do Saudosismo e do Modernismo. Em vários poemas, é notável a temática pessoana do “SER-NÃO-SER”,” o ser outro que já foi ou outro que ainda não é…”( in Introdução a uma obra, posfácio1969, em PDD, PORTUGÁLIA EDITORA, 1970, pág.99 e seg.).
A vida interior e o subjectivismo subjacentes ao ser humano, levam-no a “ver”, em cada um, os sinais contraditórios da nossa personalidade. Isso nota-se, claramente, em “Poemas de DEUS e do DIABO”, de1925. E é a luta entre o poeta e Deus que o persegue por toda a vida:”DESISTO DE TE ACHAR NO QUE QUER QUE SEJA,/de te dar nome, rosto, culto ou igreja…/-TU é que não desistirás de mim!” (IGNOTO DEO, em B.)
Egotista, Régio ignorava os outros e não aceitava os seus testemunhos. Admitiria Deus, como uma certeza, se deus lhe falasse directamente, a ele; aderiria ao cristianismo, se pudesse ver Cristo ressuscitado, com os seus próprios olhos. Mas Deus não lhe responde e fica mudo perante o seu cepticismo. Em “ Poema do silêncio”, diz Régio, a certa altura: “ Senhor meu Deus em que não creio! / Nu a teus pés abro o meu seio:/ Procurei fugir de mim, / Mas eu bem sei que sou meu único fim.”
Em “ O jogo da cabra-cega”, depois de tanto se confrontar com os seus dramas, JR chega a esta conclusão:”Assim, através do conhecimento de mim, se me revelava a humanidade. E assim se me revelou DEUS!”.
Esse seu humanismo iria provocar nele um modo peculiar de ver os outros, revelando uma vertiginosa simpatia para com os humilhados e sofredores, os ofendidos e os indignados, de quem o poeta se sente irmão, nas adversidades. As monstruosidades vulgares que lhe permitem compreender e aceitar que, afinal, sempre tem que caminhar com os outros, advém do reconhecimento da desgraça, da miséria, da opressão, das injustiças e dos vícios, em geral. É então que deparamos com o maravilhoso “Cântico Negro”: “Vem por aqui”- dizem-me alguns com olhos doces… (…) E nunca vão por ali…/ (…) Não, não vou por aí! Só vou por onde/ Me levam meus próprios passos (…) Ide! tendes estradas,/ tendes jardins, tendes canteiros,/ Eu tenho a minha Loucura! Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém. Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu que nunca principio nem acabo, nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.(…) Não sei por onde vou, /Não sei para onde vou, / -Sei que não vou por aí!”
O cristianismo da sua infância, folclórico e simplista, no modo como ele o entendia, sem bases teológico-científicas, se, por um lado, quase não resistiu à sua intelectualidade, também não o abandonou completamente. Palpitou-lhe na mente e no coração e fez com que a sua luta fosse, do princípio ao fim, uma busca bem como uma rejeição, constantes, de Deus.
Viveu, Régio, por várias décadas, em Portalegre, onde foi Professor também. Essa extraordinária vivência, na duplicidade Homem-Professor, retrata-a ele, em pujança, no poema “Toada de Portalegre”: (…) Em Portalegre, dizia, / Cidade onde então sofria/ Coisas que terei pudor/ De contar seja a quem for…/ E era, então, que sucedia/ Que em Portalegre…- A minha acácia crescia…”
O poema é belíssimo, mas muito grande; é, como disse, o retrato de parte da vida de Régio, como homem, como ser que se interroga…É, como ele se auto caracteriza, “o retrato de um ser só, nulo, atónito, que vivia como um AUTOCADÁVER”.

(artigo publicado no Jornal da mealhada, a 20 de Maio de 2009)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O MEU “BAÚ”…


O sótão da nossa casa é, para quem o tem, um lugar quase sagrado.
Existe um sótão em todas as casas velhas dos familiares que temos nas aldeias mais recônditas do nosso país. Há um na casa da minha avó, onde eu ia, em pequenina, com o intuito de ver as maravilhas, dignas da “Feira da Ladra”: era um local quase proibido, quase sagrado, quase misterioso, onde, ao longo de anos se iam acumulando velharias, mesmo que cheias da vida que lhes transmitimos, ao longo da vida, manuseando-as.

Um dia destes, sem que o tivesse premeditado, decidi subir a escada, deixando para trás aquele sentimento de medo que me invadia, em pequena: medo da avó que não era para brincadeiras, medo dos “fantasmas” que por lá dormiam, medo de me confrontar com forças misteriosas, abafadas pelo ar dos tempos…

Tanto pó à minha volta! Tantas teias de aranha! Encontrei um sítio em cacos e uma névoa que parecia querer cobrir espaços da minha infância, bocados esquecidos de mim, num tempo em que não fui feliz. Desse tempo, de que não quero falar, não tenho boas recordações e este “nevoeiro” denso, que apercebo pela luz das duas telhas de vidro, adverte-me, instintivamente, para o aparecimento de um qualquer SER, reflexo da minha idade primeira, eu própria…quem sabe? transformada na mulher que sou e que quero continuar a ser, com os ajustamentos que os tempos e a idade permitiram que me fosse fazendo…

Olhem aqui os tapetes velhos da avó! Comidos pelo tempo, antiquíssimos e sujos…eis que me deixam perceber a forma de um baú! Estranho… não é de metal nem de madeira…não recorda os dos filmes de piratas…é etéreo, fantástico, existe sem existir… mas convida-me a mergulhar as mãos num fundo que não existe, à procura de qualquer coisa de que, possivelmente nem lembro. Já conheço esta sensação do “tem que ser”… E do fundo do “baú”,começo a retirar bocados de velhos papéis desfeitos enterrados em pó, bocados de pensamentos onde guardei memórias de mim, do bom e do mau que em mim houve, até à “minha tomada da Bastilha”, que se deu quando entrei na Escola Superior De Educação, enquanto meus pais lá continuavam, juntinhos, em São Tomé e Príncipe, donde eu vim para a ”metrópole”, aos sete anos da minha inocência .

Não deixo de pensar que este “baú” cheira a musgo dos anos molhados de lágrimas minhas, ao vencer etapas de merecidas fugidas da mediocridade. Nele está grande parte do meu rolar da pedra, montanha acima, qual rei “SISIFO”! Folhas amarelecidas de cartas de meus pais para a minha avó… velhas fotos a preto e branco da minha comunhão… o meu primeiro “Livro de Curso", com uma caricatura dos meus traços físicos…Sim, porque os morais, espirituais, guardei-os e fui-os aperfeiçoando até hoje!

Ao longo dessa vida que deixou resquícios gravados pela força das lágrimas, ganhei outro Curso, a Licenciatura em Estudos DE Português e Inglês, tive dois filhos, perdi um casamento sufocante, viajei por países de outros continentes, ao longo de uma etapa que acreditei ser de salvação…

Que foi feito de mim, “baú”, que me encontro, aos pedaços, dentro de ti? És, apesar de tudo, o meu momento especial dos últimos tempos…

E não termino sem citar duas frases de Fernando Pessoa, do “Livro do desassossego”, que penso irem de encontro a todo este viver:”O valor das coisas não está no tempo que elas duram mas na intensidade com que acontecem. Por esse motivo, existem coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.

Tu, “baú”, és o meu momento inexplicável…
As folhas amarelecidas são factos inesquecíveis…
Eu só sou comparável a mim própria!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Poema: ciclo "Mulher-quarto-crescente"...


Estiveste aqui...sinto-o!
Há um rasto de odor familiar,
que me recuso a cheirar!
Não tinhas o direito de entrar
no espaço restrito, sagrado,
que me apressei a renovar!

Na mesa de entrada
estava sozinha guardada,
a chave d'outros momentos,
de tantos tormentos...

A gaveta conspurcada
por mentiras repetidas,
vi-a aberta, desnuda...

Sacrário meu, violado!

Não o farás, -nunca mais!
Sou EU quem guarda meus ais!



C6F-65/19- ABL/09

Poema "Longo caminho..."


Percorro teu corpo
à procura de MIM.
Vou...insano, louco...
Que caminho longo!...
Galgo colinas nesses teus lábios,
coral sem fim,
onde um rio, entreaberto,
parece chamar-me, enfim...
Tacteio teu rosto, suavemente,
na força da minha mão viril.
Vejo, no sol brilhante,
que o cais desta minha viagem
são teus doces olhos,
...distância de ti...


Dói meu peito, ao pressentir,
que o deserto onde te perdes,
não é o do meu luar!

Teu olhar,
parado em janelas sedosas,
deixa correr gotas de água,
em forma de lágrimas copiosas!

DEUS! como anseio por esse olhar,
onde me perco a peregrinar!
Mas...
triste certeza acaba por me assombrar:
não é por mim
esse teu chorar...


C6F-47-MRÇ/09

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Praia da Tocha:sempre bandeira azul(Cantanhede)


Vagueira- Aveiro


Passeio na Costa Nova-Aveiro


As minhas impressões da semana político-social

-Falemos da tal empresa alemã que, em Março, Sócrates apadrinhou, com pompa e circunstância, para TV ver,e que era para a criação de painéis solares…Afinal, foi um “flop”! A própria empresa alemã retirou o certificado à tal empresa, porque não era verdade o que Sócrates tinha anunciado…Decididamente, a vergonha deixou de existir nos discursos dos políticos e demais dirigentes. Vale tudo para tentar enganar o povo, novamente, na campanha eleitoral que se aproxima, a passos largos… Estejamos atentos e vejamos se, largando os passeios em carros topo de gama, convenientemente escoltado pelas brigadas da polícia, o nosso primeiro começa um périplo discreto por esse PORTUGAL, a cair de fome e de desemprego… Pode ir mesmo em calções…como se fosse “correr”, em cuecas, por essas avenidas dos países que visita… Importaria que fosse apreciar o que é a dignidade humana, nessas aldeias, longe do mundo, onde ainda não há electricidade ou/e água…

-O Mundo português está em choque, com o que se está a passar nos bairros sociais, Boa-vista, Chelas... Esperem para ver… Entretanto, se eu e milhares de portugueses quisemos casa, tive que pagar ao Banco, de há 16 anos a esta parte, uma tremenda prestação mensal. Acaba este ano esse tormento…mas paguei-o, com “língua de palmo”.

-O PORTO conquistou o “TETRA”! Sendo eu benfiquista (não “doente”), reconheço o mérito de quem trabalha e, neste caso, de treinadores e jogadores!
PARABÉNS DESPORTIVOS ao F.C.P!

-Afinal, está provado, como resultado dos inquéritos da PGR que Lopes da mota está metido nas “pressões” até ao pescoço! Mas…não é o único, pois não? Então, porque é que o senhor há-de pagar as favas, sozinho? Deixe-se de altruísmos, antes que a pressão lhe faça rebentar as panelas, lá em casa, e diga lá, aqui ao ouvido: quem são os outros, quem são?

-Notícia linda: a expedição portuguesa ao Árctico chegou já lá!
Os dois cientistas lusos vão estudar os efeitos das alterações climáticas sobre o “permafrost”, a camada eternamente gelada das regiões polares, para se começar a perceber o efeito dos elementos polutivos sobre o mesmo. Que o Senhor, através da Ciência, os ajude e nos ilumine para mantermos a Terra, nosso único HABITAT habitável…

-Vem no Público de hoje: em primeira página”TRÁFEGO DE e-mails VAI SER GUARDADO!
Lembro-me dos métodos censórios do tempo da PIDE e do “lápis azul” de João coito…Confesso que a “nova PIDE”, esta do governo Socialista do sécXXI, está melhor, mais refinada! Com todos os apoios das “novas tecnologias”… isto está a ficar cada vez mais perigoso. Que esperam os portugueses para correr com este novo salazarismo bafiento?
Qualquer dia, nos nossos blogues, vamos passar a perguntar, uns aos outros:”olá, tudo bem?”-“como vai o tempo por aí”?
E apetece-me GRITAR:”PÁ, URGENTEMENTE ALGUM CHEIRINHO DE ALECRIM!”

-Mas há mais… fica para um dia destes …RESPONDAM, SE SOUBEREM: ainda estão operacionais as cadeias de PENICHE, CUSTóIAS…etc.? PORRA! ESTOU COM medo! Aliás, parece que já se nota um certo cuidado nos comentários de pessoas, que costumavam comentar-nos…

MAS... NÃO HÁ MACHADO QUE CORTE A RAÍZ AO PENSAMENTO! (não se esqueçam disso, amigos!)
LUSIBERO

TRECHO DO PARQUE DA CURIA,em 11/05/09

"Língua" da ria de Aveiro, em 17/05/09

Passeio pelos meandros da Ria

domingo, 17 de maio de 2009


As águas do rio fluem…

Sentada nas suas margens,
Abro, serena, os sentidos,
À força de outras aragens…

São essas águas,
Vida que corre, rumorejante…
Saltitam, dinâmicas, de pedra em pedra,
Inconscientes do sofrimento angustiado
De quem as fita, em terra, desanimado…

Vivem sempre, as águas do rio…

Mesmo que no leito corra um só fio,
Elas são constantes, no seu ar deslizante,
À vontade, alheias aos olhares errantes…




CAD 4 D -100 – JNH/08- (519)

sábado, 16 de maio de 2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009

BAUDELAIRE




ADENDA:só agora reparei que não referi a base para este singelo trabalho. Faço-o, agora, com um sincero pedido de desculpas ,por honestidade intelectual e por ética.O livro de onde retirei o soneto de Baudelaire é do tempo em que andei na Alliance Française", intitula-se "XIXe siècle, de LAGARDE&MICHARD, 1969,ISBN2--04--000050--X




BAUDELAIRE

Quero, hoje, falar de poesia de Língua Francesa, sem pretensões, para quem se interesse por este tema, nomeadamente os meus colegas de Francês.
Falo-vos de um poeta, Baudelaire, (1821-1867) do Período Realista, que muita influência exerceu sobre o nosso Cesário Verde, no século XIX.
Poeta do amor, da boémia e do dandismo (a boa vida!), é o autor, entre outras obras, da colectânea “Les Fleurs du Mal”.
Na sua poesia nota-se a busca do “Ideal”, acabando por concluir que este não se encontra num mundo onde imperam a miséria, a doença, a pobreza e a maldade que contribuem, em conjunto, para uma quase “esterilização” da arte. Por tal motivo, o poeta sofre ao observar a dureza do mundo que o rodeia…sofre com a realidade da triste condição humana, com a triste sina do ser que CAMÕES, no século XVI, em “OS LUSÍADAS”, apelidava de “ pequeno bicho da terra”. Sobretudo, Baudelaire lamentava o facto de um artista da palavra nunca estar satisfeito com a sua obra. E encaminha-se, naturalmente, para a interpretação mística das coisas e das situações ,o que lhe permite sublimar o “IDEAL” ,na busca da Verdade.
Apresento-vos o soneto “A une passante” (a uma mulher que passa…) que nos recorda alguns poemas de Cesário, dedicados à mulher, como ser frio, superior, inacessível, na beleza das suas formas e no gelo com que olha o poeta, que sente a humilhação da lonjura que essa mulher estabelece, entre eles.Veja-se, nesse sentido, o poema de Cesário “DESLUMBRAMENTOS” e ainda “Humilhações”, “Esplêndida” ou “Frígida”…

“A une passante” de Baudelaire

La rue assourdissante autour de moi hurlait.
Longue, mince, en grand deuil, douleur majestueuse,
Une femme passa, d’une main fastueuse
Soulevant, balançant le feston et l’ourlet;

Agile et noble, avec sa jambe de statue.
Moi, je buvais, crispé comme un extravagant
Dans son oeil… (…)

(…) Car j’ ignore où tu fuis, tu ne sais pás oÙ je vais.
O toi que j’eusse aimée, o toi qui le savais! “

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Aveiro: vozes da ria, em mim…fragmentos do Mundo, em nós…




(fotos do google)

Por todos os lados por onde se espraia, quer para norte, quer para Sul, Este ou Oeste, a ria estende-se, dolentemente, consciente dos seus domínios.
No Inverno, ao entardecer, o nevoeiro é tão denso que nada se vislumbra a dois passos dos nossos olhos. A ria de Aveiro estica-se, molemente, até à Torreira, Murtosa, São Jacinto…enfim, desde Ovar até Mira, onde repousa na “BARRINHA”, espreguiçando-se da longa peregrinação que faz, por entre canaviais, areais, juncais e…sei lá que mais!
Estou ,por um período de dois dias ,na BARRA, terra onde se situa o “FAROL” mais alto da Europa e um dos mais altos do Mundo. Grandioso e belo monumento das pedras que ganharam Vida ,para a entregarem aos pescadores, que nele se apoiam…Uma amiga, resolveu ceder-me a chave desta sua casa, enquanto que, num congresso de Farmácia ,se deslocou à região da PATAGÓNIA.
DA varanda, sinto o cheiro a maresia, que se entranha no sangue, bem como o odor de algas e barquitos, levados, com todo o cuidado, por homens arrojados, conhecedores dos segredos das “línguas “ da ria, onde, de quando em quando, ainda se apanha a enguia.
Só quem conhece bem esta região e os tentáculos de polvo, que são os canais da mesma, se afoita por entre os arbustos espessos e os canaviais, molhados pelo orvalho da noite e onde a minha fértil imaginação pressente seres místicos, sobrenaturais, à espera do homem que ousa… É estranho e misterioso o laço que se estabeleceu entre o homem da ria e a própria ria!
É como que um enamoramento eterno, um amor correspondido até à medula, embora haja lugar nele para certas traições…
Oiço o mar a encolher-se, escondendo-se por trás dessa maré branca de nevoeiro e espuma, como se não quisesse ser visto…
MAS SINTO A TUA PRESENÇA, MAR DA NOSSA GRANDIOSIDADE! Não me foges, facilmente, porque te prendi no meu pensamento! Procuro-te lá e aqui, quando o caminho estiver aberto pelos raios do Sol e a sombra danada do orvalho não me meter medo!
Aqui, de inverno, a noite acontece cedo. Faz-me companhia a música de que gosto e o som das ondas a bater na areia e na solidão dos meus pensamentos. Mas, estou bem; calma e agasalhada, vou tomar uma “bica” ao Café do rés-do-chão.Não há muita gente e nota-se que são pessoas de passagem, como eu.
A paisagem exterior, brumosa e vaga, interliga-se com o meu interior…porque íntima e conducente à calma. Que faço eu, aqui, na rua, no meio de tanto frio? Subo as escadas, entro na sala e aninho-me, quentinha, no sofá, Não me apetece ler! Não me apetece escrever! Vou ver este documentário sobre a civilização Inca, lendo as legendas, para poder ouvir a música e o “barulhar” do mar…

Todas as sensações se viram para mim, numa cumplicidade mística que cheira à ria e ao mar, que dão paz de alma e… ficamos assim, quentinhas, umas com a outra..O silêncio da noite só é quebrado pelo toque ritmado do sonoro farol; as luzes do mesmo batem nos estores, de modo cadenciado, reflectindo na sala os milhares de “volts”, que encaminham a bom porto os corajosos navegantes da ria e do mar…NEM ME LEMBRO DE TER ADORMECIDO…

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A limpidez e a claridade na poesia de EUGÉNIO de ANDRADE





De Eugénio de Andrade diz ANTÓNIO LOBO ANTUNES:
“Este poeta é o amigo mais íntimo do sol…mas é, igualmente, o conhecedor melancólico da sombra.”

A poesia de Eugénio de Andrade (E.A) foi sempre, apesar da transparência (aparente…) e da simplicidade, um campo onde o sol alterna com a sombra, a terra com o céu, a justiça com a injustiça, e assim por diante, no campo de todos os opostos que caracterizam as vivências humanas.
Desse modo, do que sei sobre este poeta, posso dizer que ele trabalhou, com lágrimas nas mãos, os temas mais naturais da Vida do HOMEM-SER: a casa, a terra, o ar, o fogo do amor e da vida, da paixão pelo que somos e fazemos…guardando, nessa poesia, um lugar muito especial para a figura da MÃE: …”No mais fundo de ti/ eu sei que traí, mãe. /Tudo porque já não sou/ o menino adormecido/ no fundo dos teus olhos. /…Ainda oiço a tua voz: “Era uma vez uma princesa/ no meio dum laranjal…”
Não me esqueci de nada, mãe. /Guardo a tua voz dentro de mim.”
A poesia de E.A sentiu-se envelhecer, à medida que envelhecia o poeta: foi uma vida a dois, com a qual ambos lucraram; nos ardores da juventude e, mais tarde, naquela idade em que, apesar dos “enta”, ainda nos sentimos capazes de ser jovens…foi isso mesmo que o poeta fez com o leitor, oferecendo-lhe uma mensagem poética clara, diurna, solarenga, em que ele quase nos pede que peguemos a vida nas mãos, tão maravilhosa ela é!
Mas o poeta tem consciência do fatal envelhecimento e das fracturas que provoca, em todos nós, pois começamos a ver diminuir os dias que faltam para a fatal Verdade do homem. A noite cerca-nos e a solidão, mesmo que acompanhados, dói:” Hoje deitei-me ao lado da minha solidão…” E então, a velhice torna-se para o poeta “uma doença da alma”.
Para nos ajudar na interpretação da sua poesia o poeta busca, afincadamente, a PALAVRA certa, aquela de que qualquer um precisa, “naquele exacto” momento para lançar aos ventos a Mensagem. Por isso, sofre, pois, tendo tantas à sua disposição…há sempre outra que talvez “ali” ficasse melhor…
Sobre as palavras diz, então, E.A:”São como um cristal…/…Algumas, um punhal, um incêndio…orvalho…secretas…inseguras…pálidas…desamparadas…cruéis…desfeitas…”
A sua linguagem sentida tem por função despertar no leitor as emoções indispensáveis à “leitura”, à compreensão da mensagem poética.
E sabe-me a música qualquer poema deste homem superior, tocado pela Musa!
O escritor Vergílio Ferreira chamou-lhe “Poeta da intensidade”; e essa intensidade espalha-se de tal modo a toda a sua temática que é forçoso ver na sua obra a preocupação humanista, nomeadamente quando se refere ao corpo humano, à mãe, à terra, à casa- lar, à saudade, ao corpo, à luz e às sombras.
ERNST CURTIUS diz:”…tema é tudo o que tem a ver com as relações primitivas da pessoa com o mundo.”
Ora, há por aí gente que, como as plantas mirradas, nunca chega a desabrochar. Ou, por razões que a própria razão desconhece, ou porque não conseguem abrir-se ao mundo devido a um número elevado de motivos, que se prendem até com condições educacionais, sociais e/ou político-filosóficas, impeditivas do conhecimento, que as pode engrandecer. Isso não aconteceu com o nosso poeta de hoje, o qual, apesar das adversidades, se impôs, “libertando-se da lei da morte”, como dizia Camões, dos outros heróis, de antigamente.
O amor, sobretudo, e particularmente, atravessa a sua obra; reparem na beleza que se expande do poema “Urgentemente”: “É urgente o amor…/É urgente destruir certas palavras, / ódio, solidão e crueldade;/ alguns lamentos, / muitas espadas/…É urgente inventar a alegria!”
Eu diria, “ reinventar”…pois, entendo o poema também como um apelo à PAZ, a tudo o que possa unir o Homem à terra em que habita e com a qual forma um corpo místico, uno.
A terra, o nosso mundo, tal como nós próprios, é imperfeita, dado que nós para isso contribuímos e, por esse motivo, alterna sol com sombras…Ora o poeta anseia por luz e claridade, pelo discernimento que encaminha a personalidade para o aperfeiçoamento.
Assim, sofrendo com as dores do mundo que o rodeia, declara-se, abertamente contra o “ nuclear”, por exemplo, dando um testemunho importante para essa questão, no poema: “Ao Miguel, no seu 4-0 aniversário e contra o nuclear, NATURALMENTE!”
Amigos leitores: mesmo que pensem que não gostam de “versos”…façam de conta que gostam! Andem lá…leiam um bocadinho de qualquer um, dos tantos melodiosos poemas da nossa história literária e, se quiserem, tirem dúvidas comigo!
Deixo-vos, hoje, com um pensamento de Montaigne; nem importa quem ele é…Basta que reparem na sua mensagem: “O fim último da vida não é a excelência mas sim, a felicidade.”



TEXTO PUBLICADO NO JOR NAL DA MEALHADA EM 18 /03/2009

Os últimos dias político/sociais em Portugal..."

-Foi,pelo menos,intrigante,aquela "saída" de sócrates, quando afirmou(para votante ver e ouvir)que, num país democrático, não se dispara contra a polícia eas esquadras da polícia, ,que não se deve tratar mal os agentes da autoridade, que nos defendem...Mas, quem é que fez as leis, aprovou e se congratulou, louvando-o, o novo Código Penal?Não foram ele, o seu governo e os seus indescritíveis ministros da justiça e da administração interna?
-E, por que motivo a Procuradora Mª José Morgado, seguindo as pegadas de Jorge Cravinho,reafirma, alto e bom som,que o recém aprovado financiamento dos partidos vem aumentar o risco de corrupção e o enriquecimento, ilícitos?
Não foi também o governo de sócrates que fez aprovar , com a conivência do PSD, o tal novo Código Penal, que tanto jeito tem dado aos delinquentes e a toda a espécie de malfeitores, em Portugal?Quanto aos juízes que os libertam,para o povo, incompreensivelmente, há um ditado, em Portugal que diz :"Quem tem cu...tem medo!" Será o caso?
- Mas é claro como a água que sócrates, do alto do seu narcisismo e da sua cegueira, vem logo dizer que a culpa é "dos outros"! Eles, os "anjos para votante ver e ouvir","só querem governar..."os diabos" (leia-se a Oposição) estragam todas as suas "boas" obras!Porque eles, os anjos ,querem ..."trabalhar"...O quê? quem? Onde?como?Responda quem souber, porque , por exemplo, o retorno do meu IRS diminuiu, este ano ,para menos de metade...
Para onde vai o dinheiro dos que estão a pagar tudo, com "língua de palmo"?
Pois... para pagar, pelas mãos de teixeira dos santos, os alegados roubos nos BPNs e BPPs,ora pois então!

-Outra de sócrates, que não dá para chorar, porque é digna de riso:ele só pensa numa nova MAIORIA ABSOLUTA!ihihihihihih...
E diz ele que não é para ter poder!(já está tudo dito!) É para continuar a "governar"e a endireitar o país!ahahahahahah...
Pergunto eu, sem querer ofender:quem tem destabilizado o país desde que para lá entrou, há quase 4 anos?
-Soube-se, hoje, que o sr.lopes "qualquer-coisa" sempre exerceu pressões sobre os magistrados ,no caso FREEPORT...Alguém tinha dúvidas? Eu,não...MAS, perguntar não ofende:quem tem tanto medo de que se saiba a verdade?

Ó PORTUGAL de FERNANDO PESSOA!Sem rei nem roque! sem lei!sem luz! ninguém sabe a alma que tem ou se a tem!Já ninguém sabe o que é mal e o que é bem, de tal modo se inverteram os valores!"Ó PORTUGAL, hoje és nevoeiro...É a hora!"-"Mensagem", em 10/12/1928.
ou de como dizia SOPHIA de MELLO BREYNER:"Perdoai-lhes, Senhor, /porque eles sabem oque fazem!"
-A vergonha desapareceu ,por completo, dos discursos dos políticos!Tendo em vista enganar os incautos, desdobram-se em amabilidades e promessas,face à campanha eleitoral que se aproxima , a passos largos!Até sócrates vai ter a coragem de visitar a Madeira...Fico-me por aqui ,hoje, amigos bloggers... Na verdade, estou cansada... Não dei erros ortográficos;certas palavras escrevi-as com letra minúscula, porque quis!

domingo, 10 de maio de 2009

sábado, 9 de maio de 2009

A minha singela homenagem à memória de ABEER QASSIM AL-JANABI




Este título pode não dizer nada a muita gente. Só falo nele, hoje, porque ontem os telejornais o lembraram e é hora de vos dizer o que penso…
Em MARÇO de 2006, no IRAQUE, um grupo de soldados americanos, chefiados por um facínora de 19 anos, entrou em casa de uma pobre família iraquiana, violaram e assassinaram uma menina de 14 anos e, não contentes com a proeza, mataram toda a família e deitaram fogo à casita, para que não restassem provas nem testemunhas. Eu li sobre esse caso numa revista inglesa, no ano passado. Nesse artigo, o jornalista dizia que o caso, tal como tantos outros casos de guerra, parecia ter sido esquecido, até talvez pela pressão que BUSH exercia sobre o mundo, no sentido de não serem, os soldados americanos, levados a julgamento, perante o TRIBUNAL INTERNACIONAL DOS DIREITOS DO HOMEM. Ontem, ao ver os noticiários, vi que o caso está bem vivo e que os facínoras vão a julgamento, agora, correndo o risco de serem condenados à pena capital.
Fiz, nessa altura um poema que publico, hoje, neste meu blogue e tomo a liberdade de o dedicar a todas as mulheres e crianças violadas ,maltratadas, assassinadas ,sem alma, nos “teatros” de guerra, nos colégios de PORTUGAL E DE TODO O MUNDO ,com a humildade de uma autora , como eu, não publicada.





HINO A ABEER QASSIM AL – JANABI

Chamava-se ABEER QASSIM; tinha catorze anos,
Idade da pureza da juventude explosiva
De todas as nossas ilusões.
Vivia com seus pais num casebre, um tugúrio,
Em Março de dois mil e seis, da era do “senhor”,
No Iraque, terra de horror.
Pela calada da noite, incautos e indisponíveis,
Dormiam ainda os deuses, no dia de mau augúrio…
Tudo num simples murmúrio, Heracles foi lá roubá-la!
Monstros armados doentes, presumíveis protectores
Daquelas gentes,
Reconhecidos como “soldados americanos”,
Chegaram, mui de mansinho…
Quais cobras venenosas, dissimulados na noite,
Estes agentes do MAL tomaram ABEER QASSIM…
Barbárie cruel, frenética: menina violada, assassinada e queimada,
Junto com os pais e demais familiares…cujos gritos não chegaram a outros lugares!
(E ainda não se esgotaram os ecos de tragédia da aldeia de MAI LAI…VIETNAME!)
A tua fotografia, ABEER QASSIM,não mereceu honras
De projecção mediática, em jornais ou revistas universais.
Não convinha aos grandes senhores da Terra,
Donos da PAZ e da GUERRA…
Em vigília estejamos, senhores, contra tais protectores!
Mas nós, hoje, conhecemos-te, doce “menina-mulher-mártir”!
Sofremos com a tua sorte
Que o rosto voraz da morte levou,
Quando os dragões cuspiram línguas de fogo,
No teu corpinho redondo de – menina-a-ser mulher!
O que se possa dizer, hoje, a teu respeito,
Só pecará por defeito; é póstumo e fere até à medula!
No nosso pensamento, difícil é imaginar o tormento
E a conspurcação animal, sofridos às mãos dos deuses do MAL,
Falsos heróis “sagrados-Satanaz”!
O teu corpo angelical permanecerá assim, angelical!
Para os animais que te sujaram, com tanto mal,
A morte igual deveria ser o menor dos castigos,
A menos que fosse na proporção brutal,
Do que fizeram contra o teu “corpo-sacrário”…
Os teus algozes, animais ferozes, anti-heróis ignominiosos,
Andam ao cimo da terra… passeiam-se por aí,
Trajados de crime horrendo e de grande hipocrisia,
Passam pelo dia-a-dia, com mantos de impunidade!
Permite, ABEER QASSIM, com toda a minha humildade,
Que te declare filha da, também minha, Humanidade!
Declaro-me, em nome de todas as mulheres, em sofrimento,
Anti-BUSH, anti- HITLER, anti-KARADZICH…anti TUDO
O que possa permitir que apareçam no mundo
Bestas iguais, aos animais que te profanaram,
E que ardem já nas chamas, de quem não tem porvir!
Para bem da humanidade, em que vivo e acredito,
Declaro-me um ser aflito!
Confio que, na minha aflição, a fragilidade da dor
Possa, um dia, gerar Flor…



POEMA C2B- 101- ABL/08- REG.1143

sexta-feira, 8 de maio de 2009

“O FAROL…”






Por entre as ruas da cidade, caminho ao cair do sol, de uma noite de Julho. É noite de lua, redonda e fresca, que se reflecte ao cimo da água do mar, como de aquele luar escorresse, trémulo, sob a forma de mil fios de luz…Ilumina, naturalmente, os passos que dou, tal como os d’ outros caminhantes que aproveitam o fresquinho da noite aconchegante, para partilhar aquele ar saudável com os seus músculos e a sua espiritualidade. Para quem é um pensador, como eu, este é um momento único, pois o branco do dia desmaia perante o pôr-do-sol, que sucumbe à luz da lua, pujante, no momento em que se entranham, que se misturam…
No jardim, em frente à Câmara Municipal, um banquinho de pedra espera por mim. O horizonte avermelhado dá um ar de mistério, solene, ao meu quedar-me, ali. Crianças, acompanhadas de pais e avós, correm, saltam, gritam alegremente, inconscientes do mundo e das preocupações dos mais velhos.
Estou só, no meio desta gente toda! SÓ, porque quero, pois comigo passam férias os meus dois filhos e os meus três netos. Sinto que esta é a minha Hora… aquele momento do dia em que, em paz, me encontro com o que vi, vivi e convivi, ao longo do dia. Este entardecer multi color é uma dádiva do Criador, que nos mantém longe de acidentes dramáticos, como são as guerras, as lutas, as hecatombes naturais ou não.
E sinto que o pensamento cede à emoção, comovendo-me ao pensar que existo! Pensamento/razão e emoção compõem a metafísica do meu ser. É por isso que é impossível ser indiferente ao “barulhar” dos passarinhos já recolhidos nas árvores, a meu lado, piando de vez em quando, como que clamando pela minha atenção, para que sinta que não estou sozinha, de todo…
Levantei a cabeça, para ver o derredor…Dou de caras com a torre da Igreja local, iluminada, abundantemente, como nos dias de festa…Lembra-me um FAROL a indicar o caminho aos cépticos, aos não crentes, aos seres problemáticos que todos somos.
Um farol tem essa função: indicar o caminho, por meio de sinais luminosos e sonoros, aos pescadores, em noites difíceis da peregrinação que é a busca do pão do mar…Fascinou-me, aquela torre! E, como a Razão não se separa da existência, dei comigo a procurar aquele “farol”, dentro desta noite comigo. Levantei-me, peguei na carteira, no meu livro e no meu inseparável caderno de apontamentos e dirigi-me, pela rua principal, à procura daquele raio de luz.
KANT, filósofo alemão, diz:”O homem é a finalidade última do mundo, não como sujeito conhecedor ou como ser sensível, mas como ser moral.”Esta é uma afirmação de carácter subjectivo, como o são, aliás, todas as afirmações dos filósofos, às quais se opõem as de outros filósofos…Razão tinha Alberto Caeiro, o heterónimo de Pessoa que se recusava a pensar, “porque pensar dói, como andar à chuva…”É claro que, ao recusar-se a pensar, explicando as razões dessa atitude, ele que se auto proclamava anti-pensador, passa, imediatamente, a ser um pensador!
É claro que tudo isto vem a propósito do meu decidir-me a procurar o tal “farol”…Sendo, como sou, um ser emocional e pensante, estas duas características guiaram os meus passos àquele espaço sagrado; católica como sou, educada num colégio de freiras da Congregação de S. José de Cluny e, apesar de me ter desligado dos princípios que me foram incutidos nesse tempo, por força dos “trambolhões” da vida, não reneguei NUNCA a minha vontade de procurar um espaço destes.
Entrei. Pus os cotovelos sobre o banco e olhei para o altar, em frente. Não rezei! Não sou capaz de o fazer sob pressão, mesmo que seja eu a exercê-la sobre mim. Bastou-me estar “ali”… Senti naquela Igreja o meu farol, chamando-me a bom porto, onde ainda não aportei.
Concluo que encarno uma aspiração…Não me decido a saber qual é… sei que o “farol” estará “ali”, pronto a desviar-me dos “rochedos”, para que não deva naufragar… já bastam os d’outrora que, apesar de crentes, naufragaram à procura “do Oriente a oriente do oriente”, como dizia Álvaro de Campos, outro heterónimo de Pessoa, no poema “Opiário”.
De volta a casa, havia uma paz estranha em mim…
Mas, onde está o “farol “misterioso e omnipotente, que me pode conduzir ao “caminho”? Não quero sentir-me como “Alberto Soares”, narrador- personagem e alter-ego de Vergílio Ferreira no romance “Aparição”: perdido, desnorteado, místico e desvairado de insegurança.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

OS NOSSOS POLÍTICOS...

Há dias ,fiquei escandalizada com a opulência de maldade, com que o ministro do trabalho tratou os operários, à porta do desemprego, na fábrica que ele foi visitar,virando-lhes, arrogantemente , as costas, sem os ouvir, sequer.
O SS de serviço,(leia-se SANTOS SILVA), também ministro do (des)governo de agora, continua com o seu ar de soberba , aos pontapés na diplomacia, num tom arruaceiro, quer para com a Oposição ,quer para com o país que não está em consonância com os seus dislates...
Ricardo Rodrigues, deputado do PS,envereda pelo mesmo caminho, contra tudo e contra todos, desde que se possa manter a limpar as botas do grande chefe...
Manuel Pinho, designado desastroso ministro da economia , apanhou os tiques da grande "autoridade" e desatou a mandar os políticos da Oposição, na pessoa do DR. Paulo Rangel, comer "papas MAIZENA", para chegarem à altura de basílio horta...que ,quanto a mim, pouco mais alto é! Aliás, quanto a mim, até tem baixado um pouco...
Aproveitam-se João Cravinho e Mª José Morgado(que nem ministros são),na sua luta contra os enriquecimentos ilícitos de todos os que nós conhecemos, através de toda a comunicação social...Quais "D.QUIXOTE" contra moinhos de vento,vão, para nosso descanso, levantando a lebre, de vez em quando... Cheira mal este país, por culpa de tanta -alegada- porcaria, que por aí anda!

Poema de W.B.YEATS


When you are old and grey and full of sleep,
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim Soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.





Um pouco de boa Literatura, neste caso, irlandesa.
YEATS nasceu em Dublin, em 1865 e faleceu em Menton (França) em 1939.
Poeta e dramaturgo, de personalidade singular...no mínimo, foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, em 1923.
Tendo vivido o conturbado período da 1ªGrande Guerra, esse factor determinou nele uma visão pessimista da Europa desse tempo.
Considerava o "velho continente"incapaz de tomar nas mãos o destino da renovação europeia,sem capacidade de preservar usos, costumes, tradições e Cultura, sobretudo,o que lhe valeu ser considerado um tipo anti democrático.Foi um modernista ,em muitos sectores da vida e do pensamento,apesar de não ser reconhecido como um filósofo.A sua visão apocalíptica da Europa estava em consonância com EZRA POUND e T.S.ELIOT.
Mas o nosso Fernando Pessoa também partilhou das suas ideias... A obra de YEATS estava eivada de misticismo,espiritualismo, astrologia e ocultismo; se recordarmos a imagética da obra pessoana basta ler "MENSAGEM" para comprovar a existência das mesmas temáticas.
No pequeno poema que aqui transcrevi, YEATS fala da velhice ,do brilho dos olhos, que vai fugindo com a idade ,da face que se enruga com o tempo...enfim, do Outono da vida, presente, a cada momento do nosso viver...

terça-feira, 5 de maio de 2009

“Canção do Mar”…


Sentada numa rocha, em pleno areal da praia do mesmo nome, obrigo-me, por força da beleza desta majestade azul e branca, a “cantar”, por dentro, como quem chora e ri, ao mesmo tempo.
Que estranho fascínio exercem, sobre nós, as puras águas do oceano imenso! Misterioso desígnio de um Senhor que as colocou, ali, na nossa frente, alinhadas, nuas, prontas a alindar os dias da nossa vida…
Deve ser triste não ter mar, não o ver e não poder “cantá-lo”, na glória do nosso viver! Vem-me ao pensamento o lindíssimo poema de Gamar,rrett “Barca bela”: “Pescador da barca bela/onde vais pescar com ela/que é tão bela, ó pescador!”
A meu lado, em cima da rocha, tenho um pequeno rádio, o meu telefone e um livro que ando a ler: “Sputnik, Meu Amor”, de HARUKI MURAKAMI. O cheiro a maresia desperta-me, de vez em quando, como que a clamar pela minha atenção; ponho os óculos, levanto a cabeça e olho-o de frente, corajosamente, pois foi assim que os meus antepassados abriram as suas águas, na busca de outras “canelas e pimentas”…
Mas não me desligo da vida nos tempos…ou de mim própria! E, em “flash-back”, numa atitude retrospectiva, penso-me, lembro-me, apanho pedaços do meu passado em forma de espuma e nuvens, neste presente luminoso batido por águas salgadas e raios de sol cintilantes, quentes, radiosos e aconchegantes. Dou comigo a recordar tempos idos, procurando saber quando perdi a infância, a juventude e outras magias, ainda louras, frescas de magnitude…
Felizmente, num certo sentido e na medida em que os trambolhões da vida também ajudam na recuperação do caminho, passei por muitos “CABOS DE TORMENTAS”, a caminho da minha terra da “BOA ESPERANÇA”…
Neste momento, dou-me conta de que o Verão começa a zumbir…Aquela aragem fresca que desalinha os cabelos, começa a dar sinal de que o Mar quer calma, quer distância da multidão que dele se aproveita e dele beneficia…É a hora em que NEPTUNO faz apelo ao recolher dos seus súbditos…e as águas, lentamente, começam a retrair-se com a força da maré baixa. Só a Natureza conhece os seus segredos, que os cientistas procuram explicar de modo razoável! A verdade é que as águas começam a retirar-se, fugindo-quem sabe? Talvez para a linha do horizonte…
E volta-me à ideia uma outra poesia, esta do período barroco (século XVII) que diz isto:”Esse baixel nas ondas derrotado/Foi nas ondas Narciso presumido…”…
Tal baixel, nós próprios no ardor da juventude, grandioso Narciso vaidoso da sua beleza dos verdes anos, caminhamos inexoravelmente para a derrota, para o encarquilhar da “madeira” de que somos feitos, para se estatelar, em cacos, num qualquer canto do Mundo.
Meu Deus! Como eu quero continuar a ser vaidosa! A ser o baixel que não se deixa derrotar contra qualquer “rochedo”!
Oiço Dulce Pontes a cantar…”Fui bailar/no meu batel/ além, no mar cruel…”
Foge-me o Mar, entra-me a canção…E realizo, no momento, a interiorização de toda a excitação musical das duas entidades, da Dulce e do Mar! Sinto, em mim a criança que fui e que ainda “trago” comigo, apesar da Mulher que sou, pronta a abrir novas janelas ao Mundo e a acreditar nos valores que , entretanto, apreendi. Só que, ao deixar a praia, levo comigo o “PATHOS”, o sofrimento dos momentos não musicais, dos mundos de lutas e horrores que não se espelham (felizmente!) no Mar mas sim nos noticiários, nos “ecrãs” das televisões, nos filmes das tragédias da Vida!
Escondo-me, então, numa concha que trouxe da praia, há muito tempo…ainda quando a infância não tinha “ossos duros de roer” e eu corria feliz pelas areias das praias e pelas vielas da minha aldeia…
“FUI BAILAR/NO MEU BATEL/ ALÉM, NO MAR CRUEL/ E O MAR CANTANDO DIZ…!”

domingo, 3 de maio de 2009

DIA DA MÃE-Um poema para todas as mães


Dedico este poema a todas vós, mães de todo o mundo!Principalmente a todas as que sofreis no meio das guerras e da miséria, olhando os corpos doridos dos vossos filhos, impotentes na tristeza de não lhes poder acudir!A todas vós que não tendes a possibilidade de fazer pelos vossos meninos, o que eu fiz pelos meus!



Sou terra- mãe…
Sementes germinaram no meu ventre, também.
Vi-as crescer, dia-a-dia…
Procurando que germinassem bem.

Olhava a lua,
por vezes em quarto crescente
sentindo ,que também ela,
desenvolvia a semente,
como o meu ventre de mãe.

Não me sentia só…
Sentia-me única…como quem veste uma túnica,
em acto de iniciação…

Com o António e a Susana, senti-me mais humana,
À medida que crescia, em mim a melancolia
do ventre , em quarto- crescente…

Tudo hoje é diferente…
Na vida, tenho a meu lado
Os ramos sagrados, das árvores que plantei…

O segredo do meu ser-mulher
Está espalhado, mesmo sem eu querer,
por todo o lado, onde a terra venha a germinar…





CAD. 2 B -50- Out./o8

sábado, 2 de maio de 2009

PEDRAS…SERES INERTES QUE “FALAM”…II


2ª parte



Continuando a minha viagem pelo mundo das pedras, quero mostrar-vos como até os poetas lhes rendem homenagem. O saudoso e difícil Teixeira de Pascoaes, escritor-poeta que viveu o SAUDOSISMO, na serra do MARÃO, no período entre 1877 /1952, no poema “NOVA LUZ”, e com a lucidez de quem se debate com as interrogações permanentes que configuram a luta entre a Verdade e a Mentira, a Clarividência e o Segredo, diz isto: (…) “Tudo o que é material como a rocha erma e calma/Querendo e desejando-o, é luz e sonho e alma… “.

E PADRE VIEIRA, o “Imperador da Língua Portuguesa”, como lhe chamou Pessoa, ao defender os índios do nordeste brasileiro da escravatura e da exploração de que eram vítimas, por parte dos colonos portugueses que os consideravam “ PEDRAS”, escreveu o texto seguinte: ”Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura e informe. E depois que desbastou o mais grosso, toma o maço e o cinzel e começa a formar um homem: primeiro, membro a membro e depois feição por feição, até à mais miúda; ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, (…) No fim, aí está um Homem perfeito, talvez um santo, que um dia se pode por num altar!” Era uma pedra antes, não era?

Isto demonstra que todos nós carecemos de aperfeiçoamento para nos tornarmos mais válidos podendo, depois, difundir, irradiando-a, a luz de cada um de nós. Nunca o faremos sozinhos, não nos iludamos… Toda a sociedade tem obrigação de contribuir, para que o ser, racional e emotivo, possa transformar-se num monumento. Devemos, por conseguinte, elevar a voz contra as pedras da corrupção, da injustiça social, da prepotência, do autoritarismo, do cinismo e mentira, do enriquecimento ilícito e escandaloso, emergir do caos, em suma, para um combate feroz contra as trevas.
Nós, Homens, devemos ser luz irradiante, entre as “PEDRAS”…Deveríamos…

Mas basta ver o sacrifício desumano dos operários a quem se refere SARAMAGO, no seu “MEMORIAL do CONVENTO”, para encontrar as pedras no caminho do Homem: era de Pêro Pinheiro que os mesmos, em atitude épica, levavam as pedras, às costas, morrendo de fome e de doença, até Mafra, para cumprir o desejo megalómano-egoista de D.JoãoV…

Outras pedras, como os “menires” e as misteriosas elevações de STONEHENGE, levam-me, em viagem contínua, até, por exemplo, à Ilha da Páscoa ou às Pirâmides do Egipto, na procura de novas-velhas verdades… Que “pedras “ por ali andaram?

Qual SÍSIFO, conduz o Homem a sua pedra, montanha acima… Quando julga ter a tarefa concluída, lá vem o pedregulho montanha abaixo… E toca a recomeçar!
É assim a VIDA: UM recomeço, sistemático e contínuo, para chegar à “META”, que é a concretização do SONHO!

De quem é a culpa de toda esta estranha “viagem” que acabo de fazer?...De TALES de MILETO, inventor da Filosofia, como escola de pensamento! Que me perdoem os “filósofos”, se estiver errada… Apesar de tudo, discordo dele, eu “bicho da terra”, pequeno e insignificante, pois entendo que, desde que o Homem foi dotado da capacidade de pensar, aí começou a filosofar…


Fim deste texto, em duas partes.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

PEDRAS…SERES INERTES QUE “FALAM”…


(Foto do Google)

Ao ver a revista “Super interessante" deste mês, deparei com a fotografia da capa, que é a das estranhas pedras de STONEHENGE, na Grã-Bretanha.
O pensamento, este valioso atributo humano, levou-me a uma divagação diferente... vou falar de pedras! Sim… de pedras!

Diz a mitologia que quem criou o Homem foram os deuses Deucalião e Pirra, ao atirarem pedras ao chão, por cima das suas próprias cabeças…Reparem que parto de um pressuposto mitológico…
Talvez por isso sejamos um tanto duros, selvagens até, mesmo que civilizados. Mas não será o homem civilizado um puro selvagem, só que mais experiente e sábio? Calma que eu estou a pensar… E esse é que é um problema sério, porque chego à conclusão de que não existe um modo de pensar ou agir, por mais antigo que seja, que possa ser cegamente aceite! É evidente que sendo nós todos, (nós, os humanos) dotados de razão,”cada cabeça, cada sentença”…

Assim sendo, dei comigo a pensar nas pedras da capa da revista…esses bocados de matéria inerte, que arredamos do nosso caminho, quando nele se atravessam, despudoradamente…
É bom não esquecer que essa matéria é uma imagem constante do Universo, plena de conotações e ligações à ideia do “BIG-BANG”, momento da explosão da vida, no nosso planeta.
De onde vieram esses ancestrais seres sem vida, na verdadeira acepção da palavra, de origem granítica, basáltica, calcária que, ao longo dos milénios foram ganhando forma nas paredes das nossas casas, castelos, monumentos, catedrais, mosteiros, estradas?
Se adquiriram vida, que não tinham! foi porque nós, humanos, fomos dotados da capacidade de entender que as pedras, afinal, até “falam”… Falam? Como é isso? Para mim, elas falam através das vozes daqueles cujas mãos, escorrendo sangue, as trabalharam, transformando-as nas belezas que os nossos olhos, hoje, contemplam e que acalmam as nossas ânsias e nos enchem os olhos de satisfação…

Foi essa pedra, matéria informe de todas as partes do Universo que, por força da inteligência humana, fez aparecer obras majestosas como o Mosteiro da Batalha, o Convento de Mafra, as Pirâmides do Egipto, os monumentos das civilizações Inca, Maia e Azteca, as enigmáticas torres circulares dos Himalaias…Começo, então, a “viajar” pelas linhas geométricas da rectidão e do amor para conseguir “ver” toda a espécie de vida que os tais seres inertes, hoje, possuem…

Tão inertes e informes que, ao longo dos séculos têm sido objecto da atenção de escritores, poetas, escultores, músicos, filósofos e tantos outros criadores de arte. Não fosse assim e não teríamos, agora, perante os nossos olhos o “DUOMO” (catedral) de Milão,”Notre Dâme de Paris”, o Convento de Cristo, em Tomar, a “9ª Sinfonia" de Beethoven, os Jardins suspensos da Babilónia, a moderna Biblioteca de Alexandria, a Grande muralha da China, o Taj Mahal, os mosteiros dos monges budistas, dos Himalaias, encarrapitados nas montanhas desta região do
Globo…

Interrogamo-nos, sobretudo, sobre a capacidade humana de fazer FALAR estas pedras, a cada milionésimo de segundo. E pergunto-me: não sou eu, também, um pedaço de pedra, susceptível de aperfeiçoamento, nestas tremendas questões com que me debato?

FIM DA PARTE I, deste texto, que concluirei, no próximo dia, intencionalmente…