terça-feira, 30 de abril de 2013

EÇA de QUEIRÓS E A POLÍTICA (no século XIX)






Política de InteresseEm Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações. 
A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. 
A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. 
À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade. 

Eça de Queiroz, in 'Distrito de Évora (1867)

POEMA: AROMAS














AROMAS


AROMAS

Dorme o Mar, ao longe.
Estendeu línguas de azul quente, por pontais de areia lúbrica…
…silente…ansiosa por sensações ardentes…
Uma luz de azulado anil toca meu corpo, febril,
espraiado entre místicas palmeiras,
na sombra ramosa de cocos das descobertas.
Afundo-me, completamente, no desvario das alegorias
do pecado,
ao sentir a espuma maliciosa aflorar-me a pele sedenta, de tão macia…
E sinto o odor das flores abertas
do meu jardim, escondido…minha Pedra de Roseta
nunca decifrada…segredo de sereia mutilada
no NADA que finge TUDO…

Trespassada pelo canto estranho
das aragens marinhas que falam,
mergulho no centro das águas do mar, ali…
naquele ponto, onde as vejo a respirar…

Cheirou-me a ti! Chegaste, disfarçado
nos ares da maresia, em pontos de sensual euforia!
E cheira a tudo…a violetas bravias, a camélias fugidias
da madeira oriental!
PARA MEU BEM…ÉS MEU MAL!
Tudo em redor murmura e suspira!
E a harmonia da humanidade está nesta doce verdade,
do ouvir-não ouvindo…do sentir-fazendo de conta…
…do reagir à vontade do QUERER-SER!

Estou em peregrinação numa romaria de paixão!



Sinto que esperas as poeiras de oiro das estrelas fumegantes,
junto do meu rio de margens húmidas,
para onde me empurra Florbela…alma do Alentejo errante
que, no vento me mostra o amor , em hino de dor…



“SE TU VIESSES VER-ME HOJE À TARDINHA…
…E ME PRENDESSES TODA NOS TEUS BRAÇOS…”

O Sol, superior, bate na água da terra
numa orgia de calor…








Maria Elisa R. Ribeiro

Marilisa
R/CL 11/36 (mqc)-ABR/011
 

sábado, 27 de abril de 2013

LITERATURA PORTUGUESA-CESÁRIO VERDE







LITERATURA PORTUGUESA

 CESÁRIO VERDE (1855-1886)---------------(REP)

“…E que misterioso o fundo unânime das ruas, /
Das ruas ao cair da noite, ó CESÁRIO VERDE, ó MESTRE…/
ÁLVARO de CAMPOS (heterónimo de FERNANDO PESSOA)




“VERDE” de NOME… bem MADURO, por sinal…pois a sua poesia é das coisas mais lindas que se podem encontrar no Género Lírico, na poesia dos finais do Século XIX! E vejam como o próprio FERNANDO PESSOA se inclina, reverentemente, perante a grandiosidade da literatura de CESÁRIO VERDE (C.V):
“…E que misterioso o fundo unânime das ruas, /Das ruas ao cair da noite, Ó CESÁRIO VERDE, Ó MESTRE…!” (Heterónimo ÁLVARO DE CAMPOS).
Nasceu C.V. em LISBOA; seu pai, comerciante do ramo das ferragens, possuía uma quinta em LINDA-A – PASTORA que produzia tão bela fruta quanto saúde e paz com a Natureza, de que o poeta tanto precisava dado o cansaço que a capital nele causava. C.V ainda chegou a frequentar o Curso Superior de Letras, do qual cedo desistiu, mas onde conheceu o escritor Silva Pinto, que foi o amigo que publicou, depois da sua morte, as poesias deste génio lírico, num livro a que deu o nome de “Livro de CESÁRIO VERDE”.
Foi C.V. um poeta do período REALISTA/PARNASIANISTA, século XIX, que deixou o mundo tão cedo, que nos privou de tanta maravilhosa poesia quanto a que escreveu. E deu-nos o que o Supremo permitiu… A tuberculose era a doença da moda, neste período de intensa industrialização da nossa sociedade, e quase toda a sua família morreu, como ele, dessa terrível doença, num tempo em que ainda se não falava de antibióticos.
Na sua curta vida, não conseguiu o grande poeta ver publicados os seus poemas por nenhuma editora. Lamentava-se desse facto que o humilhava e fazia sofrer. Eis como a isso alude, no poema “CONTRARIEDADES”: “ (…) EU nunca dediquei poemas às fortunas… só a amigos ou a artistas. Independente! Só por isso os jornalistas/Me negam as colunas. / (…) Agora sinto-me eu cheio de raivas frias, /Por causa dum jornal me rejeitar, há dias, /Um folhetim de versos (…)”
 A sua grande preocupação era passar, em verso, a realidade da vida do mundo que o circundava, errando, vagueando, pela cidade, em diferentes momentos do dia e da noite, contando, com o recurso ao visualismo e através de inúmeras SINESTESIAS, as misérias da vida citadina, os podres da civilização, a doença, o trabalho das classes desfavorecidas, a exploração de todos por muitos, neste tempo da expansão da industrialização na EUROPA e, mais particularmente, em PORTUGAL. É realista, porque descreve e narra, em verso, a realidade da vida da LISBOA do seu tempo; é parnasianista, pois como os poetas gregos do MONT/cidaddeE PARNASO (o monte dos poetas), se preocupava com a forma correcta de poetar, sem obedecer a regras, para que, deste modo, conseguisse abrir à poesia as portas da vida e nela permitir que entrassem os ruídos, os cheiros e a linguagem das ruas. O REALISMO de CESÁRIO VERDE reflecte, no entanto, um afastamento marcante do naturalismo e um desencanto com o próprio movimento realista, pois que ele pôs nos seus poemas todo o seu SENTIR, a sua subjectividade, o seu modo de viver os problemas. No poema “NÓS”, afirma:” (…) ao meu olhar/tudo tem um certo espírito secreto/ (…). O pronome possessivo “meu”confirma o subjectivismo, sempre que o encontrarmos nos seus poemas… Pode dizer-se que o Realismo está na narração, em verso, do que ele, realmente, observa, vê…
Os temas mais importantes da estética Cesariana são três, essencialmente: a dicotomia campo/cidade, a mulher, a realidade da vida dura do povo, bem como, por consequência, a crítica às injustiças sociais.
Apesar de o poeta adorar LISBOA, a cidade era, para ele, o símbolo do mal, da doença, da infelicidade, das injustiças, da exploração… Ao contrário, o campo representava a saúde, o bem, a vida sã, as virtudes, o paraíso da saúde, do viver simples e são. Ao lermos o poema “NUM BAIRRO MODERNO”, vemos como C.V. dramatiza a invasão simbólica da cidade pelo campo, através de uma pequena vendedeira de frutas e legumes que depõe a sua giga, “como um retalho de horta aglomerada”, numa escadaria de mármore de uma casa apalaçada. E o amor pelo campo contribui para que, numa atitude perfeitamente surrealista, ele “visse” os frutos e os legumes transformados “num ser humano”: “Eu descia/sem muita pressa, para o meu emprego, / (…) notei de costas uma rapariga pousar, ajoelhando, a sua giga…/(…)tamancos, …esguedelhada, feia(…)seus bracinhos brancos…/Subitamente que visão de artista!-/ Se eu transformasse os simples vegetais,/…Num ser humano que se mova e exista/Cheio de belas proporções carnais?!/…
A escrita de Cesário parte sempre das sensações para terminar em IMAGENS, proporcionando ao leitor a LEITURA-VISÃO da realidade observada, numa perfeita atitude de pintor impressionista! Ele próprio o reconhece quando diz: ”PINTO QUADROS COM LETRAS”. O uso de todos os sentidos da condição humana, está de tal modo disseminado pela sua obra, que o leitor pode “VER” situações que ele poetiza, como se pode ver nos versos seguintes, tirados de vários poemas: ”…Foi quando tu, descendo do burrico, /Foste colher…a um granzoal azul de grão-de-bico, /Um ramalhete rubro de papoulas. / (…) E houve talhadas de melão, damascos/ E pão-de-ló molhado em malvasia./
No que diz respeito ao papel da mulher na sua poesia, deve dizer-se que a mulher superior o irritava, porque o fazia sentir-se humilhado. Um pouco complexado perante a grandiosidade da mulher que o não olhava, chegou a fazer poemas extremamente duros, sobre esse tipo de mulher. Isso pode ver-se em vários versos de outros tantos poemas como “DESLUMBRAMENTOS”, em que afirma: ” O seu olhar possui, num jogo ardente/Um arcanjo e um demónio a iluminá-lo; /Como um florete, fere agudamente (… )”; no poema “ESPLÊNDIDA”: (…) Ei-la! Como vai bela (…) É fidalga e soberba, (…) Tem a altivez magnética e o bom-tom/ Das cortes depravadas. / (…) E eu vou acompanhando-a, corcovado, /…como um doido, em convulsões, /Febril, de colarinho amarrotado…”
No poema “HUMILHAÇÕES”, o sujeito poético, “ignorado e só”, repara na mulher superior, distante, fria, altiva, mas aqui já com uma superioridade que advém da condição económica e social: ” Esta aborrece quem é pobre! EU, quase JOB, /Aceito os seus desdéns, seus ódios idolatro-os; /…a mulher nervosa e vã… saltou soberba…As outras ao pé delas imitam as bonecas; / Eu ocultava o fraque usado nos botões (….).
Mas a visão que tem da mulher que não é “MILADY”, da mulher que trabalha para viver e da mulher que sofre a miséria e a doença, é outra, muito humana, muito sentida.
 Sofre, por isso, perante a mulher que vive degradada e miseravelmente, vítima da opressão social da cidade e vai denunciando as circunstâncias sociais injustas, como no poema “Contrariedades”, onde nos familiarizamos com uma pobre engomadeira, tuberculosa, sozinha, que se mantém “a chá e pão”: “Ali defronte mora/Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes; /Engoma para fora. /Pobre esqueleto branco…. /Tão lívida! O doutor deixou-a…”. E no poema “Humilhações” aparece uma infeliz, no meio da grandiosidade e do fausto da burguesa: ”de súbito, fanhosa, infecta, rota, má, /Pôs-se na minha frente uma velhinha suja…olhos de coruja….” .
JACINTO DO PRADO COELHO, in “Problemática da História Literária”, 2ª edição, Edições ÁTICA- 1961, refere: ”…C.V. é um dos grandes iniciadores do moderno na poesia portuguesa. Contemporâneo de um DEGAS, de um RENOIR, Cesário alargou o âmbito do poético à representação pictórica das pessoas e das coisas humildes, quotidianas…”
Cesário ensinou-nos a poesia de respirar, de caminhar observando, de ver com amor e pormenor, quase com ingenuidade e fê-lo com uma linguagem nova, tanto de raiz burguesa como popular, rica em termos concretos, por vezes, atrevida, para sugerir mistura de sensações no físico e no anímico, uma linguagem impressionista e fantasista, como atrás referi, mas, ao mesmo tempo sacudida e coloquial.
Para começar a orientar este artigo para o fim, quero falar-vos do poema “CRISTALIZAÇÔES”, obra-prima da nossa Literatura, que o próprio poeta classificou, numa linguagem matemática, como um poliedro, uma figura sólida com muitas faces, pois nele conseguiu mostrar o sofrimento de imensas classes trabalhadoras. Vejamos:  “De cócoras, em linha, os calceteiros, (…) Disseminadas, gritam as peixeiras (…) Homens de carga! Assim as bestas vão curvadas, (…) Povo! No pano-cru rasgado das camisas/ Uma bandeira (…) e os suspensórios traçam-lhe uma cruz!” Tanta coisa mais que fica por dizer!
Inúmeros vultos da LITERATURA Nacional e internacional se vergaram perante a grandiosidade da obra do pobre POETA: JACINTO PRADO COELHO, CLARA ROCHA; MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS, DAVID MOURÃO – FERREIRA, GEORG RUDOLF LIND, FERNANDO PESSOA ORTÓNIMO E HETERÓNIMO, …
Deixo este autor com uma frase de GEORG R. LIND, in Revista COLÓQUIO/LETRAS, nº 93, SET/1986: “LER a obra de Cesário VERDE, nomeadamente “O Sentimento de um ocidental” equivale a ler um EÇA de QUEIRÓS transformado em poeta; significa entrar em contacto com uma poesia realista”.


NOTA: este artigo, embora preocupado em dar uma ideia da obra de CESÁRIO VERDE, como se pode calcular não o consegue fazer, dadas as restrições de espaço. Devem os alunos do ENSINO SECUNDÁRIO estar atentos, primeiro que tudo, às aulas de PORTUGUÊS, onde esta matéria é alargadamente tratada pelos seus Professores, caso ainda faça parte dos PROGRAMAS.


Mealhada, 28 de  Novembro de 2010
Maria Elisa  Rodrigues Ribeiro
lisitarodrigues@gmail.com


POEMA :SILABÁRIO





SILABÁRIO

Medito a dois passos da indefinição…

Afundo-me no ar volátil que se dilui nas vagas que respiro,
nas nuvens que se movem empurradas por ímpetos,
nas folhas das árvores tocadas por movimentos místicos…

Brincam comigo, às escondidas, sons de flauta e violino
que, difundidos no FADO,
ajudam a minha construção do cosmos.
São acordes divinais…perdidos no meu deserto…
e vogam ao sabor do céu aberto.

Tomo conta de mim
no orgulho vibrante, poderoso,
da consciência da pedra bruta que luta,
que se aproxima e se afasta, do Monossílabo que SOU…

(Escrevo-me cartas de amor…conto-me os meus defeitos e aceito-os…
Amo-te mais no DEPOIS…comigo própria…
É quase um diário que escrevo, onde me lamento num refúgio…
Sou um paradoxo…oponho-me ao meu oposto!
Sou música –física, num recomeço constante do bamboleio hesitante
da alma!
Vejo que, nos teus olhos, reside o segredo do meu olhar, que escondeste
Na fortaleza do teu brilhar…

Desagrego-me e grito…)

Onde será o espaço do coração?
Dói-me a noite…
Dói-me o dia…
No meio deste vazio…confio!
Se ao menos o sol abrisse a porta fechada do meu estar
num solo definido…
Mergulharia no teu mar_________
Sorveria as sensações __________
E sempre que a vida te escolhesse, como ao virar uma folha,
seria eu o teu palco de emoções!

Rasgarei a mordaça da rotina da inquietação
E saltarei aquele velho muro da indecisão
Que me impede de mostrar êxtases…
na melancolia do medo de não poder chegar
ao mapa do teu coração…

(AMO…
Se vivo…?

OH, pássaro louco, em desvairada correria!
A Noite, azulada e eterna, é a da minha fantasia…)

MARILISA RIBEIRO
R/CL/11/ 30-MRÇ-( mqc)011

sexta-feira, 26 de abril de 2013

POEMA "ACASO" de ÁLVARO DE CAMPOS (HETERÓNIMO DE PESSOA)






AcasoNo acaso da rua o acaso da rapariga loira. 
Mas não, não é aquela. 

A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro. 
Perco-me subitamente da visão imediata, 
Estou outra vez na outra cidade, na outra rua, 
E a outra rapariga passa. 

Que grande vantagem o recordar intransigentemente! 
Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga, 
E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta. 

Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso! 
Ao menos escrevem-se versos. 
Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por gênio, se calhar, 
Se calhar, ou até sem calhar, 
Maravilha das celebridades! 

Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos... 
Mas isto era a respeito de uma rapariga, 
De uma rapariga loira, 
Mas qual delas? 
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade, 
Numa outra espécie de rua; 
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade 
Numa outra espécie de rua; 
Por que todas as recordações são a mesma recordação, 
Tudo que foi é a mesma morte, 
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã? 

Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional. 
Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas? 
Pode ser... A rapariga loira? 
É a mesma afinal... 
Tudo é o mesmo afinal ... 

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal. 

Álvaro de Campos, in "Poemas" 
Heterónimo de Fernando Pessoa
Tema(s): Acaso 

Testemunho de HELDER MACEDO SOBRE O PENSADOR EDUARDO LOURENÇO








TESTEMUNHO

Eduardo Lourenço, o poeta do pensamento


Nunca sei o que mais me deslumbra em Eduardo Lourenço: se a
lógica rigorosa do seu pensamento, se a metamorfose do
pensamento em metáforas, se a construção de uma narrativa que,
simultaneamente, se remete a si própria e à matéria exterior que
recupera. Tudo o que Eduardo Lourenço escreve tem uma
integridade própria, é inequivocamente Eduardo Lourenço, escreva
ele sobre Luís de Camões, ou sobre Fernando Pessoa, ou sobre a
ambígua nação em permanente trânsito entre o ser e o não ser que é
o Portugal do seu imaginário transformado na imaginação do que
nós somos. Os poetas usam imagens e metáforas, são o seu
alfabeto; os romancistas transformam as suas personagens em
imagens e metáforas; os filósofos pensam o pensamento. Eduardo
Lourenço é um filósofo que pensa em metáforas e um poeta que
transforma as metáforas em personagens. As suas personagens são
os textos que lê e que nos ensina a ler como se fossem gente:
Camões, Pessoa, Portugal, o que fomos, o que somos, o que ainda
poderemos querer ser.


Helder Macedo- via NET

quinta-feira, 25 de abril de 2013

PORTUGUESE POETRY(POESIA PORTUGUESA)






DAVID MOURÃO-FERREIRA (1927-1996)


O Corpo Os CorposO teu corpo         O meu corpo       E em vez dos corpos 
que somados seriam nossos corpos 
implantam-se no espaço novos corpos 
ora mais ora menos que dois corpos 

Que escorpião de súbito estes corpos 
quando um espelho reflecte os nossos corpos 
e num só corpo feitos os dois corpos 
ao mesmo tempo somos quatro corpos 

Não indagues agora se o meu corpo 
se contenta só corpo no teu corpo 
ou se busca atingir todos os corpos 

que no fundo residem num só corpo 
Mas indaga sem pausa além do corpo 
o finito infinito destes corpos 

David Mourão-Ferreira, in “Obra Poética”

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"25 de ABRIL DE 2013!"







SAÚDO OS AMIGOS DISPERSOS PELO MUNDO, NESTE DIA EM QUE SE COMEMORA, EM PORTUGAL, O 39º ANIVERSÁRIO DA "REVOLUÇÃO DOS CRAVOS"!

QUEM VIVEU ESSE DIA,N ÃO ESQUECE NUNCA AS ESPERANÇAS COM QUE ESTE POVO SONHOU. DOS TRÊS FAMOSOS "Ds", FICOU SEMPRE E ATÉ HOJE POR CUMPRIR O DO DESENVOLVIMENTO.

DESENVOLVERAM-SE OS CORRUPTOS , QUE, AO LONGO DOS ANOS SE FORAM "ENCHENDO" COM CARGOS POLÍTICOS NAS GRANDES EMPRESAS; DESENVOLVERAM-SE OS CARGOS , NAS GRANDES EMPRESAS, PARA OS AMIGOS DE CARGOS POLÍTICOS.

O POVO VIU AGRAVAR-SE A MISÉRIA DO TEMPO DO "ESTADO NOVO" E, SEM QUASE DAR POR ISSO, NÃO VIU QUE OS HOMENS SEM HONRA, O IA PONDO NA "PRATELEIRA" DA MISÉRIA.

TODO O MUNDO SABE, HOJE, DA NOSSA MISÉRIA , DA NOSSA FALTA DE ESPERANÇA EM DIAS MELHORES, DO NOSSO DESESPERO AO VERMOS OS FILHOS A EMIGRAREM COMO NOS ANOS 50 E 60...TODO O MUNDO SABE QUE A EDUCAÇÃO ESTÁ A FICAR SEM DIREITOS...QUE A JUSTIÇA SÓ EXISTE PARA O POBRE QUE ROUBA A MAÇÃ PARA COMER, ENQUANTO OS PODRES DE RICOS TÊM OS BOLSOS CHEIOS , EM PARAÍSOS FISCAIS...TODA A GENTE SABE QUE O GOVERNO DE DIREITA NÃO QUER PROFESSORES OU REFORMADOS...

É PROVÁVEL QUE TODOS SAIBAM QUE OS POBRES VÃO, JÁ SEM VERGONHA, DURANTE O DIA, AOS CONTENTORES DO LIXO BUSCAR SOBRAS...

TEIMAMOS EM QUERER QUE SE CUMPRA ABRIL!


Maria Elisa-25 de ABRIL DE 2013

terça-feira, 23 de abril de 2013

O PENSAMENTO DE JOSÉ RÉGIO( pesquisa NET)






Literatura Eterna ou TemporalPenso eu que a literatura pode responder a interrogações, pode tentar responder-lhes, pode simplesmente pô-las e pode nem sequer pô-las. Há a contar com a variedade dos temperamentos literários. Coisa difícil, sei-o por experiência própria, embora deva estar na base de qualquer atitude crítica. Aceitemos, porém, que toda a grande literatura põe interrogações, e lhes procura resposta. Pergunto: Não poderá admitir-se que seja antes às interrogações eternas do homem eterno que a literatura procura responder? Não envelhecerá uma obra de arte precisamente na medida em que só responde às inquietações de uma época? E não perdurará na medida em que, através, ou não, de respostas provisórias a interrogações provisórias, sugere uma resposta eterna a interrogações eternas, exprime inquietações eternas embora de forma pessoal?
Entendamo-nos: Há quem, no homem, antes considere o homem eterno, e quem antes considere o homem temporal. O leitor compreende que chamo homem eterno ao que, no homem, permanece através da diversidade das épocas, dos meios, das circunstâncias históricas, das modalidades individuais; e que chamo homem temporal ao que nele depende destas coisas. Evidentemente, o homem que através da literatura se nos revela é, ao mesmo tempo, um e outro: o temporal e o eterno. Mas a questão é esta: Será antes pelo que nos revela do homem temporal que uma obra dura por humana - ou antes pelo que nos revela do homem eterno? Duram as tragédias de Shakespeare, ou as comédias de Moliére, antes pelo que nos mostram do homem do tempo de Shakespeare e Moliére, ou antes pelo que nos mostram do homem de sempre? 
Diz Rodrigues Miguéis: «Uma literatura que não responde às interrogações da sua época - pelo menos - está condenada ao esquecimento.» Ora aquele importante pelo menos ao mesmo tempo salva e embrulha tudo nesta frase dúbia. Tal como está expresso, o pensamento de Rodrigues Miguéis é o seguinte: uma literatura, para viver, deve responder às interrogações que o homem se põe. Em primeiro lugar (parece) às eternas interrogações do homem de sempre; pois em não respondendo a estas, deverá responder, pelo menos, às da sua época. 

José Régio, in 'Presença, Folha de Arte e Crítica, 1927-1940'

O MITO EM "MENSAGEM", de FERNANDO PESSOA


“Na Mensagem, o passado histórico transfigura-se em mito ao serviço do futuro.”





Os mitos foram, sem dúvida, o alicerce para a constituição do nosso presente. Na verdade surgiram como uma forma de suprimir o medo subconsciente do ser humano do desconhecido e explicar a origem e a forma das coisas, bem como as suas funções e finalidades. Actualmente, consideramos que a função dos mitos é transmitir valores, força de vontade e, principalmente, exemplos a seguir. O seu objectivo é, nada mais, nada menos, que difundir uma máxima.
Na Mensagem,  obra maior de Pessoa, o mito é descrito como o nada que é tudo. Esta frase exprime a ideia que Fernando Pessoa tinha dos mitos. É nada, porque não existe materialmente, e é tudo, porque é Portugal e todo o seu heroísmo nacional. É através deste mito e da crença de muitos outros, que os heróis desta obra tomam as suas atitudes.
Um exemplo pertinente, relacionado com o tema que abordo, é o Sebastianismo, que diz respeito a um mito gerado à volta da figura do rei D. Sebastião, que perdeu a vida numa batalha em Alcácer- Quibir. Na Mensagem, considera-se que a morte do rei foi apenas carnal, pelo que, unicamente o seu regresso conquistaria a grandeza da pátria, bem como o império perdido. Claro está que se trata de um regresso simbólico, imaterial, facto que deu alento aos portugueses para transformarem o nosso país numa pátria espiritual. Tal como nos diz a lenda, D. Sebastião voltará por uma manhã de névoa, manhã, esta, que indica, evidentemente, o renascimento da pátria decadente.
Pretendo terminar esta minha dissertação, sublinhando a importância do mito para o futuro. “O mito torna suportável a insuportável realidade”, dando-nos força para ultrapassar dificuldades e inspirando-nos para nos superarmos a nós próprios. Foi baseando-nos no passado, ou seja, nos mitos, que conquistámos “mares nunca dantes navegados” e terras desconhecidas.

domingo, 21 de abril de 2013

Luís de Sttau Monteiro (1926-1993)





Autor da obra "Felizmente há Luar", este vulto das nossas Letras e do nosso pensamento estaria , hoje, século XXI, nas ruas, ao lado do POVO, espoliado e maltratado por políticos incompetentes, ao serviço do "capital" que nos rouba para engordar!( Maria Elisa)




Surgida no mesmo ano em que o Autor publicou o romance Angústia para o Jantar – mais tarde também adaptado ao teatro – , esta peça contribuiu para celebrizar Luís de Sttau Monteiro como dramaturgo, tendo sido bem recebida pela crítica do seu tempo.
Baseada na tentativa frustrada de revolta liberal em 1817, supostamente encabeçada por Gomes Freire de Andrade, Felizmente Há Luar! recria em dois actos a sequência de acontecimentos históricos que em Outubro desse ano levou à prisão e ao enforcamento de Gomes Freire pelo regime de Beresford, com o apoio da Igreja, sublinhando um apelo épico (e ético) politicamente empenhado e legível à luz do que era Portugal nos anos 60.
Chamando a atenção para a injustiça da repressão e das perseguições políticas, a peça – designada por "apoteose trágica" pelo Autor – esteve proibida até 1974 e foi pela primeira vez levada à cena apenas em 1978, no Teatro Nacional, numa encenação do próprio Sttau Monteiro.

Fonte: http://www.prof2000.pt/users/jsafonso...(less)

sábado, 20 de abril de 2013

PADRE VIEIRA






Pe António Vieira(1608-1697), o "Imperador da Língua Portuguesa", como lhe chamou Fernando Pessoa.


A Lusitânia

A terra mais ocidental de todas é a Lusitânia. E porque se chama Ocidente aquela parte do mundo? Porventura porque vivem ali menos, ou morrem mais os homens? Não; senão porque ali vão morrer, ali acabam, ali se sepultam e se escondem todas as luzes do firmamento. Sai no Oriente o Sol com o dia coroado de raios, como Rei e fonte da Luz: sai a Lua e as Estrelas com a noite, como tochas acesas e cintilantes contra a escuridade das trevas, sobem por sua ordem ao Zénite, dão volta ao globo do mundo resplandecendo sempre e alumiando terras e mares; mas em chegando aos Horizontes da Lusitânia, ali se afogam os raios, ali se sepultam os resplendores, ali desaparece e perece toda aquela pompa de luzes.
E se isto sucede aos lumes celestes e imortais; que nos lastimamos, Senhores, de ler os mesmos exemplos nas nossas Histórias? Que foi um Afonso de Albuquerque no Oriente? Que foi um Duarte Pacheco? Que foi um D. João de Castro? Que foi um Nuno da Cunha, e tantos outros Heróis famosos, senão uns Astros e Planetas lucidíssimos, que assim como alumiaram com estupendo resplendor aquele glorioso século, assim escurecerão todos os passados? Cada um era na gravidade do aspecto um Saturno, no valor militar um Marte, na prudência e diligência um Mercúrio, na altiveza e magnanimidade um Júpiter, na Fé, e na Religião, e no zelo de a propagar e estender entre aquelas vastíssimas Gentilidades, um Sol.
Mas depois de voarem nas asas da fama por todo o mundo estes Astros, ou indígetes da nossa Nação, onde foram parar, quando chegaram a ela? Um vereis privado com infâmia de governo, outro preso, e morto em um Hospital, outro retirado e mudo em um deserto, e o melhor livrado de todos, o que se mandou sepultar nas ondas do Oceano, encomendando aos ventos levassem à sua Pátria as últimas vozes, com que dela se despedia: Ingrata patria non possidebis ossa mea.
Vede agora se eu tinha razão para dizer, que é natureza ou má condição da nossa Lusitânia não poder consentir que luzam os que nascem nela. E vede também se podia Santo António deixar de deixar a Pátria, sendo filho de uma terra onde não se consente o luzir, e tendo-lhe mandado Cristo que luzisse: Sic luccat lux vestra.

Padre António Vieira, in "Sermões"-in NET

sexta-feira, 19 de abril de 2013

POEMA: MEPEMA(Homenagem à minha ama negra de S.Tomé, que tanto amei porque tanto me amou!)







MEPEMA



Negra, linda linda…olhos doces de mamão maduro
a  cheirar a café moído…
Seios túrgidos, ancas abundantes como floresta tropical,
davas-me teu braço amigo e um ombro  que me abrigava de qualquer perigo.
Minha negra ama, branca na pureza do coração…
 … força de árvore do mato
possante, preso a raízes de séculos vivos telúricos.
Olhar ímpar…
Mãos afagantes…cheiro a mamão e bananas delirantes…
Refúgio de momentos-que-foram-Momento –Vida…

Mepema cantava sons de encantar menino- branco -a -dormir
sob o dolente som do tórrido sol das brisas equatoriais…
…e banhava-se nos areais de búzios inesquecíveis
que o mar abandonava
 às imprevisíveis toadas
 de ondas de espumas coloniais.

A floresta falava linguagens de árvores húmidas…
As cascatas desprendiam-se de furiosas ribas…
Mepema ensinava o segredo dos medos da vida,
escondidos entre velhas ramas de folhas velhas e traiçoeiras.
Suas negras mãos cansadas colhiam os frutos da mensagem telúrica
que lhe marcava o sabor da vida…
Jazem memórias no caminho onde ficaram destroços
que a palavra redime,
nesta inocência que registei em papiros
nos esgares das manhãs-percurso-dos-dias-infância.
No peito, tenho pregas do mar, que amaram  borboletas serenas
como lembranças de Mepema…

Sei que sua alma cavalga pelo Mistério
que me abraça , ainda, na ternura de seu olhar-refrigério…

Nos retalhos de um místico mapa, há areias de gaivotas pousadas no fogo da profecia,
que exalavam seus olhos de harmonia
quando afagava meus loiros cabelos,
ora esbranquiçados pela brisa dos tempos
no útero do Passado que é o Presente dessa alegria.

O mar canta areias doiradas nos lírios do peito de Mepema,
na sanzala  que foi jardim de Sonho da Aurora,
 da “Roça”-d’Outrora…

Prossigo no caminhar pelas abas do tempo
 a procurar palavras que endireitem
o fio-de-prumo da mensagem daquela alma serena.



Maria Elisa R. Ribeiro
(Marilisa Ribeiro)
CQ16-Jan/013-mqc

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Poema KO-SAMUI--(Homenagem à Tailândia que conheci, antes do fatal "Tsunami"!

POEMA: KO-SAMUI






KO-SAMUI


Desperta a vida na alvorada-a-chegar!
…e senta-se a alma à mesa de um banquete sensorial
coroada pelos verdes das oníricas montanhas…
… verde a fugir de raios de sol inclemente-----verde fosco,
verde tropa----- verde esmeralda das ramas de árvores frondosas
e encantadas, a oferecer abrigo a aves alvoroçadas.


Sensorial paleta de mil tons aninha-se no encantamento de cores e sons
desaguando na baía de coral-concha-de-mar, onde um deus pintor
provou a realidade do sonho
ao apropriar-se do eterno abraço entre as águas verdes e azuis
entrelaçadas como par de namorados.

Doce piar de alegria sob o ridente astro-rei, é o das
aves alisando areias imaculadas, a pesquisar o ouro
das transparências marinhas, nelas depositadas.

Quase diria que, quando o sol apaga o dia,
é hora de subirem ao palco do mundo as luzes da noite
onde actuam, em alternância, raios de cor amarelada e vermelho-sangue-doirado
com nuvens cobertas de silêncio,
na majestosa selva ofegante
de água prateada de escamas,
soltas pelo bailar das sereias nas ondas do mar.

Cheira a Cosmos-paraíso! Cheira a Gaia…Terra-Mãe encantada!
Cheira a um Pensar limpo
nos odores das madrugadas da vida!
Cheira a encontros oníricos de qualquer-Ser-Consigo…
Cheira a Poesia…


Maria Elisa R. Ribeiro
(Marilisa Ribeiro)-MRÇ/o13-NAT-CQ16

terça-feira, 16 de abril de 2013

Gore Vidal Sobre Ernest Hemingway


por Gore Vidal
"Eu o detesto, mas não resta dúvida de que fiquei encantado com ele, quando era jovem, como ficamos todos. Achava sua prosa perfeita... até que li Stephen Crane e percebi de onde é que ele a tinha tirado. Entretanto, Hemingway ainda é o mestre da autopublicidade, que me perdoe Capote. Hemingway conseguia convencer o mundo de que antes de Hemingway todos escreviam como ... quem? ... Gene Stratton Porter. Mas não houve apenas Mark  Twain antes dele, houve também Stephen Crane, que fez tudo aquilo que Hemingway fez e muito melhor. Não há dúvida de que The red badge of courage é superior a Farewell to arms(Adeus às armas). Mas Hemingway conseguiu produzir um estilo hipnótico cujo ritmo perseguiu muitos escritores. Eu gostava de algumas coisas sobre viagens: Green hills of Africa. Mas ele nunca escreveu um bom romance. Suponho que, no fim, o que eu mais deteste nele seja a espontaneidade de sua crueldade... Uma das razões por que o dotado Hemingway nunca escreveu um bom romance é que nada lhe interessava exceto algumas experiências sensuais, como matar coisas e poder: coisas interessantes de se fazer mas nem um pouco interessantes de se escrever. Esse tipo de artista vê-se em apuros muito cedo porque tudo aquilo sobre o que consegue realmente escrever é ele mesmo, e depois da juventude o eu – desengajado do mundo – é de somenos interesse. Reconheço, Hemingway perseguiu guerras, mas nunca teve muita coisa a dizer a respeito da guerra, ao contrário de Tolstoi ou mesmo Malraux".
Fonte: Os escritores: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.-in NET

sábado, 13 de abril de 2013

POEMA : ENTREGA





ENTREGA

Enlaça-me...
Rodeia meu corpo
com teus braços fortes...
Prende-me ao teu hálito...
Deixa-me sentir o teu refúgio...
Percorre meu corpo
com teus dedos ...passa-os 
pelas minhas costas
expostas ao teu desejo.
Vá...retoma o abraço insatisfeito...
Beija meu pescoço...
...assim...lentamente...
Deixa que sinta o quente calor
do vulcão em que me estreito...
...tua boca quente a arder de desejo...

Assim...
Desfaz meus cabelos
entre teus olhos...
Deixa-me olhar o céu...
ver as estrelas no dia escuro
do nosso quarto...
Deixa que perca os sentidos
antes de me perder em ti!

Sôfrego! ESPERA...

Chove em mim...
A janela do quarto
entreaberta,
permite sentir
os odores do salgueiro,
matreiro...
que exala odores genesíacos...
embriagantes...
Teu corpo morre
a viver em mim...
que morro a viver em ti...

Deixa-me fazer assim:
...engulo teus beijos
carentes de VIDA/MOMENTO
no leito quente...
escorregadio...
...incapaz de permanecer
sereno, no seu lugar!
"TUDO PÁRA QUANDO A GENTE FAZ AMOR!"

Vá...vive-me!
Deixa que te viva
no suor natural
que faz tremer
nosso olhar!

Puxa-me, agora,
quando desprendo de mim,
para me segurar em ti...

E...
a semente lançada à TERRA
remexe-se, numa guerra violenta
a viver o desabrochar!

A VIDA revolve o nosso viver...

Só assim me posso DAR...

Sonho noites ímpares de
revolução ....
erótico/sentimental!

MAU SINAL...

Ficou teu cheiro no AR-DO-MEU-SONHAR...
ASPIRO-O...A  ARFAR... 


C10J-2--JAN/011 (mqc)


segunda-feira, 8 de abril de 2013

O "CHUMBO" DE ÁREAS DO ORÇAMENTO, PELO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL.






O “CHUMBO” do TRIBUNAL CONSTITUCIONAL …


Como era esperado, o Tribunal Constitucional (TC) “chumbou” algumas das medidas de passos coelho, apresentadas no Orçamento de Estado, para o ano em curso.
Já no passado ano o tinha feito, perante o mesmo tipo de medidas gravosas da vida dos portugueses, tendo, no entanto, deixado passar prazos para que a acção governativa pudesse continuar: não deixou, apesar de tudo, de sublinhar que o povo estava a sofrer com tais medidas dando a entender que o (des)governo deveria implementar políticas  que não atingissem tão arduamente os mais pobres e desprotegidos.

Coelho, com o seu carácter medíocre, míope e prepotente, voltou a desafiar o TC com o mesmo tipo de Orçamento, em parte como causa das constantes e sistemáticas falhas de previsões do seu ministro das finanças, que continua a não acertar uma! Pôs-se, por conseguinte, a jeito de levar “mais uma tareia” dos juízes que zelam pelo cumprimento das regras constitucionais, mostrando não ser capaz de aprender as lições que lhe são ensinadas, diariamente, pelos portugueses que o não suportam, que não podem ver a sua cara, que o mandam ir-se embora e que mostram não querer desarmar perante os seus tiques ditatoriais.

Custa-lhe digerir a Democracia! Vai daí, ontem, rodeado de dezenas de fotógrafos, o “grande homem”, na sua pequenez de carácter, ditou para a imprensa um furibundo comunicado contra o TC, que mostrou o seu carácter de ditador que não aceita as regras e o seu ódio mais que evidente, contra os pobres, trabalhadores, reformados e pensionistas, desempregados, gente em tal difícil situação que não pode mais com estas “caras de pau”! O homem “espumou” ódios e ameaças num contentamento serôdio de quem não aprende nada, porque precisa de tratamento urgente!

Este seguidor das políticas restritivas de MERKEL para a EUROPA esfrangalhada, nem sequer aprendeu a lição que a mesma deu ao mundo europeu, há dias, ao afirmar que nunca lhe passaria pela cabeça contestar o tribunal constitucional do seu país! Falta-lhe a grandeza intelectual para ver que não é o TC que se deve subordinar ao seu governo, mas este que deve estar atento aos avisos e conselhos do TC.! Que democracia pode existir se todos os “passos coelhos” do mundo se esquecerem desta regra e quiserem “meter os TCs nas gavetas”?

Por seu lado, o Presidente da República que temos, abrigado no conforto dos muros do palácio de Belém, também não vê nada da miséria do povo, porque , com todas as suas pensões, não passa fome, não paga luz nem água nem gás, viaja em carros indignos da pobreza deste país, tal como os membros do seu governo, não visita a miséria “in loco”, não tem noção das famílias desagregadas que vêem os filhos e parentes fugirem de Portugal ,para verem se vivem!
Quem ontem e anteontem olhasse para as movimentações do governo ,pensaria que se estava a assistir a uma passagem de modelos de carros de alto luxo!
O homem coelho já não tem ideias! Não sabe salvar a face dos desastres em que tem mergulhado o país; alguns dos seus ministros, sabe-se agora, têm vontade de fugir e, cobardes como são, vão abandonar o “barco” quando menos esperarmos. O das finanças, como erra todas as previsões, quer ir-se embora; a da Justiça, quer dar “à sola”; relvas, o dr sem estudos nem “canudo” já se demitiu…Estejamos atentos que o “cortejo” vai continuar! ´

Pois o nosso grande primeiro-ministro, dizem os jornais e os habituais comentadores, já está a preparar mais cortes nos ordenados dos pobres, mais cortes nas reformas e pensões, atrás dos quais o precipício se vai alargando com mais desemprego, menos poder de compra e consequentes baixas da receita fiscal neste país quase todo fechado por conta dos (des) governantes!

Como refere o comentador Rui Tavares no seu “Consoante muda”, no jornal “PÚBLICO” de hoje, “ Debaixo da sua cuidada apresentação, pedro passos coelho esconde uma profundíssima incultura política, económica, jurídica e histórica. Há também ignorância que não só é atrevida, mas ousada mesmo.”É que além de mau e cínico, não aprende com os erros e condenou um país à miséria mais extrema que os leitores podem imaginar! Já não há possibilidades de ajudar quem tem fome! As instituições de caridade não conseguem dar vazão a tanto sofrimento! As nossas crianças passam fome e vão para a escola a desmaiar de fome! QUEM PODE PERDOAR ESTE ESTADO DE COISAS A ESTES TIPOS?OS NOVOS CORTES VÃO SER SOBRE A EDUCAÇÃO, A SAÚDE, O FUNCIONALISMO PÚBLICO, a SEGURANÇA SOCIAL QUE JÁ QUASE NÃO EXISTE, O DESPEDIMENTO DE PROFESSORES E DE FUNCIONÁRIOS…
QUEM SOBRA PARA PAGAR????????????????’
Voltarei , dentro de dias… vou ver o que isto vai dar, para além do afundamento em que nos encontramos.



Mealhada,8 de ABRIL de 2013-04-08
Maria Elisa R. Ribeiro