domingo, 31 de janeiro de 2021

 






O SORRISO DO CÉU

 

 

Pára, vento, que passas na pressa da vida!

Leva-me contigo! Deixa-me ver o mundo!

Tira-me dos labirintos profundos onde

 __________________________ as flores não podem nascer,

e deixa-me onde

 os sorrisos do céu não param de crescer.

 

Sou folha que se solta no Outono

_____________________e ao ventre materno não pode voltar.

 

 

Podes deixar-me cair na memória das lembranças

que me tornaram parte das histórias, de todas as andanças

onde passei a procurar abrigo .

 

Há tanto que não escrevo poemas de amor!

 

Levaste-os, vento malvado, nos dias que viveram as noites da pureza

do meu canto,

mergulhados nas várias infâncias que me foram prometidas.

 

Pára, vento!

Não assustes as flores e as folhas das árvores

que germinaram, felizes, na boca do tempo

que se abriu na Primavera!

 

Permite que o céu esboce aquele de tantos sorrisos

que promete colar-se às colinas verdejantes,

às searas recheadas e pujantes

 e aos poemas

cantantes, de boca tão feliz,

como fruto doce, cheiroso e maduro,na boca de um petiz.

 

Está bem!

Páro eu, Vento!

Sinto que o desalento é a sombra do alento

de quem vive o calor do sol, a todo o momento .






©Maria Elisa Ribeiro

 OUT/020

 

Alemanha ajuda Portugal!

 27 médicos e paramédicos em Portugal durante 3 semanas

sábado, 30 de janeiro de 2021

Bom dia!


 








 BREVES

O vento frio
galga distâncias como
um cavalo no dorso das bravas ondas
que deixam o céu sem núvens
ao sol luminoso e quente.
Muitas aves dançam tresloucadas
sobre as espumas
que resultam de ondas assanhadas.
Já não se ouvem as cigarras...
Percorrem espaços frios no desvario
do cheiro do alimento...
É natural que o Verão esteja para acabar...


©Maria Elisa Ribeiro
Jan/012

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

da revista "Visão"

 Ainda vamos a tempo? perguntou o Presidente. Sim ainda vamos, disse. Mas apenas numa perspetiva filosófica, e de grande relatividade: muitos milhares de portugueses ainda vão morrer, sem ajuda nem apoio, porque fomos negligentes, desleixados, irresponsáveis e, acima de tudo, incompetentes

Revista "Visão"

 

O Bloco de Esquerda (BE) defendeu hoje que apenas deve ser dada prioridade ao presidente da Assembleia da República na vacinação contra a covid-19 e recusa que sejam vacinados os seus deputados

Boa tarde!


 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Da Revista Visão

 No dia 27 de janeiro de 1945, os infames portões abrir-se-iam para sempre, e veriam sair daquele lugar, com vida, menos de 1% dos milhares que por lá passaram

O pensamento de Rubem Alves





 Pessoas que sabem as soluções já dadas são mendigos permanentes. Pessoas que aprendem a inventar soluções novas são aquelas que abrem portas até então fechadas e descobrem novas trilhas. A questão não é saber uma solução já dada, mas ser capaz de aprender maneiras novas de sobreviver.


https://kdfrases.com/autor/rubem-alves/3

Da Net....

 Na Net:

Privilégio do Tejo
Quantos serão entre os habitantes de Lisboa, quantos mesmo entre os lisboetas de gema, os que ao menos uma vez por dia sentirão uma espécie de reconhecimento, já não direi sequer de orgulho, em relação ao rio que ininterruptamente contorna e enlaça um dos flancos — aliás o mais venerável, e o mais vulnerável — da cidade onde vivem ou de onde são naturais? Falo apenas dos que pensem no Tejo; ou dos que sintam, dia a dia, a sua presença viva. Quanto àqueles que o vêem, quotidianamente, pelo acaso dos seus domicílios ou exigências dos seus mesteres, tão-pouco haverão de constituir apreciável percentagem. Mas, mesmo entre estes, quais e quantos os que terão para ele, em cada período de vinte e quatro horas, um pensamento agradecido, um sentimento de agrado, um vislumbre de apreço, um ligeiro aceno de filial ternura?
Não; não creio que sejam muitos. E, no entanto, nada mais injusto, porque o Tejo tem sido sempre, numa cidade tão feminina como Lisboa — ora mãe ora madrasta dos que em seus braços se confiam —, o princípio activo, o elemento gerador, o ente paterno por excelência. Decerto que se trata de um pai vulnerável, andarilho, que vem calcorreando caminhos desde o interior das Espanhas e que depois pouco se demora em casa, ansioso por se perder nas mais vastas estradas do mundo. Mas a verdade é que só aqui, em Lisboa, encontra e elege o único lar que por mais tempo consegue ter, a companheira ideal que melhor tem sabido fecundar e diante de cujo corpo se exibe, ele próprio, no apogeu da sua generosa pujança, já com varonis prosápias de ser aquele Mar em que, não tarda nada, virá a converter-se...
Vendo bem, talvez Lisboa seja, para o Tejo, pouco mais que o repouso do guerreiro. Daí que nem ela nem os seus filhos lho perdoem. (Os enteados, então, ainda menos. O Freud poderia explicar isto...) Mas que seria ela, no fim de contas, e que seriam eles, os filhos e os enteados, sem os caprichos e o humor vagabundo desse castelhano dos arredores de Toledo, que longamente hesita antes de se naturalizar português e logo a seguir já sonha com um destino de cidadão do Universo? O que importa é a paragem; não a passagem. Ou o privilégio, que sempre tem sido seu, de parar enquanto passa, de passar enquanto pára.
(1989)
David Mourão-Ferreira, in 'Terraço Aberto'
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