domingo, 29 de abril de 2012

quarta-feira, 25 de abril de 2012

FOTO GOOGLE REPENSAR” O 25 DE ABRIL” Uma frase, de minha autoria, publicada, hoje, no FACEBOOK, dizia, mais ou menos isto: A Liberdade é uma estrada para o Infinito…Pode haver nela todo o tipo de percalços, mas é ao superá-los que nos afirmamos, como Homens. Seria impensável deixar passar este dia sem dizer meia dúzia de palavras aos meus amigos, quer do BLOG, quer do Jornal da Mealhada. O 25 de Abril, quer queiramos recordá-lo com Saudade, quer o queiramos esquecer por via do descalabro em que o país se encontra, é um marco da nossa História moderna, que não pode, muito simplisticamente, ser esquecido. Foi nesse longínquo –próximo!- dia, como bem sabemos, que se deu a queda do regime opressor que dominou a nossa história do século XX, por força da vontade dos chamados “Capitães de Abril”, militares com capacidade de liderar uma acção desse teor, que mereceu , de imediato a adesão dos milhões de portugueses cansados da fome, da guerra colonial, da miséria atávica que sempre causterizou as esperanças do povo das caravelas. A alegria que se sentiu por essa altura não permaneceu e muitos de nós, portugueses, clamamos, hoje ,por um novo movimento revolucionário que ponha nos eixos o comboio descarrilado em que o país está transformado. Cometeram-se tantos excessos que, poucos, neste momento, se revêem no movimento que estava destinado a transformar- para melhor- a sociedade portuguesa. A “barrigada “ de liberdade foi de tal ordem, que hoje “vomitamos” a barriga vazia que nos dói! FOI O CULPADO DISTO TUDO QUE ESTAMOS A VIVER… O 25 DE ABRIL DE 74? Meditemos um pouco, todos juntos e cada um por si… Sob os nossos olhos e por detrás de nós que os mantínhamos fechados, sem que tivéssemos tido tempo para o detectar, alguns dos mais ilustres e refinados “finórios” do nosso país abriram as bolsas e, enquanto nos iludiam com promessas, trataram de ir abrindo os olhos deles bem como os bolsos, que transbordaram, ao longo dos anos para paraísos fiscais, iates, mansões, terras, carros e outros luxos, que escaparam ao nosso controle de um modo tão perfeitamente ignominioso, que estamos, nos dias de agora, perfeitamente na miséria, à mercê dos capitalistas e usurários estrangeiros! CULPA DO 25 DE ABRIL? Continuemos a meditar… Depois das “escaramuças” normais, posteriores ao dia da revolução, continuámos a fechar os olhos, enquanto os ricos patrões e os políticos abriam os deles, sempre com mais sapiência… É hora de perguntar a cada um de nós: o que temos feito , desde os desgovernos que precederam GUTERRES? E desde os “fujões” GUTERRES E BARROSO?E desde os massacrantes 6 anos de autoritarismo, prepotência e mentiras do “filósofo” que anda por Paris, a gozar os rendimentos? O que temos feito desde que nos apercebemos, sentindo-o na pele, que a justiça, no nosso país não pune os grandes ladrões mas apenas os dos tostões? Escândalos sobre escândalos sobre escândalos esperam por exigências de justiça, que não se faz ! tendo permitido que os dinheiros voassem e continuem a voar de Portugal para fora! Enquanto o governo passos coelho-relvas se prepara para nos massacrar com novas e impensáveis taxas e impostos, nós que já estamos reduzidos ao mínimo, vemos as despesas do Estado aumentarem, a olhos vistos, em todos os sectores…Oh senhores! o que está por detrás de tudo isto?E se os ministros e toda essa enxurrada de parasitas que nunca souberam o que é ter fome, fossem obrigados a pagar a gasolina que gastam e o pão com caviar que degustam , em constantes lautos jantares, que somos nós, povo, a pagar? E se os ordenados deles não fossem inteirinhos, limpinhos para as suas lautas contas, enquanto os nossos, PARCOS, têm que dar , à rasca , até menos de metade do mês?E por que é que eles continuam a ter direitos a cartões de crédito para gastarem “nas representações” do estado? É CULPA DO 25 DE ABRIL? Os bancos que davam créditos fáceis a toda a hora e momento na publicidade das televisões e rádios, hoje fazem-nos pagar o primeiro passo que damos para neles entrarmos, quando necessitamos...Os operários portugueses são os que mais trabalham e menos recebem, no contexto da EUROPA. Atrás deles, só os búlgaros. Estão os novos políticos, agora, na Assembleia da República a vender as “verdades” deles sobre o dia que hoje se comemora…os mesmos que nos querem varrer da História o DIA 1º de DEZEMBRO, DIA DA NOSSA INDEPENDÊNCIA…Continuamos a fazer de conta que não é nada connosco?Para mim, tão importante é um dia como o outro! Nestes dois dias ganhámos Liberdade e respeito, como povo! Está o Presidente da República, neste momento, a ORAR, pedindo aos portugueses para terem filhos…Não pensou nisso, quando assinou a promulgação das leis que roubaram os abonos de família e subsídios para doenças graves…Mas de que país fala esta gente? Dá a impressão que eles todos vivem noutro mundo! Ele não vê o país em que vive? A miséria que ajudou a gerar? É o que eu digo, amigos: eles só conhecem o país dos sonhos deles…não vão pelo interior das terras onde há fome…onde não se pode pagar a luz , o gás , a água! Ele não se quer lembrar de que os seus políticos mandaram os jovens e os desempregados de Portugal para fora, porque o governo não é capaz de implementar uma política de empregos através do desenvolvimento da Economia… É CULPA do 25 de ABRIL, “isto”? Não, não é preciso outro 25 de Abril! É preciso “limpar as fezes” do primeiro, para que tudo comece a cheirar melhor! Falta, acima de tudo, cumprir a DEMOCRACIA num governo onde se tenham direitos e deveres, que TODOS, sem excepção, devem cumprir! O Estado Social, o SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE que deu exemplos a nível mundial, está em vésperas de desaparecer. Por culpa do 25 DE ABRIL?Não, senhores! Porque os neoliberais se estão “borrifando” para a saúde dos pobres e dos idosos e querem entregar a SAÚDE NA MÃO DE GRANDES GRUPOS PRIVADOS! À medida que a sua governação avança, passos coelho vai descobrindo receitas para o país, eliminando quem lhe atrapalha as contas com a dita troica… Continuamos a culpar o dia da liberdade, portugueses? Neste momento (20horas34ms) está a falar o DR. SANTANA LOPES, Provedor da Santa Casa da Misericórdia; e diz que a classe média deixou de existir…que todos os dias aparecem esses novos pobres a pedir ajuda, trabalho e pão… TRISTE PAÍS…POBRE GENTE… Mealhada, 25 de Abril de 2012 Maria Elisa Ribeiro

segunda-feira, 23 de abril de 2012

POEMA: MEU VIOLINO SAGRADO...


MEU -VIOLINO-SAGRADO…


Do alvorecer das névoas da serena madrugada,
emerge o som claro do cantar do galo,
qual pregão no ventre da praça do povoado.
Viro a esquina do amanhecer
sem vergar a cabeça ,
para que o sol me encontre
e enriqueça o rosado da face que ‘inda ressona,
no meu humano trilho-de-Ser…

Sou mulher…perpétuo-fogo-que-toca-um-clarim
de aromas embriagados nos braços de ti,
meu violino sagrado!
Rosa de sangue corre nas veias da frescura da paixão-rendição
onde um místico mar prossegue ,
rendido a uma verdade –da –VERDADE!

Frio orvalho escorre pela ponta das folhas, a cheirar a calor…
…e os insectos começam a despertar,
ensaiando danças de encantar as chamas -de-amor…
…e as águias levantam-se num majestoso airejar…
…e a água dos rios a exalar sensações,
desliza para o mar numa fálica piroga
a morrer aspirações de fluxo manancial.

Amo o meu amanhecer
…ele é o que foi a noite do meu-ser…

Na mata das névoas,
as ramagens são lenços de cambraia
bordados a margaridas do seio das papoilas rubras do meu amar…

A magia da floresta é pura POESIA num limbo de sensações …

Em si tem o sabor do leite da infância…
…a lonjura das fronteiras da distância…
…os fantasmas das noites de ânsia na totalidade imaginada
do amor por viver…
E o mar de ondas alterosas chama pelas minhas inenarradas paixões…
…e as conchas e os búzios , macambúzios, deslizam nas areias das minhas emoções…

Mulher-raíz…deusa Gaia…florescer das minhas ramas
em cores do amor, ao rebentar o botão da flor…

Na concha-vida abre-se uma escultura a caminho da tentação…
…Vénus-a-nascer…Botticelli-mágico-licor-da poesia-da pintura
ao som das trombetas nacaradas da música de Bach…

Eu…amor…árvore-mulher ansiosa por te ter…!


C13 N-74-(ert)-FEV/012
Marilisa Ribeiro

sexta-feira, 20 de abril de 2012

POEMA: MONTE DE VENDAVAIS...


MONTE DOS VENDAVAIS…


Há sempre mais luz e sol brilhante
quando a poesia se esguia, furtiva e serena,
pela ponta dos dedos a escorrer pela pena.
Há sempre calçadas pisadas, doridas,
quando a poesia goteja mensagem
no corpo do lexema-coragem.

Há sempre o calor que brota do teu sorriso,
nascimento e percurso da alegria do meu viso.
Porta de entrada nos teus enigmas,
esse riso anelante leva-me a sonhos proibidos
que me circulam no sangue, em mistérios nas veias escondidos…

Há sempre o gemido de uma flor
que se verga ao teu odor…
e altera o equilíbrio do mundo
nas linhas de um papel
onde nasce uma poesia
que vive do teu sabor…

Meu monte dos vendavais semeia letras a esmo na policromia da aragem…

Trampolins de sensações
é com elas que escrevo nas ondas das emoções
do pestanejar do passar das estações!

E há ecos dos meus gritos ao vento no monte dos ais…

Há flores agrestes difusas nas ervas selvagens…

Há giestas silvestres urzes cheirosas jasmins atrevidos
que me roçam os pés
com a força das aragens!

Esvoaçam pássaros coloridos batendo as asas, quase sem ruídos.
As folhas das árvores vergam-se às brisas frondosas
que sugam o orvalho das pétalas de rosas.

Ao longe
o mar desperta
afastando as ondas
em voltas furibundas…

Na escultura do teu sono…o desalinho do abandono!
Cansada de esperar,
morre a chama da velha lareira…

Soltam-se as cinzas pela clareira
levadas no vento
pela serra altaneira…

Há desafios de desvelos que teimam em permanecer
nas letras que passo nos dedos, pelos teus cabelos…

Marilisa Ribeiro
Out/011-

segunda-feira, 16 de abril de 2012

DE TUDO UM POUCO...(Análise político/social)

Foto minha do Palace Hotel da CURIA-ANADIA

DE TUDO UM POUCO…

PORTUGAL É EUROPA? É PAÍS COM CONSTITUIÇÃO? É REPÚBLICA…?

…“Mesmo que fale somente de pedras ou de brisas, a obra do artista vem sempre dizer-nos isto: que não somos apenas animais acossados na luta pela sobrevivência, mas que somos, por direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser.”
in última parte do discurso proferido por Sophia de Mello Breyner Andresen(S.M.B.A) , lido pela própria em 11 de Julho de 1964, por ocasião da entrega do Grande Prémio de Poesia, pela obra “LIVRO SEXTO”.

Nenhum povo tem sido tão despojado da sua dignidade e dos seus direitos, como o meu povo, desde que o governo de Direita, à revelia, em muitos casos, das ordens da TROIKA, tem actuado contra os portugueses, num manancial de medidas e contra medidas que o têm despojado de valores patrimoniais e de dignidade, como nunca se viu ou pensou ser possível.
A última semana, então, estes homens têm demonstrado que é quase preciso acabar connosco, com os nossos sonhos, com o nosso sorriso, com as nossas esperanças…É um permanente nunca mais acabar de medidas, quase numa atitude de fúria e ódio que começam a “fazer saltar rolhas das garrafas” sem que tenhamos tempo de as pegar nas mãos…
Lembram-se de uma semana assim? Eu não, honestamente! Inventaram-se taxas para os fornecedores de bens alimentares (que o público que pode consumir é quem vai pagar), pela calada da noite, à moda da antiga PIDE-DGS proibiram que os portugueses se reformem nos próximos anos, numa escandalosa violação da Constituição, para a qual eles se estão borrifando, reduziram para limites vergonhosos as remunerações das “baixas”, aumentaram
para níveis incomportáveis o número de alunos por sala de aula, permitiram jogos de poder ao director da Caixa Geral de Depósitos, aumentaram os combustíveis até níveis impossíveis , mesmo para se ir trabalhar (já não falo dos pequenos passeios em família), admitem que não tocam nos lucros do estado no preço dos mesmos(COMO PODERIAM DAR AOS DIRECTORES DA GALP , DA EDP, DA REN, OS MUITOS MILHÕES QUE SE SOUBE ONTEM QUE ELES GANHAM?), declararam o fecho da Maternidade Alfredo da Costa, uma referência em Neonatologia a nível MUNDIAL, as televisões mostram-nos o choro desesperado dos licenciados sem emprego e sem perspectivas que não as da emigração, fomos sabedores de que o desemprego sobe assustadoramente, aos milhares todos os meses…E que mais? Lembrem-me, por favor!
Comecei o meu artigo com palavras da grande poetisa S.M.B.A e não o fiz por acaso. Dez anos depois de o proferir, deu-se o “25 de Abril de 1974; vinte anos depois, o país ainda estava “esfrangalhado” e quase a entrar para a Comunidade Económica Europeia; trinta anos depois VIVEMOS todos os escândalos de governação e não só, em que o país ficou mergulhado com a “sabedoria” de uma data de tipos, que “abriram” os olhos e se foram “arranjando”…Quarenta anos depois, estamos com um governo nas “mãos” que não sabe o que anda a fazer, que nos atirou para a maior miséria, que não sabe governar e, por isso, vai directamente às contas do povo, sem dar explicações, buscar mais e mais e mais dinheiro, porque não consegue pagar nada, não sabe promover a Economia de modo a gerar empregos, não sabe criar empregos, dá fome a todos, mesmo às crianças das escolas, primárias e secundárias, que vão em jejum para as aulas pois os pais, ou não têm dinheiro ou não têm emprego e “não chegam lá”, de modo nenhum! No Ensino Superior, passa-se o mesmo: os pais não aguentam as despesas, os universitários não podem continuar e os pobres desistem, as bolsas estão tão à míngua de cortes sobre cortes, que os alunos abandonam os cursos, como pardais atingidos pelas “chumbadas” do desgoverno. Os abonos de família acabaram para os “ricos”…os que ganham mais de 600/700 EUROS, a Saúde quase não existe…

Bem: na passada 3ª feira, dia 10 de Abril corrente, a SIC apresentou, com é habitual nesse dia da semana, os comentários de Miguel Sousa Tavares (MST) sobre os factos que mais lhe chamaram a atenção, na semana anterior.
Qual não é o meu espanto quando oiço o senhor falar contra as medidas do governo, neste seu “atafegar” contínuo da classe dos funcionários públicos e administrativos, professores incluídos, é claro. Caiu-me “aos pés o carmo e a trindade”! Mas este comentador não é o mesmo homem que há dois anos zurzia, desapiedadamente, nos funcionários? Não é o mesmo que se pegava de razões, constantemente, com os “madraços” dos Professores?
O que lhe aconteceu para, agora, achar injusto o que o governo da DIREITA está a fazer aos funcionários? Até chegou à clara conclusão que nenhum país pode viver sem estes funcionários! Perguntar, não é ofensa: “ já lhe está a chegar o fumo aos pés, sr. escritor-jornalista- comentador”? E foi então que procurei nos meus livros as palavras que sua mãe proferiu naquele célebre dia do Prémio Literário! Agora, meu caro senhor, com todo o respeito, recordo-lhe os poemas que, com a sua grandiosidade ela nos deixou, para nos lembrar as horas más que ainda viremos a viver…e que ela viveu, ao lado de seu pai. Acho particularmente expressivos os seguintes: “ ESTE É O TEMPO”-“A VESTE DOS FARISEUS”- “AS PESSOAS SENSÍVEIS”…
Pergunto-lhe ainda, porque tenho esse direito! porque o senhor ( não) me ofendeu (embora só me ofenda quem eu quero e seja superior a mim, apesar de não ter livros editados!) mas ofendeu a classe docente e a de todos os funcionários públicos!- pergunto-lhe, dizia, quando vai pedir desculpa a toda esta boa gente de que o senhor precisa, por os ter ofendido na sua dignidade e no seu direito ao bom nome de funcionários?

Recordo-lhe que uma das grandes regras da ARTE POÉTICA, de que falava sua grande mãe,
era sobre “ lutar contra a demagogia que é a degradação da PALAVRA”.
Depois disto…”…nem uma nódoa se via/ na veste dos fariseus…”!
Mealhada, 14 de Abril de 2012
Maria Elisa Ribeiro
Maria.elisa.ribeiro@iol.pt
Blog: lusibero.blogspot.com

sábado, 14 de abril de 2012

Música Portuguesa

Vários mails vindos de França e dos Estados Unidos , de emigrantes portugueses com saudades da Pátria, me têm recordado que não tenho postado, aqui no blog, a música da nossa Terra que costumava pôr.
Aqui vão algumas , amigos, com a promessa de que o farei mais regularmente.
O meu coração cheio de saudades para todos vós, com votos de muita saúde!

Mª Elisa

segunda-feira, 9 de abril de 2012

(ARTIGO SEM NOME…)

FOTO GOOGLE



DE TUDO, UM POUCO…
(ARTIGO SEM NOME…)

É com toda a frontalidade, que assumo, hoje, perante os meus amigos leitores ter dificuldade em dar um título ao artigo; daí, não advém nenhum mal ao mundo…até porque me permite vaguear por muitas “estradas”…onde até pode haver “jagunços”… (já vos explico, tenham paciência!)
E decidi que não dou mesmo um título!
Comecemos pelos “caminhos ínvios “do lexema DEMOCRACIA. Como todos sabemos, a palavra vem do grego “DEMOS”, que significa, “lato sensu”, POVO. Em democracia é o povo quem detém o poder soberano sobre os poderes legislativo e executivo. Deveria ser assim…mas os poderes modernos, principalmente a partir de finais do século XIX, subverteram em seu favor e transformaram, radicalmente, a ideia, de modo a servirem-se dela sem terem que servir o povo!
Ora, a democracia sujeita os governos ao Estado de Direito; assegura aos cidadãos, por conseguinte, uma série de benefícios que, se atentarmos no que se passa, de há sete anos a esta parte, em Portugal, somos forçados a admitir que os políticos imaginativos o não fazem, tendo virado a noção e o princípio do conceito “de pernas para o ar”, de tal modo que vamos vendo, no dia-a-dia, o desastre em que o país se tem afundado, cada vez mais inexoravelmente. Dado que, naturalmente, em democracia, as eleições não podem ser fachadas atrás das quais se escondem, quer os ditadores, quer o partido único, entende-se que tem de haver verdadeira competição pelo apoio ao povo, às suas necessidades, ao seu bem-estar e à sua dignidade humana…o que não existe, entre nós. Continuo a ser uma aprendiza destas coisas, destas realidades que me suscitam pensamentos.
Noto, apesar da minha ignorância, que no meu país “ a democracia é um império em triste decadência”.
Há dias, logo a seguir à manifestação e à greve, promovidas pela CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores portugueses) vi, no FACEBOOK , numa página particular, a publicação de uma restrita fotografia do evento, numa qualquer cidade do país. No sítio “comentar”, o dono dessa página, no pleno uso dos seus direitos, escreveu um adjectivo transformado em substantivo e vice-versa, que feriu a minha sensibilidade por ser feio, pesado, pejorativo no confronto das ideias e ideais das outras pessoas que vivem, como ele, num estado de direito: ”jagunços…” assim…com reticências…
As reticências são importantes para mim, como Professora de Português…Definem estados de espírito, suspendem ideias, caracterizam uma personagem e podem dizer o impensável…
Acontece que eu também estive numa dessas manifestações de carácter de revolta popular, onde estavam pobres, velhos, novos, estudantes, doutores, desempregados, trabalhadores, precários a recibo, indignados com o estado lastimoso a que chegou o nosso país nas mãos de desgovernantes que já não sabem o que dizem, nem o que hão-de dizer, pois não há palavras para caracterizar este “estado de doença” em que temos vindo a viver, desde que tivemos eleições.
SOU JAGUNÇA! SIM…PORQUE ESTIVE NA MANIFESTAÇÃO CONTRA A MISÉRIA, A PRECARIDADE DE EMPREGOS E DE DIREITOS, A INDEFINIÇÃO DE POLÍTICAS QUE LEVEM O NOSSO POVO A VER QUE VALE A PENA TUDO O QUE ESTÁ A PASSAR!
Estive lá com honra e com toda a dignidade, porque pensei no futuro dos meus filhos, dos meus netos, dos trabalhadores que não sabem se terão reformas dignas-ou até, se as terão- , em qualquer circunstância, se atendermos a que o país está a ser vendido aos bocados, sem dignidade nem orgulho nacional a chineses, angolanos, árabes, brasileiros, coelhos, galinhas, relvas e jardins…ou seja: está na imundície do desespero das interrogações legítimas! Conto que o dono desta palavra rancorosa, detestável e suja, tenha a sua reforma ou o seu emprego, assegurados, quanto mais não for, pelos donos do governo! que só podem ser os do seu partido, mais que escaqueirado, a fazer fé nas palavras de alguns militantes do mesmo…
Caminhamos, a passos largos, para um novo dia de comemorações da História recente do meu país: o aniversário do “25 de Abril de 1974”. Sem querer enveredar por “filosofias”, sei que a maior parte da população está desiludida com a HISTÓRIA! EU TAMBÉM, em muitos aspectos. Não é preciso fazermos de conta que o povo está feliz! Sabemos que não…Mas pensemos que, se a chamada “Revolução dos cravos” se apagou, foi também por culpa de cada um de nós que pensámos que tudo estava resolvido e que vinha aí o céu! Virámos as costas às realidades perpetradas pelos sucessivos governos, adormecemos nos ideais de Abril e, nas nossas costas, bem por baixo dos nossos olhos, os mais espertos foram-se “ amanhando”, tão bem, que desbancaram o país!
Hoje, a coberto da democracia, o novo velho governo toma medidas sem sentido…O Presidente cala-se, porque já teria tomado muitas medidas do governo de hoje, se lhe tivessem permitido, quando foi primeiro-ministro! O primeiro -ministro de agora, hoje diz uma coisa e amanhã diz outra, esperando pela inspiração nocturna para voltar a dizer e a desdizer… Nós não podemos dar um passo que temos de pagar “meias solas” a toda a hora e momento…esperamos durante o dia, com ansiedade, pois sabemos que o cérebro dos doentes da TROIKA podem ter tristes ideias mais logo… saímos e sabemos logo de novo aumento nos combustíveis, no leite, nas batatas, na sardinha e no atum…ou pensamos em sair e nesse intervalo sobem, novamente, os combustíveis e vai abaixo mais um hospital, uma maternidade, um tribunal, etc
Não é verdade “que não há machado que corte a raiz ao pensamento”? Permitiremos, nós todos, jagunços ou homens bons, que nos decepem as Esperanças, à martelada?
Na minha frente, um cartaz de ABRIL…tem impressa a figura de uma menina, com um ar tão feliz que me custa dizer-lhe a verdade primordial, a verdade sobre o emprego que não tem ou sobre o desemprego que já tem, a verdade sobre uma sociedade ético/social onde o direito à saúde, à justiça, à segurança, à educação não são a realidade prevista mas o pesadelo das bactérias de que o país está coberto…Ela desconhecia que tinha tantos sonhos que se tornaram pesadelos! Eu desconhecia, também…porque nós, os mais velhos, ainda tínhamos a boca a saber a ditadura de 48 anos…ainda não sabíamos como se podia falar sem ser levado, altas horas da noite, para os calabouços da PIDE-DGS…ainda tínhamos no coração o sabor a latifúndio feudal dos suseranos do século XX…Sabíamo-lo, nós todos, que estudámos calçados de sandálias de sola-pneu, molhados das viagens a pé ou de bicicleta para os colégios que nos aceitavam se fôssemos capazes, mesmo que pobres…
Lembram-se destas coisas, leitores da minha idade, que as vivestes como eu…ou parecido…
Aprendemos que o 5 de Outubro era um dia nacional…que o 1º de Dezembro era o dia da dignidade da Independência, pois país que não honre a sua independência, não devia existir!
Falámos, por aí, de DEMOCRACIA; mas, afinal, o que é essa democracia? A tal qualidade da sociedade que não nos assegurou a perene bebedeira de direitos, empunhados num cravo vermelho, na ponta de uma espingarda que não troou, ao lado de um soldado de honra, chamado Salgueiro Maia?
O escritor-filósofo JACQUES DERRIDA disserta, em várias obras de sua autoria, em torno dessa noção que envolve o mundo em obras de cunhos político/ético e também em Literatura discursiva, que se deve estender a noção de democracia à ARTE, À RELIGIÃO, À PSICANÁLISE, À MÚSICA E AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, para além dos direitos individuais do ser humano.
Plenamente de acordo, acho tão vasto o seu pensar que procurei, das obras que li, reter uma ideia fulcral de tantos “pensares” sobre o assunto; deduzi que, afinal estamos sempre à espera da Democracia como de “alguém que nunca prometeu vir”…por isso, “ainda não chegou”…

Termino, leitores, com esta minha verdade: a nossa Democracia, que vemos a desaparecer, lentamente, dos nossos horizontes dourados, deveria estar ligada à ÉTICA e à VERDADE, no amor pelas causas públicas.
Até sempre!

Mealhada, 9 de ABRIL de 2012
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
Email: maria.elisa.ribeiro@iol.pt
Blog lusibero://blogspot.com

sexta-feira, 6 de abril de 2012

FELIZ PÁSCOA -2012


AOS meus amigos e seguidores:

Estamos na PÁSCOA, mais uma vez, felizmente.

Muitos dos meus amigos e leitores são portugueses que deixaram a PÁTRIA para poderem encontrar lá fora, o que a mesma vos não soube dar.
Seria bom saber-vos felizes, apesar de estardes longe.

Não tenho escrito muito sobre Portugal, porque até temos medo de ouvir as notícias que nos tiram a PAZ.

o que importa é que, todos vós, meus leitores e segidores, estejais de saúde e passeis esta quadra festiva, em paz e alegria, todos! junto de vossas famílias e amigos, na alegria da Ressurreição .

FELIZ PÁSCOA/2012, AMIGOS LEITORES E SEGUIDORES!
Mª ELISA

segunda-feira, 2 de abril de 2012

MeMÓRIAS...na ilha vivida...


MEMÓRIAS…da ilha vivida…


Se, como diz o mais comum dos homens, “recordar é viver”, a verdade é que, também “viver é recordar”. Quem há, que não passe momentos a lembrar os tempos, as histórias, os acontecimentos, por vezes, bem marcantes, da sua vida?
Na realidade, o homem só tem um meio de viver, ao mesmo tempo, no passado e no futuro; é o de intervalar recordações e sonhos…Aí está o nosso Presente!

Por vezes, também, não há dor maior do que, na adversidade, recordar tempos felizes.
Mas quão triste seria não ter saudades de nada…querer esquecer tudo… Afinal, existimos já como seres humanos….Não somos máquinas produzidas às peças, como “robots”…Fomos dotados de sentimentos, de alegria, de tristeza, de dor…Somos capazes de sentir, agir e reagir…
A verdade é que os sonhos amanhecem as nossas vidas para serem realizados nas “TARDES” e recordados nas “NOITES”; e entendamos aqui as palavras “tardes e noites”, como Metáforas de horas más e horas boas.
Tudo isto, a propósito de uma foto que, ontem, dia 31 de Março de 2012, tive a alegria de encontrar na minha página do Facebook! Uma fotografia que “falou”… que me transportou à era do Sonho, àquela altura que recordo como um período de alegria da minha vida pessoal, que foi o da vivência em São Tomé e Príncipe, ao lado de pais e irmãs, único período da minha vida em que estivemos todos juntos.
Essa foto permitiu-me recuperar, quase totalmente, um pouco da minha integralidade como SER humano, ao trazer-me à memória tudo de bom que a infância permitiu que vivesse nessa ilha paradisíaca, que tenho no pensamento, como se lá estivesse ainda.

Era a foto de uma mulher de raça negra a dar de mamar a um bebé branco!
Estarão os cérebros racistas e xenófobos escandalizados com esta minha “saída”…Não faz mal…Eu nunca fui racista! Vejo os homens como seres humanos e não como boiões de tinta!
E vou explicar porquê: era costume, nesses tempos em que não havia leites enlatados e outras vaidades da modernidade (muito menos nas ex-colónias ultramarinas!), as senhoras brancas darem os seus filhos a amamentar, às serviçais de raça negra, que tivessem filhos ao mesmo tempo, caso não tivessem leite para os seus meninos brancos. Bem…leite e lágrimas são iguais em todo o mundo, em todas as raças do mundo…são símbolos de vida e de dor!
Pois , a minha irmã mais pequenina, bebeu leite da “mãe negra”! E eu, que adorava a ternura com que aquela mulher esquecia as agruras da vida e se dedicava a passar as mãos pelos cabelos loiros dos outros meninos que amamentava, para além do seu, encostava a minha cabecita ao colo dela e cheirava-me a leite…leite branco…leite são…enquanto ela ia alternando as carícias entre mim e minha irmã! Abençoada “mãe negra! Que estejas em paz no mundo das reais verdades! Eu também provei o teu leite…às escondidas…

Todas as mulheres que são mães de dois filhos, quase seguidos, sabem que o mais velho, geralmente tem ciúmes do mais novo, se a mãe lhe não der o peito…Comigo foi assim…e para que o mais velho não se perturbasse… eu dava-lhe o peito, também…

Meu Deus! Reparo, agora, que este tema dá “pano para mangas” e vou ter que me alongar… (como sempre, aliás…)
É que as palavras amadureceram…e a tela das recordações começou a comunicar com vivências antigas que estão a desprender-se no papel como folhas velhas de árvore, como fruto que amadureceu, também, e me vai caindo, aos poucos no regaço das lembranças…
A infância é linda, é inocente…mas é trágica, porque passa e só volta a reaparecer, quando a não chamamos.
Vivi sonhos inenarráveis, com os meus amiguinhos negros, nas florestas densas que rodeavam a ROÇA COLÓNIA AÇOREANA, onde habitei até à hora de partir para uma nova e determinante etapa da vida…a escola, em Portugal. Essa floresta densa e mística que eu amava na inocência do desconhecimento dos perigos quer ela encerrava, essa floresta, dizia, verde, húmida e refulgente de beleza, era-sei-o, hoje, um eixo semântico de POESIA que exala agora na minha escrita. Era vida, era morte, era fruto, era água de cascatas a escorrer pelas colinas, era cobra mamba…era OUTRA espécie de vida, na vida que eu passava, inconsciente dos perigos…era Sonho, na realidade da Verdade de Então! Era a vivência de um paraíso original, num berço de saberes, gostos e puros amores!
Como posso cristalizar, numa síntese madura de Agora o que me marcou, nesse tempo de magia? Que sabe uma criança de todas as concepções activas e sociais de um viver numa ilha paradisíaca? Eu só sabia de felicidade e liberdade no meio do éden…nada sabia sobre os contrastes entre a transitoriedade humana e o infinito que a transcende! Só sabia – da-verdade- presente…a do mar que se ouvia, vindo do outro lado da floresta…a da cascata onde, nus, todos nos banhávamos na inocência…depois, esperava que meu pai não desse por nada…e comia os mais saborosos frutos, as mais ricas bananas e mangas, que a floresta punha ao alcance das nossas mãos inocentes…umas brancas, outras negras…mas todas irmanadas num sentimento de partilha e convívio são!

Hoje sei que as crianças, na sua eterna inocência, são a prova de que há “uma contrassociedade”: o seu modo de ver e de viver as coisas do mundo é tão genuíno de “anti regras “que o mundo em que se inserem se vai tornando, a pouco e pouco, uma POESIA!
E apetece-me acabar esta reflexão com uma parte de um soneto de ARY dos SANTOS, que diz isto, no “SONETO PRESENTE”:…Aqui ninguém me põe a pata em cima/
Porque é de baixo que me vem acima/
A força do lugar que for o meu.”

AQUI, NA MINHA POESIA….

Maria Elisa Ribeiro
Mealhada, 2 de Abril de 2012