segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um "cheirinho "de LITERATURA: AQUILINO RIBEIRO


Aquilino Ribeiro… (1885-1963)
São tantos “os monumentos literários” da nossa história das Letras, que se torna difícil escolher um deles, em momento oportuno. Hoje optei por Aquilino Ribeiro (A.R.) pelo que este escritor nos pode dar de riqueza da acentuação, pontuação, uso das linguagens popular, familiar e gírias, nomeadamente.
Ler A.R. é ver o povo nas suas mais genuínas tradições, usos e costumes. Mas também na boa dis posição que lhe vai começando a faltar, nos dias de hoje!
O escritor Fernando Namora referia-se a A.R. como “aquele jovem que trouxera a província para a cidade”. A verdade é que A.R. soube, como poucos, levar por caminhos difíceis a valorização da nossa literatura, em todos os planos. A sua criação literária, expressa em romances como: “O Malhadinhas”, “Terras do Demo”, “Andam faunos pelos bosques”, “A casa grande de Romarigâes ”, “Quando os lobos uivam”, etc., dão-nos um panorama de genuíno amor pelas nossas terras e pelas características ímpares do povo oriundo da alta montanha, que, apesar de toda a modernidade, é o que ainda somos.
Aquilino lê-se, às gargalhadas, o que é salutar! Da obra”Terras do demo”, retirei um pequeno extracto, na página 123 de uma edição de 1973, do Círculo de leitores:”Quinze dias esteve com os pés para a cova; fez-se branco como a cal, depois verde, tornou a pintar de vermelho…a beber umas colherzinhas de leite, mas resulho nem à fina força lhe passava nos gorgomilos…ora chorão, ora raivoso… (…). E, na página199, a respeito de heranças, do morto ainda com os ossos quentes, “…ainda o corpo não fora removido para o celário e já os herdeiros… faziam uma matinçada de cães famintos…”Padre Vieira, no século XVII, num dos seus sermões, trata este tema das heranças e dos desentendimentos dos herdeiros, de um modo mais moralista sem deixar de ser irónico.
O que mais impressiona quem lê A.R. é o seu amor contagiante pala Natureza, em todos os seus extremos, cuja beleza ressalta das palavras do escritor, no sangue vivo da raça portuguesa.
Homem instintivo, nascido e criado na região de Sernancelhe, louvou de um modo, por vezes pagão, a beleza e naturalidade do mundo serrano. Partilhou, com Teixeira de Pascoaes e António Patrício as doutrinas da Saudade, proclamadas na revista “SEARA NOVA”, ele que, por força das divergências políticas com o regime salazarista, várias vezes esteve preso e várias vezes, também, fugiu da cadeia, fazendo ao regime aquilo que ele considerava “o manguito político”.Observador atento da realidade social, pôs sempre em contraste a conduta da gente simples, por vezes ingénua, com a dos trampolineiros da hipocrisia e da mentira do subir na vida, a qualquer custo.
Em “O Romance da Raposa”, perfeito e acabado exemplo do que acabo de afirmar, A.R. compraz-se em demonstrar, por meio das ladinices da “rapozeta”, como procedem na vida todos aqueles que, por meio de truques, procuram e conseguem! suplantar os sérios e honestos, com as suas falinhas mansas. Este romance é, todo ele, uma metáfora da vida!
No romance “A Grande Casa de Romarigães”, riquíssimo em textos de verdadeira prosa poética na descrição de paisagens naturais, repare-se como A.R. começa a descrever o nascimento da floresta:”O vento, que é um pincha-no-crivo devasso e curioso, penetrou na camarata, bufou, deu um safanão… (…) Também ali perto, por uma tarde fosca de Outono, chegou um gaio, voejando de chaparro em chaparro, a grasnar mal-humorado…trazia no bico uma bolota. Dispunha-se a comer a merenda bem amargada, quando deu com os olhos no mariola do vizinho com quem bulhara na Primavera por causa da gaia, hoje sua mulher.”
Puras mimésis, animismo de uma Natureza que enche a alma, onde transparece a mesma técnica de Torga no amor por tudo quanto mexe, no bosque.
Nas obras “Mónica” e o “ Arcanjo Negro”-que estiveram proibidas até 1947- Aquilino envereda por uma crítica velada ao regime salazarista, através de Metáforas como “más estrelas” ,”negrume” e onde até mesmo o verbo “envelhecer” remete para o negrume que era, já no seu tempo ,o regime de Salazar. Nestas obras nota-se um certo pessimismo histórico, como se não houvesse nada que levasse um intelectual a ter esperanças de mudança. Infelizmente, só em 1974 se deu a ansiada reviravolta…
Para terminar esta simples abordagem da estética aquiliniana, gostaria de dizer que, em qualquer época da vida literária portuguesa, os escritores e outros intelectuais estiveram em consonância com as realidades do país; no entanto, nunca “há bela sem senão”…

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Os recentes perigos ,vindos do ORIENTE...

foto google



Não percebo de Geo -política, como fazem os analistas ,na TV.
Analiso as notícias dos jornais e vejo, com sofreguidão, as imagens difundidas pelos meios audio visuais, fazendo ,por conseguinte e em consequência, a minha simples e directa apreciação dos acontecimentos que, desde o caso egípcio, têm abalado as "estruturas" do MUNDO.
Talvez seja pessimista ...mas o que vejo passar-se no IÉMEN, TUNÍSIA, EGÍPTO,ARGÉLIA, TALVEZ A JORDÂNEA E A SÍRIA...( isto para já não falar nos países como o ZIMBABUÉ e outros países de ÁFRICA...)faz-me temer o pior para o mundo em que vivemos.
Uns dizem que a História não se repete...outros ,que há um malazarado determinismo histórico, que nos conduz, no mundo, a situações já conhecidas e/ou já vividas.
Hoje, a dependência do petróleo para tudo o que são actividades relacionadas com o fabrico ,a produção e as reservas agrícolas, faz-nos estar de sobreaviso...
Sem petróleo, não se pode produzir, nem mesmo os alimentos de que o HOMEM necessita para sobreviver!
Estaremos, portanto, na iminência de uma nova Guerra MUNDIAL? O medo impede-me de responder e pede-me que se arrase com o louco Ditador KADHAFFI e todo o seu clã, que se têm apoderado de grande parte dessa dádiva natural, onde ,por acaso nasceram a beber os primeiros goles de líquido!
O MUNDO mudou radicalmente; e de tal modo que é imprevisível o curso dos acontecimentos.
A Europa e os Estados Unidos começam a dar-se conta do engôdo em que os povos se foram afundando, à medida que os ditadores /carrascos de África e do Próximo e médio Oriente, enriqueciam despudoradamente, sem tomar cuidados sociais e minimamente humanos para com os seus povos.
As gasolinas e o gasóleo são a cartilha do dia a dia de quem dele depende , como os pobres portugueses!
O ditador está a chacinar o seu povo, afundando-o em mares de sangue!
O mundo começa a querer tirar a cabeça da areia... Iremos a tempo?
O ditador , que foi "asqueroso" mas "AMIGO", tornou-se um fardo de vergonha ,daquela que o mundo dos ricos perdeu...Antevejo que estejamos para viver horas amargas...nada ficará igual. NEM MESMO A VERGONHA!

O CASO DO RUI PEDRO


(foto google)




Foi com o coração cheio de, relativa, alegria, que ontemà noite, ouvi ,na TV a notícia de que o principal suspeito no rapto desta criança ,há vários anos, foi detido.
Digo"relativa",pois não sabemos se a criança não terá sido "banida" para não identificar os suspeitos; e digo-o também, porque ,não fosse a constante pressão da pobre mãe, e provavelmente, hoje ainda o tal não teria sido apanhado, para explicar todos "os fios emaranhados" das suas explicações!
Esperemos pelo que isto pode vir a dar, na certeza, porém, que estou do lado dos pais deste menino, agora e desde sempre!
Ao vermos hoje como funciona a chamada "Justiça" portuguesa...ESPEREMOS!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

POEMA: SANGUE DE MARESIA...

FOTO GOOGLE



SANGUE DE MARESIA…




Corre-me nas veias, sangue com odor a maresia…

Não há vida que sorria
Ao povo que do mar nasceu,
Se não puder ver surgir
As águas do viver seu…

Engolem-se lágrimas,
Sorve-se a Esperança trazida
Em garrafas de Vida…

MAS…SEM MAR, NÃO HÁ VIDA!

Personagem presente, na ausência…
Nostalgia à deriva nas ondas da evidência,
És tu, mar-oceano ,o lado lúdico
Da impaciência
Do viver do exilado, do outro lado da Terra!

Está em guerra, o português,
Sempre que, longe da Pátria,
Não pode molhar os pés
Nas lágrimas do marulhar,
Do seu bocado de Mar…

Terra molhada de peixe, a escorrer
Água salgada!

Desterro de quem viu a vida naufragada
Nos óleos orientais,
Das palmeiras perfiladas…

Cruzados do achar um outro mundo
Com mar…
Soluços de impaciência!


MAR- MÚSICA a marulhar, no ir e no vir,
No sangue a fluir,
No partir e no chegar…


Azul-vermelho da Vida do povo do navegar…

Andrajoso, corajoso,
Ansioso por se DAR,
O povo do meu país come as lágrimas do suar…

Mar-sofrimento- poesia!

Verdade do dia-a-dia!

Sinto-te a vida a pulsar,
No beijo da ardente Despedida…
Lábios-vida… ressonância bíblica…
Bebida do sofrer na água inesgotável, arável…
Fonte da Imagem-pátria-florida!



Maria Elisa Ribeiro
C7G-44/29 (mds) -FEV/010

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

POEMA: AVÉ- MARIA...


“AVÉ-MARIA”

Na minha aldeia, ao entardecer,
costumavam os sinos repicar,
em alegria e fragor,
à hora das “Ave-marias.

Costume antigo, rural,
que a todos, lembrar queria,
pelos campos em redor,
que era hora de repousar.

O tempo é outonal, tardio…
e o dia está por um fio…

Homens e mulheres voltam do regadio,
partilha natural, nas nossas terras,
em tempo de estio…

Ao som do sino crepuscular
começa-se a rezar:
“Ave-maria, cheia de graça…”
…enquanto, com pressa e graça
se recolhem os utensílios
do diurno, duro mourejar…

E eu, que te venero, Maria, Mãe do Senhor,
quase sem querer, entabulo conversa com a oração
e começo a dizer, com amor:
…”…bendita sois vós, entre as mulheres…
e bendito o fruto do vosso ventre, JESUS…”

Sem o sentir, eu, que nunca rezo,
dirijo “o navio” da natural devoção
para a figura da Virgem,
numa sagrada luz de Aceitação!

Interiormente florida e confortada, continuo a minha reza,
num acto, sem premeditação:
“…(…) rogai por mim, pecadora…”
-”OH, Senhora!
Olhai pelos trabalhadores de enxada às costas…
…mas velai por nós, pecadores, conscientes das nossas dores,
dos nossos dissabores…dos nossos desamores!”

Esta “memória” que em mim acendi
dizendo que venero MARIA,
é como uma janela da vida, que
em menina vivi…
que o silêncio devorou no Tempo,
mas que o Pensamento guardou cá dentro!

“Pai-nosso, que estais no céu…”
OH DEUS! Dou comigo a rezar, na hora de recordar!
(Graças, Senhor, por não teres levado a chama da memória,
dos dias da minha tenra história!)

O tempo montou-me um cerco…
Mas, ao recordar, desperto…
Para a vida espiritual, pois claro!
pois não sou um bicho raro!

“Avé- Maria, cheia de graça…”

Um dia, há muito tempo,
Fui o que sou, afinal…alma que é alma…que é imortal…que pode recordar…que olha o sol, como se estivesse
a crepuscular, no tempo das “Ave-marias” passadas…Choro! Deitei pedras pelo ar…atirei flores ao mar…perdi-me a deambular por mim, sem me encontrar…Hoje, recupero aquele bem-estar que advém da vontade de rezar…

“…perdoai os nossos pecados
assim como nós perdoamos…”

É hora de ir ter comigo…

C10J-51(MIST)- OUT/010´

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

foto google



SONHO NA REALIDADE?

Dói a noite.Dói a tua ausência.
Há um silêncio tormentoso,
Na demência do RECORDAR…
…AMOR E DESAMOR!

Oiço o rio deslizar
No desfiladeiro! Fluxo rápido…
Recorda o TEMPO dos rumores de outros sabores…
Um trovão fere os sentidos.
Eu desfilo, lentamente, pelos meus (muitos…) interiores.
Quase ausente…’inda dormente…sempre PRESENTE!

Abandono-me ao casulo onde me refugio…
…minha concha da imaginação…
…pertinho do coração!
Será aí que reside a ALMA que te chama…em aflição?

Sinto as mãos que me afagaram…
…os beijos que me queimaram…
…os olhos que enterneciam…
…os braços que me tremiam…

Cheira-me a casa a jasmim,
Que acendia para ti…

És hoje um terreno íngreme, recoberto pela densa mata,
Que me serve de companhia, no telurismo da data
Que recordo, no meu dia…
Teu hálito quente fazia deslizar o orvalho em mim…
Eras o meu bailado…meu ácido corrosivo…
…MEU CALOR DEVASTADOR!

Arde, ainda e sempre, o FOGO-NA-MINHA-LAREIRA…
O que estava à tua beira…
…o que REACENDIAS, ao ritmo – do-teu-BEM-QUERER!

Mas a floresta…essa, emudeceu…
…nunca mais sorriu igual…
…teima em esperar tua semente,
No seu solo virginal…

ESTOU SÓ, com meu corpo…com os meus dedos
Que aperto, em vão…na tristeza da SOLIDÃO.

Tristeza onírica! A VIDA mudou…

Ventre para cima, preciso de te beijar…
…de sentir que és em mim, numa loucura, sem fim…
…que não consigo esquecer…SOU MULHER…

“Sente…faz assim…beija-me, sem fim…
…perde-te nas minhas veias,
Alamedas abertas às tuas mãos…
Sem correntes nem segredos…quentes de DOER…

No ar escuro, um ponto luminoso
Lembra-me de quando fumavas teu cigarro…saboroso…
Vi pontinhos a brilhar, que pareciam estrelas belas…
Contentes…
E quis guardá-las em vasos especiais,
Tais os momentos que acabo de viver…”

As MULHERES são assim, amor…
…tudo tem um significado especial…

UM cheiro a perdição de AMOR, fica aqui,
Sentado, a esperar pelo nosso voltar…


SONHO…VERDADE, AMOR?


C10-(mqc)-15-JAN/011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Cantigas trovadorescas: CANTIGA DE AMIGO

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CANTIGA DE AMIGO




Vi um falcão peregrino, voando, delidamente.
Falei-lhe do meu amor que não veio, está ausente.

REFRÂO:”Não veio! Está ausente!
Espero-o, ansiosamente!”

E o falcão peregrino, asas abertas, chegou-se a mim.
Olhei-o bem nos olhos; ele falou-me assim:

REFRÃO: “Espera e confia!
Teu amor chegará, bem prontamente ”

Assim me falou e me deu ele novas
Do amor que espero… E passam as horas.

REFRÃO: “Não veio! Está ausente!
E eu espero-o, ansiosamente!”

-Teu amor está, nas terras d’el-rei.
Virá quando a guerra der lugar à lei.

REFRÃO: “Espera e confia!
Teu amor chegará, bem prontamente!

Virá quando a guerra tiver acabado.
Espera-o na fonte, como combinado.

REFRÃO:”Assim que puder, ele vai voltar
Para logo acabar esse teu sofrer!”

-“Esperá-lo-ei, na fonte sagrada!
Assim ficou dito, na época passada.
Ele não mentiu, devo confiar;
Virá, então, para me alegrar.
Depois, sim, eu irei noivar…
Noivar…esperar…confiar…casar!”

REFRÃO: "Assim que puder, ele vai voltar,
Para logo acabar o nosso sofrer!"








CAD4 D- 6 –JAN/08

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Ser idoso em Portugal...


Vi o filme, com JAVIER BARDEN, “ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS”.

Longe de mim imaginar que poderia recorrer a este título, para falar de PORTUGAL.

As “cenas dos últimos capítulos” do que se refere à velhice no nosso país, tocou nas raias do meu HUMANISMO e não me conformo com a falta de políticas de ajuda aos idosos, numa “democracia” socratista, que os esqueceu, completamente, excepto quando se trata de lhes roubar as magras reformas com que o poder instalado pretende que paguemos os desmandos dos corruptos e surripiadores dos dinheiros públicos, que eles fazem chegar ,”em paz e segurança”, aos paraísos fiscais!

Muitos são, nos últimos tempos, as notícias sobre idosos “desaparecidos” que, afinal, se encontram mortos, em casa, há anos, sem que ninguém, nem mesmo os vizinhos, se tenham apercebido dessas tragédias. MUNDO CÃO em que vivemos!

Morrer sozinho!!! Haverá maior tristeza do que esta?

Nas sociedades ancestrais, os idosos eram tratados como uma riqueza de saberes adquirida, respeitados, amados e acompanhados, como exemplos de vida e de experiências, que transmitiam valores, de todos os géneros, de geração em geração.

Lembro-me dos serões, à lareira, em que a minha avó (que não me deixou saudades!) nos ensinava as orações e nos contava histórias mágicas, que, recordo, tinham sempre a ver com exemplos de valores a seguir!

Se é verdade que o domínio da escrita permite a alguém manobrar as PALAVRAS, exprimir MENSAGENS com base nos conhecimentos e aptidões que possui, nesse campo, eu, hoje, sinto com obrigação moral, que devo referir-me a este tema…porque não ando bem com a minha consciência, se não falar desta situação amarga, de que a nossa imprensa se tem feito eco, nos últimos 15 dias.

A CIÊNCIA estuda a velhice…Que riso! Como pode a ciência prever o desumanismo das sociedades hodiernas, em que as famílias não têm tempo para se preocuparem com os seus velhos, “porque é preciso trabalhar”?E como poderia a Ciência prever as “crises” dos ricos, o fecho de instituições de ajuda social, de Centros de Saúde, de Hospitais…?

É só reparar no afã com que o DESGOVERNO, a imbecilidade e a falta de Humanismo dos seguidores de Sócrates têm demonstrado, numa atitude de “AMANHEM-SE COM OS VOSSOS VELHOS”…

Os últimos ministros da Saúde tudo lhes têm roubado, numa de “poupar” dinheiro…muitos filhos e familiares abandonam-nos nos “lares” e hospitais, com o mesmo tipo de desumanidade…os jovens, ai ,os jovens!olham-nos como empecilhos, sem respeito ou consideração, valores que deveriam ser adquiridos no seio das famílias e não o são!

Minha avó dizia: “FILHO ÉS…PAI SERÁS!”

Perdoem os meus habituais leitores, se este texto não obedece a uma , habitual em mim, estruturação do texto e das ideias…escrevi de improviso, revoltada comigo própria, pois pertenço a esta sociedade, e ainda hoje soube doutro caso ,aqui perto de minha casa!

Não quis fazer um discurso intelectual com clareza, exactidão, adequação, pertinência, coerência, etc…Preferi deixar que as minhas ideias escorressem pela pena, com ideias ditadas pela Emoção, para que eu própria me martirize com esta falta de VIDA, de ALEGRIA, de Solidariedade social, de que são vítimas os nossos “poços de saber”…os nossos velhos!

Já repararam nos apartamentos das cidades e nas janelas das casas por onde passamos?

Vejam a cara dos nossos idosos…Vejam a SOLIDÃO…Sintam a tristeza de quem está à espera do fatal momento…

JURO! Serei diferente, a partir de agora…apesar de ajudar no tratamento de velhinhos, na minha ASSOCIAÇÃO, há tanto tempo…

domingo, 20 de fevereiro de 2011

POEMA: ALENTEJO, SEARA/SOBREIRO


Alentejo do meu mergulho emocional
Em lagos de trigo ondulante…

Lindo de ver e viver,
Quando a leve aragem faz bulir a seara pujante…

Ando por ruelas ermas e sinto-me bem…
…eu –comigo,- neste passo de caminhante…

Toca-me os cabelos a aragem
Que faz vibrar a seara,
Longe da montanha afastada, distante…

Refugio-me no encontro com a voz da poetisa
Que canta a árvore seca…VOZ-SER-ERRANTE…

Cegonhas esfíngicas buscam a fecundidade
Dos campos de grão dourado, esvoaçantes…

Longas asas abertas, bico fusiforme, olhar penetrante…
Provocam, em mim, uma inveja frustrante…

Não tenho asas…busco o meu trigo loiro…
…canso-me da PROCURA e respiro, ofegante…

Ao longe, vozes de mulheres que não param
Para pensar…afagam o trigo, com afã crescente…

Torna-se difícil encontrar a água
Que faria matar a sede de infinitude,
Com que percorro os caminhos
Nesta plana altitude,
Que grita, lancinante, por um sopro
Que varra a inquietude!

Na solidão da planície gritante,
Uma nota de VIDA, por entre oliveiras carcomidas:
ÉVORA, cidade da altiva brancura, no cimo da colina,
Batida pelo sol escaldante…
…calada…misteriosa…apelativa…
Habituada ao martírio constante do choro de FLORBELA,
Bela- flor do AMOR…ausente!

No altar da VIDA deponho rosas e violetas roxas,
Em honra do teu delírio que deambula
Ao sabor do vento
Pelas ruas e vielas onde ecoas…
TU…que foste parte delas!

É então que te descubro,
A tocar os astros com os dedos
Loucos de AMOR
E os lábios, a beijar uma FLOR…



C10 J-67(mqc)-DEZ/010

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

POEMA: MURMÚRIOS DISTANTES...


Murmúrios distantes…


Acomodada no cimo da rocha musgosa,
fixo os olhos no horizonte perturbante.
Esta em que estou, é uma rocha negra,
negra de meter medo.
Tal qual o meu coração
quando, em introspecção,
desejo que cheire a rosas.

O vento uiva seus murmúrios longínquos,
vindos do fim d’outras eras…
Frescos, nas nuvens aladas,
trazem seivas do passado;
Segredos de antiguidades idas…
Outras verdades, d’outras idades!

Da rocha vejo o mar, ao longe,
balançando revolto, no meio do azul conforto.
Búzios, conchas e pedrinhas atravessaram,
-sozinhas!-
épocas de grande magia.
Havia-a, então, se havia…

Olho para dentro de mim,
revolta, também eu, assim…
Seguirei o meu farol
como o navio que rema,
morto por chegar a terra…

Agosto/08-C5E-43-Ag/08

LITERATURA PORTUGUESA: ANTERO DE QUENTAL


: ANTERO DE QUENTAL

“ANTERO DE QUENTAL (A.Q) foi uma das almas mais atormentadas pela sede de INFINITO, pela fome de eternidade. Há sonetos seus que viverão enquanto viver a memória dos homens, porque serão traduzidos, mais tarde ou mais cedo, em todas as línguas dos homens atormentados pelo olhar da ESFINGE”-MIGUEL DE UNAMUNO.

Ao começar a estudar, ou mesmo só a ler, a poesia deste homem ímpar, na nossa história literária, vemos que a mesma é marcada por duas fundamentais características do seu carácter que, ao reflectirem-se na sua obra, nos mostram, pelo menos, dois lados distintos do poeta, ou, se quisermos, dois “Anteros”: um, o Antero APOLÍNEO, que exalta A LUZ, A RAZÃO e o AMOR; o outro, é um ANTERO NOCTURNO, marcado pelo Pessimismo, pelas Dúvidas existenciais, pelos cantos à NOITE, à MORTE, ao descanso FINAL.
O seu nome vem, muitas vezes, ligado ao aparecimento e implantação do REALISMO, em PORTUGAL. Na realidade, A.Q. foi um dos membros da difusão das ideias revolucionárias que a estética literária realista trazia consigo, tendo feito parte do grupo de estudantes de Coimbra, ao qual pertenciam EÇA DE QUEIRÓS, OLIVEIRA MARTINS E BATALHA REIS, conhecido como “A GERAÇAO DE 70”(1870), que tomou parte na célebre “QUESTÃO COIMBRÔ e nas “CONFERÊNCIAS DO CASINO”. Cada vulto da Literatura Portuguesa é ímpar nas suas características e AQ não foge à regra. Ele pensou PORTUGAL e o HOMEM, nos seus ensaios revolucionários e na sua POESIA, também ela, revolucionária!
Viveu tempos conturbados do Pensamento, integrado na vida buliçosa do meio coimbrão, dos anos de 1870. Nessa altura, a Universidade fervilhava de novas ideias e novos ideais, como consequência da Revolução Francesa, que espalhava por toda a EUROPA uma nova forma de vida, baseada nos princípios de LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE. Os jovens da Universidade de Coimbra, ajudados pela rapidez com que os comboios traziam até nós as obras que falavam das novas ideias, elegeram AQ como seu mentor.
Conhecido pela sua honestidade, pelos seus princípios perante a vida, acharam que seria o Homem ideal para lutar por uma nova sociedade, neste PORTUGAL adormecido. Estava a sociedade portuguesa, neste momento, pelas vozes de Eça de Queirós, principalmente, mas também de Oliveira Martins (OM) e de BATALHA REIS (BR), a tentar deixar a mentalidade romântica, para se lançar, em cheio, no REALISMO/NATURALISMO.
AQ ajudou os jovens revolucionários, participando nas “CONFERÊNCIAS DO CASINO” com uma palestra que, só vos digo!... fez cair “o CARMO E A TRINDADE”! Intitulava-se essa conferência ”CAUSAS DA DECADÊNCIA DOS POVOS PENINSULARES, NOS ÚLTIMOS 300 ANOS”.
Nesse documento, que provocou escândalo, AQ “batia” forte e feio, na MONARQUIA, NA IGREJA E NOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES, que, segundo Antero nos deram riquezas fátuas, pois não nos ensinaram a trabalhar, mas sim a viver “dos rendimentos”… É claro que, nessa altura, a Monarquia pôs logo fim, à “orgia” revolucionária dos estudantes de Coimbra.
Em meu entender, a única coisa que mete medo aos grandes e poderosos é a força do Pensamento dos “pequenos, pois ainda não conseguiu “cortar” a sua raiz…embora, muitas vezes lhes tenha mandado cortar a própria cabeça….
Foi só este o contributo de AQ para a implantação do REALISMO, em PORTUGAL; este e as sessões literárias a que assistia e onde dava opiniões para um mundo melhor. Para além disso, ANTERO enveredou por uma linha romântica, da qual toda a sua poesia é um verdadeiro documento. Até a sua personalidade, com tendências depressivas, ajudou ao clima de tragédia que rodeou a sua vida. As muitas leituras de múltiplos e variados autores revolucionários ajudaram a contribuir para o seu desassossego de alma.
PROUDHON e as teorias de um socialismo, perfeitamente utópico! levaram-no a sofrer com as injustiças praticadas sobre os pobres, os desprotegidos e os infelizes, de um modo geral.
No capítulo poético, a vida de AQ dividiu-se em quatro partes principais: o tema da MULHER; o que reflecte o período revolucionário do tema do Socialismo utópico, onde AQ demonstra uma grande preocupação com as injustiças sociais; o tema do pessimismo e o tema do retorno à ideia de Deus.
Vejamos a sua atitude romântica, perante a MULHER, que, para ele é o anjo do ideal, sem mal nem impureza, atitude contrária à do romântico ALMEIDA GARRETT, na colectânea “FOLHAS CAÍDAS”…. O poema “IDEAL”: “AQUELA QUE EU ADORO, NÃO É FEITA/ DE LÍRIOS NEM DE ROSAS PURPURINAS, /NÃO TEM FORMAS LÂNGUIDAS (…) NÃO É A CIRCE (…) NEM A AMAZONA (…) É como uma miragem que entrevejo (…) NUVEM, SONHO IMPALPÁVEL DO DESEJO.”E a mesma visão se encontra no poema “BEATRICE”…
A busca do ideal, não a confinou A.Q. apenas à MULHER! O poeta lutou como um verdadeiro romântico, por um mundo marcado por ideais de justiça, de fraternidade, de humanismo. Apoiou-se, no entanto, ao contrário dos românticos que privilegiavam o SENTIMENTO, na RAZÃO, a quem chegou a chamar, numa belíssima Personificação, “irmã do amor e da justiça”.
E isto leva-nos à segunda fase da poesia anteriana, a do apostolado social, onde a sua elevação de carácter e o amor à revolução de ideias, costumes e sistemas, o levam a considerar que “A POESIA É AVOZ DA REVOLUÇÂO”, facto comprovado no soneto “A um poeta”, onde pede aos mesmos que não “adormeçam”, enquanto o povo sofre, e que transformem o mundo “num campo de batalha de novos ideais de vivência”: “Ergue-te, pois, soldado do Futuro/E dos raios de luz do sonho puro/Sonhador, faze espada de combate!”
Quanto ao tema do socialismo utópico: através de um certo paganismo, influenciado pelas leituras das obras de Hegel, Proudhon, Michelet, Marceau, Schopenhauer e outros, ele empreendeu uma luta tenaz pelo desenvolvimento, pela melhoria de vida dos operários e infelizes não bafejados pela sorte. Nesta fase poética. A, Q. divinizava a IDEIA, a RAZÃO e a JUSTIÇA.
A seguir, no seu percurso, parece antever “UM PALÁCIO DA VENTURA”, uma onda de esperança na FELICIDADE que se demonstra não ser verdade… “O cavaleiro andante” das causas perdidas cai, desta fase de PESSIMISMO, num período de desespero metafísico, em que retorna, APARENTEMENTE, às suas origens cristãs, mas que, apesar de poemas como “NA MÃO DE DEUS”, não é senão uma ilusão, pois o deus a que se reporta e na mão do qual quer descansar, é a MORTE, a NOITE ESCURA, a DESILUSÃO, que pedem descanso eterno! Oliveira Martins, um dos inúmeros estudiosos da sua obra, afirma:”ANTERO é um poeta que sente, mas é um raciocínio que pensa. Pensa o que sente; sente o que pensa”. Doente e cansado, com o encargo da adopção de dois filhos de um amigo falecido, na flor da vida, desanimado, sobretudo, por não ver o mundo a rejuvenescer, caiu num estado de PESSIMISMO, que marca a sua terceira fase literária, num poema “O palácio da ventura”, onde mostra ser como um cavaleiro andante, nos mistérios do universo, em busca da felicidade que parece estar ali, ali mesmo! mas que redunda em pura ilusão!:”MAS JÁ DESMAIO (…) dentro encontro só, cheio de dor, /Silêncio e escuridão nada mais!”
Quanto a mim, depois de ter lido e intuído a poesia de Antero, cheguei à conclusão de que a busca de uma relativa felicidade faz parte de um caminho longo e sempre inacabado, porque cheio de “pedras”, de desilusões insuperáveis, de decepções tremendas, restando-nos a Esperança de podermos viver um pouco melhor, num FUTURO que não sabemos se teremos ou quando acabará.
Falta referir-me à última fase dos sonetos de Antero, do Pensamento marcado por um tal desânimo que, aliado ao isolamento, ajudou a que, em 11 de Setembro de 1891, num banco de jardim, nos Açores, sua terra natal, ele desse um tiro na cabeça. Nesta última fase, parecia que o poeta tinha reencontrado a fé da sua infância, ao deixar-nos poemas como “NA MÃO DE DEUS”, “À VIRGEM SANTÍSSIMA”, “A UM CRUCIFIXO” ou “SOLEMNIA VERBA”… Pura ilusão! Este deus de que Antero falava era, nem mais nem menos que a MORTE, A NOITE ETERNA, o DESCANSO FINAL a que ele chama, no soneto “NOX”, ”NOITE DO NÃO-ser….

NOTA: texto longo, que é, apenas, uma ajuda para quem tem que conhecer ANTERO de QUENTAL, mais profundamente. O texto não dispensa aulas de PORTUGUÊS por parte de alunos, e é somente uma súmula da história literária deste grande poeta, destinada a um público menos especializado na matéria.

BIBLIOGRAFIA
“História da literatura Portuguesa” de António José Saraiva e Óscar Lopes, 1979, 11ªedição, PORTO EDITORA;
“Dimensão Literária”de Vasco Moreira e Hilário Pimenta, PORTO EDITORA;
“História da Literatura Portuguesa-XVII/XX, de António José Barreiros, 5ªedição, EDITORA PAX.

Maria Elisa Rodrigues Ribeiro

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011


“… deus EM RUÍNAS…”



Eu, ser humano em ruínas,
“deus- homem” destroçado,
procuro a minha reconstrução…
Mas os deuses invejosos,
ciosos das suas perfeições fictícias,
não consentem que levante a minha habitação.

Os deuses falham, também…
Não são perfeitos… pois não!
E eu dedico-me a espreitar a vida interior,
à espera da revelação.

Pequenos , na grandeza que supõem ter,
esses deuses imperfeitos,
exilados do mundo das perfeições,
perderam a magia com que os via…

Seres banais, como os mortais,
condeno-os a progredir no caminho do Porvir,
fazendo o trabalho da reconstrução
do mundo antigo, perdido,
que procuro, em vão…

Recuso-me a ser a ruína de mim!

NÃO QUERO SER deus EM RUÍNAS!

Há meios para me elevar do fim de Mim!
O meu interior imaterial, espiritual,
levanta-se ,severo, contra deuses, com fim…

Noutras minas acharei,
o ouro puro de lei,
que é minh’alma a Sorrir!

Olharei as florestas,
o verde das suas ramas,
os ninhos das avezinhas
e acenderei a chama do meu SER-ESTAR…

Mãe – Natureza! Beleza plantada
dentro do meu sofrer,
ajuda-me a Viver!

Sou druida dos tempos idos
plantada no meu PRESENTE,
que com a força da mente
dará novas flores às gentes.

Vida da minha Vida no campo a germinar,
quando a Terra estrumada, adubada, fortalecida,
me fará parir alegria e beleza
no acto de estar à mesa…

Olhos no Céu
exijo ser Eu!
Ser deus que não morreu,
que não se pôs em ruínas.
que quer outra”HABITAÇÃO”…
onde more um Mundo novo,
que devo reconstruir…

Veleidades? Utopias?
É claro!
Isto é fruto de certos dias…

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Cantigas TROVADORESCAS(III-ª parte): CANTIGAS DE AMOR E DE ESCÁRNIO E MALDIZER


Dediquei, já, dois artigos despretenciosos e simples, a esta temática.
Concluo-a ,hoje, falando do tema-título deste post.

As CANTIGAS DE ESCÁRNEO E MALDIZER lembram as anedotas de hoje ,sobre os tipos sociais que merecem ser tratados com humor e...porque não? com um certo rancor, tão desagradáveis são. Os trovadores criticavam, em versos, por vezes obscenos, os malandros, os cavaleiros cobardes, os outros trovadores, o clero, os reis....etc Tudo criticavam, os Trovadores!Aliás, sabemos como os portugueses têm o dito fácil, quando se trata de pôr a ridículo personagens e assuntos.
estas Cantigas sofrem já a influência dos trovadores provençais, que começavam a "rodar" pelos salões de todas as cortes da Península e da França, nomeadamente da PROVENÇA.
Estas CaNTIGAS já são mais trabalhadas e ricas em vocabulário e forma ,havendo-as já de MESTRIA, de REFRÃO e as TENÇõES, que são dialogadas.
Os temas eram variados: a entrega dos castelos ao CONDE DE BOLONHA(um caso da nossa história medieval que envolvia o rei SANCHOII e o CONDE DE BOLONHA), a cobardia dos cavaleiros na GUERRA de GRANADA, as pretensões dos poetas pobres e humildes, a vida duvidosa das soldadeiras( mulheres de vida duvidosa que cantavam as canções acompanhando os jograis e os trovadores), os amores entre fidalgos e plebeias, as mentiras de amor, o desconcerto do mundo, etc.

Mas ...mais complicadas e elaboradas são as CANTIGAS DE AMOR, DE pura influência provençal, em que os trovadores juravam às "SENHORES" feudais um amor de vassalagem, um amor cortês com regras rígidas a seguir ,nomeadamente a reputação das "SENHORES".
A cortesia amorosa é o único tema abordado nas "CANTIGAS DE AMOR"; cantigas há, no entanto, em que o trovador e a "senhor" se envolviam ,intimamente, fazendo surgir muitas cantigas cheias de erotismo.

O amor fatal, o amor que intimida, o que enlouquece, o amor que mata, a saudade desenfreada...tudo ali se documenta, com profusão!EM suma: nestas cantigas, quem ama, sofre!Nestas cantigas, o trovador dedicava-se a uma única "senhor"jurava-lhe amor eterno e dedicado, demonstrava timidez em falar à sua dona ou "senhor", enchia-as de tantos predicados físicos e morais que era impossível existir tal mulher! Ela era a "mais bela, a mais dotada de virtudes, a que melhor sabia falar, sorrir e estar, de acordo com as circunstâncias, "a mais comprida de BEN", aquela que mais lindos olhos tinha,...eu sei lá que mais!

Um dos nossos maiores e mais importantes trovadores foi o rei D.DINIS que demonstrou serem os trovadores provençais uns oportunistas "porque so cantavam e tinham inspiração NO TENPO EM QUE A FROL Á""( a primavera!)e depois que esse tempo passava, eles perdiam a inspiração! MAS , ele não! ELE CANTAVA À SUA DONA EM TODO O TEMPO....

O tema é vasto; dei algumas "luzes"...Quem quiser aprofundar esta matéria deve procurar uma biblioteca ou obras literárias sobre a mesma.

O meu próximo post será sobre O ROMANTISMO, para poder falar de ALMEIDA GARRETT.


Mª ELISA RIBEIRO

sábado, 12 de fevereiro de 2011

POEMA:ÉVORA...LOIRA SEARA...

foto google




“ÉVORA…LOIRA SEARA…”




Longínquos sussurros de searas ondulantes
atenuam raivas, contidas no “Presente”;
Cabelos de trigo esparsos aos ventos
lembram algas de velhos “campos”…

Searas sereias da terra doirada
mergulham em tons de mar azulado,
dispersas nos braços do suave encanto
dos queixumes da minha beleza “ESPANCA”…

Dores magoadas de amores perdidos
nos longos antros da melancolia,
despiam-te a alma, que ainda espanta
quem te lê e te crê, no dia a dia.

Trigo loiro de ÉVORA! riqueza
de oiro vestido, sem qualquer surpresa!

Teus cabelos ondulantes de POESIA gritante
contrastam com o outro loiro, brilhante.

Vem, amiga, senta-te à mesa!
Bebe teu cálice, longe da tristeza!

“Presente- ausente” no meu dia a dia
aqui estou, distante,
em tons de vento ululante
cantando searas doutras caravelas
que, em poesia, se tornam mais belas!

Meço teus passos, no labirinto
de tua alma sentida POESIA…
O vento desperta…
O ar aquece e o tempo alerta.
Teu Alentejo de nobres rumorejantes ondas
canta de tons ora azuis…ora loiros…ora moiros…

E eu, no meio deste trigo loiro,
cheiro-me seara humana,
pronta a encontrar a alma
que dimana, de um campo de oiro…

Mª Elisa Rodrigues Ribeiro

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

POEMA:ACEITAR VIVER...É URGENTE!

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Reconheço que este poema é um pouco mais arrojado! Quis mostrar que, também no campo erótico se pode fazer poesia. O homem é matéria e espírito.As doutrinas da TEOLOGIA católica dizem que DEUS afirmou:" CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS!" No entanto, a mesma procura condenar tudo o que se relaciona com a VERDADE-SEXO! Não alinho em hipocrisias!Daí, este poema, que vai na linha de outros que já publiquei!
Mª ELISA(MARILISA RIBEIRO)







ACEITAR VIVER…É URGENTE!



Meu espaço íntimo,
Meu quarto odoroso de perfumes naturais,
Mágicos…a lembrar horas de sedução sem fim..
Apoiada na travesseira,
Saboreio momentos não vividos…recordados
Porque apetecidos…
Ao lado do encanto místico(acto sagrado)…lá fora
Um manto de neve pura
Na sua alvura, cobre a planície.
Na mesa de cabeceira…DAVID MOURÃO-FERREIRA!
(Cantos do PERFUME DE MULHER
Como nenhum OUTRO…qualquer!
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Empurras-me, ternamente.
Até onde me vais levar…?
Quero lá saber!...Empurra-me!
Pode ser até ao abismo
Do SER-ANIMAL-TOTAL…SEXO????????????????????????????????????????????
Talvez até outro abismo…o do teu amplexo…
Isso não me preocupa! Leva-me…
Vive de VERDADE, quem vive como um SEGREDO
MAGIA-ILUSÃO-PAIXÃO!
Tu és o segredo que em mim perdura…no NÃO-ACONTECER!

Colossal ternura! Sem nexo…
Perante mim, desfilam imagens coloridas das horas de …ILUSÃO??????
Tenho nos lábios o hálito do teu DESEJO…
Meu sexo! Transformado em tempestade!....................................................

Sinais da minha VERDADE feita VONTADE
Permanecem na tua humidade sussurrante…
Cascata de desejo deslizante…
E foi só um instante!
Mas as aves ulularam…
…as árvores vergaram…
,,,os ventos desmoronaram as águas do MAR,
Que tremeram!

Nas profundezas do AMOR, uma sagrada porta se abriu!
Como concha esbranquiçada, sai a Pérola…
Cheira a sal da maresia da rocha pegada ao fundo do MAR…………………….
AFRODITE , em glória, nasce do NADA
Na beleza nacarada da MEIA-LUA-CONCHA!

Erotismo bivalve de prosperidade carnal
Num leito feito desfeito
De areia sexual…
MULHER-DEUSA!
SEGREDO –DA- PERPÉTUA REGENERAÇÃO
Da VIDA…

MATRIZ-ÚTERO!

Num impulso, apoio meu pé no teu tronco!
Na medula do prazer, procuro o meu GRAAL,
Escondido na vulvar caverna da concha
Que lava, no nácar, o corpo da deusa do AMOR…

SOU FOGO-PEDRA-RAIO!
Sou AMOR em suspensão
Nas margens oníricas do viver!
Sou VÉNUS E SONHO LUA!

Escondo meus mistérios nas flores
Da sublime religião do AMOR…
…que chama!...
…que É chama!...
E PROCLAMA do SONHO A VONTADE DE SE DAR………………………………….

DAR-SE…
DESPOJAR-SE…
ANULAR-SE…


ACEITAR VIVER…É URGENTE!

MARILISA RIBEIRO C10J-(mqc)65/FEV/011

O lirismo Galaico-Português autóctone e o de origem provençal...

foto google




Em seguimento do tratamento que pretendi dar ao lirismo português dos princípios do anterior milénio, falo-vos ,hoje, muito sucintamente, das CANTIGAS DE AMIGO, nossas...aqui nascidas, cantadas e espalhadas, de geração em geração, com uma característica formal, que as torna únicas no contexto do lirismo peninsular: são PARALELÍSTICAS!

As romarias, as danças ligadas aos rituais primaveris,a saudade provocada pela ausência dos namorados(AMIGOS!)nas lutas contra os muçulmanos hostis ao senhor feudal, o mar, as relações com a mãe, tudo isso levava as raparigas(meninhas, donzelas, louçanas, fermosas), a cantar ,de manhã à noite, quer se encontrassem nos campos ,nas fontes,no lavadouro,na praia ou à beira-rio!Poesia espontânea, ingénua, fortemente afectiva, exprimia sentimentos de AMOR, SAUDADE e PREOCUPAÇÃO da "AMIGA" para com o seu "AMIGO!

Interessante nas nossa CANTIGAS DE AMIGO é o facto de elas serem feitas por homens, os TROVADORES, que demonstram deste modo, o profundo conhecimento da alma feminina, qual Psicólogo que tudo sabe e tudo compreende!De tal modo o faz, que o leitor se esquece desse facto e fala das queixas das "MENINHAS"!
Muitas dessas CANTIGAS, da autoria do nosso rei D.DINIS, são, inclusivamente, dialogadas, como se a NATUREZA fosse o confidente natural das donzelas: "
- Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
ai, DEUS, e u é?(novas=notícias, e u é=onde está?)
(...)
_ Vós me perguntades polo voss'amigo?
E eu ben vos digo que é san' e vivo:
AI deus, e u é?(...)

O refrão indica, precisamente ,que estas cantigas passavam de modo oral, de geração em geração! não havia escolas e o povo , nomeadamente as raparigas simples, não sabiam escrever!
Já referi que, com o decorrer das gerações, estas cantigas foram recolhidas em livros especiais, chamados CANCIONEIROS.
Através das cantigas recolhidas ,vê-se como estes livros se tornaram documentos importantes para o estudo da vida portuguesa, NA IDADE MÉDIA, dos séculos XII a XIV.
Pelos registos aí efectuados, pode ver-se o que se comia, o que se vestia, como eram as casas, as roupas, a alimentação, os usos, costumes e tradições.

Outro local importante das preocupações da donzela, é o mar ou a beira dos grandes rios, onde o amigo ia lutar ou pescar.
Numa ingénua cantiguinha ,diz a meninha:
"Ondas do mar de VIGO,
se vistes meu amigo!
E ai DEUS, se verrá cedo!(verrá=virá)(...)
Noutras , o problema é a ida à fonte ,não especialmente para ir buscar água à fonte fria, rodeada de arvoredo, mas o encontrar-se com o seu amigo...
E aí, a mãe ora compreende ,ora não...porque também já foi moça e sabe como são as coisas...

Sei que muito há a dizer sobre esta matéria, mas é quase impossível tornar o post mais longo...Sei ,também, que quem gostar desta matéria, procurará completar os seus conhecimentos...
Deixo-vos com uma ideia expressa pela estudiosa de LÍNGUAS, LUCCIANNA STEGAGNO PICCHIO,a qual considerou as nossas cantigas de amigo como as mais perfeitas e belas
DA EUROPA!(não é pouco!)

Maria Elisa

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A FALTA DE CUIDADOS DE SAÚDE...

FOTO GOOGLE




É um tema incontornável! Choca ,cada vez mais, ver que os portugueses estão condenados a morrer, porque se vão fechando a um ritmo alucinante, as fontes às quais, pagando os impostos que pagamos, deveríamos ter direito!

Acabo de saber que um amigo ,jovem de 50 anos de idade ,está doente, com cancro da próstata, militar de carreira, homem na pujança da vida...condenado à falta de tratamentos , "POR CAUSA DA CONTENÇÃO DE DESPESAS" ,como lhe foi dito pelo médico!

Portugal adormeceu a pagar tantos impostos! Perdeu a coragem de "varrer" esta comandita A tiros de caçadeira! Quem ouve "esse cadáver ambulante(que até já procriou!)esse mentiroso hipócrita penitente da RELIGIÃO-HIPOCRISIA que dá pelo nome de sócrates, já não liga ao que o cadáver político diz, mas continua a aceitar as "cangas" que nos está a PÔR no pescoço!Agora com a ajuda das ideias fascistas e hegemónicas da alemã merkel e do inútil sarkozy!

Acordemos ,portugueses! Há vassoiras à venda, em quantidade suficiente, para limpar o penico em que se transformou PORTUGAL DAS CARAVELAS!
Pagamos para a SAÚDE? QUEREMOS DIREITO À SAÚDE E não a condenação À MORTE, porque não temos mais dinheiro para engrossar a bolsa dos PRIVADOS!
OS BOYS DESTE PAÍS NÂO PRECISAM DOS HOSPITAIS PORTUGUESES! ELES VÃO DE GRAÇA IMEDIATAMENTE PARA FORA DE PORTUGAL!

ABAIXO A CLASSE DA HEGEMONIA DAS BENESSES!
ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS ,NEM NOVOS, NEM CRIANÇAS NAS ESCOLAS!!!!!!!!!
ESTE PAÍS É PARA A CAMBADA CORRUPTA!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

4 de FEVEREIRO de 1799...NASCE ALMEIDA GARRETT

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Hoje , 4 de FEVEREIRO, é um dia rico de recordações, em termos de História de todas as artes.

Faz anos que foi criado o FACEBOOK! Faz 50 anos que começou a luta armada de "libertação" em ANGOLA!Faz anos que,no PORTO, nasceu um dos maiores romãnticos europeus, ALMEIDA GARRETT.
É justo recordar este homem que, ao lado de ALEXANDRE HERCULANO, embora em anos diferentes, ajudou a introduzir o ROMANTISMO em PORTUGAL, movimento LITERÁRIO que já vigorava na EUROPA e que ,entre nós vinha sendo anunciado por poetas como BOCAGE!

Não é ,para já, que quero falar mais completamente, sobre a obra do grande escritor, poeta e dramaturgo. Isso será matéria que dará"pano para mangas"...
Hoje ,recordo-vos "FREI LUÍS DE SOUSA"(GARRETT DRAMATURGO)--"FLORES SEM FRUTO" E" FOLHAS CAÍDAS"(GARRETT POETA) e "VIAGENS NA MINHA TERRA"(GARRETT NARRADOR, PENSADOR, NOVELISTA).

Garrett quis realizar a obra que BOCAGE poderia ter feito:reformar a nossa poesia, tornando-a simples, acessível, sincera e nacional. Conseguiu-o com as obras "CAMÕES" e "D.BRANCA", que ensinaram o romantismo aos escritores lusitanos, que fundia o mundo subjectivo com a NATUREZA VIVA, e unia o presente às tradições do povo.

O HOMEM GARRETT merece ser admirado pela calma beleza da sua obra e pelo renovar da literatura nacional!E pela maneira nova de falar O AMOR!E pelo amor à PÁTRIA por quem esteve no exílio ,mas de onde voltou, para se juntas às tropas e lutar pela causa liberal, no momento exacto!

Voltaremos ao tema, depois de tratar ,por completo, embora sucintamente, o tema DAS CANTIGAS TROVADORESCAS!
Mª ELISA

POEMA: ...NA FOME DE TI...


…NA FOME DE TI…


Dentro de mim, guardo a história
Por contar…aquela…de que vou falar…
Guardo o Vento que nem senti,
Ao percorrer estradas famintas de ti…
Dentro de MIM, um silêncio de agonias feito,
Lembra o Tempo em que ERAS e SORRIAS…

Meu corpo nas tuas mãos
Era, então, a verdade por contar…
Verdade nua e crua…sem disfarces!
Usámos todas as artes
Das palavras imperfeitas,
No meio da realidade!

Comi, na fome de ti…
Saciei-me de VONTADES…
Rosas vermelhas,
Tão rubras como o nosso ardor,
Florescem no meu jardim,
Minha casa no cimo da ternura,
Rodeada desse sabor…

Poisei na tua Eternidade,
No sol que me nasce no quarto…
…capital do meu mundo de SONHOS!
Aí, aprendi a SOLIDÃO
Que prendi na minha mão!

Acendo um cigarro, louco de vontade de fumar…
Debruço-me sobre MIM
E seguro a MELANCOLIA das rosas vermelhas,
Rubras,
Que morrem um pouco por dia!
Vejo seu sangue vermelho a meus pés
Como água do mar, no auge das marés!

Presa em MIM, não fujo à realidade
Da vida dos vencedores no AMOR!
Trago nos olhos as lágrimas,
O sofrimento e a dor,
O desespero do teu calor
Perdido…
…na ARAGEM INCOLOR-DOS-VENTOS-DO-MUNDO…

Fico com este poema, que não morre…
Feito com PALAVRAS-VIVAS-APARECIDAS-
-AO-SOM-DA-VIDA!
È um caule QUE SE LEVANTA
DIREITO AO CÉU – DO- MEU-EU…………………


C10J- (mqc) -64/FEV/011

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

POEMA: DOCE CHEIRO MEU...

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DOCE CHEIRO MEU…


Flor de Lótus me revejo na juventude inquieta,
alvoroçada, confiante em expectativas…

Doces cheiros, inconstantes, acompanham os enervantes
devaneios, do corpo a amadurecer…

Quem me acolhe em suas mãos suaves
e me recolhe no momento das ansiedades?

Quem cheira meu corpo, assim,
frente à evidência da esperada experiência?

Permanece, Flor! Resplandece, eternizando
a fragrância da pureza do meu momento!

Não murches! Vive, perenemente, e cheira
como o jasmim, no meu Lótus de grandeza!

Rendo-me! É a hora!
Confio nas minhas mãos que revêem
teu rosto sem sombras,
com sabor a mosto dionisíaco…
E deliro…




C6F -155/26-OUT/09