quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

POEMA: ORAÇÃO (II)






ORAÇÃO (II)


É genético,
 este meu conhecer o rebentar fulgurante
das ondas do velho mar.
---------------------------------------------------Herança de antepassados,
 --------------------------------------------------no lacrimejar da vida…
---------------------------------------------------corre  ainda , em meu sangue, o eco da  sua voz.
                                 
                                        Voz rouca de mar manhoso…
                                        …sacrário de maresias com soluços de ondulantes-
                                       - águas do profundo das canelas ,no porão das caravelas…


Apelo misterioso em alterosas ondas…
sinto-o no promontório, onde os avós de outras eras
se ergueram,  na  ponta de ilusórias quimeras.

Essa chamada insistente corre nas veias, perenemente premente!

…e uma oração assoma, indo do espírito à mente…

                                                 * AVÉ – MARIA, da GENTE!*

(Suspeito que os ossos seus, em profundas águas perdidos,
                                          pedem para ser lembrados.)

O mar,
        --------------------- -- refúgio das inconstâncias da pátria
------------------------------forçou a procura de um novo mundo-
------------------------------abcesso-do-próprio Mundo!

No  seu seio de profundas memórias ,ouve-se um orar contínuo
de ondas a gemer fracassos
de tantas, tantas vitórias.

-------------------------“Avé –Maria, cheia de graça…”----------------------------------

Um frémito de amor perpassa pelo meu Sentir-a-rezar)

------------------------“ Bendito o fruto do vosso ventre…”----------------------------

(Minh’alma, ferida dos velhos tempos, atira aos céus um lamento.)

-----------------------“Rogai por nós, pecadores…”---------------------------------------

( Do fundo dos mares levantam-se ondas num eterno soluço.
Muitos, eram pescadores…
Outros, convictos navegadores a procurar a Verdade
na essência de novos odores…)

Todos enfrentaram “mostrengos” e viveram delícias em incertas Ilhas dos Amores.

 ------------------------------“Agora e na hora da nossa morte…”
--------------------------------(Quantos horrores! Triste sorte…)---------------------------------------




Maria Elisa R. Ribeiro
(Marilisa Ribeiro)
FEV/013-MST



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

LITERATURA PORTUGUESA-OS 50 ANOS DA MORTE DE AQUILINO RIBEIRO






UM POUCO DE TUDO…LITERATURA PORTUGUESA


 Aquilino Ribeiro (AR)… (1885-1963)

“ALCANÇA,QUEM NÃO SE CANSA”( Aquilino Ribeiro)


São tantos “os monumentos literários” da nossa história das Letras, que se torna difícil escolher um deles, em momento oportuno. Hoje optei por Aquilino Ribeiro (A.R.) pelo que este escritor nos pode dar de riqueza da acentuação, pontuação, uso das linguagens popular, familiar e gírias, nomeadamente, isto em termos de Escrita, de Português escrito.
Passam agora,50 anos sobre a morte do grande escritor; é impossível não me referir a este grande vulto das Letras Portuguesas, mesmo que num pequeno artigo, pois seria necessário dizer dele infinitamente mais do que este espaço comporta.
Ler A.R. é ver o povo nas suas mais genuínas tradições, usos e costumese no uso legítimo da boa disposição perante a vida, que vai começando a faltar-lhe, nos dias de hoje!
A.R é um dos romancistas mais fecundos da primeira metade do século XX. Activista político , principalmente contra a ditadura salazarista, vivia em Londres na altura das convulsões político-sociais e da agitação que haveria de conduzir à implantação da República, em 5 de Outubro de 1910. Foi perseguido depois do assassinato do rei Carlos, esteve preso depois de muito perseguido, mas fugiu da cadeia para passar a viver entre Paris e Berlim, com períodos de permanência no Brasil e em outras capitais do mundo.
Sobre a sua personalidade dizia Salazar, mais ao menos isto:” É um inimigo político, mas é um grande escritor!”
O escritor Fernando Namora referia-se a A.R. como “aquele jovem que trouxera a província para a cidade”. A verdade é que A.R. soube, como poucos, levar por caminhos difíceis a valorização da nossa literatura, em todos os planos. A sua criação literária, expressa em romances como: “O Malhadinhas”, “Terras do Demo”, “Andam faunos pelos bosques”, “A casa grande de Romarigães ”, “Quando os lobos uivam”, etc., dão-nos um panorama de genuíno amor pelas nossas terras e pelas características ímpares do povo oriundo da alta montanha, que, apesar de toda a modernidade, é o que ainda hoje somos.
Aproveitava a “personalidade” que conferia às suas personagens para criticar o modo como via as arbitrariedades do poder e os defeitos do povo e dos governantes; criticava, como ninguém, a falta de justiça que punha o povo na miséria e os governantes nos píncaros do bem-estar, que  a impunidade permitia.
Aquilino lê-se, às gargalhadas, o que é salutar! Da obra”Terras do Demo”, retirei um pequeno extracto, na página 123 de uma edição de 1973, do Círculo de leitores:”Quinze dias estiveram com os pés para a cova; fez-se branco como a cal, depois verde, tornou a pintar de vermelho…a beber umas colherzinhas de leite, mas resulho nem à fina força lhe passava nos gorgomilos…ora chorão, ora raivoso… (…). E, na página199, a respeito de heranças, do morto ainda com os ossos quentes, “…ainda o corpo não fora removido para o celário e já os herdeiros… faziam uma matinçada de cães famintos…
Padre Vieira, no século XVII, num dos seus sermões, trata este tema das heranças e dos desentendimentos dos herdeiros, de um modo mais moralista sem deixar de ser irónico.
O que mais impressiona quem lê A.R. é o seu amor contagiante pala Natureza, em todos os seus extremos, cuja beleza ressalta das palavras do escritor, no sangue vivo da raça portuguesa.
Homem instintivo, nascido e criado na região de Sernancelhe, louvou de um modo, por vezes pagão, a beleza e naturalidade do mundo serrano. Partilhou, com Teixeira de Pascoaes e António Patrício as doutrinas da Saudade, proclamadas na revista “SEARA NOVA”, ele que, por força das divergências políticas com o regime salazarista, várias vezes esteve preso e várias vezes, também, fugiu da cadeia, fazendo ao regime aquilo que ele considerava “o manguito político”.Observador atento da realidade social, pôs sempre em contraste a conduta da gente simples, por vezes ingénua, com a dos trampolineiros da hipocrisia e da mentira do subir na vida, a qualquer custo.
Em “O Romance da Raposa”, perfeito e acabado exemplo do que acabo de afirmar, A.R. compraz-se em demonstrar, por meio das ladinices da “rapozeta”, como procedem na vida todos aqueles que, por meio de truques, procuram e conseguem! suplantar os sérios e honestos, com as suas falinhas mansas. Este romance é, todo ele, uma metáfora da vida!
No romance “A Grande Casa de Romarigães”, riquíssimo em textos de verdadeira prosa poética na descrição de paisagens naturais, repare-se como A.R. começa a descrever o nascimento da floresta:”O vento, que é um pincha-no-crivo devasso e curioso, penetrou na camarata, bufou, deu um safanão… (…) Também ali perto, por uma tarde fosca de Outono, chegou um gaio, voejando de chaparro em chaparro, a grasnar mal-humorado…trazia no bico uma bolota. Dispunha-se a comer a merenda bem amargada, quando deu com os olhos no mariola do vizinho com quem bulhara na Primavera por causa da gaia, hoje sua mulher.”
Puras mimésis, animismo de uma Natureza, que enchem a alma de quem o lê com amor e onde transparece a mesma técnica de Torga no amor telúrico por tudo quanto mexe, sobre e sob as terras , os solos
Nas obras “Mónica” e o “ Arcanjo Negro”-que estiveram proibidas até 1947- Aquilino envereda por uma crítica velada ao regime salazarista, através de Metáforas como “más estrelas” ,”negrume” e onde até mesmo o verbo “envelhecer” remete para  a bruma nevoenta que era, já no seu tempo,(como sempre foi!)o regime de Salazar. Nestas obras nota-se um certo pessimismo histórico, como se não houvesse nada que levasse um intelectual a ter esperanças de mudança. Infelizmente, só em 1974 se deu a ansiada reviravolta, que ele não pôde aclamar.
Convém dizer que, na sua vida, o autor passou algum tempo no seminário, tentando convencer-se de que devia ser padre, como seu pai… mas parece que não estava destinado a tal fim…o que muito entristeceu a família! Espírito inquieto e crítico, cedo viu os contrassensos dos dogmas da religião católica e cedo se apercebeu da hipocrisia de seus colegas e “irmãos” de desdita o que levou à sua expulsão do seminário! Digamos que se perdeu um mau padre,mas que se ganhou um bom escritor, reconhecido em todos os círculos intelectuais do país e do mundo!É engraçado ver como ele próprio descreve a sua falta de aptidão para as “coisas” da Igreja, na obra “Um Escritor confessa-se”:…”Eu entrara para o seminário crente, crente absoluto, e lá senti que ali estava a despir a carapaça religiosa com que se nasce, que nos tolhe da idade da razão de dar o tombo para o desespero e o pessimismo.”
Legou-nos setenta notáveis obras! Nunca se desligou da luta política e foi, com setenta e tal anos, activo apoiante de Humberto Delgado.
Para terminar esta simples abordagem da estética aquiliniana, gostaria de dizer que, em qualquer época da vida literária portuguesa os escritores e outros intelectuais estiveram em consonância com as realidades do país…Hoje, ao lê-los, devemos fazê-lo com amor e espírito crítico, para sermos capazes de encontrar as VERDADES com que o país, neste momento, se confronta…

NOTA: há dois ou três anos, escrevi sobre Aquilino Ribeiro, no Jornal da Mealhada, um artigo que reformulei, de acordo com a data que hoje se comemora. Sendo um artigo diferente na temática e no enriquecimento da mesma, devo, apesar de tudo, em nome de mim própria, dizer-vos o que acabo de dizer!

Bibliografia: recorri a livros meus de quando leccionava, a Histórias da Literatura e a obras de A.R. que possuo; para as datas, fui à INTERNET.


Mealhada,25 de Fevereiro de 2013

Maria Elisa R. Ribeiro.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

POEMA: UMA FLAUTA DELIRA...





UMA FLAUTA DELIRA

Talvez louca…
…demente, quem sabe?
…sentada na matriz da noite estou,
quase indiferente ao rumor do vento
que desfolha pétalas de vida por entre árvores ,
deixando-me os lábios
roxos, gretados como a alma…

. é persistente este desfolhar do crepúsculo a permitir que no bosque
entre a negra nódoa-fim-de-dia ,
alastrando ao canto das raízes
do ramo mais profundo da minha energia.

Hora-------------tempo-dormente---------------vida a correr-----------------
-------------------------água de rio, naturalmente--------------------------------

…e…

. há lagos no escuro…
.bebem o ouro das estrelas.
. que douram águas de luz.
.que arrastam sussurros de voz.
.que acordam cisnes no ventre frio da terra, acordada, a fazer-me companhia.

. louca…
…este é o momento em que penso na tua boca que crepita
uma aura de fogo, que promete o fim de um mundo!
-----------doce de enfrentar,
----------------------------------difícil de acontecer---------------------------------------

.porque a loucura desconhece que, no calor mais ardoroso há espaços nevoentos
onde não desabrocham lírios esfíngicos…
.porque tufos de flores em labaredas sensuais trepidam em rosas de âmbar-
corais, que adornam teus sentidos -catedrais .

E um perfume de luz sobrenatural respira, subindo aos vitrais nostálgicos,
onde um pedaço de lua se atreveu a roubar calores ao sol,
para os colocar em meu seio,
que repousa na tua mão
sempre que um violino toca
o enleio da nossa aurora,
num vendaval de emoção!

Não! Não me chames louca, não!
…talvez …sonhadora inveterada, no olho de um furacão de melancolia
arrastada pelos ventos da magia-da-hora-desvendada…

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

No cimo do monte, uma fonte desatou a escorrer notas desmedidas
na canção de um trovador,
e a brisa lamuriosa chora o tempo-de-Ser da donzela,
fina flor do amanhecer…



Minhas tranças desfeitas na infância não mais voltaram a Ser.
E eu deixei de saber cantar hinos ao adormecer.
Abandonou-me a noite na colina das verdades, num baixo céu de neblina
onde apenas posso ouvir os gestos do corpo, de quando era menina…

Lá longe, uma flauta delira o odor das rubras rosas da vida,
numa orgia de sons de lira
que junca meu corpo de pétalas cor-safira…
…safira -azul-firmamento no meu sorriso de amanhecer
o perfil do teu viver…

Louca,
espero-te no silêncio corporal do não saber se estás aqui…
aqui… onde te sinto, afinal…


Maria Elisa Ribeiro (Marilisa Ribeiro)

CQ16-(erts)-2013/FEV

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

PORTUGAL EM NOTÍCIAS...




...e o escândalo continua...

Ontem, a imprensa falada, principalmente, deu-nos conta das"vozes" que correm sobre o bispo D. Carlos Azevedo, que reside no Estado do Vaticano, desde 2010, no que diz respeito a alegadas suspeitas de tentativas de abuso sexual na pessoa de um (hoje, padre), por parte do bispo que era seu professor no seminário onde o padre era seminarista.

Na altura em que o bispo foi mandado para Roma, muito me interroguei do porquê da sua saída, visto que era tido como potencial sucessor do actual CARDEAL PATRIARCA DE LISBOA, D. José Policarpo.

Hoje, toda a imprensa refere este caso e fala-se abertamente deste assunto, em todos os meios de comunicação.
Ouvi , às 14 horas, na TV, o padre Carreira das Neves referir que as tendências do bispo são conhecidas de há muito; a revista "VISÃO" tem uma imensa reportagem sobre o assunto.Não julgo ninguém... sempre o afirmei nos meus artigos e, por esse mesmo motivo, não o farei agora, também.

Ouçamos as próximas notícias e que cada um , que não tenha telhados de vida, ouse atirar a primeira pedra. Se o fez com adultos, problema deles. Se o tivesse feito com crianças, como aconteceu no "eterno Casa Pia", eu diria qualquer coisa.

A verdade é que a antiga Procuradora da Casa Pia, Dra. Catalina Pestana disse , há tempo, que "o país não estava preparado para conhecer a hecatombe que é , em PoRTUGAL, o caso dos abusos sexuais, nomeadamente contra as crianças. Quando foi afectada por cancro , avisou que deixaria tudo o que sabia , para ser publicado depois da sua morte, se fosse esse o caso; felizmente, está viva e , em meu entender, devia falar!Só que é difícil falar e acredito que a senhora tema pela sua vida...Outros, antes dela, escolheram calar-se...Que os ventos dos outonos fortes possam, um dia, levantar as folhas podres que vão ficando pelo chão...

Mealhada,21 de Fev/013


Maria Elisa Ribeiro

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O PAÍS, EM POUCAS MAS, SIGNIFICATIVAS , NOTÍCIAS!




AMIGOS QUE ME LÊEM E/OU ME VISITAM:

1-Soube, hoje, que o meu vencimento de pensionista, para o qual descontei durante quase 40 anos, foi encurtado (LEIA-SE, ROUBADO!)em quase 400 EUROS!

Os reformados, idosos, doentes e crianças, não têm lugar neste país de ladrões!

Por outro lado, JARDIM GONÇALVES, que desbancou o BCP, a par de outros jarretas conhecidos, como PAULO TEIXEIRA PINTO, viu um tribunal ( o de SINTRA, se não me engano...) reconhecer a sua impotência em lhe cortar a pensão de 180.000 EUROS/MÊS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!e todas as regalias que são compostas por jacto privado, viagens, seguranças e outras que não nos passam pela cabeça...QUE PAÍS É ESTE? ONDE VIVEMOS? POR QUE HÁ FILHOS E ENTEADOS NUM ESTADO ONDE OS DESEMPREGADOS SÃO MAIS DE 1.000.000 ? onde os alunos desistem de estudar ,porque os pais estão sem trabalho? onde as crianças da escola primária têm fome?onde outro banqueiro (FERNANDO ULRICH ), da cor do desgoverno diz, ABERTA E DECLARADAMENTE, que "se os sem abrigo sobrevivem, nós todos também podemos sobreviver"?

QUE HOMEM PRECISA DE TANTO DINHEIRO PARA VIVER, NUM PAÍS DE POBRES, DE MISERÁVEIS?

2-Mas , vamos a outras notícias: o ministro relvas, o tal que comprou a licenciatura e que passos coelho teima em manter( sabe-se lá porquê...ou , sabe-se lá o que ele sabe...) foi vaiado num evento onde pretendia discursar, quando o povo presente começou a cantar "GRÂNDOLA , VILA MORENA" e ele, por chacota, se decidiu a trautear a mesma canção!

Mesmo que alguém não goste de "ABRIL" , bom é saber-se que esta canção virou Segundo hino nacional, até mesmo em ESPANHA, nas ruas do descontentamento provocado pela angústia em que os dois povos estão a viver!

"Ajavardou" a música do povo? Foi tratado como um "javardo", neste país onde o povo começa a reagir a tanta miséria!

3- A nova PROCURADORA GERAL DA REPÚBLICA, decidiu, finalmente, que a procuradora CÂNDIDA ALMEIDA ( a tal que por amor a Sócrates, diz que "não há corrupção , em PORTUGAL!)
deve retirar-se do DCIAP e mais: a senhora , junto com mais dois Procuradores vai ter que responder por vários abusos , entre eles "violação do segredo de justiça"!

HAJA TOMATES!

4- Notícia no jornal "PÚBLICO": desde o passado ano fecharam, por falência, devido a tantos impostos e falta de frequentadores, mais de 11.000 restaurantes, cafés, hotéis, pensões, tascas, etc Como resultado destas desgraças todas  o número de suicídios no ramo da "restauração" sobe  a cada dia, Já lá vão 9 em poucos meses!

O PAÍS ESTÁ À BEIRA DA CATÁSTROFE!

Não sei que vos diga mais ,por agora...Não tenho boas notícias , em campo algum da vida deste pobre país...



Mealhada, 19 de Fevereiro de 2013
Maria Elisa Ribeiro

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O DISCURSO DO PAPA, NA 4a FEIRA DE CINZAS DE 2013


O DISCURSO DO PAPA BENTO XVI NA 4ª FEIRA DE “CINZAS”, DIA 14 de FEVEREIRO DE 2013


“Pelo amor da verdadeira sabedoria e no esforço de refletir corretamente, esgoto-me, torturo-me, atormento-me.”




Os filósofos e teólogos terão muito a dizer sobre o discurso do Papa Bento XVI, ontem, na Basílica de São Pedro, nas cerimónias de começo do período quaresmal, deste ano de 2013, depois do anúncio da sua resignação.

Foi como ser humano, católica e baptizada, no pleno uso da minha liberdade mental que o ouvi. Não posso esquecer que a Igreja, a que pertenço, nunca se pôs ao lado dos mais desprotegidos, daqueles por quem Cristo pediu, dando-se, como rezam as doutrinas. Esteve sempre por cima dos pobres, desprotegidos e perseguidos o bem-estar, o estar-bem dos membros da igreja vaticana. Para preservar o luxo e as honras, poucas vezes os membros da Cúria se puseram ao lado dos mais fracos. Já não recordo as palavras do Papa, mas sei que, quando as ouvi, vi críticas severas a este tipo de comportamento, de quem, devendo dar o exemplo da sobriedade pelo menos, o não deu.

Certo é que este homem arcou com todas as responsabilidades de tantos crimes da Igreja Católica, pedindo desculpas por todos os que se desviaram dos caminhos de Cristo, nomeadamente no que diz respeito aos crimes de pedofilia.

O Evangelho que nos mandam seguir tem sido espezinhado ao longo de milénios. Padres pedófilos e autores de crimes comuns foram encobertos para salvaguardar a boa imagem de uma instituição que, afinal, é regida por homens, tão pecadores como qualquer ser humano.

Bento XVI não podia continuar, porque a sua saúde lhe ia tirando as forças e , um dia, possivelmente, a lucidez; mas a grande verdade é que ele não desconhecia o “ninho de vespas” com quem teve de coabitar; e viu-o de “dentro”, com tal clareza, que tudo se lhe tornou insuportável!

Não estou a julgar ninguém. Não sou ninguém para julgar seja quem for… pobre de mim, pecadora! Humana, cheia de defeitos, tenho o dever de me aperceber deste mundo em que vivo e das suas tristes realidades! a começar pelas minhas! Uso a liberdade de pensar que a minha igreja roubou a tantos seres, ao longo dos milénios. Basta ler obras que falam do Vaticano para se ter uma ideia da dimensão do “ninho de víboras” em que todos os papas têm que viver, quase sem possibilidades de lutar contra o que quer que seja!

Por isso mesmo, vejo a renúncia e o discurso de ontem com respeito pelas palavras de um homem que “aproveitou” o momento, para deixar bons conselhos aos seus pares na igreja. E foi interessante ver como as cabeças de muitos se iam vergando, à medida que o Papa falava.
Revolucionária atitude num mundo em que o anterior Papa não teve a coragem de se vergar , como este, perante o reconhecimento de verdades cruciais, como a doença. De tudo o que já escrevi, pensando bem, tiro uma verdade: gosto mais do homem que resignou, do que do Papa que foi. Reconheço-lhe o mérito de ser um grande teólogo, um pensador brilhante e um intelectual de prestígio. Mas, hoje, vejo só o Homem, na verdade das suas fraquezas e complexidades. E gosto de reconhecer que, afinal, ser humano só custa, até que “um divino espelho” nos faz olhar para nós próprios, com a dignidade do acto de “VER”…


Mealhada, 16 de Fevereiro de 2013-02-15
Maria Elisa Ribeiro.
http://lusibero.blogspot.com


POEMA: SEM TI...





SIM,
SEM TI…

…uma rua abrir-se-ia para o mar levando meus sonhos ondulantes
nas vagas a ofegar maresia…

…uma curva numa ilha não teria onde desaguar, levando-te a descansar
à sombra de robustas palmeiras…

…a essência inacabada de mim não conseguiria escutar os passos musicais
do tempo-inteiro,
aquele que passa pela paisagem raiada das manhãs sazonais…

Sem ti…
…um piano fechado não tocaria as notas da pauta
que é meu corpo a soar…
e
na gaveta secreta da vida cairia o livro que lemos em horas crepusculares,
onde não anotámos nossos olhares!
…e o anoitecer chegaria sempre mais cedo, a tempo de apagar estátuas clássicas,
eternamente à espera do brilho do luar…

Pois, sem ti…
…as madressilvas murcham e escondem os aromas nos silvados agrestes,
que se enredam na alegria das aves
a cantar sonatas mágicas…
…e
as pontes não unem as margens por onde os rios vão deslizando,
fora da corrente…longe das aragens,
onde a face fria do dia sente o vento passar, levando as folhas
da confluência da libido na tempestade das árvores…

Sim, 
sem ti,

adensam-se as névoas

e move-se, iludindo-nos,

o tempo ,
enroupado

em-reinos-de-saudade… 

Contigo…
no solfejo das algas torna o resíduo da música das águas,
que ajudam a moldar a arquitectura do poema-realidade-da-minha-ficção,
num íntimo universo de pedregosas fráguas.

Contigo…
enfim,
irrompe o perfume matinal das sílabas orvalhadas
nos muros silenciosos das montanhas, ainda escurecidas.

Marilisa Ribeiro-(mqc)-14/013

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

...E PORTUGAL VAI DE MAL A PIOR...

Este governo, em três meses, viu aumentar o desemprego em mais de 125.000 pessoas! Estamos nos 17% de desemprego na União europeia!

Ontem, pela T.V, o paranóico passos coelho admitia que era natural???????????? e que, ainda aumentará mais  nos próximos tempos!

Mais de metade dos desempregados, que já ultrapassam o MILHÃO, está à procura de trabalho há mais de um ano, sem perspectivas de o conseguir arranjar. Muitos milhares de portugueses estão a emigrar numa onda de desespero, nunca vista!Ficamos cá nós, os pensionistas, que vêem o salário diminuir todos os meses, porque os ladrões do desgoverno assim entendem!Não podem fugir daqui os idosos e crianças, e os que vão tendo uma Esperança -no-Nada!

Os casos de corrupção começam a vir ao de cima e são a nossa maior vergonha, por os termos deixado apoderarem-se dos nossos dinheiros!

Reina o "amiguismo" e a subida escandalosa e exponencial dos amigos dos governantes, às cadeiras do poder!

PORTUGAL ESTÁ A SAQUE!

 Os idosos e as crianças têm fome! As crianças vão para a escola, sem tomarem o pequeno almoço!Está já provado, em milhares de casos, que a última refeição que tomam  é a que lhes servem na escola!

Os estudantes das universidades estão a largar os cursos, que os pais não conseguem pagar porque estão os dois desempregados!

Sem poder de compra e com medidas altamente restritivas, a economia afunda-se , a olhos vistos!

Todos os dias o desgoverno tem um prazer sádico em anunciar impostos e taxas a quem já não sabe onde ir buscar dinheiro para viver! Tudo aumenta e não há aumentos de ordenados há 4 anos, em muitos casos!

O ministro das finanças anda a nadar , sem saber o que fazer e ERRA TODAS AS PREVISÕES!

É feroz e constante a captura de dinheiro ao parco rendimento das famílias portuguesas e esta DITADURA de passos e gaspar não consegue ver que sem consumo a economia não pode crescer!As metas que eles vão traçando, para cada ano, depois que foram para o poder, não são cumpridas, nunca!

O desemprego está incontrolável e é assustador.Há gente desempregada sem  assistência nenhuma, pois, aos poucos, o ministro do CDS vai roubando tudo...Não temos abono de família! Isso é um luxo que acabou, assim como acabaram os apoios a pessoas com graves deficiências!

MEDO! TEMOS MEDO! PEDIMOS UMA CONTRA ATITUDE! SAIAMOS À RUA! NÃO PODEMOS MAIS!

Perdão, amigos, por este desabafo...É este desespero que me tem afastado de vos escrever , no blog!

No entanto, voltarei...

Mealhada, 14 de Fevereiro de 2013
Maria Elisa Ribeiro

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Recebido por email----anda a circular, por aí...

  Tal como recebi
 
O relatório do FMI não contempla esta situação porquê? Desconhecimento?

SEGURANÇA SOCIAL.....
Convém lêr e relêr para ficar a saber, pois isto é uma coisa que interessa a todos.....   A INSUSTENTABILIDADE DA SEGURANÇA SOCIAL

A Segurança Social nasceu da Fusão (Nacionalização) de praticamente todas as Caixas de Previdência existentes, feita pelos
Governos depois do 25 de Abril de 1974.

As Contribuições que entravam nessas Caixas eram das Empresas Privadas (23,75%) e dos seus Empregados (11%). 
Mas os Governos não criaram rubricas específicas nos Orçamentos de Estado, para contemplar as necessidades da Segurança Social.

Optaram, isso sim, pelo permanente "assalto" àqueles Fundos.
Cabe aqui recordar que os Governos de Salazar recorreram também a esses Fundos várias vezes para equilibrar a balança de pagamentos anual.

Só que de outra forma: pedia emprestado à Segurança Social e sempre pagou à Segurança Social. É a diferença entre o ditador e os democratas !

Em 1996/97 o 1º Governo Guterres nomeou uma Comissão, com vários especialistas, entre os quais os Profs. Correia de Campos e Boaventura de Sousa Santos, que em 1998, publicam o "Livro Branco da Segurança Social".

Uma das conclusões, que para este efeito importa salientar, diz respeito ao Montante que o Estado em 1996 já devia à Segurança Social, ex-Caixas de Previdência, pelos "saques" que foi fazendo desde 1975. 
Pois, esse montante apurado até 31 de Dezembro de 1996 ( após 21 anos de saque) era já de 7.300 Milhões de Contos - na moeda de hoje, cerca de 36.500 Milhões de euros !

De 1996 (mais 16 anos) até hoje, os Governos continuaram a "sacar" dinheiro da Segurança Social sem a reembolsar, já lhe devendo, no total, cerca de 75 biliões de euros.

Faltará criar agora outra Comissão para elaborar o "LIVRO NEGRO DA SEGURANÇA SOCIAL", para, de entre outras rubricas, se apurar também o real montante actualizado daquela dívida, depois dos "saques" que continuaram até hoje.

Mais - desde 2005 o próprio Estado admite Funcionários que descontam 11% para a Segurança Social e não para a CGA e ADSE.

Mas o Estado não desconta, como qualquer Empresa Privada 23,75% para a Segurança Social.
Outra questão se pode colocar ainda:

Se desde 2005, os Funcionários que o Estado admite, descontam para a Segurança Social, como e até quando irá sobreviver a CGA e a ADSE?

Há poucos meses, um conhecido Economista estimou que tal valor, incluindo juros nunca pagos pelo Estado, rondaria os 75.000 Milhões?!

Ou seja, pouco menos do que o Empréstimo da Troika!...

Ainda há dias um advogado, em Portugal, dizia que isto vai parar ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. ( Esperemos para vêr )

Há já um grupo de Juristas a movimentar-se nesse sentido.
Esta síntese é para que os mais jovens, que estão já a ser os mais penalizados com o desemprego, fiquem a saber o que se fez e faz também dos seus descontos e o quanto irão ser também prejudicados, quando chegar a altura de se reformarem!...

Falta falar da CGA dos funcionários públicos, assaltada por políticos sem escrúpulos que dela mamam reformas chorudas sem terem descontado para tal, e sem que o estado tenha reposto os fundos do saque dos últimos 36 anos.
 Quem pretender fazer um estudo mais técnico e completo, poderá recorrer ao Google e ao Instituto Nacional de Estatística.
RECEBI E CÁ ESTOU A REENVIAR!!!
Para relembrar:

Sabem que, na bancarrota do final do Século XIX que se seguiu ao ultimato Inglês de 1890, foram tomadas algumas medidas de redução das despesas que ainda não vi, nesta conjuntura, e que passo a citar:

A Casa Real reduziu as suas despesas em 20%; não vi a Presidência da República fazer algo de semelhante.

Os Deputados ficaram sem vencimentos e tinham apenas direito a utilizar gratuitamente os transportes públicos do Estado (na época comboios e navios); também não vi ainda nada de semelhante na actual conjuntura nem nas anteriores do Século XX.

SEM MAIS COMENTÁRIOS...

Mas há mais:
Aqui vai a razão pela qual os países do norte da Europa estão a ficar cansados de subsidiar os países do Sul.

Governo Português:

3 Governos (continente e ilhas)

333 deputados (continente e ilhas)

308 câmaras

4259 freguesias

1770 vereadores

30.000 carros

40.000(?) fundações e associações

500 acessores em Belém

1284 serviços e institutos públicos

Para a Assembleia da República Portuguesa ter um número de deputados "per capita" equivalente à Alemanha, teria de reduzir o seu número em mais de 50%!!!
 O POVO PORTUGUÊS NÃO TEM CAPACIDADE PARA CRIAR RIQUEZA SUFICIENTE PARA ALIMENTAR ESTACORJA...
É POR ESTAS E POR OUTRAS QUE PORTUGAL É O PAÍS DA EUROPA EM QUE SIMULTÂNEAMENTE SE VERIFICAM OS SALÁRIOS MAIS ALTOS A NÍVEL DE GESTORES/ADMINISTRADORES E O SALÁRIO MÍNIMO MAIS BAIXO PARA OS HABITUAIS ESCRAVIZADOS, A ESMAGADORA MAIORIA .

 ACORDAI! ESTAS, SIM, É QUE SÃO AS GORDURAS QUE TÊM DE SER ELIMINADAS E NÃO AS QUE O (DES)GOVERNO FALA.
 DIVULGA O MÁXIMO POSSÍVEL. REPASSA !

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Poema da série: "GOTAS POÉTICAS..."





POEMA DA SÉRIE: "GOTAS POÉTICAS...(XLVII)

GOTAS POÉTICAS…(XLVII)

.sonho sempre
o sonho.

(não se desiste
da Procura…)

.procuro
porque
sou-não-Sendo.

.não-sendo
tenho fome
de Infinito.

.meu infinito
tal como o teu
é finito.

.fujo por dentro
do Sonho
em-Mim.

.encontro-me
na palavra
em lavra sagrada.

.sonho quebrar
muros de silêncio
das sílabas.

.de alto a baixo
me olho…
Como me vejo pequena na grandeza da Palavra!
…mas atrevo-me a sonhar-Poesia…
…que mata esta fome interior do viver meu dia-a-dia!

Marilisa Ribeiro-Fev/013

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

POEMA: SIM, SEM TI...






SIM,
SEM TI…

…uma rua abrir-se-ia para o mar levando meus sonhos ondulantes
nas vagas a ofegar maresia…

…uma curva numa ilha não teria onde desaguar, levando-te a descansar
à sombra de robustas palmeiras…

…a essência inacabada de mim não conseguiria escutar os passos musicais
do tempo-inteiro,
aquele que passa pela paisagem raiada das manhãs sazonais…

Sem ti…
…um piano fechado não tocaria as notas da pauta
que é meu corpo a soar…
e
na gaveta secreta da vida cairia o livro que lemos em horas crepusculares,
onde não anotámos nossos olhares!
…e o anoitecer chegaria sempre mais cedo, a tempo de apagar estátuas clássicas,
eternamente à espera do brilho do luar…

Pois, sem ti…
…as madressilvas murcham e escondem os aromas nos silvados agrestes,
que se enredam na alegria das aves
a cantar sonatas mágicas…
…e
as pontes não unem as margens por onde os rios vão deslizando,
fora da corrente…longe das aragens,
onde a face fria do dia sente o vento passar, levando as folhas
da confluência da libido na tempestade das árvores…

Sim,
sem ti,

adensam-se as névoas

e move-se, iludindo-nos,

o tempo ,
enroupado

em-reinos-de-saudade…

Contigo…
no solfejo das algas torna o resíduo da música das águas,
que ajudam a moldar a arquitectura do poema-realidade-da-minha-ficção,
num íntimo universo de pedregosas fráguas.

Contigo…
enfim,
irrompe o perfume matinal das sílabas orvalhadas
nos muros silenciosos das montanhas, ainda escurecidas.

Marilisa Ribeiro-(mqc)-14/013

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A Restauração da Independência nacional, em 1640





Antecedentes

D. Sebastião, um rei jovem e aventureiro, habituado a ouvir as façanhas das cruzadas e histórias de conquistas além-mar, quis conquistar o Norte de África em sua luta contra os mouros. Na batalha de Alcácer Quibir no Norte de África, os portugueses foram derrotados e ele desapareceu. E os guerreiros diziam cada um a sua história. O desaparecimento de D. Sebastião (1557-1578) na batalha de Alcácer-Quibir, apesar da sucessão do Cardeal D. Henrique (1578-1580), deu origem a uma crise dinástica.
Nas Cortes de Tomar de 1581, Filipe II de Espanha é aclamado rei, jurando os foros, privilégios e mais franquias do Reino de Portugal. Durante seis décadas Portugal partilhou o Rei com Espanha, sob o que se tem designado por "domínio filipino".
Com o primeiro dos Filipes (I de Portugal, II de Espanha), não foi atingida de forma grave a autonomia política e administrativa do Reino de Portugal. Com Filipe III de Espanha e II de Portugal, porém, começam os atos de desrespeito ao juramento de Filipe I em Tomar. Em 1610, surgiu um primeiro sinal de revolta portuguesa contra o centralismo castelhano, na recusa dos regimentos de Lisboa a obedecer ao marquês San-Germano que, de Madrid, fora enviado para comandar um exército português.
No início do reinado de Filipe III de Portugal (IV de Espanha), ao estabelecer-se em Madrid uma política centralista, pensada pelo Conde-duque de Olivares e cujo projeto visava a anulação da autonomia portuguesa, absorvendo por completo o reino de Portugal. Na Instrucción sobre el gobierno de España, que o Conde-Duque de Olivares apresentou ao rei Filipe IV, em 1625, tratava-se do planeamento e da execução da fase final da sua absorção, indicando três caminhos:
  • 1º - Realizar uma cuidadosa política de casamentos, para confundir e unificar os vassalos de Portugal e de Espanha;
  • 2º - Ir o rei Filipe IV fazer corte temporária em Lisboa;
  • 3º - Abandonar definitivamente a letra e o espírito dos capítulos das Cortes de Tomar (1581), que colocava na dependência do Governo autónomo de Portugal os portugueses admitidos nos cargos militares e administrativos do Reino e do Ultramar (Oriente, África e Brasil), passando estes a ser Vice-reis, Embaixadores e oficiais palatinos de Espanha.
A política de casamentos seria talvez a mais difícil de concretizar, conseguindo-se ainda assim o casamento de Dona Luísa de Gusmão com o Duque de Bragança, a pensar que dele sairiam frutos de confusão e de unificação entre Portugal e Espanha. O resultado veio a ser bem o contrário.
A reação à política fiscal de Filipe IV vai ajudar no processo que conduz à Restauração de 1640. Logo em 1628, surge no Porto o "Motim das Maçarocas", contra o imposto do linho fiado. Mas vão ser as "Alterações de Évora", em agosto de 1637, o abrir definitivamente do caminho à Revolução.
Através das "Alterações de Évora", o povo dessa cidade tencionava deixar de obedecer aos fidalgos subjugados ao reino castelhano e desrespeitava o arcebispo a ele afeto. A elevação do imposto do real de água e a sua generalização a todo o Reino de Portugal, bem como o aumento das antigas sisas, fez subir a indignação geral, explodindo em protestos e violências. O contágio do seu exemplo atingiu quase de imediato Sousel e Crato; depois, as revoltas propagaram-se a SantarémTancosAbrantesVila ViçosaPortoViana do Castelo, a várias vilas do Algarve, a Bragança e à Beira.
Em 7 de Junho de 1640 surgia também a revolta da Catalunha contra o mesmo centralismo do Conde-Duque de Olivares. O próprio Filipe IV manda apresentar-se em Madrid o duque de Bragança, para o acompanhar à Catalunha e cooperar no movimento de repressão a que ia proceder. O duque de Bragança recusou-se a obedecer a Filipe IV. Muitos nobres portugueses receberam semelhante convocatória, recusando-se também a obedecer a Madrid.
Sob o poder de Filipe III, o desrespeito pelo juramento de Tomar (1581) tinha-se tornado insuportável: nomeados nobres espanhóis para lugares de chefia militar em Portugal; feito o arrolamento militar para guerra da Catalunha; lançados novos impostos sem a autorização das Cortes. Isto enquanto a população empobrecia; os burgueses eram afetados nos seus interesses comerciais; e o Império Português era ameaçado por ingleses e holandeses perante a impotência ou desinteresse da coroa filipina.
Portugal achava-se envolvido nas controvérsias europeias que a coroa filipina estava a atravessar, com muitos riscos para a manutenção dos territórios coloniais, com grandes perdas para os ingleses e, principalmente, para os holandeses em África (São Jorge da Mina, em 1637), no Oriente (Ormuz, em 1622 e o Japão, em 1639) e fundamentalmente no Brasil (São Salvador da Bahia, em 1624Pernambuco,ParaíbaRio Grande do NorteCeará e Sergipe desde 1630).
Em 12 de outubro de 1640, em casa de D. Antão de Almada, hoje Palácio da Independência, reuniram-se D. Miguel de AlmeidaFrancisco de Melo e seu irmão Jorge de MeloPedro de Mendonça Furtado, António de Saldanha e João Pinto Ribeiro. Decidiu-se então ir chamar o Duque de Bragança a Vila Viçosa para que este assumisse o seu dever de defesa da autonomia portuguesa, assumindo o Ceptro e aCoroa de Portugal.
No dia 1 de dezembro do mesmo ano de 1640, eclodiu por fim em Lisboa a revolta, imediatamente apoiada por muitas comunidades urbanas e concelhos rurais de todo o país, levando à instauração no trono de Portugal da Casa de Bragança, dando o poder reinante a D. João IV.