sexta-feira, 30 de outubro de 2009

PADRE ANTÓNIO VIEIRA (1608-1697)


Chamou-lhe Fernando Pessoa, no poema “ANTÓNIO VIEIRA”, “IMPERADOR DA LÍNGUA PORTUGUESA!” Queremos melhor maneira de começar a falar deste vulto da Literatura Portuguesa? Impossível!
Enveredemos, por conseguinte, por este caminho, que não vamos nada mal…
P.e VIEIRA pertenceu ao segundo período clássico da nossa literatura, o período Barroco, (século XVII), e tornou-se conhecido pelos SERMÕES, pelas CARTAS, por ser o defensor declarado e corajoso da identidade dos Índios da região amazónica e pelo aprimoramento da LÍNGUA PORTUGUESA, que CAMÕES, no século anterior, já tinha “começado a tratar pelo seu nome”, digamos assim. O “Apóstolo dos índios”, como ficou conhecido, pela defesa das etnias amazónicas, exploradas pelos gananciosos colonos portugueses, principalmente, bateu-se, mesmo a despeito da Inquisição que lhe não dava descanso, pela manutenção da cultura e liberdade destes povos, que muitos brancos consideravam como animais de carga, no caminho da exploração para fins de enriquecimento pessoal. Chamemos as coisas pelo seu nome: explorados como escravos!
Padre da Companhia de Jesus, pregador de temperamento impressionável e impulsivo, teólogo de forte formação humanística, “apóstolo” de causas que ainda hoje temos como justíssimas, diplomata com um elevado sentido de patriotismo, político adepto das doutrinas mercantilistas que já estavam a fazer prosperar, nesse longínquo século XVII, potências como a Inglaterra e a Holanda… digamos que falou até a voz lhe doer!
Não isento de uma certa utopia, no que diz respeito à grandiosidade da PÁTRIA, caiu, estranhamente, nas profecias do “BANDARRA”, que preconizavam para PORTUGAL a integração num novo IMPÉRIO, o 5º IMPÉRIO (SOBRE ESTA TEMÁTICA, DEBRUÇAR-ME-EI QUANDO FALAR DE FERNANDO PESSOA).
Foi o P.e VIEIRA cultor de uma majestosa LÍNGUA PORTUGUESA, que só voltou a conhecer momentos de esplendor com ALMEIDA GARRETT, no século XIX. “TOCADA COM PINÇAS”, a nossa língua viu os verbos enriquecidos no lugar próprio, os adjectivos apropriados às situações, os pronomes usados como devem, ainda hoje, ser usados, as situações mais naturais ou mais escabrosas tratadas a propósito, a língua enriquecida com novas palavras advindas do período dos descobrimentos… enfim, tudo tratado pelo seu nome, em SERMÕES e CARTAS, que enriqueceram e modernizaram o estilo e a forma da língua pátria.
Célebre aquele pequenino texto sobre o valor do índio, pessoa-humana, como se verá, a seguir: ”Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe (…) e começa a formar um homem (…) ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afila-lhe o nariz, abre-lhe a boca. Avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos, aqui desprega, ali arruga, acolá recama; e fica um homem perfeito, e talvez um santo, que se pode pôr no altar.”
Vocabulário apropriado, uno nas suas intenções, conciso, claro e ordenado de acordo com a ideia inicial: a de que o índio é uma pedra bruta, (como somos todos nós!) que, depois de “bem trabalhado” até pode vir a ser um santo!
Mas, para que isso pudesse acontecer, era necessário que os PREGADORES se esmerassem no vocabulário e na maneira mais sã de passar a MENSAGEM aos colonos embrutecidos, que os consideravam seres inferiores e às custas dos quais podiam enriquecer, explorando-os como escravos.
Viviam-se tempos perigosos por causa da Inquisição. Já desde o reinado de D. João III, da 1ª DINASTIA, era perigoso discordar ou, de qualquer modo, enfrentar, esta “Polícia religiosa “ dos tempos escuros da Idade Média, que se prolongou no tempo e no país. Falar contra os membros do CLERO, como fez GIL VICENTE, no século XVI, era um acto de honestidade e coerência de princípios que se podia pagar, muito caro, de preferência nas masmorras dos jesuítas. Se bem nos lembrarmos do célebre “SERMÃO DA SEXAGÉSIMA” e da temática do mesmo, que era abertamente contra os padres incultos e venais, fácil nos será compreender por que é que o P.e VIEIRA foi preso tantas vezes e andou fugido outras tantas, sem que este sermão, apesar de tudo, seja o mais elucidativo das ideias de VIEIRA, contra um certo clero, que pactuava com os grandes e os ricos.
BOILEAU, ensaísta francês, dizia: ”A ARTE TEM UMA FINALIDADE EDUCATIVA (…) A OBRA DE ARTE DEVE SER COMPREENSÍVEL, BASEADA NA VERDADE E NE RAZÃO. SÓ A VERDADE É BELA.”
Aplica-se que nem uma luva, esta frase ao que Vieira pensava ser, melhor, dever ser, a arte do púlpito. No SERMÃO de SANTO ANTÓNIO, pregado em 1654, em S. Luís do Maranhão, pouco antes de uma nova vinda a PORTUGAL, Vieira começou por uma frase dos Evangelhos, dirigida aos padres que não sabiam expor as suas ideias e que, por conseguinte, não “levavam” a MENSAGEM onde era necessária: ”Vós estis sal terrae”, (S.MATEUS,5)- “Vós(pregadores da palavra sagrada) sois o sal da terra”. A partir deste pensamento, desatou a “zurzir” contra os maus pregadores, incultos, vaidosos, por vezes com suja aparência, que não permitiam que “o sal” cumprisse a sua missão de impedir a corrupção dos alimentos …Era mais do que evidente o jogo de METÁFORAS, que resultou numa deliciosa ALEGORIA dos padres que não ajudavam a impedir a corrupção do alimento das almas, que era a palavra de DEUS. Deste sermão saíram as regras do discurso argumentativo, segundo VIEIRA. Um bom texto argumentativo deveria obedecer a uma divisão em quatro partes principais, a saber: EXÓRDIO, INVOCAÇÃO, CONFIRMAÇÃO e PERORAÇÃO.
Não errarei ao dizer que nunca, na nossa Língua, se tinha visto um PORTUGUÊS tão claro, tão natural, tão próprio e tão fluente como o de VIEIRA; de tal modo que, ainda hoje, esta matéria faz parte dos programas do ENSINO SECUNDÁRIO. Por tal motivo, devem estes alunos estar atentos às aulas de Português, pois este meu texto é uma achega, muito incompleta, uma vez que se dirige a outro tipo de leitores.
PADRE VIEIRA exerceu funções de exímio diplomata em cidades como ROMA, PARIS, RUÃO, HAIA, AMSTERDÃO e por todo o BRASIL. Tal como ele vivia para a dignificação dos índios e dos desprotegidos, assim deveriam viver outros missionários. É célebre uma ideia sua, a este respeito, quando afirma: “Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à CHINA, ao Japão; os que semeiam sem sair, são os que se contentam em pregar na Pátria… Ah, pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais “paço”; os de lá, com mais “passos” ! É de reparar que, nesta frase, Vieira joga com as palavras HOMÓFONAS paço (REAL) e passos (DE CAMINHAR) …
Lidos, os seus textos são um deslumbramento! Como seria de os classificar, se os tivéssemos podido ouvir?
E concluo, amigos, com o seguinte: conta-se que o filósofo ÉSQUINES, da antiguidade clássica, estava, certo dia a ler aos seus discípulos, um texto de DEMÓSTENES, seu adversário. No fim, estes aplaudiram, freneticamente. E em vez de os repreender, ÉSQUINES exclamou:
- QUE FARÍEIS, SE TIVÉSSEIS PODIDO OUVIR A PRÓPRIA “FERA”?”


BIBLIOGRAFIA:
HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA, livro II, de ANTÓNIO JOSÉ BARREIROS, 5ª edição, DISTRIBUIDORA PAX, 1974 .

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Poema do ciclo "MODERNISMO"

foto google



Mãos enrugadas
molhadas pelo mosto da uva exposta.
Unhas negras, doridas, calejadas,
do esforço moiro a triturar o oiro…
Setembro agreste onde o sol celeste
se move, indiferente ao esforço da gente.

No cesto de vime depostas,
as uvas
libertam o sumo-néctar de BACO…
Na mesa, à noite, contam-se as tarefas
do dia cansado.
Vindimar… é rir e chorar!
apoiar as costas no nada da vida,
sufocar ao sol quente,
partilhar gente com gente
e… mesmo assim,
sentir-se contente!
___________________________________

Embrenho-me no mosto da uva descarnada,
doçurenta, melosa, quente…

Enterro os pés na poeira quente
do solo
fértil e comovente…

Sei de cor,
o melhor e o pior da uva
a maturar…

Sinto na pele o comichar
do pegajoso contacto
com o vermelho escuro do mosto
abençoado!

Oásis de benesses, as vinhas do meu país!
Que bom nascer, tendo por berço
o cheiro da maresia vínica na raiz!



C6F -148/19 –SET/09

terça-feira, 27 de outubro de 2009

BREVES APONTAMENTOS...



FOTOS GOOGLE



-O noticiário das 8 horas da manhã, na TSF, deu uma notícia chocante, no mínimo:O Estado de ISRAEL está a impedir uma justa e equitativa distribuição de água , aos territórios palestinianos.
Sendo a água um bem universal, espero que, por motivos perfeitamente políticos, o estado hebraico ´~ao use a supremacia , nomeadamente militar , para "dobrar" os palestinianos. Tal como o Sol que, quando nasce é para todos, a água deve ser usada por todos ,também, sem que possa, de modo algum!- servir de retaliação ou arma político/militar.
Ainda não ouvi os telejornais referirem-se a esta notícia. A ser verdade, será indigno e desumano!
Donto sempre, nestas coisas relacionadas com aquelas partes do mundo, com a opinião de dois amigos, deste mundo virtual...


- Chegou a PORTUGAL uma lince, AZAHAR,para começar o repovoamento desta espécie ,que não é vista ,em PORTUGAL, há mais de trinta anos. É uma notícia que muito me alegra pois, cada vez que uma espécie desaparece... desaparece um pouco de nós, humanos, também.
O Instituto da Conservação e biodiversidade(ICNB) prevê , para Novembro , a chegada de mais fêmeas e machos, para a reprodução da espécie, para a qual se estão a preparar ambientes próprios, dadas as peculiaridades destes animais.

- A EMBAIXADA DA IRLANDA vai entregar à BIBLIOTECA GERAL DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, o "fac-simile" de um livro, "THE BOOK OF DURROW"( ou DARROW, como muitos dizem) que é um velho documento ilustrado dos evangelhos de JOÃO, LUCAS, MATEUS e MARCOS, com inúmeras iluminuras e imagens simbólicas dos mesmos. É mais um ilustre documento a enriquecer o espólio de uma das mais consagradas Bibliotecas universitárias do mundo.
O livro, segundo leio nos jornais de hoje, vem da BAIXA IDADE MÉDIA, dos anos que medeiam entre 877 e 916, tendo chegado a ser venerado ,então, por decreto real irlandês, da época.
Já não é a primeira vez que a BGUC é agraciada com honras deste teor: o REI DE ESPANHA já nos tinha atribuído o "fac-simile" do Cancineiro de SANTA MARIA e outras entidades de outras partes do mundo, que não recordo, fizeram o mesmo com outras obras ,únicas e de valor incalculável.
Coimbra e a sua Universidade gozam de um lugar de destaque nos meios intelectuais universais. Pena é que a fama nem sempre corresponda à realidade, como bem constataram muitos dos que por lá têm passado...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sentir assim...


Renasço a cada momento... É deste modo que eu entendo a minha "passagem" pelo circundante cósmico! Nunca fui sempre a mesma! É forçoso rejuvenescer, renascer para tudo o que nos rodeia. O mundo existia, antes de nós existirmos; mas, agora, que temos este "Presente", que "Somos", já devemos a esse mundo um renascer contínuo,porque ele só será melhor, na medida em que eu, para isso, contribua...melhorando...eu própria!


A força da convicção com que nos introspeccionamos é fulcral no processo de regeneração: ao fazê-lo, vemos como todos somos diferentes, como divergimos em carácter, como vemos o mundo que nos rodeia, como tocamos a pétala de uma linda rosa vermelha... Necessitamos de fotografar a nossa intimidade...com a coragem demonstrada por Miguel Torga quando, no poema "Descida aos infernos" afirma:"Desço aos infernos, a descer em mim."..."E entro finalmente/No reino tenebroso/Das minhas trevas/"...


Sinto que renasci, por fases distintas, ao longo da vida... Fui pequenina, fui adolescente com enormes responsabilidades, fui moça como todas as outras, com namoricos e esperança de encontrar um príncipe perfeito... (E só não o escrevo com letras maiúsculas, porque os príncipes, por vezes,se transformam em sapos...)


Renasci, novamente, quando fui mãe...quando tirei o primeiro curso, voltei a ser mãe, tirei outro curso, leccionei, comecei com a poesia e a colaborar com um Jornal local. Pelo meio, fiz tantas outras coisas...viajei e enriqueci-me com outros povos ,outras culturas ,outras civilizações...
Pobre do Homem que não renasce!


Ofereço-vos o seguinte poema:


Renasço a cada momento
do momento anterior.
Procuro no meu "Presente,
marcas do meu interior.

Fixo, então, o firmamento
e embarco em 'strelas de sonho...
Banho-me na luz que é delas
produzo momentos belos
e as energias reponho.

E, do momento anterior,
do qual estou a reviver,
sinto que não estou melhor
e que é preciso renascer!
Minha Vida! Meu Agora!
Não posso adormecer...

C6F-13 -JAN/09

sábado, 24 de outubro de 2009

Camilo Castelo Branco: breve apontamento...

De Camilo Castelo Branco (CCB), afirma o, também escritor, poeta e ensaísta, Vitorino Nemésio: “É quase impossível traçar um perfil de Camilo em duas ou três páginas. Ele é o escritor mais fecundo, patético e absorvente da Literatura Portuguesa, pela massa de leitura que deixou (…) pela variedade e vigor da obra, pelo nervo e pela abundância do estilo. Mas principalmente pela vida enredada e trágica. (…) O segredo do seu sucesso está no seu casticismo irresistível, estilo sentimental e linguagem vernácula (genuína) …” Vitorino Nemésio, in “Portugal, a terra e o homem” (Fundação CALOUST GULBENKIAN, 1978, citado in DIMENSÂO LITERÁRIA, PORTO EDITORA, ISBN 972-0-40052-8).
Nascido em Lisboa, em 1825, estudou em Coimbra e no Porto mas, nem a Medicina nem o Seminário conseguiram que se mantivesse afastado de problemas e de uma vida atribulada de paixões e sofrimentos que, desde rapaz o acompanharam e lhe “moldaram” o modo de pensar e de viver. CCB é um escritor de períodos literários ricos, novos e distintos, entre si. Ele foi aquilo a que alguns críticos chamaram ”o último escritor de profissão”. Escreveu por amor às letras, mas também por necessidade, pois era da sua pena que saiam as obras que tinha que vender, para cuidar da família. Inconstante no amor e amargurado pelos desaires da vida, espelha-o nos seus livros, olhando a vida portuguesa com sarcasmo e retratando-a nas suas obras através dum monóculo de ironia, que se espalhou a toda a sociedade portuguesa.
Foram seus contemporâneos, uns mais velhos outros mais novos, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Júlio Dinis, Antero de Quental, Eça de Queirós e tantos mais. Se falarmos de algumas das suas obras, todos se lembrarão, imediatamente, de “Amor de Perdição”, “A queda de um Anjo”, “Eusébio Macário”, “O retrato de Ricardina”,”A Filha do Regicida”, “A Brasileira de Prazins”, “ Livro negro do Padre Dinis”…sei lá quantos mais… A obra mais conhecida é, no entanto, “Amor de Perdição”, até por ter feito parte dos programas do ensino secundário, durante largos anos. Nesta obra, Camilo trata temas como o dos pais tiranos da sociedade portuguesa de então, que julgavam ter o direito sobre a vida e/ou a morte dos seus filhos, as zangas entre burgueses, brasonados ou não, o amor que pode levar à morte…e muita, muita crítica social e a instituições religiosas. Resumindo a história, sabemos dos amores, contrariados pelos pais, de Simão e Teresa. Ambos sonhavam “com uma casinha, em Coimbra, cercada de árvores, flores e aves, tendo o Mondego por companhia…”Mas como os pais não estavam pelos ajustes, entre várias peripécias Simão mata o primo de Teresa, Baltazar, indo acabar na cadeia, de onde, depois, é mandado para o exílio, na Índia. Teresa é posta no convento, primeiro em Viseu e depois, no Porto, onde acaba por morrer, ao ver passar diante das grades a que estava agarrada, o navio que afastava, para sempre, Simão, da sua vida.
É pelos diálogos que Camilo quer que os narratários (leitores) vão caracterizando as personagens, os ambientes, a sociedade, em geral. As descrições, considera-as ele maçadoras e de pouco proveito, para quem se embrenha nas suas obras.
João da Cruz e sua filha Mariana (personagens inventadas por CCB) ajudam, no que podem, os dois apaixonados. Mas, aqui, o amor não salva: MATA!
A novela é Romântica, na história dos amores contrariados; é Ultra-romântica, por tal amor conduzir à morte dos dois apaixonados jovens, mas é já uma amostra do que vai ser, daí por diante, o Realismo de Eça de Queirós. E explico porquê: no capítulo VII, Camilo delicia-se ao pôr a nu as características psico-sociais das freiras do Convento de Viseu! Imorais, com passados reprováveis, amigas da “pinguita”, viciadas em imoralidades dos tempos de juventude, intriguistas, levianas e falsas, descreve-as ele do modo que se segue: “Apenas a prioresa voltou costas, disse a organista à mestra de noviças:- Que impostora! –E que estúpida! disse a outra. A menina não se fie nesta trapalhona…que a prioresa é a maior intriguista do convento! (…) Enquanto foi nova era a freira que mais escândalos dava nesta casa (…)agora que está decrépita, anda sempre este mostrengo a fazer missões (…) A escrivã… só tem o defeito da pingoleta…gasta tudo em vinho…(…)”
O realismo da caracterização das personagens é a prova de que Camilo está já com “o pé” no Realismo. Mas ainda se pode ver essa realidade noutros excertos, como o que se segue, que se passa na noite em que Simão se encontra com Teresa e toda a sua comitiva é seguida pelos criados do pai dela. João da Cruz não está pelos ajustes, quando Simão pretende salvar a vida dos que o seguiram na fuga, depois de ter estado com Teresa. Por isso, pediu a João da Cruz para não matar os homens. O arrieiro respondeu-lhe que não queria morrer por ter sido reconhecido: ”João da Cruz apareceu, daí a pouco, com o podão ensanguentado._Você é cruel, sr. João- disse o académico.-Não sou cruel(…) o fidalgo está enganado comigo. É que lá diz o ditado, morrer por morrer, morra meu pai, que é mais velho. Tanto fax matar um como dois…
Simão teve um instante de horror do homicida e de arrependimento de se ter ligado a tal homem (…)”. Esta crueldade natural de João da Cruz, a dureza das suas palavras e a brutalidade dos seus actos é uma característica do REALISMO.
O que se diz de “Amor de Perdição”, em termos de vocabulário, de estilo, de linguagens, em geral, pode dizer-se de muitas outras obras de CCB. Profundo conhecedor das terras portuguesas, de seus usos, costumes e tradições, da sua noção de bem e de mal, Camilo usa, por conseguinte, um vocabulário vasto, variado e rico, vernáculo de gema, num estilo irónico, sarcástico e natural. Viveu em S. Miguel de Ceide numa casa que hoje é um museu da sua vida de dramas, tristezas e misérias. Filho bastardo, esse estigma contribuiu para lhe atribular a vida, para o tornar um ressentido, facto que se nota em tudo o que escreveu, fazendo proliferar, nas suas obras filhos naturais, como que numa atitude de purgação.
Conviveu com a miséria e a pobreza; esteve preso na cadeia da Relação do Porto por se ter apaixonado por ANA PLÁCIDO, uma mulher casada; foi, aliás, nessa cadeia que, em poucos dias escreveu “AMOR DE PERDIÇÃO”, cujo sucesso literário o apanhou de surpresa. A loucura do filho Jorge, a velhice e a cegueira, encheram-no de um tal tédio e de uma tal solidão, que o seu fim era inevitável: suicidou-se em 1 de Junho de 1890.
O poeta espanhol Unamuno afirmou, mais ou menos por estas palavras, que Portugal é um país de grandes tragédias de amor, grandes tragédias marítimas e, depois de ter lido “Amor de Perdição”…o País detentor da mais bela tragédia de amores dramáticos, na pessoa das personagens camilianas Simão e Teresa.
Para concluir: GALILEU GALILEI afirmou: “Não se pode ensinar tudo a alguém; pode-se apenas ajudá-lo a descobrir, por si mesmo.”Convido os nossos leitores a fazerem o mesmo, caso estejam interessados em saber mais sobre a obra de Camilo Castelo Branco.


"Just perfect, your blog is wonderful"

Esta frase acompanha o prémio que recebi do CARLOS ALBUQUERQUE, do blog "conversas daquiedali". Ofereço-o ao blog "INFINITO PARTICULAR" DA MALU e AO T@cito-XANADU, do blog "XANADU-POESIAS".

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

POEMA DO CICLO "ARES DO TEMPO..."

Foto google



Sob um céu em festa
profusamente iluminado
por miríades de estrelas cintilantes,
circulo ,num meditar ambulante,
com a ajuda do brilho daquele instante…

Uma aura de luz e mistério
dá aos meus cabelos um tom quase mágico,
etéreo, azulado,
vindo daquele céu de astros ,iluminado!

Sorrio… delicio-me com tal brilhar
que puxa pela minha harmonia…

Sento-me, então, num banco do jardim.
E assim, olhando para mim,
falo com o luar das estrelas
a cintilar, tremeluzentes…

OH! Que luz tão afrontosamente provocadora…
(SINTO-ME LEVE E SONHADORA…)

Apetece-me abraçar o Mundo,
recolhê-lo na beleza da serena Natureza…
São meus braços um coração, sem pena
de o transformar num prisioneiro
do meu amor!

Faço-o? Que desafio!...
E depois?
Como viverão milhares de olhos
feitos cinco sentidos,
que estão a viver, como eu?
Não, não vou prender-vos, estrelas!
Quero-vos livres, serenas e belas,
espalhando luz no mundo
que vive tão às escuras
como as pedras, negras…duras…


C7G -2/43 – NOV/09

VASCO PULIDO VALENTE E A SUA "FARSA"...

Abro o jornal ,sempre de trás para diante. Fi-lo hoje, quando comprei o "Público, como sempre faço. Dei de caras com a habitual crónica de 6ª feira deste comentador habitual do jornal ,na sua crónica"OPINIÃO". VASCO PULIDO VALENTE(VPV)apelida de saloios todos os que ,tendo a escolaridade obrigatória, se têm dado ao trabalho inglório de criticar as opiniões do escritorSARAMAGO : " É claro que a saloiice portuguesa...". Não prezo nem desprezo as crónicas de VPV... Às vezes , leio e gosto; outras vezes ,leio e não gosto e outras vezes nem sim ,nem não.

Penso que a crónica de hoje deste senhor foi ,particularmente infeliz, isto se tivermos em linha de conta que, para além dos pseudo saloios , também os génios intelectuais e,neste caso VPV, se deliciou a despejar veneno sobre a figura de SARAMAGO. Senão, vejamos algumas das expressões usadas pelo GRANDE INTELECTUAL VPV, nesta crónica:"Claro que SARAMAGO tem 80 anos, coisa que não costuma acompanhar uma cabeça clarae ,que, ainda por cima não estudou o que devia estudar..."; mas há mais :"Claro que Saramago ganhou o Prémio Nobel, como vários "camaradas" que não valiam nada(...)como muita gente acéfala e feliz que não sabia, ou sabe,distinguir a mão esquerda da direita."

SE isto tudo e mais o que adiante se verá, não são juízos de valor próprios de saloios, digam-me o que é todo este arrazoado de críticas ...
Mas voltemos às doutas intelectuais palavras de VPV, sobre SARAMAGO:"(...)só que daí não se segue que seja obrigatório levar a CRIATURA a sério...Não assiste a SARAMAGO a mais remota autoridadede dar a sua opinião sobre a BíBLIA ou sobre qualquer outro assunto(...)"Depois do que fez no PREC, SARAMAGO está mesmo entre as pessoas QUE NENHUM INDIVÍDUO INTELIGENTE EM PRINCÍPIO OUVE"

Então vocÊ , VPV, afinal é um saloio ou um inteligente? Não acha que, desta vez ,"meteu mesmo a pata na poça"? A que tipo de FARSA SE REFERE VOCÊ? A alguma de GIL VICENTE que eu não conheça?
Não me permito tratá-lo por... EXª, até porque no país que penso ser o meu e o seu também, só três símbolos e algumas entidades que eu considero, merecem essa designação: A BANDEIRA NACIONAL, O HINO NACIONAL e SUA EXª, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA!

REFAÇA A CRÓNICA , NÂO SE ESQUECENDO QUE HOJE VOCÊ FOI UM DOS SALOIOS QUE CRITICOU! A COERÊNCIA EXIGE-SE!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

SARAMAGO....

Vende livros à custa dos sistemáticos cínicos ataques à fé dos outros. Quero dizer mais qualquer coisa a este respeito. A conferência de imprensa que o senhor ontem deu, com os seus acólitos, foi uma nova manifestação de cinismo, pois o referido senhor voltou a repetir as suas críticas doentias, à biblia e à IGREJA.
Não sou crente dessas histórias, mas considero, no mínimo uma constante e doentia provocação, o comportamento do referido senhor. O ter recebido o PRÉMIO NOBEL não lhe dá o direito de expor as suas idias como se de teses de verdade se tratasse...

Empresa em dificuldades, por falta de pessoal...

Todos os dias,encontramos nos jornais diários, ne secção própria , ofertas de emprego de todo o género, o que quer dizer que vai havendo oferta... Ao acabar de escrever o post anterior, pasei do escritório à cozinha e pude assistir a uma notícia na TVI,em que um empresário de Arouca afirma ter que reduzir as encomendas ce calçado, porque... não encontra quem queira ir trabalhar!
Pois se recebem quase o mesmo com o subsídio de desemprego e o de reinserção social, esta gente sem ambições que não vê mais para além do telemóvel topo de gama e do pequeno almoço diário, no café da terra, (que eu pago, juntamente com todos os que descontamos para isso!)por que é que se hão-de matar a trabalhar? É mais que hora de se pôr cobro a esta pouca vergonha nacional!

Penso que os presidentes das juntas de freguesia têm que procurar saber a verdade sobre estes casos e denunciá-los!

O dinheiro dos impostos que esta aposentada paga, deve servir para desenvolver o país e não para uma maioria "andar a passar férias" ,de café em café e de telemóvel em telemóvel!

A "crise" económico/social...

Passaram as eleições. Aos poucos, os que andavam "meio drogados" com os discursos ,mais ou menos inflamados dos líderes partidários, começam a cair em si e a ver que, mais uma vez! tudo não passou de meras promessas... Promessas que, afinal, tal como as de há cinco anos, não podem ser cumpridas! Reparem que todas as más notícias a respeito do verdadeiro estado de doença do país estão a surgir, paulatinamente, pausadamente, aos poucos, como se estivessem a obedecer a um esquema pré- destinado... Logo no dia a seguir à " vitória do PS, vem a Quimonda avisar que tem que fechar e mandar centenas de pobres para o desemprego... E sócrates não sabia disso...durante o período eleitoral, em que "andou a vender baba ao quartilho"?

Logo a seguir vem a honesta ERC dizer que o Jornal De 6ª da TVI tinha que ser reposto...E a ERC náo sabia disso já antes, durante o período eleitoral?

Hoje, ao acordar sou confrontada com a notícia do despedimento de mais umas centenas de funcionários, desta vez por parte da americana DELPHI... Onde estão as palavras de solidariedade do "novo" sócrates? do ministro da economia?

O patrão dos patrões, Francisco VAN ZELLER,tem vindo ,nos últimos dias, a dizer ,desfaçatadamente, que os operários portugueses não podem , de maneira nenhuma, ser aumentados ,porque os patrões vão à miséria! Mundo cão, este em que nos encontramos em Portugal, onde os super ricos perderam por completo qualquer laivo de humanismo e desatam a vomitar o seu ódio pelas classes operárias...que os fazem enriquecer ! Estamos a caminhar para um país de miséria tal que já nem os reformados têm seguros os parcos proventos do que descontaram uma vida inteira e onde todos estão a caminhar para a fila dos subsídios de desemprego e de reinserção social, ONDE PÁRA O TAL GOVERNO DE PORTUGAL?Está a esfregar as mãos com a glória da vitória da noite das eleições? Que alguém nos acuda!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

POEMA DO CICLO "ARES DO TEMPO..."




Por onde andará o que FUI?

Restos dispersos do meu Passado
enrolados em lã suave
Repousam, no meu pensar
em tudo o que pus de lado…

Teimosas memórias
Que não quero recordar,
Insistem em ali pousar…
Aceito, as da minha infância!
Inspiro-as… até com ânsia!
As que exalam odor de nuvens!

Outras
Estão fechadas ,como o MAL…
A “sete chaves”…
Que não quero nunca usar!
Passou… foi-se… não vão poder voltar,
Pois não o vou permitir!

Cheira melhor o Futuro
Que faço a cada momento!
Aí, sim!
Fixo nele o Pensamento,
Senhora da certeza que é este meu PRESENTE!

O Sol queima-me as más memórias!
OH, meu amigo e aliado, não fujas!
Fica a meu lado…segura-me a luz dos olhos
Com que não fixo teu brilho
Que fere, como um atilho de FOGO…

Quem me dera ser “menina-dos-teus-olhos”.
Outra vez!
( FOI O PASSADO QUE O FEZ…)
Levou-me das tuas mãos,
Confundiu-me as ilusões
E hoje, sou o que vês,
Cônscia da amargura das tantas desilusões…


C7G -162/94 –OUT/09

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Herman Melville (1851-1891)

Romancista americano, nascido em NeW York, autor , entre outras obras, de “MOBY DICK”.

Recordo a primeira vez que tentei, muito corajosamente(juro!)ler algumas páginas desta obra. Que desastre! A “coisa” era tão entediante para a minha pouca idade e para a minha ,de tal modo ,reduzida cultura, que, pura e simplesmente, desisti!
Ao encontrar-me na FACULDADE, no 3º ano de PORTUGUÊS/ INGLÊS, tive uma “cadeira” de opção, LITERATURA AMERICANA, cujo Professor nos mandou ler o 1º volume da obra!Aí, mesmo a contra –gosto, lá me pus a ler a obra! Já tinha outra cultura e outra maneira de ver a vida que eu tinha pintado de rosa e que se mostrou de uma cor mais carregada! Aí, eu fui capaz de ver que, um pouco mais da verdade da vida estava na luta constante do homem contra todos os tipos de obstáculos e contrariedades,contra todos os tipos de elementos que, constantemente, se opõem à realização das suas ambições, dos seus SONHOS(assim, com letra grande)! Precisamente aqueles que o levam a sentir-se HOMEM..
O que li, com a ajuda do Professor, fez-me compreender o valor da obra literária que não teve impacto imediato, precisamente porque a sociedade americana do século XIX não estava virada para aquele tipo de temas ou nem sequer estava preparada, culturalmente,para compreender as verdades das lutas da Vida.
A obra “Moby Dick” ou “A baleia” foi dedicada ao escritor NATHANIEL HAWTHORNE e só muito anos depois teve o sucesso que continua a ter. Outro célebre romance de MELVILLE, “BILLY BUDD” foi, inclusivamente adaptada ao teatro e pouco depois ao cinema, pelas mãos e pelo génio do falecido actor PETER USTINOV.
A educação religiosa que a mãe deu ao escritor obrigou-o a repensar os episódios biblícos e lutar contra as verdades religiosas.
Cedo se alistou na Marinha Americana ,onde aprendeu a “viver” o mar com outros olhos. Familiarizou-se com as forças da Natureza que é a imensa, misteriosa água dos oceanos; compreendeu, “in loco”, a grandeza da luta dos pescadores, pequenos e insignificantes seres, face à verdade imensa dos mares em fúria. Os oceanos passaram a ser a sua obsessão, a sua “baleia branca”, incomensurável como os dramas da vida…essa vida contínua de luta entre o Bem e o Mal, vista a preto e branco. Do livro ressalta o problema da Fé e o papel de DEUS, através de longos monólogos meditativos. O narrador principal chama-sae ISHMAEL, “ Chamem-me ISHMAEL” e eu advogo o direito de, como leitora, o considerar a ele o “actor” de destaque desta obra literária. Na luta contra a tremenda baleia não escapa o comandanteAHCB nem a restante tripulação. Escapa o narrador ISHMAEL que é recolhido por outro navio.

LI este livro de pé atrás… Vi ali, desde as primeiras páginas, a eterna e incontornável dúvida humana:DEUS!O Mundo com e sem ELE! Quem é DEUS? O que é DEUS?
Continuaremos a ler grandes obras, mas a resposta a estas perguntas ninguém as poderá dar….Só uma certa força interior a que se chama FÉ… que eu confio poder encontrar!

MELVILLE tem hoje o estatuto de GRANDE que foi concedido a nomes como SCOTT FITZGERALD, HEMINGWAY e MARK TWAIN…

domingo, 18 de outubro de 2009

POEMA DO CICLO" MULHER QUARTO_CRESCENTE

Cobres meu corpo com um véu diáfano
de rosas cheirosas, que saltam de tuas mãos,
sem que meus olhos as vejam tremer de VIDA!

Vem esse odor inocente
de teu peito robusto, que me prende
na ternura da confusão dos odores do AMOR ,em brasa…

Aconchego-me nesses abraços fortes,
cadeias de protecção
quais ramos frondosos de árvores altaneiras,
na loucura das folhas de Verão…

Dedos de seda
macios, suaves, delirantes,
prendem meu ar, lentamente,
em ternuras constantes que se perdem,
na noite das nossas loucuras!

O dia aparece, quase de rompante!
E meu olhar funde-se com o teu
assim…triunfante!




C6F -161/31 –OUT/09

sábado, 17 de outubro de 2009

Poema do ciclo "Místicos"

FOTO GOOGLE


Em goles de ESPERANÇA cobertos de ansiedade
sorvo a palavra sagrada, esquecida,
que pode regenerar…

Compreensível atitude de consciência
acontece quando cheiro, escondo e protejo
esse ser,
na turbulência do existir.

Forço-me a decidir o modo de a usar!
Quero fazê-la brilhar no mundo do desamor!

“PAZ-POESIA”…
Mensagem de coragem,
“brilho-sol” no luar de SER!

Espera, Musa…
Deixa que as asas dos ventos
levem a palavra.
para onde a espera o AMOR!

Partirá nas asas de PÉGASO,
por sobre montanhas e mares ondulantes…
Novos navegantes de belas auroras,
na espuma dos ares…



C6F -117/6 –JNH/09

U2

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A "CHUPETA" de maradona...

No mínimo...porco! o discurso do deus maradona para com todo o mundo que o viu e ouviu ,aquando do apuramento da Argentina , para o Mundial de Futebol da África do Sul. INDIGNO DE UM HOMEM QUE SABE QUE ESTÁ A FALAR PARA O MUNDO INTEIRO!Não sou púdica -e muito menos, falsa púdica, vitoriana ou menina de igreja! Também, no meu círculo de amigos , sou capaz de dizer um palavrão!... Mas há momentos para tudo e aquele não era o momento de um TÉCNICO de Futebol se dirigir ao mundo, daquele baixo modo, a congratular-se com o apuramento! Aquilo teve o seu quê de um ORGASMO de raiva, contra os argentinos, que não mereciam estar nas páginas dos jornais e dos telejornais, por um tal motivo, Também maradona, como maitê proença, deveria ter aulas de civismo.

A pseudo -senhora MAITÊ PROENÇA...

Vi, cá em PORTUGAL, meu país digno e antigo, de 900 anos de Independência, a triste figura que esta mulher fez, perante o mundo, ao rebaixar, de um modo indigno, a "mão " que lhe tem dado de comer, vendo as figuras que ela faz nas suas telenovelas.
Não quis reagir "a quente", porque a pressa pode ser má conselheira. Reajo, agora, que "as águas" estão mais calmas, para dar um conselho à dita " pseudo-dama": é hora dela voltar aos bancos da Escola Primária, de onde nunca deveria ter saído! e aprender a respeitar os mais velhos e ancestrais, Eu não me importo de lhe dar essas aulas , pois nunca tive alunos malcriados na vida... Mas vou aprender -prometo!- a dar-lhe aulas de bons princípios e ensinar-lhe o respeito que é devido aos mais velhos!
Entretanto, desconhecendo o que tinha aquele algarismo 3, escrito ao contrário e sabendo como sei que em PORTUGAL, país de longa História, não "se dá ponto sem nó", fui ao DICIONÁRIO DOS SÍMBOLOS procurar saber mais alguma coisa sobre o mesmo! E vi, coisa que nem me passava pela cabeça! que isso tem a ver com regras da MAÇONARIA!
Sempre tive, como PROFESSORA de PORTUGUÊS, a preocupação de ensinar a simbologia dos números e algarismos, sempre que um qualquer texto o exigia, nomeadamente os textos líricos de "MENSAGEM", de FERNANDO PESSOA. Não conhecia esta interpretaçâo e, por conseguinte, não teria tido aqueles risinhos bacocos da tal senhora... PERDÃO, senhora NÃO! porque uma senhora não escarra nem cospe nos monumentos nacionais de um país com uma história ,que a tal não conhece...
Agora , só espero para ver a cara de admiração por esta dama , na próxima novela em que ela entrar... O meu escarro irá para quem a comprar, sequer...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"HOMEM-NATURA"


“HOMEM-NATURA”

Num livro que estou a ler (“OS DRUIDAS E OS DEUSES CELTAS”), da autoria de HENRI D’ARBOIS DEJUBAINVILLE- ED. ZÉFIRO, tenho a sorte de encontrar uma frase do escritor francês VICTOR HUGO, que diz tão-somente isto:”Primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem.Agora, é necessário civilizar o homem em relação à Natureza e aos animais.”
Se esta frase se aplicava, na perfeição, à sociedade de há 200 anos, imaginem como ela é perfeitamente actual, nos dias que estamos a viver, no século XXI!
Eu sou suspeita para falar neste assunto, porque venero a Natureza! Preciso do cheiro do ar, da água sem cheiro, da vida que brota de qualquer pedrita, sem contar…Sendo magia, a Terra mereceu, por parte de povos antiquíssimos, cultos mágicos que passaram de geração em geração, precisamente porque esses povos se preocuparam em passar às “TRIBOS” vindouras os seus conhecimentos, em actos de amor que poderiam e deveriam levar à preservação dos mistérios da vida.
O respeito pelos bosques, florestas, ribeiros, plantas mesmo que rasteiras, era parte integrante e imprescindível na educação dos jovens, que deviam continuar a passar a MENSAGEM! As civilizações druida e celta merecem, neste campo, um destaque especial, embora não queira aprofundar essa temática, por ser de extrema responsabilidade.
Certo é, que o Homem tem vindo, ao longo dos milénios, a desbaratar todo o manancial de conhecimentos adquiridos, esquecendo ensinamentos antigos da grandiosidade do “ventre-terra”; hoje, confrontamo-nos com espécies em extinção, espécies vegetais e, sobretudo, animais; o nuclear ameaça destruir-nos, a camada de ozono desfaz o ar de que necessitamos para sobreviver, a desenfreada industrialização, para além de sugar recursos naturais que deveriam ser de todos, está a provocar estranhos factos geo-atmosféricos que tudo destroem no seu caminho, como se pode ver, sobretudo, nas TVs.
Dizia GARRETT, no séc.XIX, nas suas “VIAGENS NA MINHA TERRA”logo nos primeiros capítulos, que a Ciência e o Progresso devem continuar a par, para o engrandecimento da espécie humana! Mais de duzentos anos depois, temos que lhe pedir que, lá de onde está, reveja estas afirmações…
A Natureza está a precisar de um choque de gerações através do qual, os mais novos possam “põr o dedo no nariz” aos senhores do mundo, para lhes mostrar que ela está a chorar e se pode vingar de quem a não respeita, cessando o seu contributo para o desenvolvimento do Planeta.
Quando ruiu o Império Romano do Ocidente, por alturas do séc.V da era cristã, já, na Gália, outras guerras tinham feito desaparecer os Druidas. Não desapareceram, no entanto, os seus ensinamentos de louvor à terra- mãe que, germinando, na altura própria, continua a cuidar dos humanos, prodigalizando as colheitas. Penso que temos que voltar a ser “druidas” e defender o" património –Terra" ,declarando-a PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE, a ver se a salvamos da ganância e da exploração desenfreadas, dos cegos “senhores da terra”…
Aqui, reafirmo, porque sinto essa necessidade, o meu amor pelas ervas. Pelas relvas e restolhos, pelo chão seco ou molhado… Sou telúrica, estou presa à terra, ao chão, às folhas das árvores… Devem os nossos jovens ser orientados para o amor desmedido pela Natureza; devem os seus olhos saber ver a verdade da existência naquele carreirito de formigas, ali ao lado dos seus pés… VIVER não é… “NÃO-VIVER”, “passando fugazmente pelo Tempo! VIVER, talvez seja tudo isso e mais alguma coisa ainda, como AMAR os seres que , facilmente passam despercebidos e isto ,porque, cada um de nós desaprendeu a VIDA!
Imersa na Natureza pulsante , sinto-me bem: fujo aos ódios, aos desesperos, aos mil “nadas” que atrapalham a Vida…Sinto, majestaticamente , a força das fragas batidas pelo vento! E aqui, no meio das ervas que me sujam os sapatos e as calças, sinto-me “limpa”com os meus sonhos que se avivam, transbordando para o caderno de apontamentos… E apalpo as palavras molhadas de orvalho… sémen dos deuses atarefados, que esperam pela hora da reprodução da semente, espalhada a esmo…
Sinto-me poeta a ver a VIDA a viver, crescendo! Sinto que duendes dos tempos mágicos seguem meus passos, abrindo caminhos pelos carreiritos onde passaram povos de todos os tempos…É a minha sentimentalidade onírica que se manifesta fortemente, neste discorrer, neste viver a Terra que habito e me possui!
Ciente desta verdade, vou caminhando os meus “caminhos”, à procura da minha luz primordial, da minha inocência perdida, no mundo fulgurante dessa mesma inocência: a NATUREZA!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

POEMA DO CICLO" MULHER QUARTO_CRESCENTE


FOTOs GOOGLE


Despida de tudo,
de preconceitos ,até,
nua, de corpo e alma,
como árvore sem folhas
em dia de tempestade de rigor,
assim sou eu,neste momento,
sem véus de transperências,
sem coberturas supérfluas,
convicta do meu ACONTECER!

SOL, VENTO, AR e FOGO
passam, incólumes,
tocando meu corpo, ao de leve,
no meu resplandecer!

Elementos do masculino, pujantes,
actuam sobre mim, indiferentes!

Correspondo ,sem medo nem restrições…
(Esse é o meu segredo…)
E perto, passa o rio de águas límpidas,
puras, constantes no seu fluir…

Mergulho, então, meus pés,
no leito de pedritas mansas,
esbranquiçadas e puras,
cúmplices, acima de tudo,
que atenuam os ruídos da noite a decorrer,
para que me possa cobrir, com o som do véu do luar…

Amanhã, depois do Sol nascer,
ninguém vai perceber…

A TERRA, coberta de húmus,
desatará a inchar, no solo fecundo…

Eu… de alma nua, cheia, viva,
continuarei a percorrer
os meus caminhos de VIDA!

domingo, 11 de outubro de 2009

"VIAGEM" COMIGO... NA NOITE...







À minha frente, um canal...
Águas quase paradas, neste anoitecer sereno dum dia de Abril...
O dia, fogoso, obrigou-me a procurar a sombra frondosa de uma árvore, ali no jardim, em frente à varanda do quarto do hotel, onde estarei por dois dias.
Esta é uma viagem ocasional, como muitas que se fazem na vida...de surpresa.
Estamos cá... Existimos existindo, para além de qualquer previsão...
E se, na verdade, "O homem é o futuro do homem<", nada mais correcto do que esta atitude de expectativa.
Luzes na cidade, na fronteira entre o sonho e a realidade,indicam-me um caminho a seguir...
Em cima da ponte que liga as margens do canal decido-me por uma diferente tomada de posição:no ancoradouro, tiro o bilhete para uma pequena viagem de barco durante a qual vejo o mundo a viver, do modo que se vive nas margens dos rios ou dos canais, numa cidade como esta.
São poucos os passageiros...Estou longe do bulício, da azáfama do dia-a -dia, das vidas que me rodeiam.
De repente, através da janela, vejo, ao longe, um monte de luzes sumptuosas, diferentes, quase irreais, reflectidas nas águas do grande fio de água!
E, no canto onde me encolhia, alguém reparando no meu silêncio estupefacto, ante a profusão de claridade quase mística, que o suave deslizar do barco permitia, disse-me, gentilmente:
-"É o Palácio de Santo Estêvão... é difícil não o ver , todos os dias, como se fosse ,sempre! a primeira vez..."
Nunca cá esteve, pois não?"
Tentei ,educadamente,(até porque não me apetecia entabular conversação!) responder, dizendo:
-"É verdade...nunca tinha visto uma paisagem nocturna, tão assustadoramente imponente...Agradeço a amável informação...Penso que é preciso voltar cá de dia...A vida, o mundo, surpreende-nos a todo o momento!"
Volto-me, novamente, para o palácio. Imagino grandiosidades d'outras eras... Quase apetece saltar para o meio daquela "estrada" iluminada e percorrer caminhos de mim...O lento torpor da navegação encontrou-me na meditação...O faustuoso palácio lá ficou, pomposo e sereno, a aguçar a imaginação, no esplendor dos candeeiros de cristal reflectidos no canal..
Era luz dos tempos que eu absorvia, à medida da fantasia e do mistério do momento.
Ao voltar da minha pequena viagem," encontrei" outros portos, outros ancoradouros por onde se perderam outros portugueses, d'outros tempos...e vi-me, como eles, em hora de tristes despedidas...
Da varanda do meu quarto, antes de adormecer, ao sabor do último cigarro, saudei as estrelas que me davam a mão, numa luz de cumplicidade...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

POEMA DO CICLO" MULHER QUARTO_CRESCENTE



Flor de Lótus me revejo na juventude inquieta,
alvoroçada, confiante em expectativas…

Doces cheiros, inconstantes, acompanham os enervantes
devaneios, do corpo a amadurecer…

Quem me acolhe em suas mãos suaves
e me recolhe no momento das ansiedades?

Quem cheira meu corpo, assim,
frente à evidência da esperada experiência?

Permanece, Flor! Resplandece, eternizando
a fragrância da pureza do meu momento!

Não murches! Vive, perenemente, e cheira
como o jasmim, no meu Lótus de grandeza!

Rendo-me! É a hora!
Confio nas minhas mãos que revêem
teu rosto sem sombras,
com sabor a mosto dionisíaco…
E deliro…

Poema do ciclo"Romanceiro Tradicional"


Quando era pequenina,
levav’a cabr’a pastar
p’ra lá da ponte d’aldeia,
onde tinha que passar.

Cheia de medo,- tão frágil!-
não podia recusar
a tarefa inadiável,
que devia executar.

(Verdade é que receava
passar por aquelas pedras...)

Falava-se de mulher moira
que, ao ver-se enclausurada
longe da casa paterna,
escolhera as águas do rio
para viver vida eterna.

E, quando o vento era forte
ululando como um lobo,
parecia canto de morte
que metia medo ao povo!

(Minha imaginação voava…)

“Mulher moira, “senhor” linda,*
fugir embora, porquê?
Se te amava teu senhor
que ainda por ti chora….”

Respondia-me o vento
com voz de eterno lamento,
contando “razões” doutrora…
Segredava leis de senhores,
de vencidos e vencedores,
desses tempos... doutro Tempo…

Eram terríveis Verdades,
que dominavam Vontades…

E eu, que disso não percebia,
queria um amor assim!
Lavaria meus cabelos,
oiro na água da ponte!
e secá-los-ia, lesta,
no peito de meu senhor
até ao romper do dia…


C6f -158/16- AGT/09
*”Senhor” era, no Português medieval, uma forma comum para homem ou mulher. Só com o passar dos séculos se introduziu o Feminino “senhora”.
Estes poeminhas de lendas e narrativas portuguesas, da época medieval, enriqueceram as noites de Inverno das famílias portuguesas, ao serão, à lareira, quando não havia televisão e as noites eram mais longas. S ão ,como se pode ver, de um romantismo ingénuo…Recordam que o nosso país foi habitado por dezenas de “castas” e povos, que deixaram, forçosamente, marcas, na nossa cultura.
E não há que ver menos valor literário no ROMANTISMO, se pensarmos no revivalismo a que estamos a assistir, com “ CREPÚSCULO”, “LUA NOVA”, e outras obras literárias do género, que se estão a revelar verdadeiros êxitos de “bilheteira”, digamos assim.
Portugal é um verdadeiro mistério, não ainda revelado, do campo das lendas, das tradições milenares, dos costumes …Talvez como reagem certos países perante as telenovelas, reajamos nós, os portugueses., com fascínio e encantamento, perante as nossas coisas mágicas…
Recomendo a obra de ALEXANDRE HERCULANO, escritor do Período Romântico Português, “LENDAS E NARRATIVAS!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

"Código de barras"

Sim, amigos, "código de barras"...aquela inscrição com barras e algarismos, que se encontra ,em quase todos os produtos!Essa "instituição" nasceu, nos Estados Unidos, fez ontem 57 anos!Chama-se , verdadeiramente,DSI DATA BAR e pode afirmar-se, sem perigo de errar, que essa foi uma das invenções mais importantes do século passado, Servia -e serve!- para identificar produtos nas grandes superfícies e é composto por 13 dígitos. Em Portugal, foi pela 1ª vez usado há 25 anos!
Para que conste, a primeira utilização deste inovador processo de identificação de produtosfoi feita a 26 de junho de 1974, numa loja, no estado americano de OHIO, numa loja da "cadeia"de negócios MARSH SUPERMARKETS. A partir de 2010 o código será renovado, alargado a mais produtos e países e plenamente rejuvenescido( a bem do cliente, supõe-se.

POEMA DO CICLO" MULHER QUARTO_CRESCENTE

Doce olhar de veludo azulado que recordo,
com a memória vergada ao peso dos anos vencidos…

Até mim, pequenita, ingénua, exaltada,
chegava a pureza do teu amor
oferecendo-me um castelo de marfim,
sem que eu entendesse NADA de nada!

Eram abraços sãos e beijitos fugidios…
Só sabíamos que os queríamos
sem medir o que fazíamos….
Eram toques de uma fina magia
que ,ao longo dos anos, se perdeu da nossa via…

Recordo as corridas loucas, escada abaixo,
com que eu respondia ao tom da tua voz macia.

Tanto tempo depois,
o Destino tocante e indiferente,
desceu do seu pedestal
a tentar repor, qualquer sombra de VERDADE…

É uma partida cruel, esta,
que ele parece prometer, sem laivos de pudor!
Esqueceu-se de que a ALMA chorou de dor…
E o que nos oferece, agora, é fel!
…fel de amor, tangível mas impossível,
que ainda soa no meu interior.

E agora,
cada “olá” é sempre
mais um- “até depois”!

TER-TE NOS BRAÇOS, HOJE,
É, APESAR DE TUDO,
UMA MIRAGEM ANSIADA
QUE NÃO PODE SER VIVIDA…


C6F -157/28 -SET/09

quarta-feira, 7 de outubro de 2009


“AMÁLIA…SEMPRE!”


Em PORTUGAL, estamos, por estes dias, a comemorar (a relembrar, melhor dizendo) os 10 anos do falecimento de AMÁLIA RODRIGUES.
Pode dizer-se que o mundo, de Norte a Sul, de Este a Oeste, conheceu o FADO português, como expressão musical, através da sua voz fenomenal. Conheceu … e aprendeu a amar!
Ver um japonês, de olhos fixos na artista, em palco, em Tóquio, com lágrimas nos olhos a ouvi-la, sem perceber uma palavra de Português…comove!
Não sou particularmente amante deste género musical; isso, no entanto, não impede que reconheça à artista o valor que teve e consegue manter, depois da sua morte, como atestam todos os meios de comunicação social.Como ninguém, Amália cntou o “pathos”, o sofrimento de um povo, sempre nos píncaros da melancolia, da miséria, da tristeza crónica, fosse a lavar roupas no rio, fosse a colher os cereais, previamente semeados , com sangue ,suor e lágrimas, fosse a partir para a faina ,nos barcos do bacalhau…
Comovem-me fados como:”De manhã, com medo que me achasses feia/ acordei (…) deitada, na areia (…)/”; e o fado “GAIVOTA” com odores de mar de canela e pimenta, hoje, novamente na ribalta dos “TOPS” musicais, com a extraordinária ajuda da Orquestra Filarmónica da República Checa, entra em mim, até à medula…
Significativo, pelo texto e pela voz, igualmente, “POVO QUE LAVAS NO RIO/ QUE TALHAS COM TEU MACHADO/ AS TÁBUAS DO TEU CAIXÃO…. / Este Fado, uma alusão à vida moira dos portugueses, os de há séculos e os deste século e do século passado, é de um lirismo, quase atroz, pelas visões de sofrimento que nos traz, sem querer… mas que nós, como povo, somos capazes de “ver”.
Também lavei no rio da minha aldeia, ao lado de minha avó que, qual BEATRIZ COSTA da época, lavava as roupinhas lindas das senhoras, de então…
Mulher tímida e simples no falar, no trato e nas origens, vaidosa com os seus “trapinhos”, como qualquer mulher, amada por novos e menos novos, Amália Rodrigues continua a fazer parte do projecto cultural português, quando se pretende elevar o FADO a Património Imaterial da Humanidade. E por que não? Fado é canto melancólico de marinheiro que parte, de povo que lava no rio, que cava terrenos, que faz por engrandecer um PAÍS cujos governantes o não merecem! FADO é dor, é SAUDADE, é abraço de despedida e alegria da chegada!
Para acabar esta minha singela recordação da mulher que amou e cantou PORTUGAL, nada melhor do que estas palavras , estes versos que ela deitou aos ventos, deste modo simples:” FOI DEUS/QUE ME PÔS NO PEITO/ UM ROSÁRIO DE PENAS/ E CHORO A CANTAR!”

JANIS JOPLIN(1943-1970)


Passou no dia 4 ,mais um ano desde que morreu a mulher, a artista, o furacão dos palcos...cénico e da vida!
Eu era Professora já, amava já a sua voz e a aura de quase mistério que cobria a sua vida, pondo-a, apesar de tudo ,a descoberto. "OH, LORD, WON'T YOU BUY ME/ A MERCEDEZ BENZ...?/Foi um tempo de perdas irreparáveis ,no panorama musical dos anos 70: JIMMY HENDRIX, JANIS JOPLIN, JIM MORRISON...
A vida conturbada, excessiva, o uso das drogas que continuam a matar quem não se apercebe das armadilhas da vida, levaram estes valores da música universal do prazer do nosso convívio, cedo demais. E daí, talvez não! porque as suas canções, que os imortalizaram, continuamos a trauteá-las!
Inesquecíveis vultos dessa FALA universal, que é a música, viveram no "FIO DA NAVALHA"(como o título e o conteúdo da obra de SOMMERSET MAUGHAM),quais ídolos com pés de barro, que se sumiram na voragem do "selecto" ,que era o mundo do espectáculo a cheirar a droga e excessos. NÃO, não estou a condenar! Quem sou eu, pobre de mim? ESTOU COM PENA DE OS TER PERDIDO TÃO CEDO, DO MEU CONVÍVIO!
A VOZ inesquecível e o rouco inconfundível de JANIS, projectaram para mais longe o rock, a pop music, os "blues", que ganharam vitalidade com a energia desta mulher- animal de palco, uma energia quase "escandalosa" para os tempos em que se quis emancipar das mentalidades arcaicas da sua terrinha, no TEXAS...Arcaicas, falsas, vitorianas comandadas por pseudo- "igrejas", da moral e dos bons costumes...
Era no palco que a sua atitude quase de "loba da vida", se soltava e nos contagiava, embora em Portugal ainda não se sentisse ,em pleno, por causa óbvia:o período salazarista, do império do "DEUS-PÁTRIA- FAMÍLIA"
Nsse acontecimento musical que mudou o mundo, que foi o festival de WOODSTOCK lá estavam THE WHO, SANTANA,JOAN BAEZ, JANIS, JIMMY HENDRIX...
RESTA-NOS A SAUDADE que mitigamos ouvindo-os nos nossos velhos discos de vinil, com os sentidos despertos à vida que as suas canções deixaram, para a posteridade...RECORDAM.."SUMMERTIME"..."MARY JANE"..."PIECE OF MY HEART"...?

MESSAGE IN ENGLISH TO MY NEW FRIENDS, FROM ROMANIA AND DENMARK

MY dear friends and "followers" from ROMENIA AND DENMARK: glad to meet you in my space. i can't speak your languages and the translation , in Portuguese , isn't good enough to understand your messages. As the ENGLISH language is an universal one and you , certainly have studied it, please try "to talk" in english! Mine isn't perfect at all... so may be we can understand, each other!
All my heart, lusibero.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Poema do ciclo "Místicos"

Longínquos sussurros de searas ondulantes
atenuam raivas, contidas no “Presente”;
Cabelos de trigo esparsos aos ventos
lembram algas de velhos “campos”…

Searas sereias da terra doirada
mergulham em tons de mar azulado,
dispersas nos braços do suave encanto
dos queixumes da minha beleza “ESPANCA”…

Dores magoadas de amores perdidos
nos longos antros da melancolia,
despiam-te a alma, que ainda espanta
quem te lê e te crê, no dia a dia.

Trigo loiro de ÉVORA! riqueza
de oiro vestido, sem qualquer surpresa!

Teus cabelos ondulantes de POESIA gritante
contrastam com o outro loiro, brilhante.

Vem, amiga, senta-te à mesa!
Bebe teu cálice, longe da tristeza!

“Presente- ausente” no meu dia a dia
aqui estou, distante,
em tons de vento ululante
cantando searas doutras caravelas
que, em poesia, se tornam mais belas!

Meço teus passos, no labirinto
de tua alma sentida POESIA…
O vento desperta…
O ar aquece e o tempo alerta.
Teu Alentejo de nobres rumorejantes ondas
canta de tons ora azuis…ora loiros…ora moiros…

E eu, no meio deste trigo loiro,
cheiro-me seara humana,
pronta a encontrar a alma
que dimana, de um campo de oiro…



C6F -147-18 –SET/09

POEMA DO CICLO "MANTA DE RETALHOS"


Procuro ler com outro livro:
o das páginas da vida!
Folheio-as, uma a uma,
com a memória dorida
dos tempos que já lá vão.
É uma leitura triste.
Nela , leio e releio
a infância, que não houve…


Afastava-me, então, da casa que não me era Lar.
Vagueava pelos campos, a ver o tempo passar.
Saltava barreiras, ribeiros…caía…levantava-me…
A hora do recolher não demorava a chegar.

Tempos outros! Não sinto saudade deles…
A única grande saudade é a de não ter sido menina
nesse tempo em que parei ,forçada a ser criança- mulher,
naquele tempo qualquer…
que não quero recordar!
PONTO FINAL!

C1A- 36-AGT/07

LUSIBERO, de VOLTA!




AMIGOS: CHEGOU, AGORA MESMO, POR MÃOS PRÓPRIAS, o MEU LINDO E LIMPINHO PC.
VOU PUBLICAR, AGORA. UM POEMA QUE DEDICO, DE TODO O CORAÇÃO A TODOS OS AMIGOS E SEGUIDORES E AMANHÃ, COMEÇO com os "posts" que tenho escrito!
BEIJO AMIGO PARA TODOS!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

MENSAGEM AOS AMIGOS....

MEUS AMIGOS:estou ainda sem computador e não quero abusar do da minha filha. JÁ vi que tenho muito trabalho a fazer, quando vier o meu ,pois há imensos comentários a fazer...
UM ABRAÇO AMIGO PARA TODOS e até daqui a três dias mais, pelo menos...
NÃO vos esqueço...
LUSIBERO