quarta-feira, 30 de março de 2011

POEMA: MALANDRINHOS....

Foto google




Minhas pestanas, longas, longas,

penduram-se no teu olhar!

Dos meus olhos, grandes, grandes,

sai vida a cantarolar!



De teus olhos, loucos, loucos,

sai perfume de prazer!

Enrolo-me, pouco a pouco,

só para te ver crescer...



Minha entrada original

anseia por teu descer...

Oferece-te uma chave

para lá poderes morrer...



...morrer, de tanto viver...

...cansado de remexer...

a cama de erva macia,

que só tu sabes fazer...



Caminho devagarinho,

para não espantar a ave,

que, no delírio do ninho,

começa uma luta suave...



C11L-31/MRÇ/011

domingo, 27 de março de 2011


foto minha no Convento de STA CLARA-COIMBRA

foto minha

foto google

BOSQUE DA VIDA…






Entre bosques e serranias, aprendi a amar

os deuses do silêncio das horas, escondidos em ervas rasteiras…



(O silêncio, hoje, é o ruído da canseira dos movimentos do AMOR…)



Imaginava-os minúsculos, com poderosos músculos,

para me susterem nas brincadeiras…



(Como tu, hoje, ao conduzires-me na hora da sensual magia…)



Irradiava, então, luz e calor, no fervor das tropelias loucas,

de quem nada sabia de outro amor que não o da Natureza fresca,

presa por raízes, onde se escondiam perdizes, codornizes,

Pássaros do chão, nos ninhos da criação…



(Era a Hora da consumação no cio…)



Os insectos perdiam-se, loucamente, por entre os odores do farto pinhal!



(Hoje…eu e tu…não é igual?)



ÉTER, deus do silêncio, punha um dedo na boca, a lembrar-me que,

na catedral da vida, fazer ruídos era atitude louca…



(Agora, na hora de explodir de Amor, tapas, com a tua, a minha boca…)



Hoje, MULHER, revelo-me ao mergulhar em mim!

Sou fogo de amor…chama de paixão…

Exalto-me e consumo-me consciente da minha singularidade sensual…

E ao som da música da Primavera que escorre, em brasa,

da minha entrada mais funda, seduzo o mundo teu,

o que me dás na hora quente, em que nos fundimos em sexo ardente!



Imobilizo-me no tempo que dura o meu poema-música…

E sou Drama-Comigo-Própria!Ajo e reajo na consciência de MIM!

Vejo urzes e giestas…penso-as…sinto-as…no “leito –chão” com defeito,

ao qual dou a perfeição que advém da nossa união de amor!



Um relâmpago feito de Ideias, atravessa, impune, a Noite da Vida…



(É teu corpo dentro do meu…Sou EU…parte do teu!)



O meu rouxinol interior desata a cantar sons de flor,

chuva de odores temporais, palavras de suspirar…



(Cheiro de sémen…semente no fundo de MIM/GENTE/ MULHER…)



Hoje, secretária das minhas recordações,

forço-as a ligarem-se por associações de alegria

para frutificarem em PALAVRA-POESIA!

Hoje, Gaia, Mãe Natureza, caracteriza-me no conceito de Amor-Dádiva!



(Eu…agora…momento de SER-MULHER na oferta do tesouro meu, a desabrochar…)





C11L-27/MRÇ/011--- (mqc-17)

sexta-feira, 25 de março de 2011

Memórias literárias: 50 anos do romance "Aparição" de Vergílio Ferreira




Completaram-se, no passado ano, os 50 anos da publicação da obra de VERGÍLIO FERREIRA (VF), “APARIÇÃO”. Não permiti, como Professora de Português, deixar passar, em branco esta data, pelo valor do autor, como escritor e da obra, em particular, pelo que representa no estudo do EXISTENCIALISMO português, de meados do século passado.
Embora tenha já publicado no blogue e nos jornais onde escrevo, durante o presente ano, um texto sobre VF, nascido em 1916 e falecido em 1996, não quis chegar ao fim do ano passado, sem lembrar esta data, pelo amor que tenho à obra do escritor, de um modo geral, pelo respeito que me merecem as Doutrinas Existencialistas e pela riqueza literária desta obra, em particular.
No ano posterior à sua publicação, em 1960, por conseguinte, foi VF agraciado com o Prémio Literário “CAMILO CASTELO BRANCO”, tal o impacto de “APARIÇÃO” nos meios literários nacionais. Outros prémios se seguiram, dos quais destaco: em 1985 -“Prémio do Centro Português da Associação Nacional de Críticos Literários”; em 1990, Prémio Femina; em 1991, Prémio Europália; em 1992,o significativo PRÉMIO CAMÕES…
Declaradamente agnóstico, mais para o fim da sua vida, embora de formação católica, tendo, inclusivamente, frequentado o Seminário durante mais de 6 anos, é com o romance “APARIÇÃO” que VF se apresenta como um ser humano angustiado com o problema da existência de DEUS e com a verdade fatal que a todos atinge, na figura sinistra da MORTE.
Li esta obra muito cedo, talvez cedo demais para compreender com maturidade o “recheio” filosófico da mesma. O romance nada me dizia e só a minha teimosia me fazia voltar à página anterior, constantemente, para perceber de que tipo de” aparição” aquilo tratava…
Nos programas do 12º ano de PORTUGUÊS de 1996, esta e outras obras entraram como alternativa, de leitura obrigatória! Enveredei pela escolha desta obra , com uma responsabilidade extrema, como se pode calcular, pois os alunos tinham que perceber, comigo, par a par, o tema que, finalmente, percebi que tínhamos em mãos! “APARIÇÃO”, afinal, não era nenhum fantasma…SANTO DEUS! Quanto andei, para lá chegar…
A “APARIÇÃO” É... nós, seres humanos, é cada um de nós, de cada vez que vencemos etapas da nossa realização pessoal, a caminho do aperfeiçoamento, possível e permitido, por Alguém Superior ao homem! É cada um de nós, aos nossos próprios olhos, sempre que afastamos os escolhos que nos impedem de nos cumprirmos! (capítulo II, página 23, 18ª edição, BERTRAND): ” Meu pai optou… Mas eu, sentia como sinto, que alguma coisa ficara por explicar e que era EU próprio… que me aparecera…quando a vi fitar-me do ESPELHO…”. Depois, continuando a sua descoberta, através da personagem “ALTER-EGO”, DR. ALBERTO SOARES, no capítulo IX, página 88 e seguintes, diz isto: ”O instante em que me afirmo é uno como um tronco. (…) Somente agora que são EU, não os entendo. SEI que mudei, mas não SINTO ter mudado (…)”.
Ora acontece que, em meados do século XX, a Europa é assolada por uma vaga de fundo de ideias sobre a existência do HOMEM (O EXISTENCIALISMO!), liderada por filósofos e ideias de filósofos como SARTRE, SIMONE DE BEAUVOIR, MALRAUX, CAMUS, HEIDEGGER, JASPERS e tantos mais que questionavam, não só o papel do homem na Terra, como também a existência de DEUS. Por conseguinte, para conseguir SER, ou nos apoiamos na ideia de DEUS ou não…VF esteve num seminário, quando jovem, por um período superior a seis anos, que o marcaram, profundamente, quer pela rigidez das regras do internato, quer pela solidão inerente e pelo desconforto, que moldaram o carácter do jovem seminarista, tornando-o mais introspectivo e permeável às ideias dos filósofos existencialistas ateístas e teístas.
Esta dor de DEUS e a angústia da SUA existência provocavam fracturas emocionais indescritíveis no escritor e em todos os seres pensantes; notou-se isso já no romance”MANHÃ SUBMERSA”… Mas é em “APARIÇÃO” que vêm “à tona de água” todos os problemas de fé provocados também, a nível existencial, pela rigidez da vida, no seminário. Como corrente humanista, o Existencialismo teve como precursores o filósofo Sócrates e SANTO AGOSTINHO.
Em termos restritos e mais recentes, remonta a KIERKEGAARD que dizia estar o Sujeito implicado, ao longo da vida, na sua realização pessoal pelo que, o homem, é ”LIBERDADE ABSOLUTA”, “ESTANDO CONDENADO A SER LIVRE”…
No romance “APARIÇÃO”, o DR. ALBERTO SOARES não consegue, como Professor de Filosofia, passar aos seus alunos a “Mensagem” da “Liberdade Absoluta” e acaba por ser mal interpretado pelo louco Carolino, seu aluno- problema, que, a certa altura, entende ser um deus, capaz de, com as suas mãos, dar a VIDA ou tirar a VIDA a qualquer ser! tenta então matar o Professor, desfaz o pescoço de uma galinha “enquanto o diabo esfrega um olho” e acaba por matar a estranha SOFIA CERQUEIRA, a qual, segundo o narrador- autor, já desde pequenina “que tinha percebido tudo”, onde é que a vida nos vai levar, sendo, por isso, a coisa mais natural do mundo vivê-la em toda a plenitude …do mal, principalmente e se possível!
Neste romance, VF. apresenta-nos a ideia do filósofo HEIDEGGER de que o Homem é “UM-SER-PARA- A- MORTE” já que, abandonado por um deus que o condenou a uma liberdade com a qual ele não sabe o que fazer!, o pobre HOMEM não pode, sequer, impedir a sua fatalidade final…
Convém, no entanto, penso eu, vermos que o Homem nunca é só um determinado fim, no sentido de que nunca está completo… E nós, seres humanos, sabemos bem como HOJE não somos o que fomos ONTEM e vice-versa…
Ao dizermos EU, no nosso dia-a-dia, já estamos a SER e a caminhar para a nossa concretização ou realização, como se preferir. Em nós está a presença de nós próprios, como o pai de Alberto lhe explicou, naquele dia em que ele, pequenino, se viu ao espelho e pensou que alguém estava no seu quarto. É, decididamente, uma obsessão, esta tentativa de explicarmos a existência de DEUS… como difícil deve ser a insistência em negá-Lo… ALBERTO SOARES (CAPÍTULO III) explica o seu ateísmo de um modo breve e repentino… pouco ou nada esclarecedor, por consequência: ”DEUS está morto, PORQUE SIM!”. No capítulo IX, afirma: ”DEUS MORREU, DEUS NÃO É A MINHA META, É O MEU PONTO DE PARTIDA.”
A ensaísta MARIA JOAQUINA NOBRE JÚLIO, in “O DISCURSO DE VERGÍLIO FERREIRA COMO QUESTIONAÇAO DE DEUS” diz o seguinte, numa citação de Maria Leonor Carvalhão Buescu e Carlos Ceia, in “PORTUGUÊS 12º Ano, página 380,1ª tiragem de 1999: ”A par do alto conceito que VF tem do homem, penso que ficou claro (…) o alto conceito (…) que tem de DEUS.
DEUS é, para ele, mistério insondável e não é o DEUS manipulável das religiões, mas O ABSOLUTAMENTE OUTRO. (…) Quando fala de deuses, no plural, concebe-os como criações dos homens, ídolos (…) sempre inferiores e não o GRANDE-DEUS, o SUPER-DEUS. (…) Não sendo politeísta e muito menos panteísta, não crê nesses deuses manipuláveis ou criados pelos homens…DEUS é, para ele, outra coisa, ABSOLUTAMENTE TRANSCENDENTE AO HOMEM E AO MUNDO (…)”.
A este ponto, convém recordar que Kirkegaard diz que a vida se apresenta hoje de tal modo problemática ao homem, que se torna absurdo demonstrar a existência de DEUS!
O grande escritor português deu, com esta “tremenda” obra, uma pequena amostra do incomensurável, indefinível, inexplicável problema que é, o ter-se a ideia de DEUS. Não nos satisfaz, pois cada um de nós tem a sua própria resposta… ou não tem nenhuma! Sem respostas… resta-nos a força interior, emocional da… FÉ!
Ainda hoje, como poetisa, eu trato este tema que me é tão caro, pelo receio da HORA FATAL...


BIBLIOGRAFIA:
“O Discurso de Vergílio Ferreira como Questionação de DEUS”- Mª Joaquina Nobre Júlio, in “Português A”- 12º Ano,TEXTO EDITORA –Lisboa, 1999,1ª tiragem;
“Uma leitura DE APARIÇÃO de VERGÍLIO FERREIRA, BERTRAND EDITORA /NOMEN, 1995

terça-feira, 22 de março de 2011

MADRUGADAS …


foto google




Madrugadas de cheiro a alecrim
no rosmaninho selvagem…
carregadas de orvalho, que desliza despudorado
e lânguido…
Folhas de árvore, lambidas pelo mistério da noite,
abrem-se, sensuais, aos raios do sol, penetrante…

Épica viagem do orgasmo da nocturna NATUREZA!

O precioso líquido derrama Vida a esmo…segredo puro…
…ilha dos amores desencantada…Ogígia**** desbravada…vida namorada…
Louros, silvas, giestas…ervas doces a acordarem em festa!
Madrugadas, prenúncios do dia,
entremeadas por pedaços do prazer da noite!
Noite vivida…sentida…sofrida no arfar do Amor letal…
…vital…senhor da minha eternidade material…

Noite de estrelas estendidas sobre o corpo do MUNDO,
espalhando luz e cor na minha melancolia,
roubando-me sentimentos de abulia…

Ergo histórias sensuais na noite,
nos pináculos da felicidade erecta,
que toca os céus de uma intrigante meta…
Anulo-me na deliciada impressão de que estou
a alvorecer, vinda da rota do prazer…
Almofadas pelo chão…orvalho sacro na minha mão…
Afago o corpo, descansado…
… num novo cansaço!

Cheira-me a ti, esta madrugada serena e louca,
que a natureza morreu de paixão….

Abro a janela.
Espreito a mata, onde o dia se atrasou…
Parece que deus envelheceu…a noite continua tensa
sem o calor espasmódico da tua presença…

Ciente do orvalho desta noite imensa,
sinto o fogo, divindade intensa, no centro da TERRA,
minha ilha DO sempre…eternidade permanente,

Lá …naquele ORIENTE…
ESTE…ardentemente…

OGIGIA= ilha dos amores, de "ODISSEIA"

C11L-(vds)116/ MRÇ/011

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia Mundial da POESIA e dia da árvore


Dia lindo! Que associação de ideias mais bela!A poesia e a árvore!Árvore= Natureza!
Haverá algum espírito poético que consiga existir, sem aludir a estes dois factores?
Passa-me pela mente a "ODE TRIUNFAL" , de FERNANDO PESSOA, na sua fase literária sensacionista! O poeta chega a comparar os motores das fábricas a florestas tropicais!
"...Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical...Rasgar-me todo, abrir-me...a perfumes e óleos...Desta floresta estupenda..." É um autêntico orgasmo poético!e fá-lo, à semelhança de WALT WHITMAN, seu inspirador, o qual celebra a natureza e faz da sua poesia um hino à vida!
A poesia de hoje consegue pôr-nos perante a questão de o que é que a POESIA comunica.Isto advém da dificuldade que os leitores modernos sentem, perante uma poesia para a qual o intelecto não está preparado, por falta de cultura intelectual, tornando os textos pouco evidentes, à primeira impressão.Um poema deve ser um processo de exploração contínua, pois a MENSAGEM que veicula, pode não ser imediata e naturalmente ,visível.
Penso que um poema é sempre a dramatização de um tema que a subjectividade do poeta cria e que expõe conforme se sente, no momento que o faz.Por vezes, bastantes vezes!- o poema que o mesmo acaba por apresentar aos leitores nada tem a ver com a primeira tentativa de escrever o que sente...Diz REYES: "Na ordem do espírito, poesia é sempre o que já FOI."
Também por esse motivo, não se pode nem se deve julgar a poesia de todos as correntes e épocas literárias pelo mesmo critério, pois se mudam os tempos e a linguagem literária,os temas são os mesmos de sempre!
Tudo funciona em termos da subjectividade do sujeito poético!
O que varia ,em qualquer poema são os processos de que o poeta se serve , a seu bel-prazer, nos aspectos técnicos e formais , distintos de entidade poética para entidade poética!O leitor é, muitas vezes e também, preguiçoso no confronto com o texto poético e recusa-se a fazer um esforço suplementar para encontrar a mensagem!Outras vezes , por falta de conhecimentos de interpretação, de atitudes de procura de filosofias e de cultura ,em geral, é levado a dizer/ pensar: "Mas o que é que o tipo quer dizer com isto?"E então , desiste ...ÀS vezes , a mensagem do poema , em si, está numa única palavra...
O TEXTO POÉTICO É UM MISTÉRIO! Tudo depende de como o poeta vê o mundo em que está inserido e por que valores se rege!Se o leitor estiver fora dessas coordenadas, pode perder até, uma obra de arte!

domingo, 20 de março de 2011

COIMBRA...JARDIM DA SEREIA...onde o CHÁ É POESIA!




Casa De CHá do JARDIM DA SEREIA...

Inaugurada a 8 de FEVEREIRO do ano em curso, poderia parecer mais uma casa destinada à restauração, mas por vários motivos não o é... Tentarei dizer-vos porquê, a meu modo, como faço sempre , quando acho que vale a pena alongar-me.

A cargo da supervisão da ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PAIS E AMIGOS DO CIDADÃO DEFICIENTE MENTAL (APPACDM), existe ,hoje, como resultado da força de vontade e teimosia desta ASSOCIAÇÃO, que encontrou eco no humanismo de SUA EXa O SR .PRESIDENTE DA CÂMARA, DR. BARBOSA DE MELO.Esta instituição fez todas as obras necessárias para "põr em pé" a antiga casa da guarda do Jardim, entregou-a à APPACDM...e esta faz o que vemos ,agora, quando lá vamos "tomar um chá"!SOMOS ,então, atendidos, pelo sorriso largo e sincero, de utentes de centros de integração na sociedade, dignissimamente transformados em impecáveis "empregados de mesa", altivos, integrados, felizes com o seu trabalho! Tudo é modelarmente preparado pelos funcionários, de tal modo que o cheiro a chá e a amor pelo trabalho se espalharam pela cidade, que acolheu com toda a alegria, esta iniciativa!

O cansaço é muito, mas é tão bonito o trabalho e o contacto são com as pessoas, que os funcionários quase não têm tempo de se queixar! O humanismo de mãos dadas com a dignidade humana, dão-nos a garantia de sermos servidos com amor, com um cheiro a esforço, com um gosto...impossíveis de descrever!

A CASA DE CHÁ, CHEIRA A ChÁ DE AMOR!

Estive lá com a minha família e saí de lá engrandecida com o sorriso de quem me atendeu, como se eu fosse uma raínha!

Está em boa companhia o Jardim da SEREIA...O seu verde , que já foi grandioso, voltará a ser SOMBRA, a ser descoberta de paraísos perto da nossa vontade de repousar, sabendo que, na HORA do CHÁ , estamos no sítio ideal!

OS MEUS PARABÉNS E O MEU SENTIDO "OBRIGADA", A TODOS OS QUE PUSERAM DE PÉ ESTE DIGNO PROJECTO!

Mª ELISA

POEMA: NAUTILUS...

FOTO GOOGLE



Mitifiquei o amor no momento da trasfega

de uma confluência cósmica.

O tremor dos astros, atónitos, aliou-se,

para fazer cair meu ninho sobrenatural,

no imortal ensejo de fugir à refrega.



A Lua, ciosa, segurou o seu brilho natural,

que costumava plasmar em teus olhos…

Amedrontada, escondi-me numa concha de nácar

que gritava sons de Mar, para me apaziguar.



Encontrei –me numa convulsão de assimetrias

de emoções, que inibiu a força das minhas ilusões…

A utopia não aconteceu…a retesia continuou

para desespero da alma… que não acreditou…



Na cosmogenia da vida, procuro o telurismo meu

que, de súbito, desapareceu, tornando-me vulnerável.

Planos inclinados do Universo procuram a desesperada alquimia,

na Geometria das operações imperfeitas…

Tintas da cor do mar, apagaram os tons descríveis do teu olhar…

Os cheiros das vidas marinhas devolveram-me a sintonia!



O vulcão dentro de mim, alma –poesia que me alimenta,

força-me a estar atenta …

Coros de deuses e anjos, desalinhados, desafinados da harmonia

hierárquica mística, preparam-se para ouvir o nascer do dia.



Febo, robusto, aparece, imortal, por cima

da montanha vermelha, coberta de lava resvalante…

Apolo, pega na sua flauta de PAN e, a seu lado,

toca as notas da mais bela melodia, no alvor de um novo dia!



É a Vida do HOMEM-SER a acontecer!



Do alto do firmamento inquieto,

detecto uma fina voz, de estrela perdida do “rebanho “ de luz,

confusa com a fúria dos elementos, que lutam pela vida!



Que resta ao Homem, na agonia que os próprios astros consomem,

em desusada euforia?





Atravessa-me um brilho natural, uma luz de luar amigo…

…o que tratou do meu abrigo numa concha de madrepérola…

…no fundo de um mar de magia, com meu cunho de aura-fogo!

Cala-se a Noite. Não toma partido no meu encontro-vida!

Tem medo que me desfaça, tal NÁUTILOS atirado contra a carcaça

portentosa, da imersa montanha, poderosa…



E…

acordo do pesadelo!

A meu lado…

uma concha deslumbrada,

cintilante,

cambaleia

no seu odor de água salgada…









C11L- (MQC)-69/ MRÇ-2011

sábado, 19 de março de 2011

19 de MARÇO: "DIA DO PAI!

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Uma criança, qualquer ser humano, nasce da união entre um pai e uma mãe.
consagrado que está o DIA da MÃE, também o está o DIA do PAI.
Aos pais que o sabem ser, àqueles que cumprem os seus deveres de Amor, Ajuda, Ternura, Apoio de todos os géneros, endereço o meu abraço maior e sentido.
Neste país em crise de valores e de finanças, é importante o ombro amigo do nosso homem, junto dos filhos.
Não falo do peso da publicidade nos apelos à bolsa dos possíveis compradores, como acontece, normalmente, nos "DIAS DE...";falo da genuinidade de sentimentos que nos assola (ou não!) neste dia, em que um simples abraço pode marcar a diferença, no peso dos anos dos nossos "velhotes"!
FELIZ DIA DO PAI, HOMENS DE PORTUGAL!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Poema: EGO (EU II)


Eu...estátua de pedra vulgar,

na raridade da multiplicidade...



Eu...fruto de sons e energias misturadas...

...sagradas e infernais...

Eu...Mar de Fogo fundido com o grito dos animais...

...Eu...animal -verbal...palavra-magma...

som racional confundido no esquecimento do Tempo...



EU...palavra-fonte-da- palavra!

Reminiscência de cultos mágicos da PEDRA,

reescrita nas cavernas de Cronos...



EU...

do Nascer!

Acto humano...abrir a porta de Entrada para me tornar Saída...



NASCI NO MEU ACONTECER!



Eu...viagem para tribos incompreendidas- distantes-

-ignoradas-esquecidas e maltratadas!



Eu...FALA! EU....COMUNICAÇÃO (diz o deus do Tempo!)...

diz a Palavra que geme ,ao nascer, no ar que a envolve na Vulva do Viver!



Na cósmica energia do Universo que me fala

eu guardo-te, palavra...

remexo-te...

amasso-te...

dou-te a vida!



Avelaneira florida na Primavera de SEr,

atiro ao chão o caroço da NÃO-MENSAGEM!



Barco engalanado no triunfo da Viagem,

deito fora o engano da Imagem da NÃO -MENSAGEM!



Árvore verde do mundo a criar semente

trago-te no Ventre...ávida e consciente.



Diatribe pessoal , refrega de mim comigo,

Eu fujo da guerra dos dicionários e procuro abrigo no lexema-grafema-

-fonema-signo de paz=MENSAGEM!



Eu, anarquia lexical

em busca de uma pauta musical com sabor sintáctico

para dar à luz coragem-Liberdade-justiça!



Romance de mim, no âmago da minha revolução,

recuso ser o escritor ordeiro, sem alma por inteiro!



Luto por ti e contigo, Mensagem, na aragem dos Ventos

dos quatro cantos do Universo...

...disperso...

...doente...

...frio...tantas vezes adverso.



Sublevo-me!Escrevo!

Renego a pedantocracia da mediocridade, na LUZ!

Luz-palavra-reacção-------------------EGO!



Divagação intelectual banida do estilo de vida,

que o POETA adopta ao reescrever, escrever, reescrever

até à ponta do dedo com sangue, que segura a pena!



EGO...POESIA...AMOR...VIDA !



C11L-25( MRÇ)-/011

terça-feira, 15 de março de 2011


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LITERATURA PORTUGUESA: O ROMANTISMO


“ E se adormecesses? e se, no teu sono, sonhasses? E se, nesse sonho, subisses ao céu e ali colhesses uma estranha e bela flor? e se, ao acordares, tivesses na mão essa bela flor? ah…como seria, então?!...”
Esta é uma frase do poeta inglês S. Coleridge a tentar definir o que sentia, em relação a esta corrente literária do século XIX, da LITERATURA EUROPEIA.
É impossível a um professor de PORTUGUÊS, falar do Romantismo no seu país, sem preparar o leitor com visões globais do tema, que abrangem, logicamente, outros países da Europa, pelo menos. Assim sendo, antes de tocar as obras de Alexandre Herculano e de Almeida Garrett, vou “passear” pelo tema, generalisticamente.
A ideia de Romantismo está ligada a uma tentativa de poetas e autores dos últimos anos do século XVIII, de voltarem as costas, definitivamente, aos modelos da Literatura Clássica, velha de 300 anos, quase, inspirando-se, não na Natureza de HORÁCIO (clássico da Antiguidade), mas na Natureza”viva”, tal qual a viam e sentiam.
(Um aparte: ler “EURICO, o PRESBÍTERO”, de ALEXANDRE HERCULANO (A.H), é disso a prova!)
Continuando: o sentimento novo passa, desde o século em questão, a marcar a poesia e os escritos de consagrados autores, substituindo as temáticas e as estruturas, gramaticais, inclusive e sobretudo! dos gregos e romanos, tidas, até então, como as mais puras, correctas e verdadeiras.
A revolução literária deixa-se arrastar pela paixão por temas populares, exóticos e medievais, pelo extremo amor à LIBERDADE, pela supremacia do “EU” como medida do Universo, pelo fascínio da MORTE, dos abismos, do NADA (ver sonetos de BOCAGE, pré-romântico) …Itália, França, Alemanha e Portugal perdem-se de amores pela nova estética literária, que, com o tempo alastra a toda a Europa e a grande parte do mundo das Letras, de então.Na Alemanha, Goethe arrebata com “WERTHER”; os irmãos Schlegel, Heine, Kleiss, Hoffmann e Hardenber perdem-se pelos caminhos da Noite, da morte libertadora, do NADA…
Em Inglaterra, onde estiveram exilados Herculano e Garrett, a efervescência dos novos motivos literários surge com Tkompson, Coleridge,Young, Wordsworth, Walter scott, Byron, etc, escreveram textos ,que inda hoje lemos, sobre misticismo, lendas, fantasmas, o fascínio da noite, os segredos mórbidos e tétricos das pedras de castelos abandonados ,no meio de montanhas e florestas, íngremes e misteriosas…Na França, poesias de Madame de STAEL, de Chateaubriand( “Le genie du Christianisme), Lamartine, Alfred de Musset, Theofile Gautier…
Poucos se lembrarão destes autores…mas quem nunca ouviu falar de VICTOR HUGO…”NOTRE DAME DE PARIS”?
Pois bem: “entremos” nesta matéria, pelas “portas” portuguesas!
A situação criada pelas Lutas Liberais, entre miguelistas e liberais, estes adeptos de D.Pedro, mais tarde Imperador do BRASIL, iria ser o “motor de arranque” da implantação do Romantismo, em PORTUGAL, pelos pensamento e escrita de Almeida Garrett e A.H., exilados em França e Inglaterra, de onde vêm enriquecidos, enriquecer as nossas letras.


NOTA: PARTE I
ESTE TEXTO NÃO RESPEITA AS REGRAS DO ACORDO ORTOGRÁFICO!
MARIA ELISA RODRIGUES RIBEIRO
Mealhada, 14 de MARÇO de 2011

domingo, 13 de março de 2011

POEMA: TOCCATA E FUGA...

foto google



(POEMA: TOCCATA E FUGA…


Falam os ares atormentados, de Saudade,
engolindo ,em seco, lapsos de felicidade.
Alma ferida chora Horas em que o Momento não vem…
E repica o sino do lamento!

Eu era a música delicada com sabor de pele macia,
que se oferecia…

Mas os ares mudavam de direcção
e a minha desilusão crescia
roubando-me a natural harmonia…

(Parecia que uma fanfarra triste e assíntona se calou, dentro de mim!
Não saíam notas melodiosas de dentro da dor, sem fim…
Meu ego adormecido arredou a Alma…tecido de que sou feita…
Refeita…desfeita…numa solidão assim! -calada, dentro de mim…

Montanhas de desalento, atravessadas pelo Vento cortante,
queixam-se dessas rajadas de ar arrogante!
Tal tu, quando deixaste que um amor pujante
se desfizesse em pó de ar distante…

Musgos e líquenes,
Fetos, urzes e abetos, esperam ver-me sorrir,
Para voltarem a florir, na natural força do Renascer!

O rio, que tão contente, desliza entre colinas,
Canta, chorando, a corrente fugidia,
Dentro de margens definidas…
Lento cantar …que o leva para o Mar!

E eu, lama incandescente de um vulcão
Sobre as colinas da Ilusão,
Escorro, perenemente, para o Sonho de um abrigo!

Sonho desfeito nas areias de um deserto espiritual…

Piam mochos, nas nocturnas desgarradas do brilho das estrelas…
Ainda apagadas.
Descansa a luz dos raios de luar, habituada a um constante viajar…

Tudo Sinto…Tudo vejo…Tudo vivo…
…mas não ESTOU aqui, COMIGO!

O brilho dos meus olhos mora nas alamedas
que percorro sozinha
sem ter uma mão na minha…
A lembrança do amor…arrebata-me,
tal a torrente impetuosa dos Sonhos em que sumimos!

O semblante de qualquer ser-amado é como o da Terra-mãe…
…lemos nele o que desejamos ler…
E eu li-me em ti…pedaço absurdo da Verdade da Vida!
Presunção de enamorada
namorada da cantiga mais apetecida…

Nunca estarás de Chegada…
Dei-te ordem de Partida!

Mas viajo, encantada, pela rota da Esperança
Que é a crença na Vida!

É então que componho a minha Sonata!
Dedilho folhas de verdes ramos…
TOCCATA e FUGA!
Saem acordes divinos dos botões em flor
que germinam com o amor de meus dedos a acariciar
sua pele macia ,em acto de louvor!

Eu, pedaço da Natureza em acordes musicais,
sobrenaturais,
toco a música preferida…esta…a da Vida,
que se vê e que se sente
em quem não engana ou Mente!

quinta-feira, 10 de março de 2011

BELEZA ENCLAUSURADA…



(Fotos pessoais)


Como a saudade que sinto pela Natureza jamais acaba, dou comigo, nos soalheiros dias fora do período do Verão, a passear pela nossa terra, por sítios que ainda não conheço, sempre perseguindo matas, bosques, pinhais…Natureza, enfim! É imprescindível que haja Água…muita água temperando os ambientes…Descubro-a sempre! Encontro sempre um fio de rio, um braço de rio maior, umas minúsculas cascatas rumorosas a contornar as belezas que me perdem!
Nesse fluxo constante do estado de Vida, depois de visitar e de me deliciar, passeando, chega o momento do encontro comigo própria, o momento em que me dedico à meditação sobre… Gosto de me perder em reflexões que me forçam a tremendas viagens pelo mundo onírico e pelo mundo real. De repente, parecendo ter o dom da ubiquidade, estou em mundos tão diferentes como a China, a França, a Tailândia… ou … a Serra da Lousã! Então, como uma neblina sem contornos definidos, peregrino pelas minhas questões interiores e passo-as ao papel.
… Amo o mundo e a MÃE-NATUREZA…dádiva de um SER SUPERIOR…criada com sabedoria e amor, para gáudio do nosso viver. Ao passear por entre áleas de árvores, aparentemente desorganizadas, procuro motivos de beleza, a céu aberto, para acalmar o meu coração.
Não me refiro, de modo nenhum, a “belezas enclausuradas” no aspecto espiritual…Isso é uma opção de vida, nada há a dizer. Refiro-me a belezas naturais, a árvores, montanhas, flores escondidas ou bem enclausuradas, para poderem resistir à maldade alheia… atalhos inexplorados cobertos de vegetação, águas, o sol a bater nelas e em mim, afagando-me com uma ternura com que mais ninguém pode ou sabe, fazer.
No meu passeio de há dois dias, vi “uma carrada” de florinhas, lindas, singelas e tratadas, mas…para sua própria defesa…”enclausuradas”, acessíveis a olhos, somente. O homem não é humano, muito simplesmente, e sendo o mais perigoso dos predadores, há que impedir que actue de acordo com os seus piores instintos.
Mas há tantas mais belezas “enclausuradas”, tantas outras flores dignas da nossa atenção e que nos tiram o sono, quando nos vêm à mente! São belezas condenadas a murcharem sob regimes de escravatura sexual ou política; são belezas destroçadas pelas forças dos ditadores da vida, em terras onde DEUS não existe, porque tem medo de lá pôr os pés… São mulheres do SUDÃO, do AFEGANISTÃO, do IRÃO, do IRAQUE…Essas flores que murcham no apogeu da vida, fazem frente, com o seu mero existir, aos machos dominantes, ferozes, sem SOL…
Volto a mim, grata aos céus ou a não sei mais quem, por poder estar neste pedacito da Humanidade, onde tive a sorte de nascer, onde posso pensar, onde posso sorrir com a luz do sol benfazejo e brilhante, que me estende os braços, sem que eu tenha que o temer!
Por isso, numa atitude genésica, cresço para a TERRA, enlameio as mãos e os pés no regato de água que me abraça o SER…sinto a plenitude do cheiro dos ares e do vento que me traz o aroma da NATUREZA, na” pessoa “dos odores das plantas, selvagens ou não.
Terra, vida e homem…agentes distintos, originais e originários da cosmogénese, que geram, na sua cúmplice reciprocidade, a fertilidade e os ritos cósmicos da vida e da morte. Sem dúvida que o elemento primordial é a terra, essa beleza enclausurada no pior que o homem pode ter, o ventre telúrico de cujo útero, na origem dos tempos, vieram os primeiros seres humanos, os primeiros arbustos e os primeiros caniços. É então que vejo que as crianças vieram do fundo da terra…das cavernas…das grutas…mas igualmente dos mares, das fontes e das ribeiras, onde, “enclausuradas “, para nosso BEM, estão as belezas necessárias ao desenvolvimento das espécies. Como fui criança também, vejo-me pintada numa caverna primitiva, com toscas tintas e sujos dedos, numa parede escura, beleza enclausurada para preservação…Sou uma pintura rupestre, sou a pedra com que fui riscada, sou o sangue que o desenho larga para os confins dos tempos…os mesmos que permitiram que eu tivesse forças para fugir de clausuras patéticas de impotência, de falta de visão e de saber!
Vejo-me (e não é NARCISISMO!) um ponto da eternidade, entre as notas que as estrelas vão tocando, na cintilante música com que alumiam o mundo de todas as belezas, enclausuradas ou não! Sinto-me uma possibilidade de qualquer coisa, na pulsão incontrolável do fazer parte de um COSMOS onde crescem belezas…flores, montanhas de cheiro saboroso que transpiram gotas de orvalho, de entre neblinas e brumas…que formam ribeiros, rios e poças de água aos triliões de milhões…que deslizam, fluentemente para o MAR…
Sou navio e caravela na hora das distantes descobertas, sou Gama…Gago Coutinho…Ganges e Apolo…sou tudo…mas não “beleza enclausurada!” Sou contra a FOME …a CORRUPÇÃO, o ROUBO descarado de todas as belezas do MUNDO…
Coração de POETA da modéstia, quero ver, a céu aberto! a PAZ…a LIBERDADE…a JUSTIÇA…o HUMANISMO, A VERDADE…
PROCLAMO, COM TODAS AS FORÇAS, TODAS AS BELEZAS A CÉU ABERTO!
ABAIXO OS “ENOLAGAY”!

...E CORRE MEU PENSAMENTO...



(Foto GOOGLE)










Trinados de felicidade enfeitam os ares

Com o alegre voo das aves…

…e antevejo-te em quadros simulados, dissimulados

Na bruma das eras…Outros voos já passados…

Do alto da colina, o Sol bate brilhante, com seus raios cintilantes,

Faz acordar a VIDA!



Gâmetas despontam no telurismo da Terra-Mãe,

Reproduzindo anatomias florais, em fulgurosos trigais.



No velho moinho de água cantante

Tritura-se a semente que, já cortada,

Se transforma em pó para pão da gente.



O céu, em azul anilado, belo como um quadro de amor,

Cobre o bosque avermelhado, onde brancas nuvens deslizam…

…mansas, mansas, longe de ventos atarefados, ululantes de dor…



A mata guarda, ainda, segredos da meninice acabada.

Elfos, duendes e fadas gravitam, em constante mutação

Da aparência extenuada, magoada, dorida.



Meus sonhos de magia podem o voo das aves…

…Saem do coração ao qual tiro a chave da reclusão!

E deixam-me voar no desequilíbrio dos raios de luar,

Em desenfreada cavalgada da Mente…potente!



É feérica a ponte entre meus sonhos e a realidade!

A ela se opõe sempre a inevitável Verdade!



Quando tiver um jardim de rosas da perdição

Vermelhinhas, cor de sangue,

Vou pô-las longe do penhasco da Ilusão!



E o sol, a bater no rio,transforma as águas num mar de prata…

...que foge para o MAR-OUTRO…o da Descoberta!



Retorno, humanamente, aos trinados dos pássaros felizes!

Acordo, dormindo sentada na rocha brilhante

Da colina petulante, de verdura transbordante.

Ignoro os elementos da Magia…

Sigo o zumbir das abelhas na azáfama do mel…

Na harmonia do orvalho seco, do dia, fervilha –me a mente!

Sinto-me MÃE da minha meninice

Que escorre para o papel.



Poderosos nenúfares, ancorados em águas lentas,

Levam idosos e crianças a viajar na corrente de um Estar diferente!

Barcas de humanismo, sem sinal de cinismo e sopros de solidariedade

Nas tristes águas paradas, da gasta sociedade…



Meu voo inevitável por cima das nuvens, ao lado dos paraísos,

Deixa-me cair, de repente, no meio do beijo dos astros…

…no abraço das estrelas, perto das dores da humanidade…



Mas existem WELWISHITAS MIRABILIS no cru deserto da aridez social,

Contida nas eternas areias a céu aberto…

..tão longe do perto!

A sapiência e a inocência dos viajantes dos nenúfares acolhedores

Brilham nas águas de verdes multicolores.



A noite atravessa-me!

Os olhos vêem a mão que me escreve!

A Palavra surge-me!

A Pedra esmaga-me…









C11L-22(mod) 48-JAN/011

terça-feira, 8 de março de 2011

POEMA: ANTOLOGIA DOS BECOS DA VIDA...

FOTO MINHA














No escuro da noite, coberta pela bruma das nuvens ominosas,

No meio da lagoa pantanosa, sem maré,

Parado está o barco, sossegado,

Do pescador, que não lança a rede ao pescado.



O céu avermelhado do negro azedume do tempo

Cobre, solene, o barco sem rumo, na pescaria da vida, perigosa…



Não há um rumor…

Há o temor das nuvens negras

No vermelho ameaçador da paulica ria,

…morta…sem energia…



Saltam pingos de água das mágoas nevoentas

Que afugentam a coragem do homem, no meio do temporal…



O candil aceso não resiste, e de longe-coisa triste-

Assiste-se ao apagar da presença corajosa

Do homem a lutar,perdendo energia…



Por detrás da colina-qual Adamastor furioso!-

Assobia o vento, num tom pastoso,

Mostrando, da montanha, o riso enganador…



No céu dos humanos não há estrelas brilhantes,

Pois a noite aleivosa escurece os diamantes-peixe

Da vida de euforia-pescaria!



Mãos sujas,

Calejadas da existência das redes nos remos…

Dos remos nas redes…

Apanha o homem coragem, e numa rápida viragem

Endireita a canoa,

Foge da lagoa,

Esconde o seu medo na força súbita do mistério,

Repousa na gruta, sob a montanha,

Ao pé de uma fogueira de restos de lenha!



Antologia dos becos da Vida!



Viver é eterna ferida…mutação genético/sentimental,

Eternidade natural na junção sol-mar!



Deuses intrometidos nas rotas do natural existir

Fazem valer seus preceitos, para, depois,fugir…



Os deuses são Nada!

O Homem é tudo o que o Sonho consente!

Deuses não sonham…

Usam, abusam, dispõem…

Nascem deuses…acabam pó de estrelas enganosas!

O Homem nasce NADA,vive tudo…acaba vida dura!



O pescador da lagoa nua, brumosa, tempestuosa,

Escolheu o confronto…

No seio da montanha, à espera do sol, está pronto a lutar

Pelo pão de viver!



Alguém viu os deuses… assim…a tentar engrandecer?







C11L-(out/nat)49/16-FEV/011

segunda-feira, 7 de março de 2011

DIA INTERNACIONAL DA MULHER!




Que me perdoem os amigos do sexo oposto, mas é imperativo que diga algumas palavras a todas, as que, como eu, são MULHERES. IREI notificar algumas amigas, mas a nossa “outra doce metade” deve, se assim o entender, comentar também.

Como é do conhecimento geral, este dia foi consagrado pela ORGANIZAÇÃO das NAÇÕES UNIDAS (ONU), em 1977, como um dia de celebração dos direitos da MULHER, na sequência das lutas, desde o tempo das SUFRAGISTAS americanas, do século XIX, mas principalmente desde 1908, quando a repressão se abateu sobre as que lutavam pelo Direito de VOTO, nas ruas de NEW YORK.
Não gostaria de dizer banalidades ou usar “lugares comuns”, como é, aliás, natural e habitual, nos jornais e revistas que hoje tratarão o tema.
A MULHER merece-me (nos) muito mais respeito e atenção…É um tema muito mais vasto de riqueza e tem a ver com as normas sócio/político/culturais que as sociedades e seus governos sempre tiveram, no confronto com a condição feminina. Há de bom e há de mau…tal como com os homens …Mas comemoremos o dia pensando nas MULHERES que contribuíram e ainda contribuem com a sua acção e formação, para que o mundo seja melhor, ou mesmo só para dar visão humana à existência do sexo feminino.
A minha maior pena e as minhas mais sentidas palavras vão, desde já, para as vítimas de violência doméstica que têm de viver escondidas, e para aquelas que são assassinadas por maridos, companheiros, namorados, sem que se consiga uma justiça eficaz, que coloque no seu lugar os arremedos de “macho-latino, que por aí campeiam.
De seguida, percorro o Mundo numa viagem dolorosa, para saudar as mulheres sem liberdade no SUDÃO, no AFEGANISTÃO, nos países orientais e africanos, na CHINA do infanticídio selectivo, no Tibete, SOMÁLIA, IRAQUE e sei lá quais mais…
Sei que a esta hora, em alguma parte do mundo, mulheres dão à luz entre rochas e cavernas, crianças são brutalmente excisadas, bebés femininos são postos na beira das estradas e em contentores do lixo, para morrerem, SÓ porque são mulheres!
À minha mente chegam recordações de mulheres como GOLDA MEIR, a israelita primeira-ministra da qual tanto há a dizer, que é bom recordar apenas que contribuiu para modificações nos territórios daquela região…DOLORES IBARRURE,” LA PASIONÁRIA”, lutadora anti fascista do tempo de FRANCO e da DITADURA ESPANHOLA, a portuguesa MARIA LAMAS, autora do livro” AS mulheres do meu país”, também ela lutadora antifascista do tempo de SALAZAR. Virgínia MOURA…MADAME CURIE….Madre TERESA de CALCUTÁ…INDIRA GHANDI…MARIA DE LURDES PINTASILGO…VIEIRA DA SILVA…ANNE FRANK…DILMA ROUSSEF…e é um nunca mais acabar de mulheres que o mundo vai conhecendo, umas pelo bem outras pelo menos bem…Hanna ARENDT…ROSA PARKS…Tenho que dizer que na génese da criação do PRÉMIO NOBEL DA PAZ …está BERTHA VON SUTTNER, baronesa checoslovaca, escritora, ensaísta, pacifista, jornalista, amiga de ALFRED NOBEL, falecida em 1912 e primeira mulher a receber esse Prémio…
A sociedade, qualquer que seja, não existe, hoje em dia e desde o princípio da vida sem a figura feminina, sem a participação activa das mulheres como complemento da produção e das ideias.
Saúdo-vos, mulheres como EU, que contribuímos com o nosso esforço, a nossa inteligência, determinação e humanismo, para que o mundo seja melhor!
Deixo-vos a todos, homens e mulheres, com um SONETO de FLORBELA ESPANCA:
“A MULHER

Ó mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!

Quantas morrem saudosas de uma imagem
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca ri alegremente!

Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doces almas de dor e sofrimento!

Paixão que faria a felicidade
Dum Rei; amor de sonho e de saudade
Que se esvai e que foge num lamento!”
Florbela Espanca, in “TROCANDO OLHARES”, 13/3/1916
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro

Imagens de um país, à beira de um ataque de nervos...


Já nem é preciso ler os jornais ou ver os telejornais e programas de opinião televisiva...Começamos, nós, povo, a sentir a miséria em que a situação portuguesa está a nadar. Hoje, novos aumentos dos combustíveis...depois dos de ontem ,anteontem , da semana passada, de todas as horas!
O que espanta quem pensa nestas coisas, é ver que o combustível que encarece a todo o momento, (custos de produção e da importação do petróleo cada vez mais caro)ainda nem sequer chegou a PORTUGAL!E vamos vendo os ricos cada vez mais ricos e os pobres TÃO cada vez mais pobres!
Subindo os combustíveis... é fatal como o destino, sobem todos os bens de consumo! Portugal tem mais de 11,2% de desempregados! Como está esta gente a viver?...e vive???Nas nossas aldeias ainda existe a solidariedade de quem cultiva e mata o porquito...Mas, como vivem nas cidades, aqueles que tudo compram , que não têm quintais?
Entretanto, a criminalidade aumenta em número e em violência, com métodos de actuação que fazem lembrar os de organizações internacionais! Assaltos constantes a máquinas MULTIBANCO, a ourivesarias, a bombas de gasolina...A PSP não tem meios para actuar e os agentes movem guerras contra o governo, porque não ganham para viver...
É velho o ditado:" Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão!"
Com uma diferença: é que ,aqui, ninguém ganha!
Ganham os directores, os gerentes, os administradores que, de quando em vez se vem a saber, que se auto -aumentaram outra vez, na ordem dos milhares de EUROS, enquanto o povo paga impostos com língua de palmo, não foi aumentado e paga mais impostos sobre a saúde ,a educação, os medicamentos...TUDO!
Inventam-se multas para tudo o que se possa imaginar....Em algumas aldeias ,as lojas estão a vender por troca de produtos, como se fazia na época feudal: eu dou-te batatas e tu dás-me açucar...ou arroz...ou farinha...

Para agudizar os problemas...o BENFICA PERDEU, ONTEM!
Mas, OBIKWELU e NAIDE GOMES trouxeram as medalhas de ouro e de prata dos campeonatos europeus de Atletismo, em pista coberta...

O PSD começa, um ano depois das eleições, a pensar que talvez PASSOS COELHO não seja o homem ideal para estar à frente do PARTIDO...ÂNGELO CORREIA bem pode começar a pensar noutro "delfim"...

Por último- e não menos significativo!- vai-se "vivendo" o CARNAVAL DE MARÇO...Sim, que o de todos os dias do ano está mais que garantido...

sábado, 5 de março de 2011

POEMA: PRIMAVERA EM SUSPENSO...

foto google


“Primavera em suspenso…”





Afoita,
Desassombrada
Nas manifestações de alegria,
Aí está a Primavera
Colorindo a luz do dia!

Lânguida se espreguiça,
Com aroma sensual,
Por sob os raios de Sol…

Conhece-os, a Natureza…
Sabe que a Primavera
Anseia pelo abraço quente
Que lhe germina a semente…

Doces dias, em clima de festivo, colorido,
Começam a despontar…

Árvores, flores e aves
Recomeçam a viver
Oscilando, donairosas, entre o torpor do Nascer!

Desprendem-se da Terra os cheiros…
Rebentam, em silêncio, os ventres
Das inchadas sementes do nosso pão…
Estalam ovos nos ninhos,
Alentados pelos suspiros das noites estreladas!
Aquecem as águas dos rios, a correr,
Sob os quentes vapores solares.

Pudesse eu transpor esta Natureza
Firme no seu rejuvenescer
Para a minha POESIA…
…Só para a ver viver!

Cheiro as rosas, aliadas das papoilas
Nas nossas vivas searas!

Cheiro o luar subtil
Do qual brota o orvalho, febril,
Alimentando a raiz…

Toco o mundo, num segundo,
Sem tempo para dormir…

Fecho os olhos, por momentos.
Passa um vento delicado
Que me afaga os cabelos.
Saudades dos tempos belos!
Memórias das minhas “ilhas”!


“AMANHÔ,
O VOO DA ÁGUIA ANUNCIARÁ
UMA NOVA PRIMAVERA…


C7G-33/40- (mod) -FEV/10

quarta-feira, 2 de março de 2011

POEMA: FUTURO ...QUE VAI SENDO...

FOTO GOOGLE






Sopram saudades aos meus ouvidos.
Vêm com as memórias trazidas pelos Ventos
Da Terra, em permanente turbulência…
FLUXO CONTÍNUO DOS ARES QUE ME ALIMENTAM
Nos fragmentos-do-meu-tempo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

NUVEM – DA-INFÂNCIA
LEVADA- em ares tempestuosos
DOS TEMPOS-QUE- FORAM- INDO……………………………………………

Infância: minha FÉNIX RENASCIDA
NUM- OUTRO- PONTO- DA- VIDA!
Fogo de cinzas passadas-desorientadas,
Pelas armas ferozes do HOMEM-UNIVERSO!

DEUSES-DO-OUTRORA! DO OUTRORA-AGORA!
Lançai a corda salvadora da vossa IMORTALIDADE-FARISAICA!
Dai-me a oportunidade de me ELEVAR às alturas
De uma VIDA-HERÓICA……………………………………………………………
O heroísmo que PROCURO vem do meu DENTRO!
Vem do que vejo, quando viajo EM – MIM
E DOU- DE- CARAS- COM- UMA- TRISTEZA- SEM- FIM……………………
Enfrento meus medos.
Esconjuro meus segredos,
Confesso MEU- BEM- E- MEU- MAL.

ARRENEGO DA GRANDEZA FÁTUA DOS DEUSES!
( É MUITO FÁCIL SER DEUS ,QUANDO DEUS SE NASCE………………….)

Enfrentarei tanto as belezas, sem invejas pobres,
Como as pobrezas, sem me sentir nobre!

NA SAUDADE,
Quero levantar sensações submersas no meu
Longínquo PASSADO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Oiço ruídos…passos da infância no tempo PASSADO-PRESENTE!
Sinto-me indisposta, cansada…
Não sinto abrir-se em mim
A incompreensível grandeza do MISTÉRIO…
Vivo DENTRO DOS MEUS VERSOS
E TENHO TANTOS DISPERSOS!
SÃO VERDADES INSIGNIFICANTES…
PARA MIM, EDIFICANTES!
Ajudaram-me a desenvolver o EU /RIZOMA-que-sou!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ACONTECI NO TELURISMO PÁTRIO!

MINHA VIDA!=PEDAÇO DE TECIDO, onde se cruzam
Fios, indefinidamente, até à OBRA!
OBRA DE ARTE=POEMA FEITO/ REFEITO
POR INSIGNIFICANTES MÃOS DE VIDA,
DELICADAS MÃOS DO SER!

Permito que saiam os ventos de TEMPESTADE…
Viajo CHUVA ADENTRO
Confiando no SOL da IDADE-que-vem-VINDO……………………………………….

IDADE=FRUTA MADURA!
FUTURO QUE VAI SENDO…………………………………………………………..

NÃO ME EXILO DA VIDA…vou vivendo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



MARILISA RIBEIRO
C10J-(mod)47
FEV/011

terça-feira, 1 de março de 2011

O Triste PAÍS...


Já nem sei o que hei-de dizer, a começar este pequeno "post"...
Vejamos: sócrates e teixeira dos santos, armados em "galos" das capoeiras alheias, vieram, ontem, afirmar ,que vêm aí mais medidas de austeridade, como manda a Europa!
Há cerca de 10 dias, os mesmos, tinham dito que tudo estava a correr sobre carris, que a execução orçamental estava a ir muito bem! Quem pode, ou dá... crédito a este tipo de desgovernantes, que não sabem onde está o modo de fazer avançar PORTUGAL?
Dizem que os políticos, "alegadamente", se aumentaram cerca de 20%...!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Os portugueses não têm nada para viver..."roubam-nos" dinheiro dos salários...roubam-nos cuidados de saúde ...roubam-nos os professores e as escolas, por causa da falta de dinheiro...não ajudam nos medicamentos para os quais continuamos a pagar impostos, com língua de palmo...

Mais triste ainda: soube-se ,hoje, que o desemprego continua a aumentar , tendo chegado aos 11'2%!
Aos portugueses que se podem manter fora deste lamaçal...estejam onde estão!Isto é um esboço de país...não é o vosso nem o meu país!
Não há dinheiro para a POLÍCIA cumprir o mínimo dos mínimos...para a gasolina, por exemplo...Tudo vai encurtar...autarquias, juntas de freguesia, tribunais...vai continuar o fecho de escolinhas com menos de 21 alunos!
Não vos falo de mais nada, hoje...Estou angustiada ...desmoralizada...
já nem o meu BENFICA chega para colmatar o buraco de melancolia em que estou a desanimar...
ABRAÇOS