segunda-feira, 18 de março de 2024

04 Igreja de St. Cruz – Tertúlia do Fado de Coimbra (LP "Coimbra … Terra...

Un angelo

MEZZO - Adagio (10th Anniversary Concert)

Peter Gabriel & Sinéad O'Connor - Don't Give Up (Chile, 1990)

De onde vêm os novos deputados do Chega?

DE MONTAIGNE...(in O Citador)

 A Hipocrisia do Ser

Para que servem esses píncaros elevados da filosofia, em cima dos quais nenhum ser humano se pode colocar, e essas regras que excedem a nossa prática e as nossas forças? Vejo frequentes vezes proporem-nos modelos de vida que nem quem os propõe nem os seus auditores têm alguma esperança de seguir ou, o que é pior, desejo de o fazer. Da mesma folha de papel onde acabou de escrever uma sentença de condenação de um adultério, o juiz rasga um pedaço para enviar um bilhetinho amoroso à mulher de um colega. Aquela com quem acabais de ilicitamente dar uma cambalhota, pouco depois e na vossa própria presença, bradará contra uma similar transgressão de uma sua amiga com mais severidade que o faria Pórcia.
E há quem condene homens à morte por crimes que nem sequer considera transgressões. Quando jovem, vi um gentil-homem apresentar ao povo, com uma mão, versos de notável beleza e licenciosidade, e com outra, a mais belicosa reforma teológica de que o mundo, de há muito àquela parte, teve notícia.
Assim vão os homens. Deixa-se que as leis e os preceitos sigam o seu caminho: nós tomamos outro, não só por desregramento de costumes, mas também frequentemente por termos opiniões e juízos que lhes são contrários.
Michel de Montaigne, in 'Ensaios - Da Vaidade'
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 Texto da página da amiga Isabel Saavedra, a quem muito agradeço!

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Partiu Nuno Júdice,
na maior de todas as viagens...
"Ao fazer a mala, tenho de pensar em tudo o que lá
vou meter para não me esquecer de nada. Vou ao
dicionário e tiro as palavras que me servirão
de passaporte: o equador, uma linha
de horizonte, a altitude e a latitude,
um lugar de passageiro insistente. Dizem-me
que não preciso de mais nada; mas continuo
a encher a mala. Um pôr-do-sol para que
a noite não caia tão depressa, o toque dos teus
cabelos para que a minha mão os não esqueça,
e aquele pássaro num jardim que nasceu
nas traseiras da casa, e canta sem saber
porquê. E outras coisas que poderiam
parecer inúteis, mas de que vou precisar: uma frase
indecisa a meio da noite, a constelação
dos teus olhos quando os abres, e algumas
folhas de papel onde irei escrever o que a tua ausência
me vem ditar. E se me disserem que tenho
excesso de peso, deixarei tudo isto em terra,
e ficarei só com a tua imagem, a estrela
de um sorriso triste, e o eco melancólico
de um adeus."
Saravá Nuno Júdice!

Bom dia e feliz semana!


 

 POEMA

TENTO PARAR O TEMPO
Se por acaso me não encontrares, procura-me noutros
lugares onde
espero parar o tempo,
para não sentir que te atrasas
sem viveres o doce momento.
Lá estarei à tua espera…talvez ao pé do Tempo…apoiada na bela janela
donde tudo vemos, quando temos TEMPO-PARA-O-TEMPO.
Se por acaso não me encontrares,
pode ser que eu esteja perto de aspirações utópicas,
quase oníricas, onde vou traçando o desenho-de-ti,
com permissão do vento
a amainar o decair desta procura insana.
À meia noite da Vida,
nas traseiras de um quintal,
entre pinheiros e estrelas brilhantes,
os lilases perfumados, multicoloridos,
mandar-te-ão o meu sinal.
À procura do meu Tempo perdido, os meus olhos pensam,
calmamente,
no espaço adormecido entre os nossos olhares.
Procuro despir-me de tudo o que aprendi,
Vou raspando as tintas com que as eras me pintaram
nos arredores do pensamento, onde tudo já amareleceu…
O ar que a Terra respira, levanta-se, em forma de nevoeiro,
pelos pântanos, pelos vales húmidos e pelas colinas encrespadas,
onde se estende às minhas manhãs de frio,
que vão
passando pelas estações,
pelos Invernos e Verões,
sem que eu tenha podido parar o Tempo-matreiro
que, de nós foi escapando…
Maria Elisa Ribeiro
JAN/018
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Todas as reaç

quinta-feira, 14 de março de 2024

Estudantina Universitária de Coimbra - Afonso

CENTURY - Lover Why (lyrics)

Bom dia, meus amigos!


 

POEMA

 




POEMA: VIVO ILUSÔES

Afagas meu corpo com a magia das tuas mãos musicais...
Tráta-lo com todo o cuidado, em suaves acordes,
que soam a toques angelicais.
Permites-me rebolar no espreguiçar a fantasia e eu sucumbo
à porta dos dedos teus entrelaçados nos meus.
A penumbra doce entontece-me...
É droga, o jogo de luz que me enlouquece e seduz.
Lá fora, as flores perdem o viço, porque lhes roubámos as cores.
Resta o odor das sombras místicas,
que nos apareceram na HORA-do-AMOR.
Dançamos o nosso Universo ao som das fortes cores de um Sol abrasador.
Prenúncio da chuva de Amor, as paisagens em cio esperam a água
que há-de rebentar,
ao som dos oníricos trovões, que as farão germinar.
Fico-me nos teus braços...Sonho acordada e brigo comigo.
Não quero fugir ao doce amplexo da tua Natureza vibrante!
©Maria Elisa Ribeiro
MRÇ/2021

quarta-feira, 13 de março de 2024

Extracto sobre Maria Helena VIEIRA da SILVA-No GOOGLE-P55-ART

 

Quem foi Maria Helena Vieira da Silva?

Ao longo do século XX, a vida de muitos artistas contemporâneos caracterizou-se pelo intercâmbio cultural, intelectualismo, inovação, experimentação, viagens na Europa e fervor artístico. A pintora Maria Helena Vieira da Silva participou neste ambiente, embora a sua vida e obra tivessem nuances únicas e não transferíveis.
Apesar da clareza das influências artísticas que Vieira da Silva recebeu, como o cubismo, a abstração, o tachismo ou o surrealismo, a sua obra continua a ser um conjunto estilístico certamente inclassificável. Apesar disso, alinhando-nos com as críticas gerais, diremos que Vieira da Silva foi, acima de tudo, um grande abstracionista.

Vieira da Silva | Artistas | P55.ART

Origens de Vieira da Silva

Nasceu em 1908 numa família habituada a viajar, especialmente pela Europa. Em tenra idade, conheceu países-chave como Itália, Inglaterra ou França, sendo este último um dos mais importantes para o futuro. O caminho que leva Vieira da Silva a tornar-se um "pintor de memórias obsessivas" e um "tecelão de fios de luz" como alguns meios de comunicação social lhe chamam, começa com dois factos fundamentais: a perda do pai aos dois anos de idade e a educação nas artes e na música desde a sua infância.
Iniciou a sua formação artística na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde nasceu, terminando-a em 1928 e mudando a sua residência para Paris, obtendo por dupla nacionalidade. Nessa altura, Paris era a capital do mundo da arte contemporânea, a meio do período entre guerras, e estava seguramente atraída pela novidade e entusiasmo artístico do momento.

Vieira da Silva | Artistas | P55.ART

Vieira da Silva é comumente identificada com a Escola de Paris, que o crítico de arte André Warnod descreve como uma "comunidade internacional de artistas estrangeiros residentes em Paris cujas criações não subscrevem qualquer ismo". Estima-se que nesta altura, Paris chegou a albergar vinte salas de arte independentes e uma centena de galerias de arte, o que, sem dúvida, se traduziu numa oportunidade para Vieira da Silva. Depois de alguns primeiros passos como escultora na Academia do Grande-Chaumiere e do artista Bourdelle, Vieira da Silva decidiu sobre o género da pintura. Frequentou as aulas do cubista Fernand Léger e conheceu o gravador Stanley William Hayter, o mais prestigiado de todo o século XX.
Por volta da década de 1930, Vieira da Silva absorveu a influência da expressão abstrata do grupo Círculo e Quadrado (Cercle et Carré) tendo já passado por outras influências como a fauvista Otho Friesz ou o cubista Charles Dufresne, cujos ecos ressoam na sua obra. Com inspirações semelhantes, o olhar íntimo de Vieira da Silva, que vale a pena percorrer, rapidamente conquistou o mundo.

Vieira da Silva | Artistas | P55.ART

O olhar de Vieira da Silva

O seu olhar, ou melhor, a memória de Vieira da Silva esconde um espírito afetuoso sob os padrões compósitos das suas telas que acabam por triunfar mais cedo do que tarde. Jeanne Bucher, proprietária da Galeria Jeanne Bucher, expôs pela primeira vez Vieira da Silva em 1933, criando a primeira aquisição da sua obra um ano depois.
Em Vieira da Silva reside de alguma forma o fauvismo do início do século, a força visual e justaposição de cor plana patenteiam-no. Mas falta-lhe a aplicação de manchas representativas "emancipadas" e a "raiva" intrínseca do fauvismo, embora também não precisasse dela. A sua lição mais importante foi provavelmente dada por Cézanne, o “pintor de pintores” com quem Vieira da Silva aprendeu a ser uma artista duradoura no tempo e a navegar na transição que a pintura moderna implicou.

Vieira da Silva | Artistas | P55.ART

O imaginário de Vieira da Silva passa-se num dinamismo onde as partes da pintura não eclipsam completamente a composição. Experimenta com uma fusão do método abstrato e figurativo, com a aglutinação de elementos do cubismo sintético e um uso da cor que lembra o primitivismo. Mas, acima de tudo, experimentou as suas próprias memórias e o seu imaginário autobiográfico, e nos dá uma bela Villa des Camèlias, um Ripolin, um eco talvez de Paul Klee no Still Life Blue de 1932.
Com a Segunda Guerra Mundial, a sua vida tomou um rumo radical e teve de emigrar para o Brasil para passar sete frutuosos anos de em contacto com o pintor construtivista Joaquín Torres García, outro grande mestre. No pós-guerra, a sua estética escoou os estragos do conflito, além de resgatar a cultura com cidades em ruínas, cidades com torres, a rua, uma espiral, um enigma, as maisons, a Bibliothequè, o interior de uma espiral, numa revolução total que, apesar da ambiguidade, sintetizou a primeira vanguarda do século.


Century - Lover why (Lyrics)

POEMA





 SONS-DE-POESIA

Ligeira brisa agitava as cortinas, quando as afastei para o lado
para ver as estrelas, que brilhavam pelo céu azul gelado.
O rio desenhava, através do vale, uma vasta curva de prata líquida,
………………………tranquila e serpenteante, que, no Outono se tingia,
……………………. à hora crepuscular, de cor-açafrão-Oriente.
Da língua de areia, molhada de neblina,
………………………viam-se mastros de embarcações
………………………a elevarem-se para o céu opalescente.
Cheirava à maresia da infância,
……………………..esse odor de transparência que eu sabia
………….. viver nas minhas adormecidas canções.
A recorrente memória permite-me visões sublimes
…………………….que dão repouso à alma com que as senti vibrar
…………..neste corpo de menina, agora feito mulher.
A vida soa a silvas do vale, a pinheiros com resina,
a amoras rubras, silvestres, escondidas no matagal.
Soa a águas rumorejantes a sussurrarem por baixo da ponte
onde, amiúde, vi o céu chegar e mandar-me para o conchego
das cortinas do velho lar.
Tantas foram as vezes que a atravessei, que ‘inda hoje
lá estão marcados os pés, na dureza da velha madeira
que continua a ligar as margens.
Tudo era o fim do princípio que a vida-passou-a-ser…
…imensa e magnífica catedral que fui vendo, sem-a-entender…
Dizem que são os anjos quem sobe escadas de salvação
……………………….quando levam os homens , pela mão…
Eu subia e descia pelos meditativos atalhos do vale
………………………e , sem querer, fazia a minha peregrinação.
Calcava velhas folhas mortas de solidão,
cantando sempre o trepar das rosas pelas barreiras musgosas,
onde se instalava o odor roxo das violetas no teu olhar,
que as árvores cobriam de mistério crepuscular.
As neblinas desciam cantando para lençóis de algodão puro, entre a terra e o céu/
A poesia vinha iluminar os fantasmas do Eu-a-querer-Ser, com uma linguagem de engrandecer as sonatas do meu viver/ E quando vejo os plátanos a reverdecer, confio no som da clara madrugada onde te vou encontrar, mesmo que a teimosa chuva teime em me não deixar ouvir./
Que me resta, se perco a esperança de te ouvir, perdido na concha do poema que tenho nas minhas mãos, a surgir?
Maria Elisa Ribeiro-Abril 2014

terça-feira, 12 de março de 2024

Faleceu ERIC CARMEN

Eric Carmen / All By Myself /

POEMA

 


A ESTRADA DO POEMA

 

 

Toda a terra se despe para receber o beijo do arado.

 

Uma voz, no seu interior, chamará pela semente,

Com a mesma intensidade com que as palavras chamam

Pelos meus lápis e cadernos,

  ansiosos pela força do correr do pensamento.

 

Sinto os ares do vento a darem no chão,

 levando-me as folhas onde

as letras, uma a uma,

 se vão convertendo em grumos de moles areias.

 

Parece que tudo o que vou escrevendo

 se transforma em páginas de terra

que o ventre do tempo ciosamente encerra,

 na ansiosa espera do amadurecer da semente.

 

Estou sob a sombra de potentes acácias que alindam a colineta.

Esta paisagem cansa-se da secura da terra, devido à falta de água;

 então, larga a estrada e procura chegar perto do mar,

 atapetado de areia branca

no brando estender-se da espuma, que não se pode arar ou semear.

 

A água do mar é salgada, bojuda e rendada,

 devido aos rugidos do oceano.

 

A superfície lisa das águas do mar deita-se sem respirar,

 pois teme que os silvos do vento se enrolem e não consigam nadar.

 

Vejo a torre do farol a semear a esperança de quem anda no mar

a procurar o pão-peixe,

 mesmo quando as nuvens se atropelam

 na estrada do meu poema,

 (que há-de surgir) de toda aquela terra

 que se despiu ,quando teve que receber o arado.

 

 

Passa o tempo...todo o tempo necessário para cada Um-ser-cada-Um.

 

Como os peixes um a um, as letras saltam  nos focos de bruma.

 

A vida das letras cai nas redes

consciente de que formam um poema

que chapinha no ventre de uma oração,

escondida sob a caruma de um pinheiral sorridente.

 

 

 

 

©Maria Elisa Ribeiro/2021

 

Pink Floyd Mandolin Orchestra Shine On You Crazy Diamond Mank Rüber Pree...