terça-feira, 31 de janeiro de 2012

POEMA: DELÍRIO


DELÍRIO

um suspiro do teu olhar
é o delírio do som do coração, a ferver…

frenético na calma do chão- terra,
o fascínio de ti devia viver em mim
o momento-de-uma –guerra-redenção…

o delírio não tem crepúsculo…
esconde-se pela noite dentro
a aspirar o suculento odor dos arrepios de amor…

existi-(me) no teu jardim fascinante
e já nem sei se foi passado ou é presente!

(mas onde raio fui buscar esta coisa de me pôr a delirar,
sem saber se o podia fazer?)

Sei a música do meu corpo!
Sei a orquestra do tempo-morto…
…aquele em que os ares respiram
sem me deixar suspirar…
E ,sem velas o barco não navega…
…a maresia não cheira, sem mar…
…o sol não brilha sem a terra o amar…
E eu não tenho corpo sem a música dos teus dedos
a dedilhar acordes ,mergulhados nos meus segredos!

Nos lábios, vivem-(me) caravelas delirantes
nos cheiros das canelas do ANTES-OUTRORA,
quando a saudade chorava a HORA…

Nos braços afago a força da lua escondida
do quando me vens abraçar…
E no corpo permanece o desejo que tenho de te desejar…
O tempo devora aspirações,
levando-pelo-ar-comunhões-de-ardor-no-ato-de-amar !

Conchas abertas despertam nas rochas musgosas
Onde gaivotas famintas as profanam, furiosas.

Mantenho-me CIRCE ansiosa
no meu palácio-de-planos…harmoniosa .
E tenho uma flor que não conheces,
na chave do meu segredo …
Para ta dar, afastarei os murmúrios do mar rezingão,
da calçada de areias dispersas, no chão,
esperando ver tua alma chegar!

( A voz da montanha permanece um eco de façanhas
de ardilosas manhas-de-sonho-engalanado-nos-anos!)

Delírio onírico!
Válvula que filtra o ar que me entra no coração…
teus braços-noutro-verão-de-uma-língua-antiga-
-que-segue-noutra-direção…


R-C13N-11-(ERT)-NOV/011

Marilisa Ribeiro

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

PIER PAOLO PASOLINI –PPP (SÉCULO XX) - (1992-1975)






Figura grande e controversa da cultura italiana do passado século…Filósofo, visionário profético da sociedade em que viveu os seus curtos anos e do mundo europeu, também…
Comunista (-alvo a abater, no seu tempo) …homossexual assumido (-dignidade de carácter que contribuiu para a sua morte…) pensador, poeta, ensaísta e tradutor, professor, cineasta realizador de filmes que eram o retrato de uma Itália, que não se queria ver ao espelho…A denúncia da miséria italiana numa época posterior à Guerra, valeu-lhe o ódio da igreja, dos clérigos hipócritas, dos ricos burgueses e aristocratas de “meia-tigela” que viviam, ainda, como nos tempos dos “reinos”,” marquesados”, “ducados”, “principados”e outros “ados” de antes da unificação da Itália, por obra de Garibaldi. Essa denúncia dos erros da sociedade, que, infelizmente, são hoje, o “pão de cada dia”, não lhe era perdoada, nem mesmo pelo Partido comunista italiano, no qual cedo se inscreveu e que o expulsou pelas pressões do poder fascista e fascizante, dominado pela igreja de Roma.
Um pequeno artigo na revista “Ípsilon”, do jornal “PÚBLICO” de 6/01/012, deu-me o mote para a decisão de dizer algumas palavras sobre este homem, pois no final dois anos oitenta, quando vivi, perto de Bolonha, a mais esquerdista das cidades italianas de então, ainda o tema do seu assassinato era falado como se tivesse sido no dia anterior. Aprofundei, por conseguinte, os meus conhecimentos sobre o grande realizador, “in loco”.Amigos italianos do Facebook, vão continuando a lembrar o homem, com os seus defeitos e virtudes, continuando a questionar a sua morte às mãos de um rapazote homossexual de 17 anos, que, em 1975, foi, segundo o próprio afirma, forçado a confessar que o tinha assassinado por questões amorosas.

Não tendo sido um mero (??????)assassinato, dado o deplorável estado em que o corpo foi encontrado, demonstrando atitude de ódio pessoal, os italianos estão, hoje mais que nunca , convencidos de que a Direita reaccionária aliada à igreja, contribuíram ,em conjunto, para tirar “de circulação” alguém que os incomodava ,com a sua inteligência e visão dos problemas. Perto dos problemas da classe operária e profundo conhecedor dos dialectos italianos, nomeadamente do dialecto friuliano que conhecia, de raiz, por viver em Bolonha ,na região da Emilia- Romagna, vizinha da região do FRIULI-VENEZIA-GULIA, isolava os “ouvidos estranhos e maldosos “das suas conversas, o que a Direita e a igreja não perdoavam, por não terem acesso a essa forma de comunicação.

A vida familiar foi sempre de grande tensão, apesar de os pais serem de esquerda, também.
Integrado na sociedade bolonhesa, cedo fez parte de revistas literárias, onde apresentou muita da sua obra, nomeadamente, a poesia, em dialecto , facto que enraivecia a mediocridade do clero retrógrado, que achava isso uma divisão discricionária que não unia os católicos…quer dizer,não permitia que eles percebessem nada dos assuntos…e isto, a igreja de Roma não perdoa , porque sempre se habituou a dominar…
Rodearam, por isso, a sua vida, de factos tão escabrosos que o próprio Partido Comunista foi, por força das circunstâncias, obrigado a expulsá-lo.
PPP auto definia-se como “católico-marxista”; nos seus filmes usou ideias chocantes, obscenas e provocatórias, para mostrar a vacuidade dos valores em que os burgueses e aristocratas se movimentavam na sociedade, de onde excluíam os pobres e camponeses miseráveis de depois das guerras, obrigados a trabalhar por “meio tostão”, para que os ricos vivessem.
Alberto Moravia, grande nome da Literatura italiana do passado século e um dos seus grandes amigos, descreveu-o como “o maior poeta italiano da segunda metade do século XX.
PPP auto definia-se como um Realista no meio do neo-realismo, embora tivesse a impressão de que não se sabia definir! Mas a obra falava por ele, mostrando-nos uma sociedade dominada pela hipocrisia e deturpações clericais de todo o tipo de verdades…Isto, não lhe perdoava o dito clero que, mais tarde se viu embrulhado em realidades como a do BANCO AMBROSIANO, a ascensão de BETTINO CRAXI no poder, as trampolinices de ANDREOTTI, o nascer de BERLUSCONI e outros factos que me abstenho de enumerar, porque já lá não estou, nessa Italia de PPP.O seu primeiro livro de poesia, edição de autor, intitulado “POESIA A CASARSA”, de 1942, em dialecto friuliano, falava dos pobres e miseráveis, de uma classe operária que não vivia…sobrevivia…
Como professor, as suas ideias irreverentes que são hoje consideradas verdadeiras profecias dos tempos que vivemos, quer na Italia, quer na Europa…como professor, dizia, tudo se “arranjou” de modo a que ele falhasse…Despedido, passou fome e viveu pobre como as suas personagens. Como realizador cinematográfico, a prostituição marcava a sua obra por ser “um modo de vida”, uma questão de sobrevivência! Ainda hoje se vê com reverência , o filme “ MAMMA ROMA”, com a grande ANNA MAGNANI. A Italia de então censurou toda a sua obra, afrontosamente, por ela ser um “espelho” onde todos se reviam, através das personagens.
Alguns dos seus trabalhos cinematográficos:
-“Rei Édipo”;
-“Mamma Roma”;
-“Decameron”;
-“Os contos de Canterbury”;
-“O Evangelho segundo são Mateus”;-
-“SALÒ e os cento e vinte dias de GOMORRA”, etc
Alguns trabalhos em POESIA:
-Poesia dialetal do século XIX;
-“A Melhor juventude”;
-“Antologia de poesia popular-CANZONIERE ITALIANO”1955, ano em que sai também, “RAGAZZI di VITA”;
-em 1957 escreve sobre GRAMSCI, comunista, cientista e filósofo, que admirava;

Recebeu muitos Prémios, dos quais destaco: Grande Prémio do Júri do Festival de CANNES (1974)-“URSO de OIRO DO Festival de BERLIM(1972)-PRÉMIO O.C.I.C do Festival de VENEZA, pelo filme “ O Evangelho segundo SÃO MATEUS”(1964) e tantos, tantos trabalhos e prémios , que seria cansativo enumerá-los!

BIBLIOGRAFIA
_LUCIANO de GIUSTI,” Os filmes de PAOLO PASOLINI, GREMESE, 1883
-ANGELO RESTIVO, “ O cinema dos Milagres Económicos, DUKE UNIVERSITY PRESS, 2002
-ENZO SICILIANO, “Pasolini, uma biografia, tradução de JOHN SHEPLEY, LONDRES, BLOOMSBURY, 1996;
-“La Divina Mimesis”, PIER PAOLO PASOLINI;
-“Lettere luterane,PIER PAOLO PASOLINI;
e ainda, notas da WIKIPÉDIA.
A obra de PPP foi, para além de provocadora, herética e escandalosa, uma revolução que se tornou convulsão, pela comungabilidade entre cinema e Vida, Arte e Realidade…


Janeiro, 2012-01-22
Maria Elisa Ribeiro

terça-feira, 24 de janeiro de 2012





OPINIÃO

UM POUCO DE TUDO…


PORTUGAL: o “COSTA CONCÓRDIA” da EUROPA?
De Wikipédia, frase de GEORGE WASHINGTON: “O GOVERNO NÃO É UMA RAZÃO, NEM É ELOQUÊNCIA. É FORÇA! OPERA COMO O FOGO; É UM SERVENTE PERIGOSO E UM AMO TEMÍVEL; EM MOMENTO ALGUM SE DEVE PERMITIR QUE MÃOS IRRESPONSÁVEIS O CONTROLEM.”






A semana que acabamos de viver, entrou, desapiedadamente, na que estamos a viver agora, por imposição de acontecimentos que permanecem na nossa mente e dos quais se continua a tirar conclusões, pois são assuntos que não fogem, facilmente, do âmbito de avaliação das nossas vivências.
Escolhi quatro assuntos, que vou detalhar, na plena consciência da minha liberdade, como portuguesa e como cidadã:
1-Várias entidades do país assinaram, sob o beneplácito de Sua EXª, o Presidente da República, aquilo a que foi chamado “ACORDO DE CONCERTAÇÃO SOCIAL”. Lá está consignado que os portugueses se submetem, “voluntariamente”, a um sem número de arbitrariedades, quer do patronato quer do governo, que não olham a meios para conseguirem os seus fins…Uns, querem continuar a enriquecer, com o “trabalho escravo”; outros, que desconhecem o que seja trabalhar no duro, de “enxada “ na mão, para sustentarem as famílias, lá conseguiram com a –sempre- prestimosa ajuda da UGT, diminuir os direitos adquiridos ao longo de décadas de luta laboral, no domínio das férias, dos feriados cortados “à machadada”, no aumento de número de horas de trabalho não-pago, nos direitos de indemnização ,em casos de despedimento, no corte de regalias sociais como o direito aos subsídios de natal e de férias…Tudo lá está consignado, mesmo que por outras palavras!
Nem se lembraram de que, sem capacidade de adquirem bens, o consumo está a diminuir, em todas as vertentes comerciais e industriais, do norte ao sul deste meu pobre país, que tem os aumentos de salários congelados “ad aeternum” e que não pode acudir, atempadamente às necessidades sociais como a Educação, a Saúde, os Transportes, a Energia… e outros campos que seria fastidioso enumerar e que todos conhecemos. As falências são aos milhares, pois o pobre não tem possibilidade de comer, quanto mais comprar “luxos” desnecessários como um par de sapatos ou uma camisola…
Nos postos de fronteira com a Espanha já fecharam as bombas de gasolina, na sua grande maioria…A excursão às lojas de ste país para adquirir o que lá é mais barato, já começaram, há muito e não me admiro nada de que, qualquer dia saia uma lei a proibir o povo de ir fazer compras ao país vizinho…Visão demagógica? Não! Quem vive em Portugal sabe que tudo é possível nos cérebros dos mandões! Mas o governo ainda não viu que estamos a enriquecer o erário público de Espanha? por que é que a gasolina e o gasóleo lá são muito mais baratos, se os compramos aos mesmos fornecedores?E entretanto, os carros estão a circular menos…as estradas, com o preço das SCUTS afastaram os nacionais e estão a afastar os espanhóis, os micro e hiper mercados estão cada vez mais “às moscas”, os parques de estacionamento vão fechando, aqui e ali…as farmácias, onde fazíamos fila para a nossa vez estão sem clientes-o preço dos medicamentos e os custos de saúde ensinaram os pobres a fugirem de ir ao médico-
As pessoas não têm carro para se deslocarem para hospitais, a meio da noite, quando lhes dá a dor e acabam como se pode imaginar, até porque já se começa a pagar, só de pôr um pé num “sítio” de saúde!... os pais desempregados estão a ver os filhos saírem das universidades ,porque não podem pagar os estudos e alimentá-los, ao mesmo tempo…(isto, embora um comunicado de última hora ,da inteligência, que é o ministro da Educação, afirmar “ que não está provado haver relação directa entre a crise e estas situações de abandono dos estudos…)-grande cérebro, este ministro da Educação!Mas ,continuemos, que temos caminho para andar…
Os amigos sabem, como eu, que, apesar dos brutais impostos que pagamos para termos direito à saúde, não temos hospitais ou SAPs, como tínhamos, que as ambulâncias dos Bombeiros voluntários já quase não se movem, pois não têm dinheiro para transportar os doentes…os tais , pobres deles, que não têm carro próprio para o fazerem -muitos têm o velhinho carro-de-mão!-…as ambulâncias do INEM chegam ,quando chegam…e por vezes, tarde demais!
Para o novo ministro da Saúde, “o pobre que se amanhe”…ele tem acesso fácil a tudo….A verdade é que o pobre muitas vezes nem se “amanha”, porque morre antes da tarefa…MAS PAGAMOS IMPOSTOS PARA A SAÚDE…ou para o governo “tapar” buracos e ajudar JARDIM, da MADEIRA?
2-Entretanto, numa atitude de leviandade, pelo que comporta de egoísmo, num momento em que afirma a tal estafada ideia de “equidade”, o Supremo Magistrado da Nação, Sua EXª, o Senhor Presidente da República veio, no fim-de-semana, queixar-se de que os seus milhares de euros mensais não lhe chegam para as despesas! Por esta não esperávamos nós , pois não, portugueses?
Um homem que diz compreender os sacrifícios que o povo está a fazer, que fala da obrigatoriedade de todos pagarmos uma crise que não criámos porque não pertencemos aos últimos governos, um homem que diz que todos devem pagar de acordo com as suas fontes de rendimento…(EU TAMBÉM ME CHAMO “ANIBAL” E NÃO TENHO A DÉCIMA PARTE DO QUE O SENHOR PRESIDENTE TEM!)…nunca deu para ser poupadinha e pôr uns tostões de parte!...
Deontologia, precisa-se!
E lá veio, novamente…subrepticiamente…a reforma de 800 Euros da primeira dama…
Pois, se a senhora tivesse cumprido 38 anos de serviço docente, como deveria ter feito, a sua reforma seria um pouco maior!mas a senhora preferiu andar “sempre” perto do marido, de mão dada, quando ele saía em funções de Estado, abandonando os alunos que dela dependiam e que ficavam nas mãos dos Assistentes…ela lá sabe porque o fazia…
Até sabemos que o Sr. Presidente prescindiu do seu ordenado, na presente legislatura, a bem da “equidade”. Poderia não o ter feito…mas fê-lo! Por que se queixa, agora? MAS, sabe Vs EXª , Sr.Presidente, como estão a viver…a vegetar…os pobres do seu país? Dou-lhe um conselho amigo… de quem não votou em si, mas que o respeita como aquilo que é, um símbolo da Pátria: vá por essas aldeias de Portugal, sem batedores da GNR, sem câmaras de TV, no seu carro próprio, a expensas suas, ver os rostos dos portugueses para quem o Sr diz que governa. Veja a miséria, veja a fome, a doença, a falta de meios, a falta de escolas e serviços de saúde…veja os “séculos” de história, sentados nas soleiras das portas, veja como o povo tem fugido a “esta sarna” que nos desgoverna, que não consegue com os nossos estafados impostos, mandar a economia para a frente, modernizar o país ou dar esperanças a quem por cá fica, sem forças para o abandonar, porque cá nasceu!
Vá, SR. Presidente, meta-se a caminho e veja o estado em que está o seu povo…o que construiu o Portugal das caravelas…
3- Com grande relevo dos jornais e outros “media”, sabe-se, hoje, que a tuberculose resistente está a aumentar! Pudera! Sabem os senhores membros do governo, muitos dos quais não eram nascidos por alturas do 25 de ABRIL de 1974 e são hoje os cérebros da nossa miséria, que há gente a passar o dia, comendo um pão com chá?!
Ah, não! Não me venham dizer que não sabem…e MUITO MENOS ME DIGAM QUE SABEM, porque aí eu tenho vontade de gritar!
Recordo a obra de José Saramago, “A Jangada de Pedra”, conhecido, traduzido por tantos países do mundo, onde o escritor –profeta aventa a hipótese de a Península Ibérica se afastar , lenta e paulatinamente, da velha EUROPA que ajudou a fundar.Leram-no, Vas EXas, senhores membros do governo? Leu-o, Va Exa, Sr, Presidente da República?
Pois como conheço de antemão a resposta, proponho-me a ajudar-vos a interpretá-lo…LEIAM-NO, AGORA!
Estou cansada de escrever sobre tantas misérias onde, APESAR DE TUDO, há excepções…para quem paga e para quem recebe!
Saúdo os leitores, pedindo desculpa por estas milhentas palavras…
Mealhada, 24 de Janeiro de 2012
Maria Elisa Ribeiro

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

FERNANDO PESSOA: Estudo RESUMIDO de "MENSAGEM"

FOTO GOOGLE

mensagem-pessoa

LITERATURA PORTUGUESA

FERNANDO PESSOA (FP) - (1888-1935): “MENSAGEM”


Diz Eduardo Lourenço:”Custa-me imaginar que alguém possa, um dia, falar melhor de Fernando Pessoa que ele mesmo. Pela simples razão de que foi Pessoa quem descobriu o modo de falar de si, tomando-se sempre por um outro. E como os deuses lhe concederam um olhar imparcial como a neve, o retrato que nos devolve do fundo do seu próprio espelho brilha no escuro, como uma lâmina.”

É preciso ter amor à obra pessoana para poder ir, por aí fora, e falar do poeta e do seu legado, com um mínimo de dignidade. É preciso, igualmente, ter a humildade de pegar neste legado”com pinças” , tal o melindre que pode provocar em quem ler sobre ele, tudo quanto dele se disser. É com o maior respeito pelos grandes estudiosos deste POETA e da sua obra, que hoje, muito sucintamente, vou falar de alguns aspectos de “MENSAGEM”.
O movimento Modernista, dos princípios do século passado, pretendia romper com o passado das nossas Letras, sem pôr de parte as nossas riquezas literárias, criando uma poesia alucinada, chocante, irritante e irreverente (“IMPRESSÕES DO CREPÚSCULO”, do próprio FP), que chocasse o burguês estabelecido numa preguiça mental, da qual parecia não se mover.
A vida é um espanto! Era preciso que todos o sentissem com a força da POESIA!
Na sua vastíssima obra (da qual conhecemos “extractos!), FP demonstrou esta atitude de irreverência. Mais ainda: manifestou-o, criando, dentro de si, “outros” que o fizessem, como se ele só não bastasse e que foram pondo em prática a adesão ao movimento Modernista, de renovação das artes.
Chegamos, por fim, depois de ter passado por várias facetas poéticas de FP, ao tratamento da única obra literária publicada enquanto FP era vivo: “ MENSAGEM”.(1934)
Sobre a mesma, diz o próprio poeta: “ E a nossa grande Raça partirá em busca de uma Índia nova, que não existe no espaço, em naus construídas daquilo que são feitos os sonhos. E o seu verdadeiro e supremo destino, de que a obra dos navegadores foi o obscuro e carnal ante arremedo, realizar-se-á, divinamente.”in”Textos de Crítica e Intervenção”, LISBOA, ÁTICA, 1980.
“Mensagem” é composta por 44 poemas, de carácter nacionalista/ sebastianista e foi publicada em 1934. Os poemas foram agrupados pelo poeta, de modo a simbolizarem as três partes da vida de um ser: nascimento (BRASÃO), vida (MAR PORTUGUÊS) e morte (O ENCOBERTO). Em Brasão, colocou Pessoa os poemas respeitantes à formação de Portugal, como país independente (Século XII), os reis e heróis que protagonizaram esse Nascimento do país, enfim, o aparecer do reino de PORTUGAL.
A realização-vida de Portugal está ligada ao mar, às navegações e achamentos dos nossos navegadores, à expansão marítima; a esta parte correspondem os poemas do MAR, a realização do Sonho. A Norte e Oeste, tínhamos a ESPANHA…Só podíamos continuar na senda do engrandecimento do país, por mar, procurando o que acabámos por encontrar: novas terras, povos e culturas, riquezas inimagináveis, oceanos e continentes, fauna e flora desconhecidas e o “tal reino de fabulosas riquezas”, o Reino de Prestes João, que sabemos, hoje, ser a ÍNDIA, o tal “oriente a oriente do Oriente”;
A terceira parte de “Mensagem” –a Morte- dá-se com poemas de um ciclo sebastianista, intitulada “O Encoberto”, em que o poeta dá conta do desânimo que caracteriza a vida da Pátria, com os factos relacionados com a quadratura sócio-polítco-cultural do século XX, depois da guerra , do regicídio, etc, como já referi em artigos anteriores. E sebastianista, porquê? Precisamente porque estávamos à deriva, tal como ficámos quando, no século XVI, D. Sebastião deixou o país sem rei, sem nada, à mercê dos espanhóis!
A obra, imbuída de um espírito épico-lírico, surgiu em Pessoa por este considerar que estávamos “perdidos”, sem identidade nacional pelo que só restava a memória! Não é por acaso que lá temos um poema, como “NEVOEIRO”: “Nem rei nem lei…Ninguém sabe que
coisa quer…tudo é incerto e derradeiro…Tudo é disperso, nada é inteiro./ Ó Portugal, hoje és nevoeiro…”

FP acreditava no destino “messiânico” de Portugal e julgava o nosso povo capaz de recuperar uma imagem de grandeza, que perdera, no passado.
No poema “ULISSES”, da 1ª parte desta obra, diz o poeta:”O mito é o nada que é tudo…”, numa crença absoluta no rejuvenescimento da grandiosidade do país de Outrora. Como é sabido, CAMÕES tinha, em “Os Lusíadas”, cantado todas as grandezas de Portugal desde o seu nascimento até à viagem para a Índia, pela boca de Vasco da Gama e outros oportunos narradores. Cantou em modo épico os heróis que deram a vida por um Portugal grandioso, os tais “…que da lei da morte se libertaram…”.
FP enaltece a nobreza desses actos exaltando a Epopeia, mas fá-lo com um “EU” que impregna os poemas de uma subjectividade mística de tal simbologia, que não podemos, como leitores, darmo-nos ao luxo de nos perdermos na aparente ingenuidade dos mesmos!
Diferente, por conseguinte, de CAMÕES, FP não canta os feitos gloriosos de um herói (o povo português) mas enaltece a heroicidade do ser humano (de per si), numa estética modernista,
através de uma espiritualização progressiva, que procura tirar partido do mito sebastianista.
Os heróis que “ falam” dos feitos que cometeram, fazem-no dizendo que foram sagrados por Deus, iniciados, digamos assim, com uma espada (GLÁDIO) sobre o ombro, para engrandecerem o nome de PORTUGAL. É o caso do poema “D. Fernando, Infante de Portugal”:
“ Deu-me Deus o seu gládio, por que (para que) eu faça
A sua santa guerra.”(…) Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me…”(…)
De igual modo, no poema “PADRÃO” , pela “voz” de DIOGO CÃO: “…Eu, Diogo Cão, naveguei…Que da obra ousada, é minha a parte feita…A alma é divina e a obra é imperfeita…o mar sem fim é português…”
É evidente o ocultismo na obra! .Tudo está sob uma aura de misticismo, no sentido de engrandecer a obra do povo português. E no poema”O INFANTE”, diz-se: “ Deus quer, o homem sonha, a obra nasce…Quem te sagrou criou-te português…Senhor, falta cumprir-se PORTUGAL”.O Sonho…é ele que deve mover a força portuguesa a constituir um perfeito império espiritual, ligado pela Língua Portuguesa, que teria como finalidade a construção da Paz universal, o tal “QUINTO IMPÉRIO”, o levantamento de um super Portugal, já anteriormente vaticinado pelo Pe VIEIRA, assente na nossa língua e cultura, a unir o mundo, não a separá-lo!
E não esqueçamos Bernardo Soares, o semi-heterónimo de Pessoa, que afirmava: “ A minha Pátria é a Língua Portuguesa!”Para Pessoa , a missão dos portugueses não está cumprida e a conquista do poder dos oceanos não foi suficiente!” Cumpriu-se o mar , o Império se desfez! Senhor, falta cumprir-se Portugal!”
A primeira parte de “MENSAGEM”, intitulada”BRASÃO”fala das realidades do Nascimento da PÁTRIA, dos heróis que a consolidaram, como tal, e descreve, no poema “O DOS CASTELOS”um Portugal situado na EUROPA como um ser humano, em que a Personificação é a figura mais relevante:”…românticos cabelos/ Olhos gregos lembrando…/ O cotovelo esquerdo recuado…/o direito em ângulo disposto…/a mão apoiando o rosto…/ O olhar esfíngico e fatal a olhar o Ocidente, futuro do passado…/ O rosto com que fita, é PORTUGAL! “…
Mas, no poema “ULISSES”, Pessoa admite que ISTO é um MITO! E diz, então,”O mito é o nada que é tudo…Assim a lenda se escorre/ A entrar na realidade, /E a fecundá-la decorre/Em baixo, a vida metade de nada, morre.”/ Refere-se, este poema, à lenda da fundação da cidade de LISBOA, pelo mítico ULISSES, rei de TRÓIA, aquando das suas viagens por estas partes do MUNDO!
Lindo, lindo, no entanto, nesta primeira parte de “MENSAGEM” , é o poema D.DINIS, que me apaixona e que tenho a pretensão de considerar o mais belo! Dinis, rei-trovador- lavrador- plantador –de-naus-a-haver!” Na noite escreve um seu Cantar de Amigo/O plantador de naus a haver, /E ouve um silêncio murmuro consigo:/ É o rumor dos pinhais que, como um trigo/ De Império, ondulam sem se poder ver./…É a voz da terra ansiando pelo mar./”

Amigos: muito teria para vos dizer, com a paixão que este tema me suscita; não posso escrever mais, pois sei que as pessoas não gostam de ler textos grandes!
Aos alunos de PORTUGUÊS, peço que estejam atentos às aulas pois não esgotei o tema e, por conseguinte, isto não se dirige a vós; como podem ver, não estabeleci o paralelo nem os contrastes com a obra “Os LUSÍADAS”.Como esta matéria será parte importante dos próximos exames nacionais…atenção às aulas!

Mealhada, 18 de Janeiro de 2012
Maria Elisa Ribeiro
http://lusibero.blogspot.com
maria.elisa.ribeiro @iol.pt

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Vultos do PENSAMENTO: FRANZ KAFKA

FOTO GOOGLE



FRANZ KAFKA: “Na luta entre ti e o Mundo, segundo está o M
undo!”

Filósofo da corrente Existencialista, nasceu em PRAGA, em1883 e faleceu, em 1924, em KLOSTERNEUBURG.É considerado um dos maiores escritores de Língua Alemã do século XX.
Livros como “A Metamorfose” e o”O Processo”mostraram, depois da sua morte, que FK foi um vulto incontornável das Literatura e Novelística checa, em língua alemã.
Sendo autênticos retratos do seu interior e do seu pensamento, reflectem as dúvidas de cada um de nós, quando não nos contentamos em saber que “somos simplesmente, a união de um espermatozóide com um óvulo”. Assim o explica a CIÊNCIA; mas… de onde vimos, qual é o nosso papel neste mundo, o que é o mundo, de onde veio, de onde viemos e para onde caminhamos…? Isso é já do domínio dos pensadores e dos que tentam resolver teorias místicas…que nunca resolverão! Afinal, em termos de RAZÃO, “o que é DEUS? Onde está? como se “ SABE” que existe? O termo “KAFKIANO” entrou, rapidamente, no vocabulário comum, como querendo explicar um assunto que não tem explicação: “Isso é Kafkiano!”
Tanta da sua obra …foi publicada, a título póstumo!
Filho de uma família da classe média judaica, teve sempre uma péssima relação com o pai, motivo pelo qual, desde menino, se dedicou a questionar-se.Duas das suas irmãs morreram nos campos de concentração de HITLER, tendo passado do tristemente famoso Campo de Theresianstadt para o, igualmente, horroroso, AUSCHEWITZ.
Anarquista, por conseguinte, -ou, socialista libertário, como costumava auto caracterizar-se, os seus profundos e revoltados pensamentos sobre a VIDA e a triste condição humana, aliadas à negação da existência de DEUS, transformaram-no, digamos assim, num filósofo.
Ressaltam, da sua difícil de ler obra, uma escrita alemã complicada, sob o ponto de vista gramatical, por opção própria, para “forçar” o leitor a pensar…Consequentemente, são as Metáforas que o leitor tem de interpretar, para entrar no seu pensamento.
Muitos críticos, dos ramos filosófico e literário, pretenderam tipificar a sua obra escrita como pertencendo ao Modernismo.
Pessoalmente, estou em parte de acordo, se pensarmos que o fim da 1ª GRANDE GUERRA trouxe ao de cimo “carradas “de ideias para mudar o mundo, das quais partilharam FERNANDO PESSOA, MÁRIO De SÁ- CARNEIRO, ALMADA NEGREIROS e tantos outros, nacionais ou não. Poderia, talvez! ser um realismo mágico… Mas, continuando a ler “AS Metamorfoses” verificamos, sem sombra de dúvidas que FK tinha “entrado” sem se aperceber disso, na TEORIA do EXISTENCIALISMO!
SARTRE só deu visão às teorias existencialistas, lá para meados do século XX…Mas o movimento das ideias, a questão da existência de DEUS, as nossas origens, o livre arbítrio, a morte…já Kafka as tratava nos seus livros…
O escritor THOMAS MANN é desta opinião! Mas, MILAN KUNDERA acha-o de humor Surrealista, precursor de homens como GABRIEL GARCIA MARQUEZ, CARLOS FUENTES, SALMON RUSHDIE ou o produtor italiano FEDERICO FELLINI…Com FELLINI E GARCIA MARQUEZ, concordo… pelo que vim a ler quando estava na FACULDADE…
É de recordar que a sua obra, vasta obra! - tem sido objecto de interesse por parte de produtores cinematográficos, músicos, dramaturgos…
A verdade é que considero que ela é fruto de um INTERIOR que se assemelha a uma ilha, dentro de outra ilha e de outra…
Por isso, -pelas memórias! por tudo o que o rodeava, o HOMEM revelou-se um profundo PENSADOR, escrevendo ,continuamente, para registar memórias e não enlouquecer…
Temas importantes por ele inseridos, como Metáforas, são o incontornável caso HITLER, a subversão das leis do seu APPARAT, para poder dominar, eternamente, o mundo e os homens…
Trava-se hoje, (neste tempo!) uma tremenda batalha jurídica pela posse de seus bens literários, principalmente (in jornal “Público”, de há dias) restos literários do grande pensador, um tanto misteriosos, muitos dos quais se crê que a GESTAPO tenha roubado…
Muitas frases lhe são atribuídas, Do meu caderno dos tempos de FILOSOFIA, retirei as seguintes, das folhas amareladas da Minha “SEBENTA”:
1- “Há ESPERANÇA! mas não para nós…”
EXISTENCIALISMO OU NÃO? Eu direi que sim, pois a nossa mais certa certeza é a morte…
2-“Há sereias, agora, com uma arma mais mortal do que as suas canções…É o seu silêncio!
Pode haver quem tenha escapado ao seu canto…Mas, do seu silêncio…NUNCA, NINGUÉM!”

Mealhada, 16 de Janeiro de 2012

Maria Elisa Ribeiro

domingo, 15 de janeiro de 2012

MAÇONARIA: UM POUCO DE HISTÓRIA, SEM PRETENSÕES...





MAÇONARIA: UM POUCO DE HISTÓRIA… (sem pretensões)


Será que alguém pode dizer-se sabedor da história da Maçonaria? Não creio! Conhecem-se generalidades ligadas à Ordem, como o facto de a palavra provir do tempo da Revolução francesa e estar associada à arte de construir; maçom em francês quer dizer pedreiro, homem que trabalha com a pedra, o compasso, a régua, o fio-de-prumo, etc. Nesse sentido, um “maçom” nos tempos modernos é o homem que constrói qualquer coisa e os maçons tentam construir o Templo interior, que cada um de nós é, em regras de respeito baseadas na Liberdade, Igualdade e Fraternidade universais.
Muito se tem falado de maçonaria no nosso país, nos últimos tempos …e continuará a falar-se …não tenho dúvidas nenhumas disso, porque as tremendas ambições de indivíduos medíocres, sem convicções de ética e dignidade, vão exigir que não se pare de falar neles.
Dizer das suas origens, é difícil, também, pois há quem a considere nascida há milhares de anos no antigo Egipto e há quem situe as suas raízes mais para os princípios da Idade Média, ligada aos Templários e às cruzadas. A verdade é que, quando visito um monumento qualquer, no nosso país, na França ou no Reino unido, dou sempre de caras com símbolos que se encontram espalhados por todo o lado e que me dizem serem símbolos maçónicos!
A Idade Média do Teocentrismo, combateu duramente, tudo e todos os que não acreditassem, forçosamente, que Deus era o centro do Mundo! Não esqueçamos a terrível e vergonhosa INQUISIÇÃO…A Igreja católica estava empenhada em dominar as sociedades pelo poder do domínio das consciências.Interessou-lhe, sempre, subjugar, pelo medo!
A este ponto, compete-me dizer que sou católica, baptizada, mas pratico pouco, porque odeio o farisaísmo e a mentira. No entanto, muitas vezes me encontram na Igreja, sentada, em recolhimento comigo, nos meus íntimos momentos.
Nada nem ninguém tem o “livro “ destas coisas e como ser racional, antes de pôr ideias no papel, eu medito!
Lembro o que aprendi sobre a história das CRUZADAS, sociedades de monges, secretas, com regras iniciáticas que, para além de mais e acima de tudo, juravam, em cerimónias especiais, que combateriam os “infiéis”( os não católicos!) personalizados nos mouros e árabes, principalmente. Quase todos conhecemos o Convento de Tomar e a célebre, bela” CHAROLA. Onde os monges ouviam missa, a cavalo, e eram benzidos, para imediatamente, partirem em missão contra os infiéis.
Diz-se que a ordem maçónica continuou por aí, também. E é conveniente não esquecer a perfeição a que pretendia chegar o mítico Rei Salomão, ao mandar construir o Templo de Salomão que, aparentemente, o penitenciava de tantos pecados, perante DEUS.
Não me bastam – NUNCA-ideias simplistas e mesquinhas ou mal intencionadas, para tratar qualquer tema. Por isso escrevo tanto, pois pesquiso e estudo, por uma questão de personalidade e por respeito às pessoas a quem podem interessar os meus textos.
O problema maior no seio da maçonaria, pelo que temos visto, nos nossos meios de comunicação social, não é que alguém seja maçom, mas sim que esse alguém queira usar-se da mesma para ter mais poder e dinheiro, através de influências. Apesar disso, sou contra a auto-denúncia dessa qualidade de ser maçom; somos relativamente livres para não termos que dizer que somos Rotários, Lion’s, adúlteros, homo ssexuais, assexuais, adeptos das “marcas brancas” dos hipermercados, simpatizantes de árabes ou israelitas, etc…O problema com certas pessoas é que querem ser Alguém, não sendo Ninguém, à partida!
Dizem os livros que fui ver, todos eles, que “Todo o maçom está imbuído de um propósito de construção: construção do templo da virtude, construção de si mesmo, do seu carácter e da sua personalidade. Construção de um mundo melhor” .
E os mais maldosos perguntar-me-ão: “mas, como católica, isso não o podes encontrar na tua Igreja?”
E eu respondo: “NÃO!” e basta pensarmos no clero que temos espalhado por essas aldeias fora e na evolução (falta dela!)da igreja católica desde o Concílio de Trento, no século XVI…
Basta-me pensar que esta igreja onde me baptizaram, que devia acolher-me no seu seio, me afastou quando me divorciei, não tendo mais permitido, sequer, que eu fosse madrinha de alguma criança! Tudo é, por conseguinte, uma hipocrisia, um farisaísmo, dentro da minha Igreja!
É, no entanto, um prazer, ver que altos dignitários da minha igreja, como D.
José Policarpo, D. Saraiva Martins e D Carlos Azevedo, são homens que têm outra visão do mundo e de realidades como a maçonaria!
Sendo católica, não me repugnam as sociedades que pugnem por um mundo melhor!
Se repararmos na nota de DÓLAR AMERICANO, todos os símbolos maçónicos aí estão representados e a nenhum de nós repugna receber um bom “maço “ delas…
Se eu seria capaz de, alguma vez, ser da maçonaria? Sim, sentir-me-ia muito honrada!
Se a maçonaria serve para alguma coisa? Sim, por aquilo que dela sei! Serve, para já, para nos “ensinar” (sem batuta!) a tocar outras músicas…a da não mesquinhez…a da tão velhinha inveja “à la portuguesa”, a da hipocrisia…Serve, por aquilo que sei para me ajudar a ver-me por dentro e procurar compreender o mundo em que vivo, pois” Muitas gotas de água a sair de uma nascente, fazem um rio!”
Se me preocupo com o que os maldosos possam estar a pensar, neste momento? Oh, que já nem café vou beber, amanhã, com tal preocupação…
Até à próxima, leitores!
Mealhada, 11 de Janeiro de 2012
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
Bibliografia:
“Sociedades Secretas”-A.Tenório de Albuquerque;
A BÍBLIA;
“As sete Leis Espirituais do Sucesso” –Deepak Chopra;
“Viagem aos Segredos da Maçonaria”-Miriam Assor
“Freemasonry”( maçonaria livre)-Jack M. Driver

sábado, 14 de janeiro de 2012

POEMA: MEU VALE DE LUZ...


POEMA: MEU VALE DE LUZ


Perco-me no alto mar das ondas de sangue
que me corre nas veias.
Os meus nervos sabem a relâmpagos de tempestade
e a êxtases de luz,
tal o fragor que desce pelas colinas de lava incandescente
que meu âmago produz…
Há algas de sal marinho
que guardo num livro de água viva,
onde vou lendo o segredo do oceano da vida.

Dói-me o mar onde me perco.
Tantos ficaram tão perto…
que dele se perderam, em rotas de fascínio!

E no oceano de vagas alterosas
sinto a ânsia da cor da verde folhagem
do meu ser-a-arder…
Éum fogo-de-penar
esta pedra ígnea que aquece o corpo meu,
espantando as andorinhas de asas da cor do breu…

A alma caminha em rotas do céu
qual peregrina cansada
a um bordão encostada
procurando o olhar teu !

Searas de linho coram ao sol que arde
lembrando brancos lençóis de renda bordada
no brilho das gotas do suor de amor…

Pinhais batidos pelos ventos audazes e vibrantes
dão à luz frutos do seu ventre
criados no vibrar dos sussurros
dos crepúsculos ululantes…
E a serra, de arvoredos copados e redondos
(lembrando VENTRE-de-MÃE)
cobertos de verdes-moços de musgo macio
onde apetece cair e rebolar,
afasta-me da beleza do teu olhar…

Ela sabe que estou cansada de te Sonhar…

Sou rio de fogo
a tentar abraçar tua ilhota de pedra
que sussurra amor .
Das frestas de ti escorrem flores de cores vivas…
silvados floridos…sorrisos atrevidos…respiros de mim…

Sou assim!
…ramo fresco que te acaricia
nesta postura vadia-de-mim!
no constante lutar por ti…

Trepo o fumo branco do teu respirar
e agarro tua boca…(a sonhar)…
Teu odor fino e puro entra-me na alma
onde o espera a alegria –na-força-do-meu-sentir-te…

E o meu vale de luz, que se dilata quando te seduz,
fervilha em chama-alta-que-se-sublima,
na madrugada do desfazer teias da tua luz orvalhada…

R- C13N-5-JAN/012 (ert)
Marilisa Ribeiro

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

DEMOCRACIA...( sentido lato)


DE TUDO UM POUCO…

DEMOCRACIA…(em sentido lato)




É no mínimo difícil e no máximo pretensioso, querer saber definir DEMOCRACIA. Quase tão difícil como CAMÕES dizia ser, definir o amor…Por esse mesmo motivo, falarei do que penso a este respeito, sem “afirmar “ outra coisa que não o que a experiência já me fez ver.
Etimologicamente, a palavra vem do Grego, da Antiguidade Clássica de há milhares de anos, quando se desenvolveram as sociedades de ESPARTA E ATENAS e tinha a ver com a ideia de que “o povo é quem deve governar”. Demagógico! Todos sabemos que as sociedades são constituídas por indivíduos, completamente diferentes uns dos outros e, por conseguinte, “cada cabeça, sua sentença”…Por outro lado, imperfeito como é, apesar de “feito à imagem e semelhança de Deus”, o homem tende a reverter em seu favor os ideais que podem gerar riqueza e poder. O sistema, portanto, nem em Esparta nem em Atenas, funcionava, senão para quem dele se servia e dele procurava tirar dividendos; assim tem sido, ao longo dos milhares de anos que formam já a Humanidade.
Democracia não pode ser anarquia nem ditadura. Hoje, até AHMADINEJAD, do Irão e ASSAD, da Síria,“sentem” ser democratas, para já não falar do Sudão ou do Zimbabué!
A este ponto da minha reflexão, vem-me à ideia o filósofo ROUSSEAU (1712-1778), inicialmente, um dos ENCICLOPEDISTAS franceses, a par de DIDEROT e MONTESQUIEU, que afirmava ser o Homem “ um bom selvagem”, tão naturalmente bom que a sociedade é que o corrompia! Isto está escrito no seu “O Contrato Social”, que, por acaso, estudei, graças ao amor pela democracia de um Professor da Faculdade de Letras, que tive a sorte de “apanhar” numa “cadeira “de opção. Devo dizer que isto é muito mais complexo…e que o filósofo Positivista JOHN LOCKE e IRVING KRISTOL se encarregaram de dizer OUTRAS verdades a respeito do Homem…
A ideia de DEMOKRATIA dos gregos, foi-se alterando de tal modo que hoje só entendemos o sentido mais lato da palavra.Hoje, século XXI da era cristã, nada é como dantes…se é verdade que a democracia alguma vez foi aquilo que nos ensinaram…melhor ainda, aquilo que a vida nos foi ensinando! Em Portugal, meu país, sei que não é!sei que está a ser cada vez menos…a passos cada vez mais largos…de um modo “anestesiante”, galopante e assustador, para um país que fez uma revolução em 1974, para se libertar de um SALAZAR ou um MARCELO CAETANO!
Todos os Estados, mesmo que governados por ditaduras, têm a mania de se auto-proclamarem “democráticos”! Alguns, deitam da boca para fora ideias de Igualdade (equidade, como agora dizem!), de respeito por todas as camadas populacionais e pelos mais desprotegidos…todos dizem de acordo “com a cartilha” que os cidadãos são iguais perante a Lei(?????????), independentemente de sexo, religião, etnia, raça ou cor política!
Paremos um pouco, amigos, para olhar o país em que vivemos, Outrora intitulado “um cantinho à beira-mar plantado”! Olhemos para o nosso país desde, PRINCIPALMENTE, guterres… sócrates…barroso…
Vejamos como passos coelho vai na senda dos anteriores depois de, na campanha eleitoral, ter afirmado que não queria o governo para “colocar” amigos em postos importantes, mas apenas governar o país para o tirar da crise!
As medidas tomadas por este homem são de tal modo gravosas que o povo está a deixar de existir, com entidade protagonista da vida do país e a ficar sem forças para reagir…As nomeações para altos cargos da vida do país estão a ser divididas entre os dois partidos da coligação tão desfaçatadamente, que custa a acreditar! O governo está a empobrecer as pessoas e as instituições de tal modo, que é impossível não nos envergonharmos por não reagirmos, tirando-nos a força de agir e a capacidade de SER!ou de SERMOS!
O governo não vê a miséria, não a quer ver, pois que outros têm que enriquecer! Desrespeita os representantes dos trabalhadores, vai às bolsas de cada um buscar, todos os dias de todas as semanas de todo o tempo desde que se “plantou “ nas chefias, os poucos tostões que ainda temos…E CATROGA quer ir ganhar mais de 40.000 Euros por mês!
NUNCA A DEMOCRACIA ESTEVE TÃO AMEAÇADA! Mas, se deixarmos, as coisas vão piorar…
Mealhada,11 de Janeiro de 2012
Maria Elisa Ribeiro

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Poema:ESFINGE-LISBOA...


POEMA: ESFINGE-LISBOA…


Aridez em chama!
Deserto- reino da beleza majestática
da mística estátua, que vê o mundo,
num mover de olhos!

E Lisboa
que quase venceu o desconhecimento,
mira a Europa
dos barcos da férrea gente!

Saber eterno, leio-o nos teus olhos de pedra…
…enormes, cansados de abertos…
…condenados ao tormento-de-ver-sentir!
A vida-água espreita-te através do Nilo,
no insondável infinito do universo.

Os olhos do Tejo são bússulas-astrolábios
Do caminhar permanente…

Um brilho -poder cósmico- irradia alma
na alma das mentes,
ao evocar a idade longínqua em que a civilização
obedecia ao comando dos deuses.

Esfinge- enigma, como trespassar teus mistérios?
Perpétua febre da interrogação!
Quero ouvir a voz que não tens, do silêncio em que jazes…
Areias secas encobrem-te, escaldantes,
desejando apagar-te da memória dos édipos que não respondem,
que não sonham teus segredos de medo…

Não falam, teus olhos de pedra…vazios…ausentes…indiferentes.

Esfinge-poesia!
Mistério das areias, na arte do íntimo poético…
Sublevação das sensações, na alma do escultor-poeta…
Mistério do conhecimento da Palavra
que permite à Existência ,a verdadeira luz de UM sol!

LISBOA-ESFINGE de sete colinas do Outrora!
Amor do Sol eterno que brilha em barcos do Tejo
nas Palavras do fado que te canta
nas águas polvilhadas de dor
( pelas duras vielas da Hora!)
nos pés rotos das caravelas…

Mistério-interrogação-desvario-perfil frio- nos- quentes ardores do
sempre –pão!

Alma poética…porta da eternidade da Palavra…
Sonho das minhas horas…acordada!
Mito desfeito
no cheiro da canela
da imagem poética!
R-C12M-40(VDS)-OUT/011

sábado, 7 de janeiro de 2012

De TUDO UM POUCO...O CASO "JERÓNIMO MARTINS"...

FOTO GOOGLE

DE TUDO UM POUCO…

O caso” Jerónimo Martins”

DIZ O TALMUDE: “Um som que não se interpreta é como uma carta que não se lê.”

Confesso que não consigo compreender, até hoje, o porquê de tanta histeria, em Portugal, sobre a decisão do Grupo Jerónimo Martins em transferir a sede social das suas empresas para a Holanda!
É claro que o patrono das mesmas seguiu à risca os recentes pedidos de alguns governantes e decidiu “emigrar”…O que me custa a compreender, no meio disto tudo, é a EUROPA em que estamos inseridos e o facto de haver leis tão diferentes, entre os vários estados. Podemos dizer que, neste caso, a Europa funciona para uns, não funciona para outros e que o patrão do Grupo seguiu as regras desta frase do TALMUDE! Ele soube “ouvir e interpretar”, tanto o” som como a carta”…E, à semelhança de outras empresas portuguesas como a GALP, a PT e outras, tratou da saúde a quem nos continua a retirar das contas o dinheiro que já quase não temos.
Há dias vi e li que o grupo LEYA planeia alguns despedimentos, em Portugal, para ir investir no Brasil! Onde está a novidade? Quem aguenta o ritmo de autênticos roubos, com que somos brindados, todos os dias, para que o Governo cumpra com o acordado com a TROYKA?
Ora bem: o grupo mudou-se mas continua a pagar os seus impostos em Portugal? O grupo continua a empregar 29000 trabalhadores? O governo está a estudar ou estudou as implicações desta mudança de país, das empresas do segundo homem mais rico de Portugal?
Sem brincadeiras, agora: não é oportunista, num momento em que o país precisa de solidariedade dos seus homens ricos, “fugir” para pagar menos impostos, noutro país da EUROPA? NÃO é uma questão a ser posta com a ironia de Vasco Pulido Valente, hoje, no “Público”…E cito “Se a Jerónimo Martins falisse, haveria com certeza uma enorme choradeira. Como não faliu, serve por aí de bode expiatório.”A questão, penso, não é tão simplista.
A questão é muito mais profunda e tem a ver, como diz a ESQUERDA, com o desemprego, num país em que a fasquia já ultrapassou os 13%! É aí que me preocupo e pugno por leis que possam impedir a falta de solidariedade nacional do capital, pois todos sabemos que este não tem alma…quer lucros!
Mas é claro que é uma atitude tola apelar ao boicote aos “Pingo Doce”…!
A miséria é tanta e tão cada vez maior, que o pobre consumidor tenderá a procurar tudo quanto seja mais barato! Se é barato comprar nesta “cadeia” de Hipermercados? Não sei, nunca lá fui, mas garanto que, se for, eu vou lá!
A propósito: a TV acaba de anunciar mais um doloroso e escandaloso aumento na gasolina.
Depois da confusão que vai nos centros de saúde, com esse novelo do pagamento de mais taxas moderadoras, do aumento em condições escandalosas de muitas rendas de casa e de todos os outros aumentos com que este governo nos brinda todos os dias…HÁ GASOLINA MAIS BARATA nos “PINGO DOCE”? Então, eu vou lá…
Não parece que estes homens, os do capital, tenham a obrigação de se substituírem a um estado em que os abonos de família desapareceram, porque são ricas as famílias com 500 e poucos euros… um estado que não paga ajudas a famílias em vergonhosa miséria…um estado que vê à lupa, constantemente, o que mais pode levar aos pobres e incautos…sem nos dar qualquer tipo de satisfação, na mais acabada atitude ditatorial!
Hoje de manhã, ao ver o telejornal das 9, encontrei idosos com pensões de 245 Euros (49 contos de antes) às portas dos centros de pagamento das pensões a verem-se confrontados com um corte de 50 Euros (10 contos, de antes!)! Que país é este, que se não via no tempo de Salazar, nem na história de Portugal, de há mais de 140 anos? sem um aviso…sem uma carta a explicar os motivos do corte…Como lhes responderam as funcionárias ,“o que é que você quer? É assim e pronto!”
Todos sabemos a herança que Sócrates (de má memória!) deixou. Aliás, como o “estudante de filosofia” , em França, afirmou em POITIERS, as dívidas dos países não são para se pagar…Hoje já percebemos o tipo de licenciatura que o homem conseguiu tirar ao Domingo…
Então, por que é que este governo não faz como fizeram os islandeses e põe na cadeia os antigos corruptos e os julga, como aquele país fez? por que “eles” andam todos por aí…
E porque não se vai, seja lá como for ou quando for, às contas dos paraísos fiscais, buscar os dinheiros que desbancaram o país?
Portugal está perigoso! Não há estabilidade, não se vê o governo preparar o avanço da economia…há dúvidas quanto à evolução do espaço EURO…os portugueses emigram ,aos milhares…há um clima de dúvida…de incapacidade… o Presidente da República está “muito” preocupado com a “equidade”…Mas nada mais se diz no “reino” de Portugal…Por que é que o grupo “Pingo Doce” não havia de fugir? Pudesse eu…
Será pobrezinho, o mais alto Senhor da Nação? Pelo que dizem as notícias…bem se pode dar ao luxo de se preocupar com as “equidades”…e ficar-se por aí…pois, por enquanto, (dês)governa-nos o seu partido, ajudado “pelos danos colaterais da vida política de Portugal”…

Mealhada, 6 de Janeiro de 2012-01-06
Maria Elisa Ribeiro

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

MULHERES DA HISTÓRIA: GOLDA MEIR

FOTO GOOGLE




MULHERES DA HISTÓRIA: GOLDA MEIR (GM) (1893-1978)


NOTA: já tive a oportunidade de avisar os meus leitores de que, o facto de escrever sobre um certo vulto feminino, não implica, da minha parte, simpatia especial pelas personagens focadas. Fizeram parte da História do Mundo, para o bem e/ou para o mal. É só nessa qualidade que as distingo, como já fiz com INDIRA GHANDI, AUUN SUNG SU KI, SIMONE DE BEAUVOIR, etc.

Diz AGUSTINA BESSA-LUIS (ABL),: “As mulheres são feitas de uma só matéria abrasiva; a de corromperem as situações estáveis.”in AS TERRAS DO RISCO, 1994, pág. 137
Golda Meir é a única mulher que deu asas ao nascimento de um país, inventando-o e tornando-o a realidade que hoje conhecemos.
Nascida no território que, actualmente, é o da UCRÂNIA, desde muito jovem passou a vida a imaginar um estado onde se reunissem todos os judeus na diáspora, nomeadamente os da antiga União Soviética, acossados de terror, por causa dos cossacos, principalmente.” Um estado-antídoto ao Medo”, como dizia.
Sonhou esse país com fontes e rios, com hortas e quintais, com pomares de sumarentas e cheirosas laranjeiras e cerejeiras, com crianças alegres a cantarem nos recreios das escolas…
As memórias da dura infância de fome e maus tratos assim o sonhavam e o desejo tornou-se vontade imperiosa.
Seu pai emigrou para a América e, pouco depois, chamou a família.
A pequena Golda, desde muito nova, demonstrou gosto pela diplomacia e pelas lides de ordem trabalhosa, complicada e pouco habitual nas mulheres; fumava inveteradamente e foi assim até à morte!
Imiscuída em “ares” políticos, desde cedo se sentiu na obrigação de angariar dinheiro para comprar a logística, em termos de armas, por exemplo, para lutar contra o estado árabe e poder fundar o estado de Israel.
A sua primeira grande aspiração foi ser professora. O pai não o permitiu, dizendo-lhe uma coisa que o meu próprio pai me disse, quando tirei o meu segundo Curso:”As mulheres não nasceram para ser espertas e cultas!” O meu pai acrescentou com uma raiva judaico-cristã:”As mulheres espertas não nasceram para ser felizes!”
Quando o senhor ficou doente e sem forças para a impedir, ela continuou na senda do Sonho, foi Professora, casou, teve filhos, mas…o Estado de Israel estava dentro de si…iria ser verdade.Inscreveu-se no Partido Trabalhista Sionista e partiu para a grande aventura.
Aos setenta anos, quando sentia que nem tudo estava feito e sentindo as marcas do Tempo a avisá-la contra excessos, disse esta frase que ficou a marcá-la:”SER OU NÃO SER NÃO É UMA QUESTÃO DE COMPROMISSO.OU SE É OU NÃO SE É!” (fonte INTERNET)
Em 1921 chegou a TELAVIV; quarenta anos depois, é Ministra dos Negócios Estrangeiros, tendo, sempre, incutido nos ideais dos potenciais pioneiros do Estado, a necessidade imperiosa de se imporem pela dignidade, pela honestidade, rigor e trabalho. Viveu novamente na pobreza, vendo a fome dos filhos, como ela tinha sofrido na União Soviética. O casamento não resistiu em virtude das agruras dos finais dos anos 30.A América foi sempre o seu “cepo das marradas”, nunca lhe virou as costas e ajudou-a nos seus intentos. Se bem pensarmos, com o que sabemos hoje sobre aquela região, isso interessava aos Estados Unidos!
Com a sua entrada na Comissão Executiva da Federação do Trabalho, passou a ser um dos pilares mais sólidos do novo Estado de Israel, cuja independência, depois de tremendas desavenças com os britânicos, por causa do estado palestiniano, foi decretada em 1948.
GM nunca procurou cargos mas também lhes não fugiu, sempre que o novo, periclitante, Estado, o exigiu. Depois de SIRIMAVO BANDARANAIKE, Primeira mulher Primeiro ministro do SRI LANKA, ela foi a Primeira-ministra de Israel.
Passou pela GUERRA dos SEIS DIAS, partilhou a ocupação de GAZA e da península do SINAI, assistiu à tomada de SAMARIA, JUDEIA e MONTES GOLAN. Em 1973 assiste à guerra do YON KIPPUR, liderada por sírios e egípcios. Isso valeu-lhe, a ela e ao estranho MOSHE DAYAN, acusações de falta de visão e de impreparação perante surpresas árabes. Absolvida, doente e cansada, retirou-se em favor de YTZACH RABIN.
Pouco antes de morrer, em 1978, disse: “ A velhice é com um avião no meio de uma tremenda tempestade…Uma vez a bordo, já ninguém nos pode valer.”


Bibliografia: Obras minhas como a velhinha Enciclopédia (revista), “HISTORAMA”,que comprei há alguns anos. Na Internet vi as datas.
Podia dizer mais a respeito deste assunto? Podia…mas não vale a pena, agora. Todos os que hoje somos maduros, sabemos o que quero dizer.
Pugno pelo diálogo entre os dois povos…até porque desejam uma PÁTRIA – também-para o povo palestiniano!

Mealhada, 5 de Janeiro de 2012-01-05
Maria Elisa Ribeiro

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Sobre ARUNDHATI ROY..."o Deus das Pequenas Coisas"


ARUNDHATI ROY(1961-),nascida na ÍNDIA, escreveu "o Deus das Pequenas Coisas", BOOKER PRIZE em 1997. O impacto desta obra foi de tal ordem que, para além do BOOKER PRIZE recebeu ,também, o Prémio SIDNEY para a paz, em 2004; a obra foi de tal modo notável, na temática, que a crítica internacionalchegou a compará-la a SALMON RUSHDIE E A GABRIEL GARCIA MARQUEZ. A obra é um desafio a quem gosta de ler, pois o narratário, todos nós, leitores, devemos entender a Mensagem de verdades universais que a autora espalha,pelas suas palavras, cheias de força, sabedoria e beleza, ímpares.Não é uma obra fácil ou simpática , à primeira leitura...Por isso, quem não gosta de ler, não consegue "ver" nas entrelinhas as verdades que a autora proclama, sem alardes, com uma consciência da universalidade do Homem ,no Cosmos.
Através dos olhos de várias gerações de mulheres,descreve-se um mundo onde tudo é dependente de tudo...onde o ser humano desempenha papéis importantes na preservação das verdades do amor, da política, da ecologia , da busca do conhecimento, numa estrada que o pode levar a tentar o aperfeiçoamento, que está vedado ao Homem.
A luta pela sobrevivência, a denúncia de males e injustiças sociais ,num mundo desigual...o sofrimento do pobre "deus das pequenas coisas"... Leio ,releio, leio, releio...É a fraternidade universal na divisão dos recursos, uma das mensagens subliminares da obra ,onde se "vê , igualmente, a ansiedade da autora, pela "voz" do narrador omnisciente,pelo fim dos "GHETOS"humanos criados pelo dito homem racional.
Veja-se a aparente simplicidade do pensamento de AR neste pequeno extracto, que passo a citar:
"Com os coqueiros que se curvavam sobre ele e, com olhos de coco, viam os barcos passar.Subindo o rio pela manhã. Descendo o rio pela tardinha.E o som surdo e soturno dos remos dos barqueiros na madeira escura e oleada do barco..."
in "o Deus das Pequenas Coisas",Edição BIBLIOTECA SÁBADO, pág. 105.

O rio, a vida, a luta de Sísifo, montanha-rio acima, montanha-rio abaixo. Passos do Homem na luta pela sobrevivência...na luta pela vida que acaba no "barco" que irá levar-nos ao Além.
Inexorável, o fim. O Homem sempre curvado, prostrado, ajoelhado perante os deuses...
Mª ELISA RIBEIRO-Mealhada, 3 de Janeiro de 2012.

POEMA:ACORDES...


POEMA: ACORDES…

Inesperado
foi o som do violino, exaltado.
Era o teu desejo…
a suar no beijo trocado, em acordes de amor!
Conheço os sons do teu corpo, na ânsia do meu…
Sei da vida que me dás, quando entras no meu jardim…
Meu peito sabe-te…
…tal como a rosa sabe
que não pode ser margarida…
… tal como a acácia florida
sabe não ser tília ressequida…
…tal como a pedra bruta
sabe não ser catedral gótica…

Sei do teu sangue rubro
a correr em avenidas de azul…
Sei da minha ânsia de as percorrer sob raios de luar.

Oiço o restolhar das folhas das árvores
presas ao bosque, na brisa do alvorecer,
quando o vento, num lamento,
acompanha o nosso-viver…

Senti-te guerreiro- trovador
perdido nos caminhos de fulgor, de uma estrela atrevida.
Junto ao riacho secreto, vivi o druidíco prazer das raízes a crescer,
no telúrico prazer da Terra…

Choro a tristeza do muro que se levantou
perante a cascata de sensações que quero SER…

Nos teus dedos, sinto o florescer-em-ti…

Águas do mar prendem as ondas ao centro do caos oceânico…
Fujo da espuma que se desfaz, ao mais leve borbulhar…

Meu corpo é poço-gruta da verdade de amar.
Um profundo segredo…vulcão ardente…
explode-na-confusão- da-lava-sémen- das- profundezas-da –terra…

Que faço do violino enlouquecido?
Que música me pode completar?
Como interpretar outros acordes musicais?
Em que águas posso mergulhar
se tenho tanto medo do Mar?

O sol queima, ao rebentar-me na face.
Afinal, não era fogo-de-vulcão…

R-C12M-DEZ/011- (ERT) -100.

Marilisa Ribeiro

domingo, 1 de janeiro de 2012

POEMA: SUSSURROS, A FLUTUAR...

FOTO PESSOAL

SUSSURROS, A FLUTUAR…


Que pena de perder um sussurro a flutuar
no respiro ofegante de um leito de luar!

Deíficos cheiros telúricos…odor a terra molhada…
Incentivos ao orvalho-vida rendado
das teias tecidas entre ramos fulgurantes
de árvores pujantes.

Lendas de moiras e damas desprendem-se das tramas
das memórias medievais,
que por aqui cavalgam em histórias ancestrais.

No cume da imponente montanha,
por entre as silvas das ruínas,
desfez-se o castelo d’outras eras
ao som de guerras estranhas e de ventos imponentes de lendas tamanhas.

Vagueiam sedas do corpo, imersas em nostalgias.
As palavras saem mudas de minha boca fechada…
Perdem-se no chão de desejos e estranhas magias…
Meu leito perdeu-me…está comigo, sem mim,
nos braços teus que não estão aqui…

A chuva, indiferente, bate nas janelas.
Gotas de água rebentam, como espadas de saudade,
na grandiosidade de um místico temporal.
Sinto o frio da não-dádiva…
Não consigo abrir o peito para me acomodar, em mim…
A Vida suspira e afasta as lendas feitas pedras, do caminho
onde os lábios da existência se fecham à turbulência dos sentidos.

Meu olhar, apagado, perde o fogo de um
amanhecer perturbado…
Minhas Horas são espectros dos sussurros
das lágrimas desperdiçadas
longe de ti, amor.

Fecho-me no meu castelo…
Cai a chuva…não há luar!


R-C13N-1- (ERT) -JAN/012
Marilisa Ribeiro
( o primeiro poema de 2012)