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Domingos Chaves
MARIA LUIS E SCHAUBLE!... A INDIGNIDADE LUSA E O OPORTUNISMO ALEMÃO...
Na vida existem duas espécies de “homens”: os que sim e os que não!... Uns são corajosos e determinados, os outros não passam de uns cobardes. Infelizmente estes últimos, sempre foram em maior número, o que explica o mundo “miserável” que criámos.
O último exemplo, foi-nos dado nos últimos dias, naquele que foi um espectáculo inédito de humilhação gratuita de um estado soberano!... Ao Ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble, foi dada a oportunidade de exibir num espectáculo televisivo a Ministra das Finanças de Portugal, Maria Luís Albuquerque, como troféu de uma política europeia errada, que destrói a solidariedade entre os povos, que perturba o funcionamento dos sistemas políticos democráticos e ameaça a própria sobrevivência da União.
A indignidade do Governo de Portugal foi tão grande, que enquanto Schäuble mostrava a sua cobaia como prova do sucesso dos "programas de resgate" conduzidos pela tróika, até o Presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, admitia o falhanço dos mesmos programas, denunciava a falta de legitimidade democrática da solução corporizada pela tróika e pedia perdão pelas ofensas assim consumadas contra a dignidade dos povos da Grécia, da Irlanda e de Portugal.
Esta foi mais uma prova de que o Governo português segue com absoluto fanatismo uma estratégia que está completamente errada e que só pode trazer o desastre. O Syriza é um partido radical de esquerda, cujo acesso ao Poder até poderá ser questionado!...Mas se tal ocorreu, foi essencialmente devido às constantes humilhações a que foram sujeitos os gregos pela troika, humilhações essas igualmente praticadas em Portugal, como agora Juncker veio reconhecer, para desgosto dos fanáticos que acham que ainda não nos submetemos o suficiente.
O Governo de Portugal tem toda a legitimidade politica, para poder naturalmente tomar as decisões que entender nas reuniões do Eurogrupo, contra ou a favor da Grécia!... O que já não tem, é a mesma legitimidade para que a Ministra das Finanças de um Estado soberano, deva contribuir para uma clara operação de charme do Ministro das Finanças alemão, na altura em que ele é contestado no seu próprio governo, precisamente pela sua instransigência em relação à Grécia.
O Direito Internacional Público recece aqui um novo e excelente contributo para o reforço da figura do Estado-vassalo na contemporaneidade. Simplesmente lamentável, para não dizer abjecto...
São episódios deste teor, que revelam a correlação de forças nas relações internacionais. A força sobrepõe-se sempre ao direito, e este raramente tem a ver com a justiça dos povos, sobretudo dos mais espoliados, como tem sido o povo português, facto reconhecido agora por Juncker.
Se esta deriva não for invertida, a situação só pode ficar muito pior!.... As pessoas que hoje festejam a "hollandização" de Tsipras, devem pensar que a seguir a Hollande virá inevitavelmente Marine Le Pen, assim como um falhanço do Syriza na Grécia atirará o país para as mãos do Aurora Dourada. Numa altura em que a Rússia adopta uma nova atitude expansionista, que ameaça redesenhar o mapa da Europa, continuo a achar que os dirigentes europeus estão a brincar com o fogo.
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