"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
REFLEXÕES...(I)
PERCURSO INTERIOR…
Reflicto sobre “as margens”do rio do meu viver.
Cheio de percalços e poucas venturas, o caminho traçado pelos deuses para eu executar, havia de ser-como foi !- duro…
REMEMORO…
Algumas das minhas realizações ajudaram a tornar mais claro o cenário em que me movimentei.Com coragem decidida por meu calor interior, qual barco de aço cortando os mares de gelo, fui vencendo etapas…Orgulho-me de nunca ter deixado cair os braços; antes pelo contrário, levantei-os sempre até aos ramos das árvores mais altas, para colher seus frutos. Alguns, apanhei-os…Outros caíram no chão, apodreceram e deram húmus para a TERRA rejuvenescer.
Lágrimas, desespero e falta de Esperança ladearam meus sorrisos, alegrias, ilusões…
VIVI “músicas” tremendas, no meio de desconfianças…As mais sonantes perduram no meu espírito e enriquecem momentos de exploração interior…Soam suaves, ao sabor das reflexões e dão vida …Vida…que é o maior desafio que o HOMEM tem de enfrentar, que é eterna peregrinação com mãos vazias, para poder atingir algo de novo…E quando se passa a vida a peregrinar…vê-se, de repente, que a vida se adiantou no TEMPO, QUE o caminho deve, apesar de tudo, seguir em frente…A vida, torna-se, então, uma aprendizagem contínua, a qualquer hora e em qualquer lugar, até ao fim do FIM.E também, apesar de tudo, sendo a vida um presente, por ele devemos estar gratos, tudo fazendo para que os olhos do coração a possam apreciar, dando-nos nota das suas apreciações…
Foi a vida que deu forças À PRÉMIO NOBEL BIRMANESA, AUUN SUU KY, mulher martirizada sem direitos e sem liberdade, por mais de 15 anos, ao longo dos quais perdeu marido e a felicidade de se sentir nos braços do amor, para esperar, serenamente, pelo dia da sua libertação. A VIDA dá forças aos povos martirizados por ditaduras ferozes, para a resistência diária…isto, porque ela é a maior VERDADE do HOMEM, a que ele deve ser fiel! Ela é, ainda, o projecto que temos o dever de ir alcançando, desde que vimos os primeiros raios de luz, ao nascer.
Vivi também “músicas “ desconcertantes que soam, cá dentro, com a força de um bofetão e lembram, por vezes, o tiro de canhão contra almas indefesas, esfomeadas, amarguradas pela desesperança, nas perspectivas futuras de um lampejo de sobrevivência.
Vem-me à memória a Redondilha onde CAMÕES desconcerta a vida, através do tema da justiça:
“Os bons vi sempre passar/no mundo graves tormentos;/
E, para mais me espantar, /os maus vi sempre nadar/em mar de contentamentos. /(…)
Hoje, mais contemplativa, pelo menos à moda de Camões, dou graças a Alguém que me tem forçado a encontrar um pouco da minha verdade. E, sinto-me uma Eternidade…sinto que perduro nas dores e alegrias, nas dúvidas e certezas…Cá dentro, vou encontrando, ora suave ora desalmadamente, um braseiro, onde se aquecem os deuses que tentam explicar-me o mundo…o meu e o dos outros…
Concilio-me, reconcilio-me…
Desisto de mim, quando o próximo depende do sorriso do meu olhar, da brancura do meu falar e da força do meu (escasso!) rezar. E lembro o que os Filósofos pensam e dizem sobre a VIDA…e farto-me de rir, pois eles, ao terem que viver, cumprindo o seu “percurso”, não pensam nem falam de outra coisa… vão vivendo…
Já nem falo dos EXISTENCIALISTAS!....
Mas, vejam MARCEL PROUST E JOYCE: este último, reduz a vida humana a um qualquer dia, de um qualquer homem…O primeiro, PROUST, dilata-a até acumular várias gerações!
Falava, ali atrás, do rezar…Eu sei REZAR! Sem palavras, embora…Levanto os olhos para o céu e ,no meu silêncio, o Pensamento encolhe-se perante a “GRANDEZA DESCONHECIDA”…Respiro o ar das montanhas e a maresia das ondas do MAR…Extasio-me com o chilrear das avezinhas que cumprem uma missão, dando a alegria à minha solidão. Sinto o Vento passar pelos meus cabelos e entrefechar meus olhos…Oiço o cantar misterioso do mundo que me rodeia…Esqueço as tristezas que me dá quem me chateia em absurdos jogos de palavras ,viradas para as tristezas , as estrelas cadentes, para a morte das gentes…
Imagino-me num cavalo mágico que me leve ao AMOR…É pedir muito, SENHOR?
Então, fujo de lagos paúlicos de aniquilamento interior…Com fervor na minha floresta- vida, afasto pedras e galhos… confio nos atalhos do meu EU, na caminhada pela VIDA…Alguns, magoam e resistem…Tantos enganos danados … MAS continuo…Eu sou assim: caio e levanto-me…crente, resistente, desconfiada e confiante…Paradoxal verdade?
O chão quente, de caruma coberto, não é um puro deserto! Vejo-o, sinto-o por baixo dos pés, toco-lhe colhendo ervas…filhas da floresta do meu desespero telúrico. Sinto a Vida a chamar-me nas vozes enganosas de algumas expectativas goradas…Repouso do cansaço, cansando-me…interrogando-me…
Guardo, tudo, depois, na prateleira da memória…
Sou o único obstáculo a MIM PRÓPRIA…Confio em Sonhos sem fim que estão a dar cabo de mim… O meu doce interior, leal, sincero, frontal, não está pronto para o mal que me fazem…
Pressinto a mentira na voz do cavalo alado…que relincha de dor, perante meu coração magoado…
Vacilo entre o muito que dou e o nada QUE RECEBO, EM TROCA.
Concluo que sou a minha Eternidade, minha culpa, meu desvario, minha rara alegria, quando esta eternidade permite .
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Ao ler o percurso da sua vida e comparativamente com as nossas em tormentos e desalentos só me vem à memória os versos de uma quadra popular
ResponderEliminar...senão fosse esta força
que não sei de onde me vem
não comia não bebia
Não falava com ninguem....
"A libertação do desejo conduz à paz interior."
ResponderEliminarBeijinho.
Ao fazermos essa viagem
ResponderEliminarPelo vasto continente interior do ego,
Quantas oportunidades, nesta jornada emocionante!
Aqui e ali encontramos ressentimentos e recordações agradáveis que nosso subconsciente guardou sem o nosso consentimento, em arquivos emocionais que marcaram nossa vida interior.
Algumas devem permanecer, outras devem ser eliminadas. Dentre as que eu deixaria, um lenço rendado. uma flor ressequida, um retrato, um brinquedo...
Enfim, são coisas simples, porque na singeleza se encontra a felicidade.
Beijos
Tácito
LUÍS COELHO:Obrigada, amigo ,pelo apelo às forças que me comandam...è um momento particular da minha vida ,com a doença e a velhice de meu pai ,que está a arrasar-me...
ResponderEliminarBEIJOS LUÍS
Mª ELISA
MANUEL MARQUES : EU Não quero paz interior ...se tiver que renunciar ao DESEJO...Uma coisa depende da outra e vice-versa!
ResponderEliminarBEIJO AIGO
Mª ELISA
TÁCITO: coisas simples mas muito significativas...Nunca guardei nada desse género...
ResponderEliminarBEIJO e obrigada pelo seu valioso ponto de vista...
BEIJO
Mª ELISA
Maria Elisa!
ResponderEliminarTodas as pequenas coisas são importantes.
Daí a felicidade se resumir a pequenos instantes.
É nesses momentos que devemos concentrar todas as nossas energias como forma de suportar tudo o resto.
Excelente momento, este em que descreves teu percurso, em contraste com as preocupações e prioridades do momento que catalisam a tua atenção.
Acredito que a tua energia e perseverança, te levará a muita paz interior.
Beijo e kandandos meus.
KIMBANDA, MEU QUERIDO: diz-me se estás bem!
ResponderEliminarOBRIGADA PELAS TUAS PALAVRAS E PELO TEU CONTACTO!
VEM MAIS VEZES, pf!
TENHO PROBLEMAS EM CASA COM PAI DOENTE E QUASE "MAIS DE LÀ QUE DE CÁ".PROCURA_ME NO FACE, QUE QUERO SABER DE TI!
BEIJOS AMIGOS
Mª ELISA