"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
domingo, 28 de novembro de 2010
Este texto sobre a obra de EUGÉNIO DE ANDRADE É UM APOIO, APENAS!- PARA OS ALUNOS DO 12º ANO , que terão o poeta como objecto de estudo, para o exame nacional.Não dispensa as aulas de PORTUGUÊS!!!
O TEXTO NÃO RESPEITA AS REGRAS DO ACORDO ORTOGRÁFICO.
De Eugénio de Andrade diz ANTÓNIO LOBO ANTUNES:
“Este poeta é o amigo mais íntimo do sol…mas é, igualmente, o conhecedor melancólico da sombra.”
A poesia de Eugénio de Andrade (E.A) foi sempre, apesar da transparência (aparente…) e da simplicidade, um campo onde o sol alterna com a sombra, a terra com o céu, a justiça com a injustiça, e assim por diante, no campo de todos os opostos que caracterizam as vivências humanas.
Desse modo, do que sei sobre este poeta, posso dizer que ele trabalhou, com lágrimas nas mãos, os temas mais naturais da Vida do HOMEM-SER: a casa, a terra, o ar, o fogo do amor e da vida, da paixão pelo que somos e fazemos…guardando, nessa poesia, um lugar muito especial para a figura da MÃE: …”No mais fundo de ti/ eu sei que traí, mãe. /Tudo porque já não sou/ o menino adormecido/ no fundo dos teus olhos. /…Ainda oiço a tua voz: “Era uma vez uma princesa/ no meio dum laranjal…”
Não me esqueci de nada, mãe. /Guardo a tua voz dentro de mim.”
A poesia de E.A sentiu-se envelhecer, à medida que envelhecia o poeta: foi uma vida a dois, com a qual ambos lucraram; nos ardores da juventude e, mais tarde, naquela idade em que, apesar dos “enta”, ainda nos sentimos capazes de ser jovens…foi isso mesmo que o poeta fez com o leitor, oferecendo-lhe uma mensagem poética clara, diurna, solarenga, em que ele quase nos pede que peguemos a vida nas mãos, tão maravilhosa ela é!
Mas o poeta tem consciência do fatal envelhecimento e das fracturas que provoca, em todos nós, pois começamos a ver diminuir os dias que faltam para a fatal Verdade do homem. A noite cerca-nos e a solidão, mesmo que acompanhados, dói:” Hoje deitei-me ao lado da minha solidão…” E então, a velhice torna-se para o poeta “uma doença da alma”.
Para nos ajudar na interpretação da sua poesia o poeta busca, afincadamente, a PALAVRA certa, aquela de que qualquer um precisa, “naquele exacto” momento para lançar aos ventos a Mensagem. Por isso, sofre, pois, tendo tantas à sua disposição…há sempre outra que talvez “ali” ficasse melhor…
Sobre as palavras diz, então, E.A:”São como um cristal…/…Algumas, um punhal, um incêndio…orvalho…secretas…inseguras…pálidas…desamparadas…cruéis…desfeitas…”
A sua linguagem sentida tem por função despertar no leitor as emoções indispensáveis à “leitura”, à compreensão da mensagem poética.
E sabe-me a música qualquer poema deste homem superior, tocado pela Musa!
O escritor Vergílio Ferreira chamou-lhe “Poeta da intensidade”; e essa intensidade espalha-se de tal modo a toda a sua temática que é forçoso ver na sua obra a preocupação humanista, nomeadamente quando se refere ao corpo humano, à mãe, à terra, à casa- lar, à saudade, ao corpo, à luz e às sombras.
ERNST CURTIUS diz:”…tema é tudo o que tem a ver com as relações primitivas da pessoa com o mundo.”
Ora, há por aí gente que, como as plantas mirradas, nunca chega a desabrochar. Ou, por razões que a própria razão desconhece, ou porque não conseguem abrir-se ao mundo devido a um número elevado de motivos, que se prendem até com condições educacionais, sociais e/ou político-filosóficas, impeditivas do conhecimento, que as pode engrandecer. Isso não aconteceu com o nosso poeta de hoje, o qual, apesar das adversidades, se impôs, “libertando-se da lei da morte”, como dizia Camões, dos outros heróis, de antigamente.
O amor, sobretudo, e particularmente, atravessa a sua obra; reparem na beleza que se expande do poema “Urgentemente”: “É urgente o amor…/É urgente destruir certas palavras, / ódio, solidão e crueldade;/ alguns lamentos, / muitas espadas/…É urgente inventar a alegria!”
Eu diria, “ reinventar”…pois, entendo o poema também como um apelo à PAZ, a tudo o que possa unir o Homem à terra em que habita e com a qual forma um corpo místico, uno.
A terra, o nosso mundo, tal como nós próprios, é imperfeita, dado que nós para isso contribuímos e, por esse motivo, alterna sol com sombras…Ora o poeta anseia por luz e claridade, pelo discernimento que encaminha a personalidade para o aperfeiçoamento.
Assim, sofrendo com as dores do mundo que o rodeia, declara-se, abertamente contra o “ nuclear”, por exemplo, dando um testemunho importante para essa questão, no poema: “Ao Miguel, no seu 4-0 aniversário e contra o nuclear, NATURALMENTE!”
Amigos leitores: mesmo que pensem que não gostam de “versos”…façam de conta que gostam! Andem lá…leiam um bocadinho de qualquer um, dos tantos melodiosos poemas da nossa história literária e, se quiserem, tirem dúvidas comigo!
Deixo-vos, hoje, com um pensamento de Montaigne; nem importa quem ele é…Basta que reparem na sua mensagem: “O fim último da vida não é a excelência mas sim, a felicidade.”
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Querida amiga
ResponderEliminarResta-me agradecer-lhe por esta lição sobre um escritor e poeta português que eu ainda não consigo entender nem interpretar.
Divulgar e despertar nas pessoas a curisidade em conhecer é de uma riqueza interior muito grande.
ResponderEliminarBjs.
Luís Coelho: quero ajudar-te a "VER" a obra de EUG.ANDRADE!
ResponderEliminarREPARA que ele fala muito da mãe= amor extremo!
Fala da TERRA: aí está a relação humana com o planeta, o nosso amor à terra que nos viu nascer, a lareira que nos aquece, as raízes familiares e o nosso estar no mundo.
Se fala de fogo, luz, claridade, estrelas está a referir-se ao AMOR, amor pelas coisas e pessoas, a paixão dos corpos em união de criação...
Se fala das palavras...refere-se aos poetas, ao trabalho que têm para escolher as palavras próprias para deixar aos leitores uma mensagem...
Isto é uma pequena ajuda, amigo!Mas tenta ver estas coisas num só poema e depois diz-me o que achaste dele...
BEIJOS
^Mª ELISA
GURÁ MATOS: é bom sentir que se dá a alguém um pouco de si próprio...E temos essa obrigação! Se sabemos um pouco mais, devemos dar, numa atitude de humildade, pois todos aprendemos com as capacidades dos outros...POBRE DAQUELE QUE SÓ SABE OLHAR PARA O SEU UMBIGO ou para o das estrelas fúteis que só sabem dar o que os outros querem, pejorativamente falando...
ResponderEliminarBEIJINHOS
Mª ELISA
Hoje roubei todas as rosas dos jardins
ResponderEliminare cheguei ao pé de ti de mãos vazias.
Eugenio de Andrade
Beijinhos meus.
Belíssimo texto. Discorre quase transversalmente numa síntese difícil de fazer. E termina com uma refelxão pertinente. Muito.
ResponderEliminarGrande beijinho, Mª Elisa
MANUEL MARQUES:QUE bom roubar rosas para alguém...lindo, sobretudo!
ResponderEliminarBEIJO DE
Mª ELISA
DANIEL SILVA(Lobinho): foi só uma tentativa de falar, muito sintecticamente, de um autor que, a ser devidamente explorado ,daria "pano para mangas"...
ResponderEliminarReflectir sobre a vida...tarefa morosa...impossível de acabar...