sexta-feira, 15 de maio de 2009

BAUDELAIRE




ADENDA:só agora reparei que não referi a base para este singelo trabalho. Faço-o, agora, com um sincero pedido de desculpas ,por honestidade intelectual e por ética.O livro de onde retirei o soneto de Baudelaire é do tempo em que andei na Alliance Française", intitula-se "XIXe siècle, de LAGARDE&MICHARD, 1969,ISBN2--04--000050--X




BAUDELAIRE

Quero, hoje, falar de poesia de Língua Francesa, sem pretensões, para quem se interesse por este tema, nomeadamente os meus colegas de Francês.
Falo-vos de um poeta, Baudelaire, (1821-1867) do Período Realista, que muita influência exerceu sobre o nosso Cesário Verde, no século XIX.
Poeta do amor, da boémia e do dandismo (a boa vida!), é o autor, entre outras obras, da colectânea “Les Fleurs du Mal”.
Na sua poesia nota-se a busca do “Ideal”, acabando por concluir que este não se encontra num mundo onde imperam a miséria, a doença, a pobreza e a maldade que contribuem, em conjunto, para uma quase “esterilização” da arte. Por tal motivo, o poeta sofre ao observar a dureza do mundo que o rodeia…sofre com a realidade da triste condição humana, com a triste sina do ser que CAMÕES, no século XVI, em “OS LUSÍADAS”, apelidava de “ pequeno bicho da terra”. Sobretudo, Baudelaire lamentava o facto de um artista da palavra nunca estar satisfeito com a sua obra. E encaminha-se, naturalmente, para a interpretação mística das coisas e das situações ,o que lhe permite sublimar o “IDEAL” ,na busca da Verdade.
Apresento-vos o soneto “A une passante” (a uma mulher que passa…) que nos recorda alguns poemas de Cesário, dedicados à mulher, como ser frio, superior, inacessível, na beleza das suas formas e no gelo com que olha o poeta, que sente a humilhação da lonjura que essa mulher estabelece, entre eles.Veja-se, nesse sentido, o poema de Cesário “DESLUMBRAMENTOS” e ainda “Humilhações”, “Esplêndida” ou “Frígida”…

“A une passante” de Baudelaire

La rue assourdissante autour de moi hurlait.
Longue, mince, en grand deuil, douleur majestueuse,
Une femme passa, d’une main fastueuse
Soulevant, balançant le feston et l’ourlet;

Agile et noble, avec sa jambe de statue.
Moi, je buvais, crispé comme un extravagant
Dans son oeil… (…)

(…) Car j’ ignore où tu fuis, tu ne sais pás oÙ je vais.
O toi que j’eusse aimée, o toi qui le savais! “

1 comentário:

  1. ...será caso para dizer, a par com Baudelaire, que "O belo é sempre raro"...

    Beijo amigo

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