"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
“NÃO HEI-DE MORRER SEM SABER/ QUAL A COR DA LIBERDADE.” (JORGE DE SENA)
Estas são palavras do poeta português JORGE DE SENA, ao iniciar um poema sobre a sagrada LIBERDADE.
Nascido em Lisboa em 1919, faleceu, depois dum eterno exílio, em 1978, na CALIFÓRNIA.
Poeta dos maiores do século XX, formado, primeiro em ENGENHARIA e depois em LETRAS, ao seu exílio voluntário não foi estranho o regime do chamado “Estado Novo”. Partiu, com a Pátria na alma, em meados dos anos 50 do século passado, para o BRASIL e depois para terras americanas, onde leccionou LETRAS, na CALIFÓRNIA, onde faleceu.
É vasta a sua obra, que abrange um vasto campo de interesses: poesia, investigação, traduções, prosa, ensaios de temas preferencialmente existenciais, teatro (não muito) e trabalhos literários de toda a índole, tornaram-no um nome incontornável, no nosso meio literário. Que eu saiba, nunca fez parte dos programas do ENSINO SECUNDÁRIO, como autor obrigatório. Encontrei vários poemas seus num livro que uma editora, a “PORTO EDITORA”, me ofereceu, há anos, na minha qualidade de Professora de Português. É o “DIMENSÕES do Português”-12º ano B –ISBN 972-0-40032-3.
Foi o Neo-realismo a corrente literária que mais o influenciou, até porque lhe permitia desabafar sobre a miséria das classes mais desfavorecidas, mostrar a sua preocupação com as injustiças sociais, amar a luta pela LIBERDADE, defender, com a pena, os oprimidos, e pugnar pela dignificação das sociedades. Passou ainda pelo Surrealismo, mas honestamente, pouco sei dizer a esse respeito.
Noticia ,hoje, a imprensa, que os seus restos mortais o trarão ,de volta à PÁTRIA, em SETEMBRO, para que repouse eternamente, no telurismo das suas raízes. É costume dizer-se, muito liricamente, que o corpo de um português “repousa”melhor, no solo das suas origens…
BEM VINDO AO NOSSO CHÃO, JORGE DE SENA!
DEIXO-VOS este seu poema, retirada do livro a que já fiz referência:”
“Não hei-de morrer sem saber/ qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser/
desta terra em que nasci./
Embora ao mundo pertença
esempre a verdade vença,
qual será morrer aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver(…)
(…) não hei-de morrer sem saber/
qual a cor da liberdade.”
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Olá Amiga
ResponderEliminarA Portugal
"Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de nascido nela." (...)
Jorge de Sena,este grande senhor das letras, escreveu assim.
Eu, na minha humilde forma de me expressar, mas movido talvez por um sentimento idêntico, um dia a caminho do aeroporto de Lisboa, onde embarcaria para mais uma longa jornada, encostei o carro e escrevi assim, de lágrimas nos olhos:
Portugal
Pátria amada e maldita. Uma Mãe que pare os filhos e que não os ampara (...)
Muito obrigado por esta partilha. Por me relembrar deste Poeta e pela homenagem que lhe presta aqui.
Um beijo para si
Francisco
Palavras do poeta Camões , no CantoIII, quando, pela boca do narrador VASCO DA GAMA, o põe a contar a HISTÓRIA DE PORTUGAL, AO REI DE MELINDE;"Esta é a ditosa Pátria, minha amada..." Foi, segundo parece, a 1ª vez que um poeta se referiu ao nosso país COMO PÁTRIA! REcorda, FRANCISCO,e não tenhas vergonha, se chorares, pois vergonha deveriam ter os governos que não dão a este povo o "pão" que eles vão buscar longe das suas raízes.
ResponderEliminarUM BEIJO de amizade desta PORTUGUESA(lusibero)