segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Poema(meu)



Poema

POEMA

NO OMBRO DA NOITE

É num cobertor de musgo, que as velhas pedras
se agasalham, nos outonos.
Os solos bebem todas as águas que já caíram
e o vento, louco, bate contra todos os muros que,
contra ele ,o homem levanta.

































É hora. Deito-me. Penso-me.
No leito, minha boca fechada só é capaz de dizer
palavras como saudade…solidão…silêncio…ansiedade…
Não me visita, sequer, a tua sombra,
quando aqui não estás…

E o vento é de uma insolência feroz…
… bate à janela
de contínuo, a lembrar a tua voz, quando do monte descias,
em alegres correrias, feliz, carente, veloz.

A lua repousa no ombro da noite…melancólica, sem vontade
de misturar-se com o vento, na sua tremenda voz.
Os meus ombros, esses estão sós…a minha boca está só…
… meu peito nem sente as mãos da noite diferente…
…diferente como um castigo, que o céu dá a um penitente.

As palavras continuam a crescer e a aparecer-me, ao longo dos anos.
Sou forçada a dormir com elas, porque não fogem de mim…

Mas, se pudesse… se me deixassem… afastava-me eu delas…

Só assim conseguiria, não me recordar de ti…

Maria Elisa Ribeiro
NOV/015

Sem comentários:

Enviar um comentário