"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
sábado, 26 de dezembro de 2015
Editorial de "Público"
EDITORIAL
Os apelos do Papa e o mundo em contramão
DIRECÇÃO EDITORIAL
25/12/2015 - 22:32
Na Somália e no Brunei, o Natal foi proibido. No Vaticano, Francisco insiste numa curta palavra: paz.
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Em Junho de 2014, quando recebeu nos jardins do Vaticano Shimon Peres e Mahmoud Abbas, o Papa Francisco disse a dado passo da sua exortação: “Para fazer a paz é preciso coragem, muito mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não à desavença; sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações e não às hostilidades; sim ao respeito pelos pactos e não às provocações; sim à sinceridade e não à duplicidade. Para tudo isto, é preciso coragem e uma grande força de ânimo”. Passado ano e meio, Francisco mantém idênticos apelos, mas o mundo teima em andar em contramão na estrada da paz e da concórdia. Se na Palestina, alvo da já citada iniciativa papal de 2014, a paz continua a ser uma miragem ténue, em muitos outros lugares arrastam-se dolorosamente conflitos para os quais também não se vêem soluções a curto prazo. Por isso Francisco voltou ontem, na sua tradicional mensagem de Natal, a falar da Terra Santa e do eterno conflito israelo-palestiniano, mas também da Síria, da Líbia, da Ucrânia, da Colômbia, da martirizada África, insistindo nesta curta e tão ignorada palavra: paz. Por isso condenou “as atrozes acções terroristas” (Beirute, Paris, Bamaco, Tunes, Egipto), tal como “a destruição do património histórico e cultural de povos inteiros” (Palmira, por exemplo). E falou, também, das perseguições baseadas na fé, seja ela qual for (ele esteve, no seu périplo africano, ao lado de muçulmanos ameaçados por milícias cristãs, visitando-os). Mas essas perseguições têm vindo a acentuar-se. Por estes dias, Somália e Brunei proibiram celebrar o Natal. Na Somália, onde também foi proibido festejar o Ano Novo, tais celebrações poderão ocorrer em privado, mas nunca em público, por serem “contrárias a fé muçulmana”. E no Brunei o sultão decretou que os muçulmanos que celebrem o Natal serão punidos com 5 anos de prisão. Para o mundo que reclama Francisco, tanto há ainda por fazer...
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