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terça-feira, 29 de dezembro de 2015
Do Blog AVENTAR...
PSD: o denominador comum da fraude bancária em Portugal
27/12/2015 por João Mendes 4 Comentários
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Existe uma relação de promiscuidade entre parte significativa da nata do PSD e a banca falida. Uma relação tão íntima que permite que alguns dos mais altos quadros do partido estejam em todos os actos de criminalidade legal que envolva bancos, paraísos fiscais e dinheiro dos contribuintes. Muito dinheiro dos contribuintes.
A regra é serem todos imunes à justiça. Como se esta não existisse. Por vezes, quando a ira temporária dos plebeus assume uma dimensão passível de incomodar de forma leve a elite que nos comanda, simulam-se processos que, no limite, levam a prisões domiciliárias temporárias de muito curto prazo. Anunciam-se comissões de inquérito inconsequentes. Permite-se que uns quantos comentadores trucidem uns quantos gangsters da alta finança na praça pública. Males menores. No final do dia, o pior que pode acontecer é ter que pagar uma fiança. Os bens, esses, há muito que foram passando para o nome da esposa, do marido, do filho ou do primo. Parece fácil e na verdade é mesmo.
Foi assim com o BPN, um banco feito e destruído pela fina flor cavaquista. A cara de pau do regime é tal que o presidente Cavaco Silva,cuja comissão de honra na corrida ao segundo mandato em Belém mais parecia o conselho de administração da SLN, fez das tripas coração para proteger Dias Loureiro no Conselho de Estado, ao passo que o ex-primeiro-ministro Passos Coelho não poupou nos elogios daquele que chegou mesmo a ser seu conselheiro, não se tendo inibido de recrutar antigos quadros desta fraude para reforçar a sua equipa governativa.
Foi assim com o BES, o banco comandado por Ricardo Salgado que financiou campanhas a Cavaco (o clã Espírito Santo foi mesmo o principal financiador da campanha que daria ao ainda presidente da República o seu primeiro mandato), que passou férias com Marcelo, o comentador-sol que nos ia garantindo que a banca estava segura e blindada e que, coincidentemente, namora com uma antiga administradora não-executiva do BES, que conseguiu financiamento do Goldman Sachsatravés de José Luís Arnaut, que teve em Durão Barroso um “canhão” para tentar evitar o inevitável e cujo conselho de administração até queria pôr o Moedas a funcionar, fosse lá isso o que fosse. E se é verdade que não faltaram altas figuras socialistas a ser convidadas para os mais altos cargos do banco, a verdade é que o PSD lidera, de longe, a lista de partido que mais ex-ministros e secretários de Estado viu serem integrados no topo da gestão do universo GES. Escusado será dizer que ninguém viu nada.
Foi assim com o Banif, o banco que financiou, durante décadas, o regabofe jardinista, repleto de social-democratas nas suas estruturas dirigentes. O despudor é tamanho que Cavaco Silva teve a cara de pau de condecorar Alberto João Jardim no pico da crise Banif, apelidando de patriota um dos maiores separatistas deste país. Algo que, sejamos sérios, não tem comparação com a postura negligente, oportunista e eleitoralista do governo liderado por Pedro Passos Coelho, que ciente do problema optou por mascarar e adiar o inevitável, varrendo o entulho para debaixo do tapete para nos poder vender o embuste da saída limpa.
Eles estão em todas e Cavaco Silva, mais do que qualquer outro, é o verdadeiro denominador comum. Ninguém bate os seus moralistas quando chega a hora de apontar dedos pelas sucessivas catástrofes financeiras que os nossos impostos vão financiando mas, quando o tema é a banca, assobiam todos para o lado e não é nada com eles. Imaginem se fosse.
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