terça-feira, 14 de abril de 2009

Pensamentos enviesados...



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Considero extremamente difícil estudarmo-nos.O acto de introspecção implica uma descida ao inferno de cada um de nós, tal como dizia o saudoso-sempre presente!-Miguel Torga, na medida em que esse acto significa ver o que de bom e de mau há em nós (o mau, principalmente, digo eu).Como somos seres imperfeitos, é natural que ,nessa visita às nossas profundezas, encontremos poucas virtudes... Espero, apesar de tudo, que sejam as suficientes para nos darem o alento imprescindível ,para continuarmos esta peregrinação, pelo espaço.
Todo o acto introspectivo nasce, como é lógico, de uma decisão voluntária: a de nos "visitarmos", com o intuito de seguir um caminho possível, para um ,também possível, aperfeiçoamento.
Vejo esse possível aperfeiçoamento como contínuo e sistemático, que, nunca parando, nos "espicaça" contra a modorra em que, por vezes, nos podemos situar.
O conhecido enciclopedista Rousseau afirmava que o Homem é "um bom selvagem" e que, o que
o pode estragar, sendo ele naturalmente bom, é a sociedade em que se integra.Ora como nada obriga a que eu seja uma delinquente "como é o meu vizinho", esforço-me por encontrar uma empatia sistemática comigo própria;e procuro ser um pouco melhor,apesar de eu não saber o caminho...Por isso, talvez, estes meus pensamentos "enviesados"fazem-me ver em mim uma avenida, larga e indefinida, por onde me movo até que a caminhada começa a sufocar-me.
A relativa inteligência de que sou dotada provoca, em mim, uma curiosidade infindável sobre tudo e todos os que se cruzam comigo ,nesta caminhada.
E "cruzo-me"com cada um, que provoca calafrios...Com Nero,imperador romano da loucura e do horror, que eu tenho a consciente pretensão de considerar abominável; "cruzo-me" com Hitler, o monstro que se considerava talhado para a "superior" missão de limpar a terra, do povo judaico . "Cruzo-me "com Joseph Fritzl, essa coisa sem nome adjectivado, por não haver adjectivos para seres como ele..."Cruzo-me"com Mugabe, Ahmadinejad, Saddam, com a Junta Militar de Mianmar, com o monstro POL-POT...Todos eles, exemplos da triste realidade que é a da auto convicção prepotente!E eu, tenho que continuar a percorrer a mesma estrada que eles...e sofro quando a realidade do caminho se começa a afunilar, mostrando-se...e sofro ,porque me pergunto quem sou, o que sou, de onde venho e para onde vou...e ando ,perpetuamente à procura da Verdade, de "uma"Verdade! Encontro, depois, uma espécie de resposta, na existência dos Indios da Floresta Amazónica, que conseguem sobreviver à ganância dos madeireiros e de todos os que promoveram a construção da estrada transamazónica. Encontro-a na maneira ,engenhosa, como os habitantes do Zimbawué vão conseguindo comer raízes de árvores para sobreviverem e no modo sacrificado como vão resistindo às violações e à morte as mulheres do Darfur...
E então, peço ajuda a não sei quem...E agradeço respostas...E procuro, no meu nocturno, ser apolínea, também...
Deus! Senhor do Universo! Eu sei que sou AR, sou Água, sou Terra e sou Fogo, como convém...

1 comentário:

  1. Um belo acto introspectivo. Por vezes podem parecer inanidades, mas nunca o são. Apenas podem requerer uma segunda leitura... ou nem tanto. Gostei muito de ler. E da forma pujante como termina.

    Aquele beijinho

    Daniel

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