"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Cartas inéditas da família de Pessoa encontradas no espólio de Hubert Jennings
LUÍS MIGUEL QUEIRÓS
28/01/2016 - 08:05
O pessoano inglês esteve em Lisboa, nos anos 60, a investigar a célebre arca pessoana. Henriqueta Dias, meia-irmã de Pessoa, escreveu-lhe uma extensa carta em 1970, enviando-lhe dados para uma biografia do poeta.
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Richard Zenith
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“Ele” tinha muito medo de trovoadas: escondia-se em lugares escuros para não ver os relâmpagos e cobria a cabeça para não ouvir os trovões”. “Ele é Fernando Pessoa, e quem o conta é a sua irmã Henriqueta Madalena Dias, conhecida por Teca, numa carta enviada em 1970 a Hubert D. Jennings, autor de Os Dois Exílios: Fernando Pessoa na África do Sul (1984), que foi um dos primeiros pessoanos de língua inglesa e é ainda hoje uma referência no que respeita aos anos de formação do poeta português em Durban.
A carta faz parte de um espólio com cerca de dois mil documentos que um filho de Jennings, Christopher, doou recentemente à Universidade Brown, em Providence, nos Estados Unidos. O jornal brasileiro Folha de S. Paulo foi o primeiro a divulgar a existência deste acervo num artigo em que anunciava a descoberta de uma “caixa com textos inéditos de Fernando Pessoa”.
Na verdade, não terão sido ainda descobertos no arquivo de Jennings quaisquer inéditos de Pessoa que não existam na Biblioteca Nacional, mas é possível que venham a ser encontrados. E se não for o caso, nem por isso este conjunto de papéis deixa de ter relevância para os estudos pessoanos, e designadamente para os biógrafos de Pessoa. A extensa carta da meia-irmã de Pessoa, Henriqueta Madalena (1896-1992), que inventaria as diversas casas onde o poeta viveu em Lisboa e evoca episódios da sua mocidade, era até agora inteiramente desconhecida dos investigadores, tal como uma carta enviada a Jennings por outro meio-irmão de Pessoa, Michael (nascido Luiz Miguel) Nogueira Rosa, esta mais centrada no livro que o seu correspondente inglês projectava dedicar ao poeta dos heterónimos, de quem já então tinha traduzido vários poemas.
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