terça-feira, 3 de março de 2015

Poema meu











Poema:




DECALCOMANIA




trago à luz a mão que me escreve e me torna um rasto de
pedaços de frases. que gritam línguas de estranhos contornos e sonoridades.
ecos de uma onda de memórias. que me querem afastar ,em ondas de espuma,
do dia dos novos rumos das aves.


o tempo foi das palavras esfomeadas num silêncio entre sílabas, ao abandono.
a chuva embacia-me o olhar e mancha-me o sorriso.
o oceano geme vagas descontroladas da minha fome de anexar
fonemas-em-despedidas-de-silêncio.

sacio-me.
crio-me, talvez, num poema onde prendo vocábulos
à pena que desliza pelo branco papel, numa súbita vertigem
de luz a gritar mares de Distantes origens.

quase-poema…
quase -falta-de-poema…
quase Eu -para-ser-um-tema…

escorre música de uma velha janela voltada para os tempos
da infância…Que distância!

o mar, bem sei, fala todas as linguagens do mundo…
ele é uma decalcomania do que não é possível esquecer…
…horta de algas…cave-sótão de marés…tempestade de encharcar poesia-na-memória-construtora de novos mundos…

Trago à luz a mão de um mar medieval que continua a chamar pelo nome,
[o nome-de-Portugal…

…e as asas tenras das velas latinas saltaram muros de frustrações
e aportaram às canelas
de todas as convicções…

Decalcomanias permanecemos, no Outrora de sistemáticas ilusões…

Maria Elisa Rodrigues Ribeiro- SET/013

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