quinta-feira, 19 de novembro de 2009

POEMA DO CICLO "ONDAS DE INQUIETAÇÃO...


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Ao longo do Tejo, rompem barcas as águas descoloradas.
De madrugada, espreito o trabalho dos pescadores afadigados,
Comprometidos na dura tarefa de recolher o “pão-peixe”,
Que se debate nas redes, para escapar, sem que o homem deixe.

Alonga-se a vista pelo rio que esbate as margens,
Que o comprimem.
Solta-se a voz das gaivotas, assustadas pelo marulhar
Das barcas nas águas, tocadas pelo sabor das aragens.

De largo a largo, deixo a imaginação nadar,
Em tempos de eras efabuladas…
Mas não é aí que se detém a força indomável
Dos pescadores, movidos por outros intentos.

O barco nem sempre oscila com o peso do sustento ansiado.
Detém-se, por vezes, ao sentir-se aliviado do peso das redes
Lançadas à água com brutalidade e alento.

Salpicos de espuma, cheirando a maresia pura,
Acordam-me do torpor em que mareja a ternura
Dos navegantes d’outrora, em eterna procura
Das rotas do oiro, canela e pimenta dura…




CAD. 4 D-48 – MRÇ/08

21 comentários:

  1. Algo existe, porém, mais belo e mais sublime do que esse fervilhar do infinito universo?
    É um canto, afinal, esse mundo perverso cheio de almas singelas, delicadas e puras.
    Só por sonhos se poem ao largo, só a ilusão os transportam a um paralá desconhecido e voraz de anseios. Sempre haveremos de querer seguir esses vultos errantes...
    Beijos poéticos.
    Tácito

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  2. T@cito- XANADU:é a nossa sina de seres encostados ao mar, ao sonho...pelo qual pagámos e continuamos a pagar...
    BEIJOS PARA TI
    LUSIBERO

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  3. Salve !
    Estou por aqui dando uma espiada. Maravilhosa poesia, BRAVO !
    Muito obrigada por sua visita e por palavras tão carinhosas para com o meu trabalho.Suas palavras sempre enriquecem o meu blog. Volte mais vezes, FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... terá sempre uma história para contar.
    Hoje eu trago a VERDADEIRA FACE DA LUA-DE-MEL.
    Saudações florestais

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  4. "A vida é em geral alegre. O que nos torna injustos em relação a ela é que a alegria não é recordada. Ao contrário, a inquietude, essa, permanece "

    Abraço.

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  5. MANUEL MARQUES: a verdade é que já CAMÔES, no século XVI, no soneto da "Mudança", dizia:"(...)do mal ficam as mágoas na lembrança,/e do bem(se algum houve), as saudades."(...)
    ABRAÇO DE LUSIBERO

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  6. DANIEL SANTOS: LESTE OS DOIS POEMAS?
    O QUE ACHAS DO QUE NÂO LESTE?
    BJO DE LUSIBERO

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  7. Maria

    O Tejo? Deve ser lindo...

    O rio é a vida da gente
    correndo mansa nas águas...
    bjs

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  8. Maria, sei que é uma forma de registo da sua poesia, este blog. No entanto, não sendo eu, longe disso, um perito nas artes poéticas, para quando um e-book?

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  9. Maria,
    Fiquei deliciada ao ler seu poema.
    Senti nele um pouco de melancolia, mas também um sonhar sempre fervente.
    Beijinhos.

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  10. CiRRus: PORQUE , como o amigo disse, fica caro...Olhe, vou andando, pode ser que alguém veja estes poemas e se interesse por eles... No entretanto, vou escrevendo, porque não há dia em que não me "surjam" dois poemas, pelo menos. Já vou em mais de 1000 desde AGOSTO DE 2007...
    OBRIGADA, muito sincero, pelo estímulo.
    BEIJOS DE LUSIBERO

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  11. Mª LÚCIA, obrigada pela gentileza das suas palavras ,sensíveis e sentidas...
    BEIJINHO DE LUSIBERO

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  12. Sem esquecer as dificuldades e desilusões de quem tirava o sustento do rio
    Faz um belo quadro poético da vida dos homens do Tejo... e evoca os tempos áureos deste estuário.
    Parabéns. tem um forma original de deixar para a posterioridade a sua poesia

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  13. GEOCRUSOÉ: à falta de melhor, vou-a deixando, assim, escrita no blog...
    abraço de lusibero

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  14. Belos os seus poemas...adorei
    Vou voltar
    Bjs
    Sonhadora

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  15. SONHADORA: que grande prazer me deu a sua visita! Vou visitar seu blog e depois deixo mensagem!
    Beijinho de LUSIBERO

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  16. Maria,
    A força, os mistérios, o enigma deste GIGANTE que nos puxa às suas profundezas, nos levando a descobrir o material e imaterial da nossa existência.
    Quanta força tem este poema teu.
    Um imenso ímã que nos atrai ao fundo dos oceanos onde tudo acontece para depois retornarmos à superfície mais cheios de VIDA... ou de mais procuras...
    Beijos, minha grande AMIGA

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  17. O MAR É UM POUCO DA ALMA PORTUGUESA, MALU!
    NÃO LHE RESISTIMOS E NÃO ABANDONAMOS O TEMA, QUE NOS ESTÁ NO SANGUE!
    BEIJOS DE MªELISA

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  18. Falta-lhe a terceira travessia (ao Tejo) para que o poema fique completo! ;)

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  19. Maria,
    Que saudades do Tejo!...Até lhe senti o cheiro, nas tuas palavras passaram realmente os barcos e os pescadores...
    Adoro ficar a ver o mar, os barcos, os pescadores, o movimento da lota...tudo isso me encanta!?...
    Beijinhos e obrigada pelo lindo poema.
    Manuela

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  20. MANUEL GOUVEIA: como não vivo em Lisboa ou arredores, não sei que resposta lhe dar...
    Abraço de lusibero

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  21. MANUELA FREITAS:na realidade, eu fiz um poema sobre o TEJO, nas margens do MONDEGO!Mas , quando por lá passava, mais amiúde, sentia-se aquele cheirinho que exalava do rio, aquele cheiro a PORTUGAL, que começa a faltar-nos com tanta injustiça e corrupção.
    BEIJITO DE LUSIBERO

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