"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Poema do ciclo"Romanceiro Tradicional"
Quando era pequenina,
levav’a cabr’a pastar
p’ra lá da ponte d’aldeia,
onde tinha que passar.
Cheia de medo,- tão frágil!-
não podia recusar
a tarefa inadiável,
que devia executar.
(Verdade é que receava
passar por aquelas pedras...)
Falava-se de mulher moira
que, ao ver-se enclausurada
longe da casa paterna,
escolhera as águas do rio
para viver vida eterna.
E, quando o vento era forte
ululando como um lobo,
parecia canto de morte
que metia medo ao povo!
(Minha imaginação voava…)
“Mulher moira, “senhor” linda,*
fugir embora, porquê?
Se te amava teu senhor
que ainda por ti chora….”
Respondia-me o vento
com voz de eterno lamento,
contando “razões” doutrora…
Segredava leis de senhores,
de vencidos e vencedores,
desses tempos... doutro Tempo…
Eram terríveis Verdades,
que dominavam Vontades…
E eu, que disso não percebia,
queria um amor assim!
Lavaria meus cabelos,
oiro na água da ponte!
e secá-los-ia, lesta,
no peito de meu senhor
até ao romper do dia…
C6f -158/16- AGT/09
*”Senhor” era, no Português medieval, uma forma comum para homem ou mulher. Só com o passar dos séculos se introduziu o Feminino “senhora”.
Estes poeminhas de lendas e narrativas portuguesas, da época medieval, enriqueceram as noites de Inverno das famílias portuguesas, ao serão, à lareira, quando não havia televisão e as noites eram mais longas. S ão ,como se pode ver, de um romantismo ingénuo…Recordam que o nosso país foi habitado por dezenas de “castas” e povos, que deixaram, forçosamente, marcas, na nossa cultura.
E não há que ver menos valor literário no ROMANTISMO, se pensarmos no revivalismo a que estamos a assistir, com “ CREPÚSCULO”, “LUA NOVA”, e outras obras literárias do género, que se estão a revelar verdadeiros êxitos de “bilheteira”, digamos assim.
Portugal é um verdadeiro mistério, não ainda revelado, do campo das lendas, das tradições milenares, dos costumes …Talvez como reagem certos países perante as telenovelas, reajamos nós, os portugueses., com fascínio e encantamento, perante as nossas coisas mágicas…
Recomendo a obra de ALEXANDRE HERCULANO, escritor do Período Romântico Português, “LENDAS E NARRATIVAS!
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"Portugal é um verdadeiro mistério, não ainda revelado, do campo das lendas, das tradições milenares, dos costumes …"
ResponderEliminarPortugal é um país imenso, Lusibero. Imenso. Cheio de História e Tradição. E qualidade. Não só de Ontem mas também de Hoje.
beijinho grande e gostei da explanação :)
DANIEL(LOBINHO): a explanação é mais para quem não teve a sorte de andar no "liceu". Como GARRETT, acho que todos temos direito à cultura, e como SOPHIA ANDRESEN, acho que um povo a quem se nega a cultura é um povo incompleto...
ResponderEliminarBEIJITOS DE LUSIBERO
"E eu, que disso não percebia,
ResponderEliminarqueria um amor assim!
Lavaria meus cabelos,
oiro na água da ponte!
e secá-los-ia, lesta,
no peito de meu senhor
até ao romper do dia…"
É linda, em todo o seu desenrolar, esta cantiga.
O final, deixa-me sem palavras.
E fã assumida, que sou, do Crepúsculo, não posso deixar de dizer que, de facto, o que cativa é essa ideia de uma amor maior que o mundo, eterno, imutável, em que duas pessoas se movimentam a dois, como se de astros se tratasse.
Beijo enorme!
Que fascínio, TERRA DE ENCANTO, este PORTUGAL QUE TEIMAM EM NÃO DAR A CONHECER AO POVO!
ResponderEliminarBEIJOS DE LUSIBERO
Maria,
ResponderEliminarObrigado muito pela generosa oferta. Encontrei, depois da citação feita por Ángel Brichs - um ser humano na melhor acepção do termo - o livro "Poesias" de Alexandre Herculano no Google Livros, através do qual pretendo conhecer um pouco da poética desse autor. Seguiremos em contato. Que Deus bendiga você com muitos êxitos. Força e luz. Z.A. Feitosa - www.feitosa.net