quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Poema do ciclo "MODERNISMO"

foto google



Mãos enrugadas
molhadas pelo mosto da uva exposta.
Unhas negras, doridas, calejadas,
do esforço moiro a triturar o oiro…
Setembro agreste onde o sol celeste
se move, indiferente ao esforço da gente.

No cesto de vime depostas,
as uvas
libertam o sumo-néctar de BACO…
Na mesa, à noite, contam-se as tarefas
do dia cansado.
Vindimar… é rir e chorar!
apoiar as costas no nada da vida,
sufocar ao sol quente,
partilhar gente com gente
e… mesmo assim,
sentir-se contente!
___________________________________

Embrenho-me no mosto da uva descarnada,
doçurenta, melosa, quente…

Enterro os pés na poeira quente
do solo
fértil e comovente…

Sei de cor,
o melhor e o pior da uva
a maturar…

Sinto na pele o comichar
do pegajoso contacto
com o vermelho escuro do mosto
abençoado!

Oásis de benesses, as vinhas do meu país!
Que bom nascer, tendo por berço
o cheiro da maresia vínica na raiz!



C6F -148/19 –SET/09

12 comentários:

  1. Para um Alentejano como eu, este poema diz-me muito. Vejo nele, tanto a dureza das vindimas como a pureza do produto final...
    Abraço
    Compadre Alentejano

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  2. Belissima homenagem á riqueza do nosso país que sao as vinhas, os vinhateiros e o trabalho desconhecido de quem faz o melhor cartão de visitas deste Portugal pequenino mas cheio de tanta coisa boa...
    Um beijo
    Graça

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  3. nem mais para um natural de Aveiro como eu sou, mais propriamente de Ilhavo.

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  4. Ó DANIEL...ENTÂO SOMOS DO MESMO DISTRITO!EU VIVO NA BAIRRADA! PINGA BOA...mas nunca bebi!
    BEIJO DE LUSIBERO

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  5. EI, compadre, nós na BAIRRADA, não ficamos atrás nesta matéria...
    ABRAÇO AMIGO DE LUSIBERO

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  6. GRAÇA PEREIRA: tens razão! temos coisas ´~ao lindas e políticos "tão feios" , tão indignos do povo que somos!SOU UMA PORTUGUESA ALTIVA , ENOJADA COM A "LADROEIRA"!
    BEIJO de lusibero, amiga.

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  7. Instigante e perfeito...o blogue. Prémios mais do que merecidos.

    Lindíssimo o poema, de amor à terra e ao apelo telúrico das mãos quer se deixam "sujar" pelos elementos e seus frutos: a terra, a uva...e o amor ao trabalho, feito de reconhecimento pelo papel de todos e cada um de nós neste nosso belíssimo Planeta Azul...

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  8. Olá Maria Ribeiro,
    Passei por aqui, seleccionei o blogue, mas só agora vou deixar algumas palavras.
    Excelente poema, glorificando a gente simples da nossa terra, que produz o néctar de BACO/DIONÍSIO, à custa de muito suor. Gente que admiro, espalhada pela província e tão longe da cidade «pôdre»!...
    Bom fim de semana.
    Beijinhos,
    Manuela

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  9. MANUELA FREITAS: estou feliz por ter passado por aqui. Vou já ver onde está, para a conhecer um pouco melhor!
    Fico feliz por lhe ter agradado o poema...
    Beijito de LUSIBERO

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  10. MANUELA FREITAS: AFINAL,JÁ A TINHA NOS MEUS FAVORITOS...PERDOE ,MAS SÃO TANTOS OS SEGUIDORES E OS FAVORITOS , QUE ,ÀAS VEZES ATÉ ME CONFUNDO! BEIJINHO DA LUSIBERO

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  11. É a primeira vezx que leio algo que VALE MESMO A PENA ler sobre as vindimas. nao sei adjectivar bem, mas está fluente, natural, espontâneo... e poético.

    Beijinho amigo

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  12. DANIEL SILVA(LOBINHO): AGRADEÇO SEMPRE E EM TODAS AS SITUAÇÕES, OS TEUS COMENTÁRIOS. OBRIGADA POR TERES GOSTADO!
    BEIJITO DE LUSIBERO

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