REBANHOS DE DESESPERO
Do alto de um penhasco sobranceiro ao mar e
nele espelhado pela força do luar
senti-me num errante deambular pela grandeza das antigas
que sobreviveram aos arroubos das águas a marulhar.*
Gosto desta minha errante vagabundagem e desta coragem de me enfrentar.*
Uivam as ondas poderosas viradas para os elementos magmáticos...*
Pelo ar correm silvos agudos de rajadas de ventos seculares
como que desejando fazer regressar
as eras enterradas, soterradas, já passadas.*
O Eu desespera
numa solidão de rebanho
que o vento não permite atinar
com as pedras e as ervas montanha abaixo.
Brisa nocturna, soturna, parecida com os ais lançados ao relento
No preciso momento do tormento
das almas antepassadas no mar sepultadas.*
Dantesca onírica visão!
Vejo naus e caravelas, sem rumo conhecido,
buscando o desconhecido.
Assomam ao cimo das ondas alterosas e,como fantasmas
escondem-se nas suas curvas profundas.*
Pastora neste rebanho de águas temerosas,
paralisada pelo frio da energia que não me dás, amor,
desço o penhasco...passo a floresta do desespero
na companhia de duendos, elfos e outros seres ardilosos
deixo a companhia vulcânco/ magmática das águas revoltas...*
e recolho ao meu redil, como dantes
medularmente só, triste e febril...
Maria Elisa Ribeiro
©SET/2011
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