FLORESTAS DA NOITE
Dunas são florestas
da noite das praias,
que se afogam no fogo frio das águas
dos oceanos, sem chamas sem clarão,
sem sangue de raízes quentes,
onde é urgente que durmamos para reavivar
faúlhas
e onde qualquer
árvore pode ser a vida
que falta ao traço de união das vidas em combustão.
dunas------janelas do ar-----maresia ansiosa-----areias
perfumadas
donde podemos, claramente, ver nascer a Primavera
lenta, suave,
graciosa, por cima do mar.
Dunas, sim! Florestas da noite à beira-mar, sim!
Nelas permanece a linguagem marinha, que se esgota
a louvar a coragem de dormir com os braços sem folhas,
sem o calor das folhas
no relento de todas as Imagens dos Outonos.
As palavras, molhadas de bolhas das marés
vivem abraçadas ao orvalho, que se senta,
prepotente, no corpo das areias e nas folhas
das-árvores-em-contínuo-compasso-de-amor.
O mar ainda não percebeu que as dunas não são barcos seus…
não navegam à vela…
não são naus nem caravelas…
não cortam espumas dos tempos das pimentas .
nem das canelas…
Maria Elisa Ribeiro
OUT/015
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