domingo, 19 de maio de 2024

POEMA

 







FLORESTAS DA NOITE

 

 

 Dunas são florestas da noite das praias,

que se afogam no fogo frio das águas

dos oceanos, sem chamas sem clarão,

sem sangue de raízes quentes,

 

onde é urgente que durmamos para reavivar

faúlhas

 e onde qualquer árvore pode ser a vida

que falta ao traço de união das vidas em combustão.

 

 

dunas------janelas do ar-----maresia ansiosa-----areias perfumadas

donde podemos, claramente, ver nascer a Primavera

      lenta, suave, graciosa, por cima do mar.

 

 

Dunas, sim! Florestas da noite à beira-mar, sim!

Nelas permanece a linguagem marinha, que se esgota

a louvar a coragem de dormir com os braços sem folhas,

sem o calor das folhas

no relento de todas as Imagens dos Outonos.

 

 

As palavras, molhadas de bolhas das marés

vivem abraçadas ao orvalho, que se senta,

prepotente, no corpo das areias e nas folhas

das-árvores-em-contínuo-compasso-de-amor.

 

O mar ainda não percebeu que as dunas não são barcos seus…

não navegam à vela…

não são naus nem caravelas…

não cortam espumas dos tempos das pimentas .

nem das canelas…

 

 

Maria Elisa Ribeiro

OUT/015

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