sexta-feira, 31 de maio de 2024

POEMA

 O LUAR CICIA

Venero a luz do luar!
Tem um não sei quê de mulher…
de pele macia e sedosa de mulher
que se estende ,sensual
,sobre os braços abertos do mundo
e rega de luz os cantos do segredo mais profundo.

Desce sobre as nuvens da serra,
tocando-as suavemente...
e estende-se, languidamente ,
como algodão esfiampado
sobre os mistérios da escuridão das noites.

Dormem as aranhas nos seus fios-pérolas-de-orvalho,
intrincados relicários de misteriosa geometria,
tal poema de magia que ao poeta fervilha.

Uma fonte sonha, rumorejante, estende as mãos
pelo rio que desliza e
canta a luz de prata do corpo da montanha-mulher,
que ressurge ,
como diva, nas mãos do homem que a quer...

Amo a luz do luar
que me permite sonhar as ilusões-de-ser!

Uma flor ressona na fenda da rocha granítica…
Adormeceu na magia do manto de luz, que acalma quando seduz…
É um manto que alicia, como se uma presença, ao lado,
nos fizesse companhia.
As quimeras adormecem nas raízes das árvores,
fortalecidas
pelo pingo telúrico da gota de orvalho, que cai das folhas…

E ouve-se a respiração dos montes no revolver ansioso do mar,
enquanto um orvalho bom põe o mundo a fecundar…
No centro das minhas nostalgias, desfraldo as velas
com luz favorável e ventos de feição…
Adormeço, então, sem pensar que a solidão
é um pensamento negativo, que faz sofrer!



Maria Elisa Ribeiro-2013

Sem comentários:

Enviar um comentário