OH, SE VIESSES...
...o precipício
deixaria de o ser, para abrir caminhos
de sonho onde me fosses encontrar...
Há uma montanha de palavras, preparadas
para fazer saber a
quem viaja, como tu,
que o prado se torna quente, lindo como o sol brilhante,
pronto a sorrir na nossa noite ardente,
sempre que tu vens.
Se viesses, ouviríamos em surdina a mística música
que os botões de rosa libertam...
música secreta dum poema desperto
no alvorecer de uma manhã,
naturalmente grandiosa e quente.
Se viesses,
as papoilas vestiriam de um vermelho carmim,
numa alegria
faminta e misteriosa
como o grão
que dá vida à seara
trigueira e vaidosa.
OH, se viesses...
Chegariam também as avezinhas,
lestas como as
andorinhas,
e espalhar-se-iam pelas hastes do trigo loiro
à procura do singular segredo
que é a
semente-pérola-d’oiro.
Se viesses,
ouvi-las-íamos cantar os versos dos seus poemas
sentidos como os da alentejana Florbela,
acomodados tal tesouro sacramental
na quentura das penas,
que as
preservam do frio e do mal.
OH, se viesses...
...levaria comigo a pressa
com que te espero à janela,
e ouviria a voz do vento que corre feliz e desalmado,
pela viela...
Maria Elisa Ribeiro
2020
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