E GOSTO DE TI...
É ainda o silêncio da manhã
E desse silêncio se solta já o nosso respirar
A dar nova dimensão ao novo dia.
Que transformou rosas de pétalas vermelho- rubro
Em verdadeiro fogo-de-amor.
E GOSTO DE TI...
No silêncio entregámos as mãos e o corpo ao conforto
Da música infinda
Que nos corre nas veias como fogo infinito no ventre do coração.
Tudo se torna rumoroso no fervor que o fogo tem
Quando se partilha o que nos falta,
Com alguém a quem falta o amor que ainda não tem.
E pode suceder que, ao romper do dia, chegue às flores bravias
O fogo dos raios do sol, nítidos como o voo dos pássaros-em-cio
Meigamente enlaçados a viver um desvario.
E GOSTO DE TI...
Gosto tanto desta ferida que dói sem se sentir
Desta saudade que me invade sem se mover
Que me cansa no descanso
Que me falta quando a tenho.
Tímida, a floresta esconde-se no amarelo das giestas,
No lilás das urzes, no verde escuro das ervas,
No vento sagrado que abana o cão das humildes árvores,
E sacode as frestas onde repousam os grãos de vida.
De resto, tudo é silêncio...E EU GOSTO DE TI!
TUDO, excepto o desejo que lavra nossos corpos
Na distância percorrida por nossas suaves mãos...
TUDO, excepto a voz das palmeiras
perdidas pelo deserto
que protege os oásis ricos de tamareiras
corajosas
ao enfrentarem uma ESFINGE
morta em eternas escaldantes areias.
©Maria Elisa Ribeiro
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