domingo, 22 de março de 2015

POEMA
























POEMA:




GRITO





Fechados no sonho, os lábios soltaram um grito
que ecoou pela noite,
que se fechou, no escuro das paredes, onde não escrevo.




Abrigados no gemido da treva, esse vazio de deuses
onde as palavras não têm vida…os pássaros não voam…as nuvens estagnam…
as flores adormecem e não falam da alegria dos amores.




___________________Dentro de mim o ouvi, sem permitir
___________________que perturbasse o sono das minhas rosas…




Esse grito foi a voz da poeira das catástrofes
que vou narrando em estrofes, no meio de versos partidos,
memorando com vestígios de cesuras, em minhas sílabas encadeados.




As estrelas, solidárias, passaram por caminhos interditos
a depositar orvalhos-de-luz no mágico olho das corolas…
…sem um único grito…




Em mim, vou escrevendo outra realidade desse Sonho
…………………………….…que fracturou todas as palavras do jardim das letras
……………………………….que foi filtro das géneses interrogativas
…………………………..…..que permitiu sair incólume o poema-em-música de sons,
tal solo lavrado por infinitas emoções-de-sangue
dos dedos calejados do semeador
……………………………..que foi vida da terra, em sulcos-de-dor e amor.


Uma inexplicável sensação de luz desliza pelos dedos da escrita.




Liberta-se dos lábios fechados, num verso que as árvores soltam
…………………………..no ar ,pela força do vento a chamar a chuva nos dias de reticências…




*poeta * *lábios fechados * * grito da alma*

*ninho de aves eruditas-a- chilrear-o-sonho-de-um-grito *







Maria Elisa Ribeiro
Março/2014 -foto net

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