quinta-feira, 5 de março de 2015

POEMA











Poema:




BRUMA




Meu rosto é outro, agora que os ventos foram soprando no Outrora.
Lembras-te de quando não precisavas de te esforçar, para me imaginar?





Perdi tuas mãos na lonjura dos tempos.
Foram elas o barro que modelou
esta bruma de mulher-deusa-ausente
daquele Sempre, que o tempo esquece,
porque empurrado pelos ventos.




Não agarrei o vôo dos pássaros da ilusão
no momento em que a beleza,
furtiva e irreverente,
esvoaçava, de rompante,
do Longe para o Então …




Hoje,
meus olhos pastam nas paisagens
das corolas sensuais
que abrem a boca , sôfregas,
aos beijos de amor do sol…
e as flautas dos pastores
cantam esses amores em sinfonias estivais…




A música da Vida está por aí, bem viva!
E eu não guardei as notas das pautas
dessas sinfonias, de quando o Mundo parava
para te poder abraçar!




O orvalho nocturno, tão espesso quanto vagabundo,
transformou-se em bruma do escurecer,
quando se deu conta de que perdeste o rumo
do meu corpo de Mulher…




Fala, por mim, o perfume das flores-a-anoitecer
no momento em que
o dia devia espreguiçar os braços
para sentir-me amanhecer…

…e o poema vai vindo lento
na lareira acesa que se vai apagar…




Maria Elisa Ribeiro
MRÇ/015

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