terça-feira, 3 de março de 2015

DE ISRAEL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Israel fechou a torneira da água à cidade de sonho dos palestinianos


ANNE-MARIE O’CONNOR (Rawabi, Cisjordânia)

02/03/2015 - 08:55


Finaciada pelo Qatar e construída por um empresário palestino-americano, “Rawabi é um símbolo de esperança e de capacidade” dos palestinianos. Está pronta a ser habitada mas continua deserta.O empresário palestino-americano Bashar Masri planeou uma cidade secular para 40 mil pessoas THE WASHINGTON POST




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O projecto multi-milionário de cinco anos para construir uma nova cidade para a classe média palestiniana numa colina da Cisjordânia preparava-se para receber os primeiros residentes quando o Governo isrealita decidiu, neste mês, reter uma necessidade básica: a água corrente.

Antes de garantir o fornecimento de água à nova cidade de Rawabi, Israel – que controla a zona por onde a conduta de água passa – quer que os responsáveis da Autoridade Palestiniana voltem aos trabalhos do Comité Conjunto Israelo-Palestiniano para a Água. Os palestinianos abandonaram o grupo em 2010 por não quererem aprovar projectos de fornecimento de água a colonatos israelitas na Cisjordânia ocupada, construídos em terras que os palestinianos querem para o seu futuro estado e que recebem bastante água.

A crise da água em Rawabi, provocada pelo homem e não por causas naturais, representa um duro golpe para a classe média palestiniana, que esperava usufruir do centro comercial ao ar livre da cidade, dos seus restaurantes, lojas, ginásio, piscina, cinema e rede escolar.

Há já um ano que os construtores estavam preparados para entregar as chaves a 450 compradores, mas a autorização para ligarem a água estancou, um atraso que se previa que fosse temporário mas que agora parece infinito. Os apartamentos concluídos permanecem desabitados, e o anfiteatro com capacidade para 12 mil pessoas está vazio; uma equipa de construção reduzida continua a trabalhar com um orçamento igualmente reduzido.

Bashar Masri, o empresário palestino-americano por detrás do projecto Rawabi, diz que perdeu 25 milhões de dólares em lucros com este atraso, e que tem mais 75 milhões congelados até que as casas sejam entregues.

O projecto recebeu centenas de milhões de dólares de financiamento do Qatar, mas agora Masri diz que está a gastar os seus próprios fundos e a cortar nos custos – despediu 2200 operários, engenheiros e funcionários.

“Estamos à beira da bancarrota”, disse Masri numa conversa na sua casa em Rawabi. "O projecto ficou financeiramente arrasado por causa disto”.

A retenção da água é um enorme revés para o que era o maior, e há que diga o mais importante, projecto de desenvolvimento da Cisjordânia. Milhares de visitantes, incluindo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o secretário de Estado americano, John Kerry, estiveram em Rawabi quando Masri anunciou cada fase do projecto. A revista Time chamou-lhe a “cidade cintilante sobre a colina”.

O projecto recebeu cinco milhões de dólares da agência norte-americana para o Desenvolvimento Internacional para estradas e muros de retenção.

Agora, surgem críticas de ambos os lados, o israelita e o palestiniano.

“Não há forma de explicar a razão para Israel ter retido a água”, escreveu oYedioth Ahronoth, um dos jornais de maior circulação em Israel. Rawabi “é uma zona burguesa, desmilitarizada, livre da política”.

O Presidente israelita, Reuven Rivlin, pediu aos responsáveis israelitas para ligarem a água, “Devíamos dar-lhes assistência no fornecimento de água”, disse na semana passada numa conferência sobre democracia em Telavive. “Não damos água aos colonos?”, perguntou. Rivlin, que no passado se opôs à criação de um estado palestiniano soberano, disse que a existência de “Rawabi é do interesse de Israel”.

A questão parecia estar resolvida em Janeiro, quando o general israelita Yoav Mordechai, coordenador das actividades do Governo de Telavive nos Territórios, enviou a Masri uma carta dizendo que aprovara o fornecimento de água. Mas a implementação da decisão foi travada por Silvan Shalom, o ministro israelita das Infraestruturas, Energia e Recursos Hídricos, que foi pressionado pelos colonos que se opõem à existência de Rawabi. Shalom disse num comunicado que “ultrapassar” o Comité da Água israelo-palestiniano poderia “comprometer as fundações” desse mesmo organismo, pondo em causa a “cooperação, que é crucial para a preservação dos recursos hídricos”.

“Os palestinianos não reconhecem a legalidade dos colonatos”, disse Ihab Barghothi, consultor do ministro palestiniano da água. Sublinhou que os novos projectos para fazer chegar água aos colonatos não dependem do que diz o comité, que foi criado em 1995 pelos acordos de paz de Oslo. “Eles partem do princípio errado de que se os palestinianos aprovarem projectos ligados aos colonatos estão a legitimá-los”, disse Barghothi.

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