sábado, 31 de janeiro de 2009

Alcácer-_Quibir...ainda e sempre -POEMA C4D-32-08


Secreto desejo de Alcácer-Quibir
subsiste em existir.
Mágoas sentidas, perdidas nas areias
do deserto, poisam em campo aberto.

Para onde vais, povo das madrugadas
molhadas pela espuma do mar?

Deserto frio de tanto arder,
força-me a esquecer...

Ao anoitecer, apetece esconder
a raiva d'outrora, daquela maldita Hora...

Chora a alma , ainda,
a dor da memória infinda...

Sonhar pode ser o caminho da loucura,
quando se sonha outra Procura...

Nos mares do quente deserto
está meu coração, ainda aceso,
desperto...

Espero...

É uma flagelação contínua
esta fé numa miragem,
(ou numa aragem) que eu sei
que perdeu aquele rei...
Não é apaziguadora a imagem!
Mas é só uma miragem...


(Poesia de minha autoria, registada)

2 comentários:

  1. Os portugueses foram tão longe
    Que às vezes perderam a própria luz
    Algures nos campos de Alcácer Quibir
    Perdemos a luz própria e a própria luz.

    "Os Demónios de Alcácer Quibir"

    O D. Sebastião foi para Alcácer-Quibir
    de lança na mão a investir a investir
    com o cavalo atulhado de livros de história
    e guitarras de fado para cantar vitória

    O D. Sebastião já tinha hipotecado
    toda a nação por dez reis de mel coado
    para comprar soldados lanças armaduras
    para comprar o "V" das vitórias futuras

    O D. Sebastião era um belo pedante
    foi mandar vir para uma terra distante
    pôs-se a discursar: isto aqui é só meu
    vamos lá trabalhar que quem manda sou eu

    Mas o mouro é que conhecia o deserto
    de trás para diante e de longe e de perto
    o mouro é que sabia que o deserto queima e abrasa
    o mouro é que jogava em casa

    E o D. Sebastião levou tantas na pinha
    que ao voltar cá (aí) encontrou a vizinha
    espanhola sentada na cama deitada no trono
    e o país mudado de dono

    E o D. Sebastião acabou na moirama
    um bebé chorão sem regaço nem mama
    a beber a contar tim por tim tim
    a explicar a morrer sim mas devagar

    E apanhou tal dose do tal nevoeiro
    que a tuberculose o mandou para o galheiro
    fez-se um funeral com princesas e reis
    e etcetera e tal, Viva Portugal
    (Sérgio Godinho)

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  2. A miragem é tranquilizadora?

    Permite sonhar?

    Sonhemos, pois...mas saibamos abrir os olhos levemente, ao acordar...

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