"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
sexta-feira, 24 de julho de 2015
A SAÚDE( ou falta dela) em PORTUGAL
Artigo do Bastonário da Ordem dos Médicos, in "Público"
Paulo Macedo voltou a errar
24.07.2015
JOSÉ MANUEL SILVA
Contrariando a evidência científica, Paulo Macedo afirmou que "não é pela parte das taxas em novos alimentos que podem resultar consequências mais positivas de imediato". Pois bem, está completamente errado e demonstra que não sabe nada sobre Saúde ou que está controlado pelo poderoso lóbi dos refrigerantes e da indústria agroalimentar. Qualquer das alternativas é muito má.
A diretora Regional da OMS para a Europa bem insistiu que Portugal precisa de "fazer um esforço na área do tabagismo, da obesidade, da obesidade infantil e de todos os problemas associados à alimentação e à nutrição, como o excessivo consumo de sal, açúcar e gorduras, e ainda em relação à promoção do exercício físico", visto que os problemas alimentares são dos que mais contribuem para os anos de vida perdidos no nosso país. No Reino Unido calcula-se que os erros alimentares sejam anualmente responsáveis por 70 mil mortes prematuras!
Ora, devido aos cortes na Saúde, Portugal tem falhado rotundamente na prevenção das doenças crónicas, as que consomem a maior fatia do orçamento da Saúde. Salvo algumas medidas positivas, mas insuficientes, quanto ao álcool e tabaco, nada se tem feito pela prevenção em Portugal.
Recentemente, a Associação Médica Britânica, com base na experiência de vários países, que demonstrou que a taxação de bebidas e alimentos nocivos pode melhorar os indicadores de Saúde e que a mais forte evidência de efetividade está exatamente nas taxas sobre os refrigerantes, propôs formalmente um novo imposto de pelo menos 20% sobre os mesmos, prevendo que só com esta única medida poderiam evitar-se 180 mil casos de obesidade.
Este benefício é impressionante, em particular tendo em conta que Portugal tem das mais elevadas taxas de obesidade infantil e diabetes do Mundo, mas o Ministério da Saúde repete estultamente que "nem sempre as taxas são a maneira mais eficaz ou ideal", propondo medidas de "monitorização do consumo" e de aumento de informação aos consumidores, relevantes sim, mas pouco eficazes e que mesmo assim não institui, para não afetar as vendas de refrigerantes.
Em Portugal é um grave crime de Saúde Pública não taxar os alimentos nocivos, particularmente os refrigerantes, que são verdadeiros venenos alimentares. E o resultado desse imposto deveria ser aplicado na redução dos impostos sobre as frutas, legumes, peixe e agricultura biológica. Os ganhos em Saúde seriam imensos.
Em Portugal é um grave crime de Saúde Pública não taxar os alimentos nocivos, particularmente os refrigerantes, que são verdadeiros venenos alimentares
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