"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
domingo, 24 de maio de 2015
No "JN", Portugal
Opinião
Vida, velhice e morte dos sindicatos
24.05.2015
AZEREDO LOPES
O Mundo e a vida das sociedades já foram mais fáceis de entender. Os capitalistas, por exemplo, estavam saudavelmente envolvidos numa luta de classes com os trabalhadores. E qualquer um assumia esta tensão dialéctica, fosse ou não marxista ou marxista-leninista. De um lado, os empresários e uma ou outra associação. Do outro, os sindicatos, unidos ou desunidos. Pôr em causa a ordem natural das coisas, não se fazia. E as Faculdades de Direito? Foram acentuando a importância do Direito do Trabalho e impressionantes ramificações, ao mesmo tempo que no terreno da vida, e a olhos vistos, aquele ia recuando a galope.
Hoje, o capital tem muitas derivações, o mais delas não nacionais e até, de forma definitiva, globais ou globalizadas. O trabalho, seja ele braçal ou de outra natureza, desalmou-se. Na sua representação institucional, continua confinado às fronteiras do Estado. Lá vai fazendo uma ou outra manifestação comum em Bruxelas, e ala para casa que a vida não é isto. Com a aceleração da extraordinária mobilidade do capital, é tão fácil dividir os trabalhadores como tirar a chupeta a um bebé. É só ameaçar deslocalizar a empresa do Estado A para o Estado B, e logo se verão pressurosos os sindicatos de A a desancar na opção e na vergonhosa tibieza do Governo.
Os sindicatos, por não conseguirem adaptar-se a um Mundo demasiado grande e inóspito, estão a perder poder e influência a uma velocidade tremenda. A OIT, coitadita, bem tenta provar a sua relevância, mas já ninguém sequer finge que acredita. Sob esta forma institucional, os sindicatos caminham desta para melhor, tenham ou não noção disso.
Só alguns dos sindicatos têm capacidade para causar mossa, e já ninguém atura certas mossas, como o (o)caso da TAP recentemente mostrou. Cometeram depois o erro grosseiro de se deixarem capturar por alguns partidos, deixando de ser reis para serem valetes ou duques. Finalmente, as suas lideranças, ou algumas de entre elas, cafrealizaram-se, estão gorduchas e gostavam era de ser como o "inimigo".
Será isto bom para o funcionamento saudável de uma sociedade democrática? Não, claro, porque as nossas sociedades ainda estão concebidas em torno de um princípio de relevância do trabalho. Mas, prometo: quando tiver encontrado a solução, venho aqui contá-la.
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