segunda-feira, 25 de maio de 2015

DE PORTUGAL...

SÉRGIO FIGUEIREDO
Varela já era


por SÉRGIO FIGUEIREDOHoje




1Não é preciso ir ao Burkina Faso para encontrar um respeitável cidadão investido de poderes para realizar a supervisão de todos os bancos a operar no sistema e descobrir que, afinal, continua a ser acionista de alguns desses bancos.

Não temos de regressar ao Velho Oeste para ver o maior de todos os bancos abrir falência, saber que as autoridades foram demasiado complacentes com os cowboys fora-da-lei, assistir ao seu afastamento e, na cidade sitiada, perceber que o novo xerife contratou clandestinamente um amigo do peito para restabelecer a ordem e vender aquilo que resta.

Não se trata de sociedades capitalistas subdesenvolvidas dos nossos tempos, nem de tempos em que o capitalismo sequer tinha sido inventado. É o nosso Estado. Estado regulador. Estado de sítio. Estado em mau estado. É promiscuidade sem puritanismo. É a decência e a desistência. A negligência e a indigência. Incúria e estupidez. Interesse público e interesses privados. Ou então é a mesma história de sempre, em que acabamos todos parvos.

António é o homem de Maria. Maria é a mulher em quem Pedro confia. E todos decidiram gritar "basta", quando ficou clara a falência fraudulenta do BES, a gestão danosa que a desencadeou, a permissividade do Banco de Portugal, o perigo que corria a reputação de quem deve assegurar a estabilidade financeira do país e as bases do próprio crescimento da economia.

A supervisão, "enquanto área absolutamente crítica", não podia "ter melhor titular do que António Varela" - afiançava Maria. Ministra de Passos, avalista do empossado. O homem da caixa-forte tinha afinal telhados de vidro.

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