"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
terça-feira, 26 de maio de 2015
POEMA DE João de Deus.
Poema de João de Deus (1830-1896). in Pesquisa Net
NOTA MINHA
(Este lindo e , aparentemente, ingénuo poema do grande Poeta, já quase esquecido( infelizmente!), tem ares de Poesia Trovadoresca: Lembra as PASTORELAS, Cantigas de Amigo de influência provençal que , ainda hoje , alguns poetas se atrevem a recordar , nas suas obras. É um diálogo entre um cavaleiro e uma donzela, muito preocupada com o seu bom nome, caso alguém a veja a conversar com um homem, àquela hora da noite.Está escrito em Português moderno, pois João de Deus escreveu-o com o Português do século XIX.
Maria Elisa Ribeiro)
BOAS NOITES
Estava uma lavadeira
A lavar numa ribeira
Quando chega um caçador:
-- Boas tardes, lavadeira!
-- Boas tardes, caçador!
-- Sumiu-se-me a perdigueira
Ali naquela ladeira;
Não me fazeis o favor
De me dizer se a brejeira
Passou aqui a ribeira?
-- Olhai que, dessa maneira,
Até um dia, senhor,
Perdereis a caladeira,
Que ainda é perda maior.
-- Que me importa, lavadeira!
Aqui na minha algibeira
Trago dobrado valor...
Assim eu fora senhor
De levar a vida inteira
Só a ver o meu amor
Lavar roupa na ribeira!
-- Talvez que fosse melhor...
Ver coser a costureira!
Vir de ladeira em ladeira
Apanhar esta canseira,
E tudo só por amor
De ver uma lavadeira
Lavar roupa na ribeira...
É escusado, senhor!
-- Boas noites,... lavadeira!
-- Boas noites, caçador!...
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