quinta-feira, 23 de abril de 2015

DIA do LIVRO!



"DIA DO LIVRO": escolho " O Memorial do Convento", de José Saramago .




Os explorados desse tempo que o Autor, muitas vezes Narrador e vice-versa, tão magistralmente retrata, existem, agora, também, século XXI, na pessoa dos miseráveis, pobres, reformados, trabalhadores explorados, migrantes e emigrantes, etc, que este DESgoverno criou.







"O Memorial do Convento é um romance que, baseado em factos históricos, traduz a forma de viver e os costumes de uma época, extrapolando, com subtil eficácia, para um panorama de irónica e sagaz observação da condição humana que é comum a todos os tempos - o poder, o servilismo, o quotidiano de todos os homens, os dogmas, a loucura, a genialidade, o misticismo, e, sobressaindo sobre tudo isto, no final - a esperança e o amor.


O Rei D. João V, na sua ânsia de deixar herdeiros, deixou-se ludibriar por um frade, que, por conhecer sintomas de gravidez da Rainha, lhe fez prometer a construção de um grande convento em Mafra, como prova do seu agradecimento a Deus.
Baltasar Sete-Sóis, que perdeu a mão numa batalha, e Blimunda, mulher com estranhos poderes que lhe permitiam ver dentro do corpo das pessoas e outro tipo de corpos materiais sempre que estava em jejum, aliaram irremediavelmente o seu destino ao sonho do Padre Bartolomeu de Gusmão, de construir uma máquina voadora, conhecendo-se em pleno auto de fé, onde a mãe de Blimunda foi vítima.

O romance divide-se entre os relatos de episódios marcantes da vida da realeza desse período, dos tremendos esforços e sacrifícios para que fosse erguido o convento de Mafra, dos autos de fé, da odisseia de Bartolomeu de Gusmão até conseguir colocar a sua máquina a voar, e do grande amor vivido entre Baltasar e Blimunda, envolvidas na aventura de Bartolomeu de Gusmão, no início, e na grande obra do convento de Mafra, no fim.

O livro é de uma beleza e riqueza literária sem limites, em que a sabedoria e a ironia de todos os tempos exala nas magníficas descrições do narrador, estonteando o leitor por, em imensos pequenos conjuntos isolados de parágrafos, conseguir que este saltite entre todos os pontos de vista de uma questão, e com um estilo meio poético e meio filosófico, revelando-se uma autêntica obra de arte, onde todo o ritmo das frases, as vírgulas, o constante mudar de narrador para personagem e da personagem para o narrador (narrador sempre muito observador e perspicaz), criam um mundo único característico das obras de Saramago, mas que, neste livro, aparecem trabalhadas ao seu mais alto nível; a perfeição encontra-se com a magia da inspiração numa quantidade invulgar de páginas, que são lidas com um elevado deleite sentimental e intelectual, reveladoras de um apuro literário que cruza o destino irónico e cruel do homem com a sua ingénua esperança, motor de todas as suas ilusões e sonhos."...(Voltarei a este tema, proximamente, por causa dos Exames Nacionais)

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