sábado, 1 de novembro de 2014

Poema de Urbano Tavares Rodrigues






Poema de Urbano Tavares Rodrigues , in Net

Destino
I
Trago na fonte
e estrela do fogo
da minha revolta
Nunca aceitaria qualquer tirania
nem a do dinheiro
nem a do mais justo ditador
nem a própria vida eu aceito...
tal como ela é
com todas as promessas
do amor e da juventude
e a parda doença
de envelhecer
a morte em cada dia
antecipada


II
Na mais lebrega alfurja
ou na cama de folhas macias
da floresta
onde a chuva te adormeceu
há sempre um idamante de sol
cujos raios te penetram de
ventura
ao sonhares a palavra
liberdade

III
Quando a terra poluída
tiver sorvido
toda a água dos lagos e das
fontes
hei-de levar o meu fantasma
até ao porto sonoro
onde a esperança cai a pique
sobre o mar dos desejos sem limite

Urbano Tavares Rodrigues, in "Horas de Vidro"

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