terça-feira, 25 de novembro de 2014

Sobre a Emigração Jovem...


Emigração jovem: dados oficiais não contam tudo


SARA MOREIRA

24/11/2014 - 08:55


Especialistas acreditam que o número de jovens que emigraram dos países do Sul da Europa seja o dobro do registado, porque muitos não alteram a residência. O projecto de investigação Generation E recolheu histórias de 1200 jovens emigrados desde que a crise financeira se instalou.




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Nos últimos anos, a emigração portuguesa atingiu números que ultrapassam o máximo histórico registado no final dos anos 60, em plena guerra colonial. Desde 2010, mais de 200 mil portugueses entre os 20 e os 40 anos deixaram oficialmente o país (como emigrantes permanentes, por um período superior a um ano, ou temporários). E há razões para crer que as estimativas oficiais pecam por defeito.

A liberdade de circulação permitida pelo acordo de Schengen e a falta de registos oficiais de saídas dificultam a monitorização do fenómeno. “Estimar e caracterizar a emigração de um país requer que se compilem os dados sobre a entrada e permanência dos emigrantes desse país nos países de destino”, destaca o Relatório Estatístico da Emigração Portuguesa de 2014 sobre o facto de apenas serem feitos os registos da imigração.

Só o número de entradas registadas nos três países com mais imigração portuguesa em 2013 - Reino Unido, Suíça, Alemanha, num total de 55.910 indivíduos - é mais elevado do que aquele que é apontado pelo INE para as saídas permanentes no mesmo ano para todos os destinos (53.786).

Ficam números por contar. No livro Expulsions: Brutality and Complexity in the Global Economy, lançado em Maio de 2014, a socióloga e especialista em questões de migração e globalização Saskia Sassen refere-se aos casos daqueles que não entram para as estatísticas como “eventos invisíveis”.

É o caso da emigração dos jovens emigrantes italianos. Segundo estimativas do website Fuga dei Talenti e a pesquisa da jornalista italiana Claudia Cucchiarato, autora do livro Vivo Altrove, as saídas de jovens italianos do seu país serão cerca do dobro das registadas pelo AIRE, o organismo responsável pela monitorização destes fluxos. "Um aspecto fundamental para quem deixa Itália é que, com o registo no AIRE perde, entre outras coisas, o direito à assistência médica", indica o site do Observatório dos Italianos em Berlim.

O mesmo alerta é feito pela socióloga espanhola Amparo González, que liga a falta de dados fiáveis à ausência de estímulos positivos para que os emigrantes espanhóis se registem. Por enquanto, aqueles que mudam oficialmente de residência para outro país “perdem o acesso ao seu médico de família, depois de três meses a viver no exterior."

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