domingo, 30 de novembro de 2014

RENOVAÇÃO NO PARTIDO SOCIALISTA- PORTUGAL


Caso Sócrates impõe renovação no PS


SÃO JOSÉ ALMEIDA

29/11/2014 - 07:57


Secretariado não deverá incluir nenhum dirigente que tenha sido apoiante de primeira linha do ex-primeiro-ministro. Carlos César será o presidente socialista com funções de porta-voz.





O congresso decorre na FIL, no Parque das Nações, em Lisboa
DANIEL ROCHA








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A renovação geracional será a tónica dominante da constituição do secretariado e da comissão política do PS que o secretário-geral, António Costa, irá propor para serem eleitos pela comissão nacional no domingo de manhã, antes do encerramento do XX Congresso do PS, que decorre este fim-de-semana no Pavilhão da FIL, em Lisboa.

O secretariado, órgão executivo de direcção socialista, não deverá assim incluir nenhum dirigente que possa ser considerado como um apoiante de primeira linha de José Sócrates, o ex-secretário-geral e ex-primeiro-ministro do PS, que está em prisão preventiva, sob suspeita de prática dos crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Certo é que Carlos César será o número dois do partido, sendo eleito já na manhã de sábado – antes da abertura formal do congresso – como presidente do PS. Este cargo deverá passar a ter um perfil mais executivo e interventivo, passando César a desempenhar as funções de representação e de porta-voz do partido, uma vez que António Costa se manterá na Câmara de Lisboa.

César terá também assento no secretariado e na comissão política, embora sem direito a voto. A outra inerência no secretariado será do líder parlamentar, Eduardo Ferro Rodrigues. Eleitos para o secretariado deverão ser João Tiago Silveira, Fernando Rocha Andrade, Fernando Medina, Manuel Pizarro (se deixar a liderança concelhia do Porto) e Graça Fonseca.

Alguns dos próximos de António Costa não integrarão o secretariado por imposição estatutária que proíbe que os dirigentes locais aí se sentem. Nessa situação estão presidentes das federações como Ana Catarina Mendes, Marcos Perestrello e Pedro Nuno Santos, assim como o líder da concelhia de Lisboa, Duarte Cordeiro.

Quanto aos seguristas nos órgãos executivos, parece fechado que Jorge Seguro Sanches e Jamila Madeira se sentarão no secretariado. Há ainda seguristas que deverão aparecer neste órgão ou na comissão política, como Álvaro Beleza e Eurico Brilhante Dias. Francisco Assis deverá ser um dos nomes dos seguristas na comissão política.

No PS há quem admita que muitos dos dirigentes mais conhecidos como apoiantes de José Sócrates tenham tido a iniciativa de se deixar ficar de fora da direcção por receio de que a sua presença nos órgãos possa ser vista como uma contaminação da liderança de António Costa. Outro critério para a constituição da nova direcção, nomeadamente do secretariado, é o de que este órgão executivo não repita nomes da direcção parlamentar, a não ser, claro, o do chefe da bancada.

Era já intenção de António Costa não povoar a sua direcção, nomeadamente o seu órgão executivo, o secretariado, com rostos que colassem a sua liderança ao que foram os Governos de Sócrates. O motivo era claro: a necessidade de se demarcar do passado e afirmar um projecto próprio que surgisse como alternativa à governação do PSD/CDS. Embora, o próprio António Costa tenha sido, entre 2005 e 2007, ministro da Administração Interna de José Sócrates na primeira maioria absoluta conseguida pelo PS, tendo-se demitido do Governo em 2007 para se candidatar à Câmara de Lisboa.

Sombra de Sócrates
O congresso está a ser preparado ao milímetro na tentativa de evitar que a prisão preventiva de Sócrates ensombre a consagração de António Costa. A tentativa de controlo de riscos levará a que todos os intervenientes no congresso que constituem a equipa de António Costa se preparem para manter a linha discursiva que o secretário-geral adoptou logo no sábado passado, ao enviar um SMS a todos os militantes no qual separava os “sentimentos de solidariedade e amizade pessoais” e aquilo que é a “acção política do PS”.

Um desejo de separação entre o “caso Sócrates” e o PS que foi também reafirmado pelo próprio ex-primeiro-ministro na mensagem, divulgada pelo PÚBLICO, que enviou da prisão através do seu advogado, João Araújo. “Este processo é comigo e só comigo. Qualquer envolvimento do Partido Socialista só me prejudicaria, prejudicaria o Partido e prejudicaria a Democracia”, frisou Sócrates.

A tentativa passará pela forma como está previsto que os trabalhos decorram. E é expectável que a linha discursiva da separação do PS do “caso Sócrates” surja já na manhã deste sábado nos principais discursos. Ou seja, depois de Maria de Belém Roseira, presidente cessante, abrir o congresso com uma saudação, falará Joaquim Raposo, presidente da comissão de organização. É então a vez de discursar Fernando Medina, na qualidade de vice-presidente da Câmara de Lisboa. Depois falará Marcos Perestrello, presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa. Por fim, Carlos César, na qualidade de presidente do PS. Ainda de manhã será debatida e aprovada a proposta de alteração de estatutos, que será apresentada por Jorge Lacão. Só ao fim da manhã, António Costa fará a apresentação da sua moção.

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