domingo, 3 de janeiro de 2010


TURQUIA versus UNIÃO EUROPEIA

Li, há dias, um artigo em que se falava da situação na TURQUIA, a propósito de um possível atentado contra o vice primeiro- ministro, BULENT ARINC, na base do qual estariam tensões entre o PARTIDO da JUSTIÇA e DESENVOLVIMENTO, liderado por islamistas moderados-que governam a TURQUIA e a cúpula das forças armadas que, por tradição, garantem a constituição laica.
Este caso provocou-me uma simples reflexão sobre este país, que nasceu nos anos vinte do século passado e cujo primeiro Presidente foi MUSTAFÁ KEMAL ATATURK.
A TURQUIA anda, há que “séculos”, a tentar entrar na UNIÃO EUROPEIA (EU), como todos sabem. Razões várias continuam a dividir as opiniões dentro da Europa. Como não sou historiadora, apenas como leitora de jornais e revistas que tratam temas que me despertam a atenção, me quero pronunciar a este respeito, confiando que o saber de outros amigos bloggers me possa ensinar mais qualquer coisa a este respeito. Sei que duas grandes razões, pelo menos, têm que ver com o facto de a EU não querer, para já, tocar no “dossier” TURQUIA: o problema da falta de respeito pelos direitos humanos, nomeadamente com as mulheres e com minorias étnicas, como a dos CURDOS e o grande obstáculo religioso, dado este país ser, maioritariamente islâmico!

Neste momento da minha reflexão, vem-me à ideia o facto de a TURQUIA ser membro de pleno direito da ONU, do Conselho da EUROPA, da OCDE, da NATO e mais outras organizações de que não recordo o nome… É claro que a EUROPA não tem vontade nenhuma de ter que se confrontar com milhões de árabes, circulando livremente no seu território, num momento em que as religiões e os fanatismos fundamentalistas estão, mal ou bem, verdade ou mentira, ligados aos problemas do terrorismo…A verdade é que, à excepção da maravilhosa cidade de ISTAMBUL, outrora BIZÂNCIO e depois CONSTANTINOPOLA, a TURQUIA não se situa na EUROPA, o que sempre levantou problemas com os ESTADOS UNIDOS; mas os turcos, por uma questão de mentalidade e de estratégias comerciais, sempre se sentiram mais europeus que árabes…
Estrategicamente situada, no contexto das nações, a Turquia sabe que poderia servir de entreposto comercial e mesmo militar, ligado ao mundo e ligando mundos diferentes.
Em Abril último, o Presidente Obama, começou a ver o problema turco com olhos diferentes dos seus antecessores e fez reunir, em PRAGA, uma cimeira para discutir esta questão com a EU. A comunidade de líderes europeus está dividida: uns, não querem no seu seio um país cujos padrões de Justiça estão longe dos da Europa; outros, pelo contrário, acham que o país poderia começar a mudar, ao olhar para o exemplo europeu…além do mais, alguns veriam a adesão dos turcos como um contributo útil para o diálogo construtivo entre as duas maiores religiões, a católica e a árabe, a fim de evitar situações que hoje surgem, inopinadamente, precisamente por falta de compreensão de carácter religioso, quando as duas concepções de religiosidade até provêm de um tronco comum, as, educação e mentalidade, judaico-cristãs.
Serei utópica e ingénua? Está bem, mas não abdico da possibilidade de diálogo, seja em que situação for, que possa contribuir para a dignificação dos conceitos de vida
Se não é a questão das religiões, por que motivo teriam já entrado na União Europeia, outros países tão sem estruturas como a Letónia, a Eslováquia e o Chipre?No entretanto, se bem se recordam, até entre a Grécia e a Turquia , inimigos “figadais” por causa do território cipriota, os dois países já começaram a tentar encontrar um entendimento, em meados deste s anos do século XXI…
E chego a uma questão que eu penso ser importante: onde começa e onde acaba a EUROPA? Quais os requisitos que se devem ter em linha de conta para poder considerar um cidadão como “europeu”?
Enquanto os “grandes pensadores” decidem, por que é que a Turquia não pode funcionar, mais activamente, como uma ponte de entendimento entre os europeus e o mundo islâmico?

6 comentários:

  1. Maria, antes de mais, duas precisões: o povo turco não é árabe, nem sei onde foi buscar essa ideia! Não têm qualquer relação com os árabes. São descendentes de conquistadores bárbaros, oriundos do extremo oriente. Prova disso é a sua língua, entendida, por exemplo, pelos Japoneses. A segunda precisão tem a ver com o nascimento do país. A Turquia tornou-se independente depois de uma guerra pela independência contra ingleses, americanos e franceses após a 1ªguerra mundial, mas há que lembrar que é a herdeira do antigo Império Otomano, que remonta ao séc.XV, que criou, como reminiscência das suas conquistas, o único país islâmico da Europa, a Bósnia. Já nessa altura, era conhecido como Turco ou Turquia.

    De resto, é um país que conheço bem. Tem, de facto problemas com a minoria curda, como todos os países da região. Discriminação das mulheres é coisa que é a primeira vez que ouço e não foi coisa que testemunhasse. Há, no entanto, as franjas mais radicais islâmicas que têm comportamentos menos próprios de um país moderno e desenvolvido como é a Turquia. Mas isso também temos cá, com os católicos, não é verdade? No essencial, o país é laico desde que Mustapha Kemal "Ataturk" (Pai dos Turcos) criou a república. A propósito, Ataturk era notavelmente parecido com Salazar, e até o gosto nos carros era igual.

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  2. Bela cronica sua Maria,recheada de cultural informação acerca da Turquia ,sensibilidade e arte sua de escriba ser,me faz pessoa melhor ,cada vez que aqui te visito,leio e sinto!
    Bzu nas mãos,guerreira escriba e doce flor mulher!
    Viva La Vida!

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  3. Cirrus: obrigada por todos os esclarecimentos. Por não saber é que pedi ajuda e ainda bem que a deu o Cirrus que está bem informado, como sempre. Desculpe a minha ignorância que ,verdadeiramente, é a de tanta gente que fui consultar, antes de escrever. Mas fico mais descansada, sem ironia!
    Abraço de lusibero.

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  4. Ricardo Calmon: obrigada pelas suas palavras, gentis como sempre. Já agora, se me permite, aconselho-o a ler a resposta do Cirrus.
    Beijo de LUSIBERO

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  5. Maria, não se trata com certeza de ignorância, não é uma das coisas que a Maria se possa "gabar". Mas é um lugar comum confundir islamismo com árabes, o que nem sempre é o caso. Basta lembrar que o maior país muçulmano do mundo é asiático, a Indonésia...

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  6. Cirrus: aceitei ,com toda a humildade, a sua explicação. Falei sobre o assunto baseada em pressupostos que se lêem a todo o momento: mas, se reparar, a certa altura do texto, peço que os amigos que lerem me corrijam...obrigada!
    BEIJO AMIGO
    LUSIBERO

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