quarta-feira, 1 de julho de 2015

Chega de embuste

por Anacleto Abreu Raimundo, anacleto.invest@gmail.com27 junho 20151 comentário
A conversa tem ares de douta e grande sapiência. Os portugueses não podem viver para além das suas possibilidades, os salários e vencimentos têm que diminuir e as pensões têm que baixar porque somos todos uma cambada de malandros que querem sobreviver à custa dos mais jovens que não têm pensão e muitos menos garantia nenhuma de trabalho.
Esta é a lengalenga, dia após dia, mês após mês, ano após ano, como se fôssemos um bando de aloprados e nada se faz para inverter este ciclo de desgraça coletiva que se procura impingir à maioria dos portugueses, como se fossem culpados do descalabro que aí está.
A troco da treta que a Segurança Social não tem sustentabilidade no futuro, esta trupe insiste que só a redução das pensões poderá salvá-la e, pelo sim pelo não, esta prédica é passada à geração dos jotas que anda à procura de uma vida fácil e que de apetência para o trabalho... 'necas'.
Então esta gente, ao mandar emigrar milhares e milhares de portugueses, sobretudo jovens, não previa que essa mão de obra iria fazer falta para pagar a previdência social dos aposentados, com os seus descontos? Ao mandarem emigrar os portugueses e ao arrasarem o tecido produtivo, com toda a sorte de impostos e imposições, não previam que esse caminho nos iria levar, como de facto levou, à criação de riqueza negativa?
E se a nossa dívida aumenta exponencialmente e a nossa riqueza diminui nos mesmos moldes, o que é que têm para nos dizer? Que os portugueses devem emigrar, todos, porque estão a viver acima das suas possibilidades? Que Portugal não tem futuro? Que a Segurança Social não vai poder pagar pensões e reformas? Mas quem a levou a essa situação? Quem vendeu e desbaratou o património bilionário da Segurança Social, incluindo os milhares de imóveis para compadres e comadres, a preço de banana?

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