POEMA: QUEM MENTE?
Deixámos repousar o segredo dos nossos corpos
bem escondido num deserto de árvores, no vale.
Ferimos o chão de areia na fúria de um vendaval
que levantou folhas de palmas e cocos de palmeiral.
Abraçámos águas loucas quentes
ao sol anilado de um doirado ardente.
Construímos castelos –refúgio de horas vividas
de sangue-a-ferver, em momentos imponentes.
Transpirámos orvalhos matinais
nas noites quentes de um deserto frio da falta de sol,
que corria ofegante pelas areias fatais.
Levantámos pomares de suculentos frutos…
Espantámos borboletas de asas-de-luto…
Bebemos frescura de nesgas de rocha
Em tessituras-aquáticas-de-gelos-traumáticos…
Fomos um, num só!
Beijámo-nos, sem dó!
Queimámos os dedos nos dedos excitados…
Cabelos revoltos, despenteados, fomos lindos-
-a-acontecer-em-auges-.de-prazer!
Deitámo-nos nas relvas das tardes calmas
de serenidade, a ver nuvens correr, mudando de cor,
de acordo com as normas das regras do amor.
Guardei as pétalas de rosa, secas…
Tenho comigo as sementes dos frutos…
Vejo passar as borboletas de asas pretas…
Bebo as águas das mesmas grutas…
A areia, essa, queima-me os dedos,
cheia de opulentos segredos.
Onde estamos, hoje, sonho de Sempre?
Não sabes?
Qual de nós confirma que Mente?
Maria Elisa Ribeiro
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