"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
sexta-feira, 22 de maio de 2015
De ANGOLA(in "Público")
Rafael Marques e generais angolanos chegam a acordo
JOÃO MANUEL ROCHA
21/05/2015 - 16:27
(actualizado às 18:05)
Processo motivado pelo livro Diamantes de Sangue chega ao fim. Jornalista não fará reedições mas continuará a monitorizar direitos humanos nas Lundas.Em Portugal tinha já sido arquivada queixa semelhante DANIEL ROCHA
19
TÓPICOS
África
Angola
Rafael Marques
Human Rights Watch
Direitos humanos
Amnistia Internacional
Liberdade de expressão
MAIS
Rafael Marques preparado para “uma grande batalha”
Rafael Marques e generais angolanos procuram “resolução amigável”
Sem acordo, julgamento de Rafael Marques vai ser retomado
Tinta da China oferece livro de Rafael Marques para download gratutito
Rafael Marques e sete generais angolanos que o acusavam de “denúncia caluniosa” – entre eles o chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Hélder Vieira Dias “Kopelipa” – chegaram a um acordo que põe fim ao julgamento do jornalista pela publicação do livro Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola.
O processo contra Rafael Marques foi motivado pelas denúncias de abusos de direitos humanos nas zonas diamantíferas das Lundas. No livro, os generais angolanos são acusados de cumplicidade com assassinatos, torturas e outros abusos cometidos na região do Cuango. O jornalista e activista angolano enfrentava 22 acusações de difamação e denúncia caluniosa, feitas pelos generais e pelas empresas mineiras ITM e Sociedade Mineira do Cuango, que pediam uma pena de prisão e uma indemnização de 1,2 milhões de dólares (mais de um milhão de euros).
Na sessão desta quinta-feira, no Tribunal Provincial de Luanda, Marques foi, segundo o site Rede Angola, questionado sobre as razões por que mencionou os generais no livro, tendo as suas explicações sido aceites pelos queixosos, que manifestaram intenção de não prosseguir com o processo, o que na prática equivale à retirada das acusações. O Ministério Público tomou a mesma posição. As testemunhas que deveriam começar a ser ouvidas foram dispensadas e a sessão prevista para esta sexta-feira cancelada. O acordo deverá ser oficializado na segunda-feira e o caso arquivado.
Para além da extinção do processo, o entendimento prevê que o livro não seja reeditado e que jornalista e generais possam trabalhar em conjunto. “Em relação aos generais, a questão está esclarecida e haverá até possibilidade de trabalhar com alguns desses generais para resolução de algumas questões ao nível dos direitos humanos e, nesse caso, saímos todos tranquilos. Também ficou lavrado que continuarei a monitorizar a situação dos direitos humanos nas Lundas”, afirmou Rafael Marques ao Rede Angola, à saída do tribunal.
O jornalista confirmou que o livro, publicado em Portugal em 2011, não será reeditado. “É acto voluntário da minha parte não reeditar o livro para facilitar o diálogo e novas consultas. Além disso, já se passaram quatro anos desde a publicação. Quer da minha parte, quer para os generais não há intenção de continuar com este caso”, disse.
Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola está desde Março deste ano disponível para download gratuito no site da editora portuguesa Tinta da China.
Em Portugal, um processo contra Rafael Marques e a editora foi arquivado, em 2013. O Ministério Público concluiu pela ausência de indícios de crime e considerou que a publicação se enquadrava no direito da liberdade de informação e de expressão.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário